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Mãe praticando psicomotricidade do filho por meio de pedido de abraço com as mãos estendidas.

O que é psicomotricidade no autismo? Entenda como esta intervenção pode ajudar

Você já ouviu falar em psicomotricidade e não sabia o que era? Essa ciência está diretamente relacionada com a percepção que temos do nosso corpo por meio dos movimentos. Isso está ligado à relação mais aprofundada que temos do nosso corpo.

Sua atuação envolve o desenvolvimento integrado das habilidades motoras, junto a aspectos emocionais e cognitivos.

Quando pensamos na psicomotricidade no autismo, essa é uma abordagem essencial, já permite que pessoas com TEA se apropriem de suas próprias imagens e esquemas corporais, ou seja, tenham consciência corporal em um ambiente ou contexto.

Mas o que exatamente é psicomotricidade, e como ela pode auxiliar no desenvolvimento dessas crianças autistas? Neste artigo, explicamos mais sobre essa ciência, as formas de atuação para pessoas no espectro e as principais atividades que podem ser trabalhadas. Confira!

O que é psicomotricidade?

Crianças pulando em local aberto e arborizado.

A psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo principal melhorar as expressões coordenadas do indivíduo durante uma tarefa ou atividade sequencial. Ela nasceu da neurologia, ou seja, é uma área da saúde e não da educação, como algumas pessoas pensam.

Essa ciência engloba três principais aspectos da vida humana:

  • Emocionais: como experimentamos sentimentos e emoções;
  • Cognitivos: o processamento das informações do cérebro (atenção, concentração, memórias);
  • Motores: como realizamos o movimento.

A psicomotricidade ajuda as pessoas a usarem melhor suas capacidades psíquicas, ou seja, terem maior consciência em relação ao próprio corpo, aos movimentos e o relacionamento com o mundo externo.

O que a psicomotricidade ensina?

A psicomotricidade permite às crianças uma livre expressão de seus sentimentos, conceitos, pensamentos, ideologias, bem como trabalho corporal. Além disso, ela ajuda nos processos de aprendizagem e desenvolvimento saudável ao longo da vida.

Quando pensamos na psicomotricidade no autismo, ela é uma das abordagens indicadas para pessoas com TEA, uma vez que pode auxiliar nas características sensoriais, motoras, linguagem, entre outras.

  • Coordenação motora: a capacidade de coordenar movimentos de diferentes partes do corpo é fundamental para tarefas diárias, como vestir-se ou segurar objetos. A psicomotricidade ajuda a melhorar a coordenação motora global e fina.
  • Equilíbrio e orientação espacial: entender o próprio corpo em relação ao espaço é uma habilidade que pode ser desafiadora para crianças com autismo. A psicomotricidade trabalha para melhorar o equilíbrio e a orientação espacial, auxiliando a criança a se mover com mais segurança e confiança.
  • Consciência corporal: a psicomotricidade ensina a criança a reconhecer e controlar seu corpo. Isso é particularmente importante para crianças com autismo, que têm muitas vezes dificuldades em entender onde o corpo termina e o espaço ao redor começa.
  • Expressar emoções e comunicação: através do movimento, a psicomotricidade também pode ser uma forma de expressão emocional e comunicação. Isso é vital para crianças com autismo, que podem ter dificuldades em expressar sentimentos verbalmente.

Quais são os elementos psicomotores?

A psicomotricidade é baseada em 4 elementos principais, fundamentais para o desenvolvimento integral da criança, bem como suas respectivas etapas de evolução.

Esquema corporal

O esquema corporal é a base indispensável para a formação da personalidade infantil, sendo a representação global e diferenciada que a criança tem do próprio corpo. Esse processo de construção ocorre gradualmente, à medida que a criança toma consciência das dimensões do seu corpo e o distingue do mundo exterior.

Existem três etapas nessa construção:

  • Inicialmente, a criança vive o corpo de forma sensorial e motora (até os 3 anos), onde começa a reconhecer-se por meio de sensações e imagens;
  • Na segunda etapa (dos 3 aos 7 anos), a percepção do corpo se organiza com a interiorização e maior controle dos movimentos;
  • Na última etapa (dos 7 aos 12 anos), a criança estrutura seu esquema corporal, adquirindo a noção do todo e das partes, com a descentralização do corpo como ponto de referência.

Coordenação motora

De forma geral, a coordenação motora refere-se à capacidade de integrar diferentes ações musculares, como contrações, descontração e alongamentos, para realizar movimentos com eficiência e economia de esforço.

Essa habilidade é aprimorada pela repetição dos movimentos e é influenciada por duas capacidades principais: o ritmo, que ajusta o movimento no tempo, e o equilíbrio, que mantém a postura do corpo com o mínimo de esforço.

A coordenação motora global envolve a harmonia de ações musculares e depende do controle motor e do equilíbrio postural. A marcha, por exemplo, é um processo que concede à criança independência, enquanto a coordenação motora fina envolve habilidades manuais precisas, como segurar objetos e escrever.

A escrita, por exemplo, é uma forma de expressão da linguagem que depende de um desenvolvimento motor, intelectual e afetivo adequado. Habilidades preparatórias, como o desenho, desempenham um papel fundamental nesse processo, ajudando a desenvolver a destreza necessária para a escrita.

Lateralidade

Durante o desenvolvimento infantil, ocorre uma tendência natural para o uso preferencial de um dos lados do corpo, envolvendo o olho, a mão e o pé. Isso é o que chamamos de lateralidade.

A definição da lateralidade é essencial para o desenvolvimento da criança, pois influencia a percepção de si mesma, a formação do esquema corporal e a organização espacial, permitindo que ela se localize no ambiente usando o próprio corpo como referência.

Entre os 3 e 4 anos, começa a se estabelecer a dominância lateral, geralmente concluída entre 6 e 7 anos, resultando na predominância do lado direito (destro) ou esquerdo (canhoto).

O lado dominante demonstra maior força, precisão e rapidez. Quando a dominância é consistente em todos os três níveis (olho, mão e pé), é considerada homogênea; se o uso de ambos os lados for semelhante, a pessoa é ambidestra.

E se houver dominância cruzada, como usar a mão esquerda e o olho direito, ocorre uma discordância entre os níveis.

A dominância manual é observável em atividades como recortar ou desenhar, enquanto a dominância ocular aparece quando a criança olha por um buraco de fechadura, e a do membro inferior pode ser notada ao pular em um pé só ou chutar uma bola.

Organização espacial e temporal

Durante o desenvolvimento infantil, a criança começa a tomar consciência de seu próprio corpo e de sua posição no ambiente, o que é essencial para se orientar em relação às pessoas e objetos ao seu redor.

Essa organização espacial é construída mentalmente ao longo do tempo, permitindo que a criança desenvolva noções de proximidade, ordem, separação, e interiorização.

Por exemplo, ao perceber que dois objetos estão próximos ou alinhados, a criança começa a entender as relações espaciais.

O desenvolvimento da organização espacial é essencial para atividades como leitura, escrita e matemática, e ocorre em etapas, desde a percepção intuitiva nos primeiros anos até a estruturação completa do espaço em torno dos três anos, quando a criança começa a usar seu corpo como referência para posicionar objetos no espaço.

Assim como a organização espacial, a organização temporal é uma construção mental que a criança desenvolve ao longo do tempo. À medida que cresce, a criança aprende a associar esses ritmos a eventos externos, como a hora de comer ou dormir.

No entanto, a aquisição das noções temporais pode ser desafiadora, pois o tempo é uma abstração difícil de compreender.

A criança percebe inicialmente o tempo subjetivamente, mas com a ajuda de educadores, ela aprende a lidar com o tempo objetivo, que é constante e mensurável. O desenvolvimento da organização temporal inclui a compreensão de ordem e sucessão de eventos, duração dos intervalos, ciclos repetitivos, e a noção de ritmo.

Psicomotricidade é uma prática baseada em evidências?

As práticas baseadas em evidências científicas (PBE) são as mais indicadas para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico. No autismo, as principais PBEs são aquelas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Para ser considerada uma prática baseada em evidências, é preciso realizar um número aceitável de pesquisas que mostrem que aquela prática produz resultados positivos no que se propõe.

Quando falamos em psicomotricidade, é possível dizer que essa ciência ainda carece de trabalhos que possam comprovar sua eficácia.

Ainda assim, clínicos e profissionais que atuam com TEA reforçam que as práticas envolvendo a psicomotricidade no autismo têm um papel essencial na intervenção e melhoria de déficits comuns.

Como a psicomotricidade ajuda pessoas com autismo?

Os principais campos de atuação da psicomotricidade e o autismo estão relacionados às dificuldades na coordenação motora e em questões sensoriais. Essas são justamente algumas das principais características encontradas em pessoas com autismo.

De fato, estimativas de estudos científicos demonstram que:

  • 80% das pessoas diagnosticadas com TEA apresentam dificuldades de coordenação motora;
  • De 69% a 95% das crianças autistas apresentam Transtorno do Processamento Sensorial.

Para a psicomotricidade conseguir ajudar pessoas com diagnóstico de autismo é necessário trabalhar estratégias para autopercepção e interrelação com os ambientes durante as intervenções.

Por isso, a importância da psicomotricidade no autismo deve ser considerada e pode auxiliar nas seguintes questões:

  • Falta de controle de impulsos nas crianças;
  • Desorganização na forma de se expressar por meio do corpo;
  • Falta de percepção de espaço conforme o contexto e as demandas de terceiros.

Essas intervenções precisam ainda ser combinadas com outras terapias realizadas pela equipe que acompanha o desenvolvimento da criança. Isso porque o desenvolvimento da linguagem, o tratamento de comorbidades e o suporte escolar, também auxiliam em resultados positivos.

Além disso, a presença e envolvimento da família também é essencial, pois os cuidadores precisam ser orientados para poderem replicar as estratégias no ambiente doméstico

Principais atividades de psicomotricidade no autismo

É imprescindível que as intervenções psicomotoras sejam aplicadas e supervisionadas por profissionais especializados. No que diz respeito à coordenação motora, por exemplo, algumas atividades que auxiliam no desenvolvimento da criança são:

Coordenação motora global

  • Pular
  • Correr
  • Rolar
  • Mudar o lado da posição (frente e atrás).

Coordenação motora fina

  • Pegar um lápis
  • Recortar
  • Manejar objetos com precisão.

Para que essas atividades de psicomotricidade consigam ser realizadas, considerando o autismo, é necessário ainda se atentar a alguns aspectos, como:

  • Estimular o contato visual;
  • Induzir ao seguimento de comandos com mudança na tonalidade da voz;
  • Apresentar brinquedos que não utilizem texturas moles ou ásperas.

Além da psicomotricidade, existem muitas outras intervenções que beneficiam pessoas com autismo. Veja no nosso blog outros conteúdos sobre terapia, autismo e comportamentos.

Conclusão

A psicomotricidade é uma ciência muito importante quando falamos do desenvolvimento de crianças, sejam elas típicas ou atípicas.

Com base em estudos científicos e práticas terapêuticas bem estabelecidas, a psicomotricidade pode ajudar a melhorar a coordenação motora, a integração sensorial e as habilidades sociais de crianças com autismo.

Ao entender e aplicar os princípios da psicomotricidade, pais e profissionais de saúde podem proporcionar um apoio mais eficaz e completo no desenvolvimento dessas crianças.

Recentemente, conversamos com a Zoe Mailloux, responsável pela criação do EASI: protocolo avaliativo de integração Sensorial. Assista hoje mesmo!

Roda de conversa com Zoe Mailloux no Canal do Youtube da Genial Care

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