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O autismo — ou Transtorno do Espectro do Autismo — é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda como as pessoas veem e interagem com o mundo.
Ele impacta diretamente as habilidades sociais e comportamentais de uma pessoa, além de trazer dificuldades e barreiras em diversos aspectos da vida, divergindo a maneira como aquela pessoa se comunica com o mundo ao seu redor.
Muitas pessoas ficam em dúvida se existem tipos de autismo, como é feito o diagnóstico, qual o papel do DSM-5 em todo o processo e até se existe algum tipo de cura para o TEA.
Principalmente pela confusão e falta de informações verdadeiras sobre autismo disponíveis hoje. Além dos vários mitos e fake news passadas sobre o assunto.
Por isso, neste artigo, explicamos tudo que você precisa saber sobre autismo, desde os sinais de alerta, graus de autismo, testes, até tratamentos e muitos mais. Esse é o conteúdo completo que você procura para se informar sobre TEA. Confira!
O que é autismo?
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Assim, pessoas no espectro tem dificuldades em manter um engajamento ativo, comunicação funcional e regulação emocional.
Seus sintomas podem ser percebidos ainda na primeira infância. Crianças e adultos com TEA podem apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte.
O que significa que, enquanto alguns têm facilidade de realizar qualquer atividade pessoal e da vida diária, outros precisam de apoio para as atividades básicas, como tomar banho, se vestir e se alimentar.
Hoje, o principalmente documento médico para diagnosticar o autismo, é o DSM-5 — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Esse é um documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria ou APA (American Psychiatric Association), principal organização de estudantes e profissionais de Psiquiatria dos Estados Unidos.
Até o DSM-4 (4ª edição) o diagnóstico de autismo poderia ter outros nomes, englobando diversas desordens neurológicas, como:
- Transtorno Autista;
- Síndrome de Asperger;
- Transtorno Desintegrativo Infantil;
- Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
A partir da 5a edição, e mais atual, o autismo passa a ser chamado de Transtorno do Espectro do Autismo, fazendo parte da classificação de transtornos neurodesenvolvimento.
Autismo e os transtornos globais do desenvolvimento
Até a versão mais recente do DSM e da CID, o autismo era citado dentro do que conhecemos como transtornos globais do desenvolvimento. Nesta classificação, diagnósticos hoje descontinuados como autismo infantil e Síndrome de Asperger eram bem comuns.
A partir tanto da quinta edição do DSM quanto da 11ª edição do manual da CID, o diagnóstico de autismo passou a acontecer dentro do que conhecemos como Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Quais os sinais de autismo?
Normalmente, os sinais de atraso no desenvolvimento que podem causar suspeita de autismo são notados quando a criança tem entre 18 meses e três anos de idade.
Mesmo quando bebês, crianças no espectro apresentam características como foco excessivo em determinados objetos e raro contato visual.
Em alguns casos, a criança parece se desenvolver tipicamente até o segundo ano de vida e começa apresentar os sinais de autismo após esse período, é o que especialistas chamam de autismo regressivo.
O que é Díade do autismo?
Manuais como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria) e a CID-11
(Classificação Internacional de Doenças e Transtornos Mentais, da Organização Mundial da Saúde), determinam as características que compõem o espectro autista como “díade do autismo”:
- Dificuldades na comunicação
- Interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento.
Nem todas as pessoas com autismo apresentam todos os sinais e muitas que não estão no espectro podem apresentar alguns deles. É por esse motivo que a avaliação profissional é fundamental.
Vamos entender melhor essa díade do autismo:
Dificuldades na comunicação social e interação social
- Ausência ou dificuldade de fala são algumas das características mais comuns em autistas. Muitas vezes, apresentam compreensão reduzida da fala, fala em eco, dificuldade de entonação e uso de linguagem exclusivamente literal;
- Falta ou ausência de contato visual. Muitas crianças autistas, desde muito pequenas, não costumam fixar o olhar nos olhos de uma outra pessoa diante de uma interação ou conversa. Têm também dificuldades com gestos, expressões faciais e corporais;
- Imagem corporal rígida, exagerada, ou diferente do esperado pelos padrões sociais, o que está diretamente relacionado à dificuldade para coordenar a comunicação não verbal com a fala;
- Dificuldade em entender e compartilhar emoções, o que implica em dificuldades para brincar com outras crianças, fazer amizades, iniciar interações e se relacionar com os outros;
- Prejuízos na interação social. Muitos autistas, mesmo adultos, têm dificuldade no processamento de respostas a situações sociais mais complexas, como, por exemplo, saber quando entrar em uma conversa, ou o que se deve ou não dizer. Pessoas diagnosticadas com autismo raramente dominam essas habilidades sociais, e não entendem ironias e possíveis mentirinhas ou brincadeiras.
Comportamentos restritivos e repetitivos
- Fixação ou fascínio por certos objetos. Normalmente se manifesta pela criação de rituais e fixações por certos temas, brinquedos, objetos, personagens etc. É comum utilizarem brinquedos de maneira peculiar, que lhes seja interessante, e podem também ter certo fascínio por luzes e objetos que piscam e giram;
- Movimentos repetitivos com o corpo ou fala. Com seus próprios corpos, abanam as mãos, estalam os dedos, e balançam o corpo. Por meio da fala, apresentam ecolalia de palavras, frases e letras, ou seja, repetição mecânica de palavras ou frases que ouvem.
Quais são os sintomas de autismo na primeira infância?
Durante a primeira infância (de 0 a 6 anos), existem alguns marcos do desenvolvimento que, se não atingidos, podem ser sinais de alerta para que a família busque ajuda médica.
Entre os principais, estão:
- Demora para desenvolver a fala;
- Atrasos na linguagem e comunicação;
- Insistência na rotina ou comportamentos desafiadores quando algo foge do controle;
- Pouco ou nenhum contato visual;
- Dificuldades na interação social.
É importante lembrar que os sinais podem ser sutis e diferentes para cada criança. Por isso, se notar algo, procure um especialista para conversar.
Outras duas condições bastante comuns quando falamos de autismo e que também podem aparecer cedo são:
Ecolalia
A ecolalia é um distúrbio do desenvolvimento da fala bastante comum em pessoas com autismo, definida como a repetição em eco da fala do outro.
Normalmente, a pessoa com autismo tende a repetir palavras ou frases que ouviu na televisão ou em conversas, sem intenção de se comunicar.
Existem diferentes tipos: a ecolalia imediata — quando a pessoa repete o que acabou de ouvir — e a ecolalia tardia — quando ela repete coisas tempos depois, sem um contexto específico.
Estereotipias
Já as estereotipias ou stims, como também são conhecidas, são comportamentos repetitivos, também muito comuns no em pessoas no espectro. Muitos deles podem ter a função de regulação emocional.
Normalmente, elas acontecem quando a pessoa recebe muitos estímulos ao mesmo tempo, e precisa de ajuda para controlá-los e lidar com determinada situação. Principalmente porque o principal objetivo desses movimentos é ajudar a controlar os estímulos excessivos que muitas vezes podem causar crises e comportamentos desafiadores.
Quais são os sinais de autismo na segunda infância?
Já durante a segunda infância (até 12 anos), os sinais do atraso no desenvolvimento aos quais a família precisa estar atenta são:
- Dificuldade em entender letras bastão e cursivas;
- Percepção menos realista sobre o mundo;
- Dificuldade em estabelecer relações de amizades sólidas.
Para conhecer mais sobre os marcos do desenvolvimento na segunda infância, leia nosso texto clicando aqui.
Quais são os sinais de autismo em adultos?
Com o maior avanço e conscientização do autismo, tem sido cada vez mais comum ver pessoas adultas descobrindo o diagnóstico. Mas, diferente do diagnóstico na infância, o diagnóstico tardio precisa de procedimento e avaliações distintas.
Além disso, é muito importante que exista representatividade para que cada vez mais pessoas identifiquem a possibilidade de estarem no espectro e consigam perceber possíveis sinais de autismo.
Na vida adulta, o que se torna mais evidente são sinais como:
- Dificuldade em desenvolver habilidades sociais;
- Dificuldade em entender figuras de linguagem, como ironias e metáforas;
- Dificuldade em se ajustar no mercado de trabalho;
- Insistência na mesmice ou dificuldade em lidar com mudanças na rotina.
Vale ressaltar que, para que o diagnóstico seja traçado mesmo na vida adulta, é preciso que esses sinais tenham se iniciado durante a infância e persistido até a vida adulta.
Existem níveis de autismo?
Tanto o DSM quanto a CID classificam o diagnóstico de TEA de acordo com o nível de necessidade de suporte, ou seja, autismo nível 1, 2 ou 3.
Assim, autistas que conseguem realizar as atividades diárias de forma independente e com pouca ajuda podem estar no nível 1 e aqueles que precisam de mais suporte nessas e em outras etapas do desenvolvimento podem estar no nível 3.
Em ambos os manuais, o autismo está nos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), cujo laudo vem acompanhado do código 6A02 mais definição:
- 6A02.0 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual e com comprometimento leve ou ausente na linguagem funcional;
- 6A02.1 – Transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional;
- 6A02.2 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual e com linguagem funcional prejudicada;
- 6A02.3 – Transtornos do espectro do autismo com deficiência intelectual e com linguagem funcional prejudicada;
- 6A02.4 – Transtorno do espectro do autismo sem deficiência intelectual e com ausência de linguagem funcional;
- 6A02.5 – Transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual e com ausência de linguagem funcional;
- 6A02.Y – Outro transtorno do espectro do autismo especificado;
- 6A02.Z – Transtornos do espectro do autismo não especificados.
Para facilitar o entendimento, é comum que muitos profissionais e famílias se refiram a esses diagnósticos como níveis de autismo. Essa nomenclatura também pode aparecer como “graus de autismo” em alguns momentos. Aqui, você pode ouvir falar também em:
- Autismo leve: autismo com nível de necessidade de suporte 1;
- Autismo moderado: autismo com nível de necessidade de suporte 2;
- Autismo severo: autismo com nível de necessidade de suporte 3.
Como é feito o diagnóstico de autismo?
Ao contrário de outras condições ou transtornos, não existe nenhum exame sanguíneo ou teste que possa detectar e afirmar o laudo de autismo.
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, ou seja, feito por meio de avaliações de sinais, coleta de informações e com base na observação clínica, entrevistas com a família ou pessoas próximas e aplicação de testes em uma avaliação neuropsicológica.
Ele é feito por profissionais da saúde, como médicos, psicológicos, neuros e outros, já que pode conter um olhar multidisciplinar, de vários especialistas de diferentes áreas, com cada profissional tendo uma parte importante nesse processo diagnóstico.
Além disso, como falamos, outro fator importante para o diagnóstico de autismo são os manuais diagnósticos, como o DSM e o CID, já que esses documentos determinam as características que compõem o espectro autista como “díade do autismo”.
São esses manuais que ajudam a determinar qual será o laudo da pessoa, entender o nível de necessidade de suporte, e apoiar os profissionais clínicos na indicação de terapias e intervenções.
Existe teste de autismo online?
É importante reforçar que não existe um teste online para diagnosticar o TEA. Por isso, questionários famosos, como o teste do Ursinho Pooh, não têm como determinar se aquela pessoa está ou não no espectro.
Por isso, é fundamental lembrarmos que nenhum teste de autismo substitui o diagnóstico clínico profissional. Mas, esses testes podem ser um ponto de partida útil para famílias ou pessoas que estão em dúvidas e querem entender melhor possíveis características associadas ao TEA.
Dessa forma, existem alguns questionários para buscar ajuda médica e especializada e conseguir traçar o diagnóstico. Conheça alguns deles:
- M-CHAT: a escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) é um instrumento de rastreamento precoce de autismo, com objetivo de identificar indícios do TEA em crianças entre 18 e 24 meses. Sua aplicação pode ser feita tanto pela família quanto por profissionais clínicos. Acesse a escala e preencha o formulário;
- Questionário de Quoficiente Autista (QA): também conhecido como teste do autismo leve ou teste da Síndrome de Asperger, mede a extensão de traços autistas em pessoas adultas.
É importante observar que não existe um tempo pré-determinado para que a equipe de profissionais responsável feche o diagnóstico.
Mas não é preciso esperar por ele para que a família ou a própria pessoa inicie intervenções para melhoria da qualidade de vida e aquisição de habilidades.
Existe cura para o autismo?
Com certeza essa é uma das principais dúvidas das famílias ou pessoas que se deparam pela primeira vez com o TEA. Para responder essa pergunta, precisamos antes lembrar que o autismo não é uma doença!
Por isso, não existe cura para o autismo. O que existem são intervenções que possibilitam à pessoa com autismo se desenvolver, adquirir habilidades sociais e conquistar autonomia e independência.
Cada pessoa autista é única e tem suas singularidades, e irá precisar do acompanhamento de uma equipe profissional especializada para trazer estratégias de intervenção focadas em seu repertório e criar caminhos de desenvolvimento identificando as dificuldades de aprendizagem e habilidades de cada uma para alcançar seus objetivos.
Quais são as intervenções para o autismo?
Ao contrário do que muitas famílias pensam, não é necessário ter o diagnóstico de autismo fechado para iniciar as intervenções.
Os atrasos no desenvolvimento podem ser estimulados por uma equipe que atua de forma multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, mesmo enquanto os pais ainda estão em investigação para conseguir o laudo médico.
Aliás, quanto antes esta intervenção começar, melhor! Por isso, falamos tanto da importância da intervenção precoce na vida de crianças com atraso do desenvolvimento.
É importante destacar que qualquer criança com autismo pode aprender devido à neuroplasticidade, que é a habilidade do cérebro de estabelecer novas conexões, que são marcos do aprendizado.
A única diferença é que algumas pessoas com TEA precisam de mais atenção e estratégias que estimulem esse aprendizado.
Você sabe o que é intervenção precoce e a importância dela no TEA? Leia nosso conteúdo completo sobre o assunto para aprender, clicando aqui.
Conheça as Prática Baseada em Evidências
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as intervenções indicadas para pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo, devem ser baseadas em práticas com evidências científicas.
Ou seja, estratégias que já foram alvo de pesquisas e estudos e apresentaram resultados clínicos importantes.
Em 2014, a Associação para a Ciência no Tratamento do Autismo (ASAT, na sigla em inglês), publicou o Evidence-based Practices for Autism, que analisou 20 anos de intervenções para TEA em diversas áreas relacionadas à Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Esse estudo identificou a existência de 28 práticas baseadas em evidências para o TEA que atingiram todos os critérios propostos pela revisão. Destas, 23 eram baseadas nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
O que é ABA para autismo?
A Análise do Comportamento Aplicada é uma ciência cujas estratégias ajudam a desenvolver habilidades e manejar comportamentos desafiadores. Ela é indicada em diversas situações, inclusive para o autismo.
Na prática, o objetivo da ABA é desenvolver uma avaliação individual e, a partir daí, elaborar estratégias que possam ajudar no aprendizado de novas habilidades necessárias para o desenvolvimento saudável e na redução de comportamentos desafiadores.
Diversas terapias e intervenções para o TEA podem ser baseadas na ciência ABA.
Outras práticas, como o Método Denver, também são baseadas na ABA. E outras intervenções, como a psicomotricidade, ainda seguem sendo estudadas para entender a relevância dos seus resultados para o TEA.
Qual a diferença de equipes multidisciplinares, transdisciplinares ou interdisciplinares?
Como as características de cada pessoa no espectro podem variar muito, esse processo de intervenção é individualizado e conta com uma equipe multidisciplinar, transdisciplinar ou interdisciplinar.
Os profissionais que compõem essas equipes são sempre os mesmos:
- Psicólogo;
- Acompanhante terapêutico;
- Fonoaudiólogo;
- Terapeuta ocupacional.
O que difere, no entanto, é a forma como a equipe vai trabalhar, cada um com sua especialidade, nas intervenções:
Equipe multidisciplinar
Ainda que haja um tema que norteie todo o planejamento (o autismo), cada profissional traz o conteúdo para dentro do seu contexto ou especialidade. Assim, em uma equipe multidisciplinar, as especialidades caminham em paralelo, mas nunca se cruzam.
Equipe interdisciplinar
Quando falamos de uma equipe interdisciplinar, os diferentes profissionais irão cruzar suas disciplinas em algum momento, de criação de estratégias, documentos ou resultados.
Por isso, essa equipe integra diferentes áreas do conhecimento com um objetivo comum, compartilhando objetivos e estratégias comuns, mantendo, porém, em suas abordagens específicas.
Equipe transdisciplinar
Já em uma equipe transdisciplinar, profissionais de diferentes disciplinas não só trabalham juntos de forma colaborativa, mas também ultrapassam os limites de suas próprias disciplinas para adotar e integrar conhecimentos e métodos de outras áreas.
Não há divisão de conhecimento, nem hierarquia entre eles. Isto é, os conhecimentos fazem parte do todo e nenhum é considerado mais importante do que o outro.
Aqui a interação é mais intensa e os profissionais compartilham responsabilidades e funções. Existe uma troca de conhecimentos e habilidades, o que pode incluir o treinamento de membros da equipe para realizar tarefas fora de sua especialidade original.
Qual o papel da orientação e treinamento parental no autismo?
A presença dos pais também é essencial nesse processo, uma vez que são eles que passam a maior parte do tempo ao lado da criança e são os professores mais naturais dela.
Estudos já realizados demonstram que a aplicação de práticas baseadas em evidências têm mais eficácia quando acompanhada do treinamento de pais .
É importante ressaltar ainda que a orientação e treinamento parental não tem como objetivo transformar as pessoas cuidadoras em terapeutas.
Pelo contrário, a intenção desses programas é garantir mais segurança no manejo de crises no autismo ou ensino de novas habilidades.
O que causa o autismo?
As causas do autismo ainda vem sendo estudadas, mas já sabemos que a genética tem um papel fundamental no desenvolvimento do transtorno, assim como fatores ambientais.
Um estudo recente identificou 134 novos genes ligados ao TEA e reforçou que, apesar de genético, o autismo nem sempre será hereditário.
Existem ainda fatores de risco para o autismo, como:
- Ácido valpróico;
- Idade dos pais.
O que não causa o autismo?
Apesar disso, temos algumas certezas sobre o que não causa o TEA, levando em consideração mitos sobre o autismo que já foram desconstruídos.
- Vacina causa autismo: não existe nenhuma comprovação científica que ligue o transtorno do espectro autista com vacinas utilizadas para imunização de crianças. Inclusive, um estudo publicado no final dos anos 1990, que abordava o tema, foi desmentido por pesquisadores;
- Exposição a telas causa autismo: não existem evidências de que estar exposto a telas pode fazer com que a pessoa desenvolva autismo. Estudos feitos nesse sentido apontam apenas relações de correlação e não causalidade com o diagnóstico;
- Falta de carinho das mães: um dos mitos mais populares é o das mães-geladeira, que não demonstram afeto pelos filhos e, por isso, eles desenvolvem o TEA. Apesar de antigo, esse mito ainda reaparece de tempos em tempos.
O que são comorbidades no autismo?
Em alguns casos, o autismo pode vir acompanhado de uma ou mais condições, o que é conhecido como comorbidade.
Dessa forma, comorbidades são condições, doenças ou transtornos pré-existentes que, quando associadas a um novo diagnóstico, podem tornar-se agravante do quadro clínico, como foi o caso de comorbidades em pessoas com Covid-19, por exemplo.
Dentro do TEA, algumas comorbidades comuns são:
- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
- Deficiência Intelectual (D.I.);
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);
- Epilepsia;
- Entre outros.
Conhecer as comorbidades que acompanham um diagnóstico de TEA é essencial para garantir que as intervenções sejam efetivas e também entender se é necessário algum tipo de medicação.
Quantas pessoas autistas têm no mundo?
Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), 1 em cada 36 crianças nos Estados Unidos estão dentro do espectro. No Brasil, não temos certeza desse número, porém, se considerássemos esses valores, isso significaria cerca de 4 milhões de autistas no país.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2010 afirmam ainda que 1% da população estaria no espectro. Segundo essa estimativa, acredita-se em 2 milhões de pessoas autistas no Brasil na época.
Vale lembrar ainda que a Lei Romeo Mion, aprovada em 2020, determina que o autismo entre no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que foi adiado em razão da pandemia provocada pelo coronavírus.
Quais são os direitos dos autistas?
No Brasil, pessoas com autismo são consideradas pessoas com deficiência para todos os efeitos legais, garantindo assim, os mesmos direitos. Atualmente, existem três leis que apoiam essas causas:
- Lei Berenice Piana:estende aos autistas os mesmos direitos das pessoas com deficiência;
- Lei Brasileira de Inclusão: um conjunto de normas com o objetivo de assegurar e promover os direitos das pessoas com deficiência em todo território nacional;
- Lei Romeo Mion: estabelece a criação de uma carteira de identificação da pessoa com autismo.
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Símbolos do autismo
Atualmente, existem alguns símbolos que podem representar o autismo ou ajudar outras pessoas a reconhecerem o transtorno. São eles:
Cordão de girassol
Apesar do cordão de girassol não ser um símbolo somente de autismo, ele é muito usado por pessoas no espectro para sinalizar o transtorno. Isso porque, esse cordão é um acessório utilizado como símbolo de conscientização e apoio a pessoas autistas e com deficiências ocultas.
Inspirado na beleza e resiliência dos girassóis, esse cordão representa solidariedade e compreensão. Ele é destinado a todas as pessoas com deficiências ocultas e/ou invisíveis, que são condições de saúde que não são facilmente identificadas ou visíveis externamente.
É muito comum ver pessoas autistas com um cordão que tem um lado da fita de girassol e outro lado do quebra-cabeça.
Quebra-cabeça
Esse é um dos mais antigos símbolos do autismo. E apesar disso, não é bem aceito pelos autistas. Isso porque um de seus significados é justamente a complexidade do TEA.
Ele foi usado pela primeira vez em 1963 e popularizado pela associação Autism Speaks. Porém, muito tempo já foi passado e hoje entendemos que esse símbolo pode não ser o melhor, já que fixa nas dificuldades de compreensão enfrentadas por pessoas com autismo.
Para quem está no espectro, essa interpretação traz mais prejuízos à causa do que ajuda no entendimento do autismo.
Símbolo da neurodiversidade
O mais recente dentre eles, esse símbolo foi criado pelos próprios autistas. É utilizado como uma alternativa à fita do quebra-cabeça e celebra a esperança e a diversidade de expressão dentro do espectro.
Com esse símbolo podemos entender as diversas nuances do espectro e ver que cada pessoa é diferente e única, com diversidade de repertórios, gostos, necessidades de suporte e mais.
Fita de conscientização
Símbolo popularmente usado para demonstrar apoios à causa e informar a população sobre os direitos de quem está no espectro.
Por esse motivo, é comum que você encontre esse símbolo em placas de filas preferenciais em farmácias e supermercados, por exemplo.
O autismo é um espectro bastante vasto e cada indivíduo dentro do TEA é único e merece ter suas singularidades respeitadas. Além disso, toda pessoa com autismo merece aprender e atingir seu potencial.
Conclusão
Nosso texto traz tudo sobre autismo que você precisa saber. Com ele conhecemos melhor esse transtorno do neurodesenvolvimento, seus principais sinais e até mesmo mitos.
Também ficou mais claro que o autismo não é uma doença, por isso não existe cura. Mas sim, intervenções e estratégias centradas na pessoa com TEA, pensadas nas suas habilidades e desenvolvimento.
Compreender o autismo e ter informação verdadeira sobre ele, nos ajuda a garantir mais veracidade para o que está sendo dito e quebrar fake news sobre o tema. Além disso, permite a ampliação da representatividade e que cada vez mais pessoas possam entender suas características e identificar possíveis sinais.
Nosso blog está repleto de informações verdadeiras e acessíveis sobre autismo, que podem ajudar você, sua família e profissionais clínicos que estão buscando se especializar. Para aprender mais sobre o TEA, leia outros conteúdos do nosso blog.
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6 respostas para “Autismo: tudo que você precisa saber sobre TEA”
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