Hoje é Dia do Orgulho Autista. A data, criada pelos próprios autistas para todos que fazem parte do espectro (TEA), surgiu da falta de representatividade sentida por eles pelas ações promovidas em abril, em razão do Dia Mundial da Conscientização do Autismo.
A primeira edição do Dia do Orgulho Autista ocorreu em 2005 e foi organizada pela Aspies for Freedom (Aspie é uma forma como muitos autistas se denominam, e é uma nomenclatura derivada de “Asperger”, da Síndrome de Asperger), dos Estados Unidos. O objetivo era fortalecer o movimento da neurodiversidade e esclarecer a sociedade que o autismo não é uma doença e sim uma condição.
Entre outras manifestações, uma das principais em respeito ao Dia do Orgulho Autista é o fato de lembrar que o dia de hoje é para pessoas autistas e sobre elas. Não cabe a quem não está no espectro desqualificar a comemoração ou tecer comentários negativos a respeito dela.
Além disso, a data serve como um reforço ao movimento “Nada sobre nós, sem nós”, que pede a participação de pessoas autistas em eventos, palestras e demais discussões que envolvem o tema. Portanto, trazemos hoje um texto escrito por Tiago Abreu, jornalista, autista, autor do livro “O que é neurodiversidade?” e criador do podcast Introvertendo – o primeiro do Brasil feito somente por pessoas autistas. Leia abaixo.
Por que precisamos de um Dia do Orgulho Autista
O autismo não é um conceito pronto. Ao longo da história, o que chamamos de “autismo” foi se modificando, se ampliando… mas se manteve por muito tempo a percepção de autismo como algo fatal, horrível.
Até a década de 1990, não existiam muitas vozes sobre o autismo que falassem sobre o diagnóstico em primeira pessoa, e as principais associações de países como os Estados Unidos, viam o autismo como um vilão, um ladrão que roubava crianças de seus familiares.
Os primeiros ativistas, ainda naquele período, começaram a tensionar aquilo que era estabelecido sobre o diagnóstico. Eles não escondiam a dor e as dificuldades que envolviam a existência enquanto pessoas com deficiência, mas também tentavam equilibrar. Diziam que não era o fim, e que era possível entender o autismo como uma identidade.
Isso se condensou na ideia de orgulho autista, inspirada nos movimentos LGBTQIAP+. Essa visão deu origem ao Dia do Orgulho Autista, criado em 2004 pela organização britânica Aspies for Freedom. Mas, desde o seu surgimento, as pessoas se questionam: orgulho por quê?
É simples. O primeiro passo para tudo é a aceitação, assimilar todos os aspectos que envolvem sua vida e existência, já que só se vive uma vez. E aceitar a si mesmo é uma forma de empoderamento. Se você tem orgulho de ser autista, a vida fica mais leve. Isso te impulsiona a se entender, se aceitar, a lutar por políticas públicas. E só há Dia do Orgulho Autista porque um dia ser autista foi visto como tragédia.