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Mulher sofrendo com disfunções sensoriais. Ela está de olhos fechados e com a mão esquerda sobre a testa.

Será que existe relação e diferença entre agitação, desatenção e disfunções sensoriais?

Muitas crianças com autismo têm algum tipo de distúrbio de processamento sensorial. Ou seja, uma condição neurológica que faz com que o cérebro e o sistema nervoso tenham dificuldades para processar, receber e interpretar os estímulos internos e externos.

Dessa forma, é muito comum que as disfunções sensoriais sejam um desafio para pais, pessoas cuidadoras e até mesmo profissionais da saúde que estão buscando informações a respeito do tema.

Nesse caminho, existem alguns comportamentos relacionados, como a agitação, desatenção e disfunções de integração sensorial que podem gerar confusão e dúvidas. Por isso, para responder a essa pergunta precisamos entender as partes sobre esse processo.

Neste texto, vamos falar um pouco sobre quais são as possíveis disfunções sensoriais que interferem em aspectos de atenção e de agitação. Confira!

O que são as disfunções sensoriais?

Menino com disfunção sensorial em meio aos seus amigos

Primeiro, precisamos lembrar que a Teoria da Integração Sensorial de Ayres entende que, para percebermos o mundo, nosso cérebro entrelaça diferentes impressões sensoriais.

Na qual cada informação sensorial é integrada com outra e o produto dessa integração é a percepção do que está acontecendo no ambiente ou mesmo no próprio corpo.

Por isso, essa abordagem desenvolveu uma teoria que explica a relação entre déficits na interpretação das sensações do corpo e do ambiente com dificuldades com o aprendizado acadêmico e motor.

Assim, as disfunções sensoriais podem ser entendidas como a dificuldade em processar e interpretar informações sensoriais, que interferem na habilidade de uma pessoa em registrar e processar o tipo, quantidade e intensidade da sensação oferecida pelo ambiente.

Essa dificuldade pode resultar em comportamentos e sentimentos que podem ser organizados ou não.

Isso quer dizer que, quando falamos em comportamentos desorganizados, nos referimos a respostas incomuns ou desproporcionais a estímulos sensoriais, como toque, som, movimento, cheiro ou sabor.

Essa dificuldade pode impactar diversas áreas da vida diária, incluindo habilidades sociais, acadêmicas e ocupacionais.

A relação entre disfunções sensoriais e o comportamento

As disfunções sensoriais interferem diretamente na forma como organizamos o nosso comportamento. Ou seja, alguns padrões de disfunções podem apresentar sinais de desatenção e agitação.

Isso porque a forma como processamos as informações sensoriais do ambiente permite com que a gente dê relevância e/ou iniba certos grupos de estímulos.

Para ilustrar como isso ocorre ao nível atencional (de atenção) se imagine em um restaurante.

Nesse cenário, inclua o som de pessoas conversando, de talheres sendo utilizados, barulho da TV ou mesmo de uma música ambiente. Incluindo mais elementos nesta situação, pense em pessoas passando constantemente de um lado para outro, o abrir e fechar de porta, o sol refletindo em algum espaço do restaurante.

Quando você está neste contexto, você olha para o cardápio, seleciona o que quer comer, chama o garçom e comunica a ele, certo?

Você fez tudo isso por que seu cérebro entendeu que, para que você escolhesse o que quer comer e fazer o pedido, você precisaria não dar atenção para estes outros tantos estímulos que estavam acontecendo.

Quando falamos em alguns padrões de disfunções sensoriais, esse processo de inibição não ocorre, o que faz com que estejamos alerta e atentos a tudo do ambiente.

Agitação e desatenção relacionadas com as disfunções sensoriais

Em relação à agitação, podemos considerar um outro cenário muito relacionado à necessidade de movimento.

Esse comportamento pode estar relacionado tanto a um padrão de disfunção sensorial como também a forma como a pessoa processa os estímulos do ambiente, que não necessariamente apresenta um impacto funcional em seu aprendizado ou participação social.

Ou seja, de forma geral, nosso cérebro precisa de informações sensoriais para funcionar e diante de cada experiência damos um sentido e um significado a estas experiências.

É a partir delas, que criamos uma bagagem de vivências que moldam a forma como organizamos os comportamentos e respondemos ao meio.

Por isso, quando olhamos para comportamentos de desatenção e agitação, precisamos entender se existe uma relação com disfunções sensoriais ou não.

Transtorno de Modulação Sensorial

A modulação sensorial é um processo neurológico que envolve o ajuste de informações sensoriais relacionadas a sua intensidade, frequência e duração, sendo este processo que permite que uma pessoa perceba os estímulos que são relevantes e filtre os irrelevantes.

Este padrão de disfunção pode ser dividido em três categorias:

  • Hiperresponsividade
  • Hiperresponsividade
  • Busca Sensorial

Cada uma dessas categorias, pode envolver alterações sensoriais que resultam em comportamentos de desatenção e agitação

Quando há disfunção de modulação sensorial, a criança pode apresentar comportamentos de buscar quantidade excessiva ou mesmo de aversão a determinados estímulos.

Este padrão de disfunção pode ser dividido em três subcategorias: hiperresponsividade, hiperresponsividade e busca sensorial.

1. Hiperresponsividade

Pessoas hiperresponsivas apresentam dificuldades em ajustar a intensidade, frequência e duração do estímulo, ou seja, uma pequena quantidade de estímulos é suficiente para que a pessoa perceba rapidamente aquela informação.

Um exemplo de comportamento hiperresponsivo é quando uma pessoa pode se assustar quando alguém fala alto próximo a ela ou mesmo quando há desconforto em utilizar algum tecido de roupa específico.

Neste padrão, torna-se difícil manter-se, por exemplo, atento a uma mesma tarefa. Isso porque o cérebro da criança não consegue inibir ou ignorar certas sensações, direcionando a atenção a diversos estímulos ao mesmo tempo.

Neste caso, podemos dizer que existe sim uma relação importante entre padrão de disfunção de modulação sensorial com a desatenção.

2. Hiporresponsividade

Diferente da hiperresponsividade, o hiporresponsivo necessita de muito estímulo para perceber e processar certos grupos de informações sensoriais.

É muito comum vermos este padrão relacionado a estímulos vestibulares, ou seja, de movimento. A criança precisa estar em constante movimento para que ela possa perceber informações do ambiente.

E neste caso, temos uma relação direta entre um padrão de disfunção sensorial com comportamentos de agitação e, consequentemente, de atenção.

Uma vez que a necessidade de precisar de estímulos interfere em seu nível de alerta, engajamento e tempo de permanência durante uma atividade.

3. Busca Sensorial

Uma criança que apresenta características de buscador sensorial apresenta comportamentos similares ao de hiperresponsividade sensorial, isso por que parece querer ou precisar de mais informações sensoriais que outros.

Porém, diferente do hiporresponsivo, o buscador pode parecer insaciável, não importa o quanto você dê oportunidade do estímulo que ele busque, a necessidade da sensação não cessa.

Muitas vezes, para este padrão de disfunção, a criança pode apresentar comportamentos desafiadores, em que o coloquem em risco, pode ficar bravo quando precisa manter-se sentado ou parar o que está fazendo e até demonstrar dificuldades em se regular.

E, como consequência, comportamentos de desatenção e agitação podem também estar presentes em crianças que apresentam padrão de busca sensorial

Como identificar padrão de disfunção sensorial?

Menino sentado ao chão, de olhos fechados e com as mãos nos ouvidos. Ele passa por uma disfunção sensorial

Para saber se a sua criança apresenta alterações de processamento sensorial que justifiquem comportamentos de desatenção e agitação você deve:

  • Observar o comportamento da sua criança: como ela reage aos sons altos? Será que tem alguma textura que ele esquiva ou se afasta? Ele é uma criança que sempre que tem oportunidade, fica de cabeça para baixo? Dá cambalhotas ou balança?
  • Comportamentos repetitivos e ritualísticos: a criança costuma definir fazer a mesma coisa do mesmo jeito? Você observa que a criança busca fazer algum movimento de forma repetitiva, como balançar-se ou movimentar as mãos?
  • Comportamentos de desatenção e agitação são uns dos sinais de disfunção sensorial, mas não são os únicos: por isso, observe quais são as atividades que estão sendo impactadas por esses comportamentos:
    • A criança apresenta dificuldade de seguir instruções comuns a ela, mesmo quando está em um contexto controlado, como em sua casa?
    • A criança brinca bastante de atividade e brinquedo, demonstrando dificuldade de permanecer na mesma brincadeira por alguns minutos?
    • Ele se movimenta constantemente, mas responde quando você chama por ele ou faz o que é solicitado?

Se você respondeu sim para a maioria das perguntas, talvez valha a pena levar a sua criança para uma avaliação específica com um terapeuta ocupacional com certificação de integração sensorial.

É importante lembrar que a disfunção sensorial pode se manifestar de maneiras diferentes em cada pessoa e pode variar em intensidade ao longo do tempo.

Uma avaliação cuidadosa e uma abordagem individualizada são essenciais para compreender e atender às necessidades específicas de cada indivíduo.

Conclusão

Comportamentos de desatenção e agitação podem, sim, ter relação com disfunções sensoriais, mas não são as únicas causas.

É importante que seja avaliado características de outras neurodivergências, como, por exemplo, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), alteração do Processamento Auditivo Central (PAC), etc.

O importante é que você compreenda que o Transtorno de Modulação Sensorial pode interferir diretamente no foco atencional e no nível de atividade.

Isso porque estes padrões de disfunções estão diretamente relacionados a alteração do nível de alerta.

Para saber mais sobre o nível de alerta, acesse nosso texto sobre:

Níveis de alerta na integração sensorial

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