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O processo de escrever um relatório descritivo sobre uma criança com autismo para a escola pode ser bastante desafiador. No entanto, essa é uma oportunidade essencial para que a família dê informações que ajudem a instituição a dar o melhor suporte para aquele indivíduo, garantindo o respeito e acolhimento necessários para a socialização, desenvolvimento e aprendizado.
De modo geral, um relatório descritivo tem como objetivo contar mais sobre aquela criança: como ela é, qual seu nível de necessidade de suporte, o que ela gosta, o que não gosta e também alguns comportamentos desafiadores que costuma ter e qual a melhor forma de abordar a situação.
Neste texto, feito em parceria com a terapeuta aplicadora Bruna Manzolli, da Genial Network, trazemos 7 passos para você aprender a montar o relatório descritivo de uma criança com autismo.
Por que fazer um relatório descritivo da criança com autismo?
Em primeiro lugar, é importante falar sobre a importância de um relatório descritivo da criança com autismo para a escola. Como sabemos, o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado pelas dificuldades na interação e comunicação social e a presença de padrões de comportamento restritos e repetitivos – como a ecolalia e as estereotipias.
Para além disso, cada pessoa autista é única e deve ter suas particularidades respeitadas. Por esse motivo, é importante que a equipe multidisciplinar que acompanha o desenvolvimento da criança faça uma avaliação para conhecê-la melhor e criar e aplicar um modelo de intervenção que respeite suas singularidades.
Com a escola, é a mesma coisa. Além de ser um espaço de convivência e aprendizado fundamental para pessoas com autismo, as crianças costumam passar boa parte do tempo nas escolas. Por isso, é essencial que a equipe pedagógica as conheça e consiga estimulá-las da melhor maneira para impactar seu desenvolvimento.
7 passos para escrever um relatório descritivo da criança autista
Segundo Bruna, a principal função do relatório descritivo é fornecer informações da criança a partir de uma visão integral, seu desenvolvimento, comportamento, dificuldades, preferências e habilidades.
“Com isso, a equipe escolar possui maior repertório para desenvolver estratégias de adaptação, participação e manejo no período escolar, além de trabalhar com nível adequado de exigência no dia a dia.
O relatório também aumenta a possibilidade de criação de vínculo com a criança, apontando caminhos para que essa construção seja respeitosa e o mais natural possível, sabendo que o vínculo é primordial ao longo de toda vida escolar.
“A partir dos dados disponibilizados à escola, espera-se um preparo da equipe e também uma contextualização às crianças da turma, com linguagem acessível e adequada à faixa etária. Assim todos caminham juntos para uma inclusão efetiva”, comenta.
Especialista em educação inclusiva e atuando há 8 anos no cuidado de pessoas com autismo, ela traz 7 passos para você montar um relatório da sua criança em casa (Baixe no final desse texto nosso modelo de relatório para preencher).
1 – Comece pela introdução
Para iniciar o relatório, faça uma breve introdução apresentando a criança e o porquê de você estar fazendo aquele relatório. “Uma dica legal é que a família pode escrever como se fosse a criança no documento”, explica Bruna. Exemplo:
“Olá, eu sou a Carol. Tenho 5 anos e recebi meu diagnóstico de autismo grau 2 de suporte há pouco tempo. Esse relatório é para você me conhecer mais e saber auxiliar o meu desenvolvimento na escola”.
2 – Comece contando mais sobre a criança
A primeira informação que deve constar no relatório descritivo é justamente sobre a criança. Aqui, você pode trazer desde aspectos como idade do diagnóstico, coisas que ela gosta e o que não gosta e também sobre como se comporta e interage socialmente. Veja alguns tópicos importantes:
- História médica da criança;
- Desenvolvimento dela;
- Intervenções que faz e rotina;
- Medicamentos que usa.
Em resumo, qualquer informação que você considere importante e relevante para a escola.
3 – Converse com quem acompanha a criança
Além da família, outras pessoas que estão envolvidas no processo de desenvolvimento da criança podem contribuir para a criação do relatório descritivo dela.
“Profissionais, terapeutas, outros professores e médicos podem ajudar a ter uma compreensão completa de como a criança se desenvolve. Possíveis efeitos colaterais de medicação, manejos adequados a comportamentos desafiadores, ferramentas para serem utilizadas no dia a dia, histórico escolar, tudo isso pode ser complementado pela equipe multidisciplinar para oferecer maior compreensão, empatia e estratégias possíveis de serem implementadas na rotina escolar”, alerta Bruna.
4 – Fale com sinceridade sobre o desenvolvimento da criança
O autismo faz com que a criança apresente alguns sinais de atraso no desenvolvimento desde cedo, o que pode ajudar inclusive na busca pelo diagnóstico.
Sendo assim, é muito importante que a família traga aspectos referentes ao desenvolvimento da criança no relatório descritivo para a escola. Aqui, podem ser mencionados atrasos ou desafios específicos do autismo.
Um exemplo disso é quando a criança têm dificuldades na coordenação motora grossa e fina, o que pode influenciar na alfabetização e processo de escrita. Sabendo disso, a equipe pedagógica pode criar estratégias junto à equipe multidisciplinar para garantir o aprendizado.
5 – Descreva o comportamento da criança
Além das dificuldades e atrasos no desenvolvimento, falar sobre o comportamento da criança é fundamental para ajudar a escola a pensar em processos como a interação social, comportamentos repetitivos e desafios na comunicação que podem ser trabalhados.
“Na rotina escolar há vários desafios aos quais a criança será exposta, sejam desafios sociais, sensoriais ou pré acadêmicos/acadêmicos. Tendo conhecimento prévio sobre o desenvolvimento integral da criança, a equipe pode pensar em formas de aumentar a previsibilidade, controlar o ambiente, definir o que pode ser utilizado com objetivo de engajar a criança, como aproveitar oportunidades de interação e também como orientar toda a comunidade escolar.”, afirma Bruna.
6 – Comente sobre a resposta da criança às intervenções
Explicar como a criança tem respondido às intervenções também é uma etapa necessária no relatório descritivo. Aqui, você pode incluir as terapias que ela faz, medicamentos que toma e outros recursos.
7 – Conclua o relatório e não se esqueça de revisar o relatório descritivo
Por último, é importante concluir o relatório com um resumo das informações que constam ali e trazer sugestões pensadas junto à equipe multidisciplinar para ajudar na inclusão e desenvolvimento da criança no ambiente escolar.
Depois de tudo pronto, revise o documento com a equipe multidisciplinar e pessoas que ajudaram a elaborá-lo e verifique se ele está claro, coerente e traz as informações de forma simples.
Seguindo essas etapas, você conseguirá um relatório descritivo eficaz da criança com autismo para a escola. Ajudando a equipe pedagógica a obter informações úteis para garantir o suporte adequado no ambiente escolar.
Precisa de ajuda? Clique no botão abaixo e use nosso modelo de relatório descritivo.