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Quando pesquisamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), nos deparamos com uma infinidade de informações e curiosidades sobre o autismo em páginas de redes sociais e fóruns na internet.
Apesar do excesso e partilha em massa das informações, elas nem sempre são verdadeiras, ou até mesmo acolhedoras. Muitas vezes, existem dados desatualizados e informações falsas que contribuem para o não entendimento do transtorno.
Por isso, neste texto reunimos 9 curiosidades sobre o autismo para você começar a entender mais sobre o TEA e ter informações verdadeiras sobre temas importantes da comunidade. Entenda cada uma delas!
1. O que é autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), nome científico do autismo, é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Além disso, essas dificuldades na interação social, transformam a percepção e a comunicação da pessoa com o mundo.
Alguns sinais do autismo surgem ainda na primeira infância, com os marcos de desenvolvimento infantil, por isso, é importante que famílias e pessoas cuidadoras observem esses comportamentos nos bebês e procurem profissionais especializados para entender sobre um possível diagnóstico.
Entretanto, nenhum autista é igual ao outro, dessa forma, cada descoberta e desenvolvimento é feita de forma singular, conforme a percepção e necessidades da pessoa autista.
Nem todo autista apresenta os sinais, e algumas pessoas que apresentam sinais similares, não são autistas!
2. De onde surgiu o termo “autismo”?
Autismo vem do grego autós e significa, na tradução literal “de si mesmo”. O termo foi usado pela primeira vez em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler como forma de descrever uma “fuga da realidade para um mundo interior”.
Na época, ele foi usado para descrever um grupo de sintomas relacionados à esquizofrenia em pacientes observados por um psiquiatra.
Foi somente 35 anos depois, em 1943, que o autismo foi desassociado da esquizofrenia e passou a ser tratado como uma síndrome comportamental. Isso aconteceu após a publicação da famosa obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”.
A partir desse momento, vários estudos começaram a ser feitos para se conhecer melhor o que estavam chamando de autismo, como a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1 em 1952, documento referência para estabelecer padrões.
Apesar de hoje em dia o conhecermos como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), essa nomenclatura é recente, já que foi apenas em 2013 que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, publicou sua 5ª e mais recente edição, definindo tal conceito.
3. Autismo não tem cura
O Autismo não é uma doença, portanto, não tem cura. Como o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, suas características podem ser percebidas ainda na primeira infância, quando a criança tem entre 18 meses e três anos.
Pessoas no espectro podem apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte, que popularmente são conhecidos como os “graus de autismo” leve, moderado e severo.
O que significa que, enquanto alguns têm facilidade de realizar qualquer atividade pessoal e da vida diária, outros precisam de apoio para algumas atividades, como:
- Tomar banho;
- Ir ao banheiro;
- Escovar os dentes;
- Se alimentar;
- Se vestir.
Apesar de não podermos curar o autismo, é possível intervir com terapias para a pessoa ter melhor qualidade de vida, como aprimorar a comunicação, a concentração e diminuir os movimentos repetitivos que podem competir com a aprendizagem.
Geralmente, uma equipe multidisciplinar acompanha a pessoa autista para que ela mantenha o constante ritmo de evolução. Terapeutas Ocupacionais, Especialistas em ABA e profissionais da fonoaudiologia fazem parte de diversas etapas do desenvolvimento, e costumam acompanhar pessoas autistas e suas famílias para promover bem-estar.
Além disso, existem as práticas baseadas em evidências, que são intervenções cientificamente comprovadas que auxiliam nesta jornada.
4. Autismo já foi considerado esquizofrenia
Como falamos, foi o psiquiatra suíço, Eugen Bleuler, que citou o termo autismo pela primeira vez. Para ele, o transtorno, na verdade, era uma “versão mais severa” da esquizofrenia.
Entretanto, em 1943, o psiquiatra Leo Kanner, se afastou da ideia de autismo ser considerado esquizofrenia, e escreveu sobre crianças que tinham uma “extrema solidão autista e desejo ansiosamente obsessivo pela manutenção da mesmice”.
Para Kanner, essas crianças eram mais inteligentes e tinham uma memória extraordinária. Ele dissociou o termo de esquizofrenia e autismo, denominando a síndrome de “distúrbios autísticos do contato afetivo”.
5. Adultos também podem ser diagnosticados
Algumas pessoas recebem diagnóstico tardio de autismo, o que costuma acontecer — principalmente — após se identificarem com pessoas que conhecem que estão no espectro (filhos, amigos, colegas de trabalho), ou até mesmo com personagens de séries e filmes.
Os sinais de autismo acabam sendo mais sutis do que os outros quando falamos de autismo em adultos, o que pode dificultar o diagnóstico.
Mas é muito importante que pessoas adultas no espectro tenham acesso a esse laudo, pois assim é possível compreender melhor suas características e perspectivas de mundo, encontrando estratégias direcionados para ajudar em barreiras ou dificuldades diárias.
Temos um vídeo mais detalhado sobre o assunto em nosso canal, falando sobre o autismo em adultos, vale a pena conferir:
6. Muitas “curiosidades sobre o autismo” são falsas!
Infelizmente, muitas curiosidades sobre o autismo e informações falsas são partilhadas nas redes sociais, e acabam confundindo e afastando as pessoas cuidadoras que procuram por informações a respeito das melhores intervenções para o autismo.
Já falamos sobre alguns desses mitos, mas é sempre bom reforçar a informação, afinal, ainda tem muitos pais que se sentem desamparados ao lerem algumas teorias e discussões por aí.
- Teoria mãe geladeira: que questiona se a falta de carinho e amor dos pais causa o autismo. E isso não é verdade! Não existem evidências que a falta de afeto resulte no autismo. Os pais não têm culpa nenhuma sobre o autismo em seus filhos, e o autismo não tem nada a ver com a falta de amor.
- Vacinas causam autismo: não, vacinas não causam autismo! Ainda em 2004, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos concluiu que não existem provas de que a vacina cause autismo. E de onde isso surgiu? Contamos essa história detalhadamente nesse texto aqui.
- Autistas vivem em seu próprio mundo: isso também é mito! Afinal, os autistas vivem no mesmo mundo que todos nós, apenas a forma de se desenvolver é diferente, pois pessoas com TEA precisam de acompanhamento de profissionais especializados. Aliás, nenhuma pessoa se desenvolve como a outra: somos todos diferentes.
7. Existem leis que garantem os direitos de autistas e suas famílias
No Brasil algumas leis amparam a pessoa com TEA.
- Lei Brasileira de Inclusão (LBI) – garante que pessoas autistas frequentem a escola e seja acolhida da melhor forma possível, para que o aprendizado seja potencializado.
- Lei Berenice Piana –dentro dessa Lei Nº 12.764, pessoas com TEA são consideradas deficientes, por isso a lei assegura que todos os direitos concedidos a PCDs são concedidos, também, para autistas
- Lei Romeo Mion – a Lei Romeo Mion cria a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CipTEA), que garante a todos aqueles com o diagnóstico de autismo um documento que possa ser apresentado para informar a condição do indivíduo. O nome foi inspirado em Romeo Mion, filho adolescente do apresentador de TV Marcos Mion.
Além dessas Leis, existem benefícios que auxiliam, como: Benefício da Prestação Continuada (BPC), redução na carga horária de trabalho e outros que reduzem as dificuldades encontradas no cotidiano.
Também temos um texto completo sobre os direitos das famílias, que você pode ler para entender melhor.
8. Nos EUA, 1 em cada 36 crianças é autista
De acordo com o mais recente relatório do CDC (órgão responsável por identificar e pesquisar o número de pessoas com autismo), divulgado em 2021 (com dados observados em 2018) 1 em cada 36 crianças é autista.
Os dados são baseados exclusivamente em declarações de diagnóstico de TEA documentadas, com crianças de 3 a 8 anos, assegurados por profissionais clínicos.
Quando falamos nos dados do Brasil, ainda temos algumas informações desatualizadas e que serão comprovados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contabilizou no senso de 2022 o número de autistas no Brasil.
Esse dado foi incluído após a sanção da Lei 13.861/19, que obriga o IBGE a inserir perguntas sobre o autismo nas pesquisas e entender qual é a prevalência do autismo no Brasil.
9. Estudo recente sobre o autismo no Brasil
Uma curiosidade sobre autismo é que, infelizmente, ainda são poucos os estudos e dados sobre a população no espectro. Para mudar esse cenário e garantir que cada vez mais pessoas no espectro se sintam representadas na sociedade, a Genial Care realizou em 2023 a pesquisa “Retratos do autismo no Brasil em 2023: um estudo Genial Care e Tismoo.me”.
Com 2.247 resposta no total, conseguimos uma amostra válida conforme a Calculadora de Tamanho de Amostra, considerando uma estimativa de 4 milhões de pessoas com TEA no Brasil — estimativa feita com base em dados do CDC — com grau de confiança de 99% e margem de erro de 3%.
Com isso, criamos um painel de dados da pesquisa inédita sobre o aumento dos diagnósticos de autismo e como existe uma repercussão global que afeta os custos e qualidade dos serviços na saúde suplementar para pessoas com TEA e suas famílias.
O nosso estudo oferece uma visão diversificada das experiências de cuidadores e pessoas autistas. Conseguimos mostrar em números a realidade de muitas famílias brasileiras – um assunto ainda não tão conhecido.
Quando falamos sobre a análise dos dados demográficos, esse estudo reflete a multiplicidade de experiências vividas pelos cuidadores.
Você pode ter os dados completos do nosso estudo “Retratos do Autismo no Brasil e no mundo: Impactos na saúde suplementar a curto prazo” clicando no botão:
Retratos para autismo no Brasil
Conclusão
Compreender o autismo vai além do conhecimento superficial e por isso é importante entender sobre essas curiosidades sobre autismo e outros mitos e informações disponíveis por aí.
Ao divulgarmos dados baseados em evidências, respeitando a diversidade e promovendo a inclusão, podemos construir uma sociedade muito mais diversa, inclusiva e empática.
Essas são algumas das curiosidades do autismo, mas você pode aprender muito mais sobre o TEA em nosso blog! Temos uma categoria preparada para pessoas cuidadoras, com textos que buscam acolher famílias desde o momento inicial do diagnóstico.