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Mãe com sua filha em clínica de autismo, buscando por diagnóstico de autismo.

Diagnóstico de autismo: tudo que você precisa saber!

O diagnóstico de autismo é fundamental na jornada de toda família. É a partir dele que a família tem certeza do transtorno da criança e pode buscar ajuda especializada para o desenvolvimento infantil, focando na qualidade de vida.

Mesmo assim, todo o processo diagnóstico de TEA ainda é um assunto que deixa as famílias com muitas dúvidas, principalmente as que estão no início da jornada e desejam buscar acolhimento o quanto antes.

Neste artigo, trouxemos ricas considerações da neuropsicóloga Dra. Joana Portolese e o médico psiquiatra Dr. Elder Lanzani Freitas, especializado em psiquiatra da infância e adolescência em 2017 e em terapia comportamental.

Eles comentam sobre o processo para o diagnóstico e laudo de autismo, profissionais envolvidos e como procurar ajuda. Vem ler!

Como é feito o diagnóstico de autismo?

Doutora atendendo criança que está acompanhada de sua mãe.

O diagnóstico de autismo é um processo multidisciplinar que envolve a avaliação de comportamentos e o desenvolvimento da pessoa.

Conduzido por uma equipe de profissionais — de diversas áreas — que avaliam aspectos do comportamento da pessoa, para assim aplicar instrumentos de medida/avaliação validados cientificamente para conseguir chegar a um laudo.

Não existe um exame laboratorial específico para o TEA; portanto, os profissionais de saúde baseiam-se em observações clínicas e no histórico de cada um.

Normalmente, o primeiro passo para o diagnóstico de autismo é a identificação dos sinais de atraso no desenvolvimento da criança.

É a partir daí que as famílias decidem optar por ajuda profissional, especialmente quando notam que a criança não só tem atraso, como não atingiu os marcos do desenvolvimento esperados para a idade dela.

Quais são os critérios diagnósticos do autismo?

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) estabelece dois grandes grupos de critérios para o TEA, determinando as características que compõem o espectro autista como “díade do autismo”:

  1. Déficits persistentes na comunicação social e interação:
    • Dificuldade para estabelecer relações sociais
    • Dificuldades na troca de informações emocionais
    • Padrões anormais de contato visual e expressões faciais
  2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento:
    • Movimentos motores estereotipados
    • Adesão excessiva a rotina e resistência à mudança
    • Interesse altamente restrito e intenso
    • Hiporreatividade ou hiperreatividade a estímulos sensoriais

Assim, esses sinais devem estar presentes desde a primeira infância e causar prejuízos significativos no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Quais são os manuais diagnósticos para TEA?

Assim como as diferentes especialidades, outro fator importante para o diagnóstico de autismo são os manuais diagnósticos, como:

  • DSM (Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria;
  • CID (Classificação Internacional das Doenças e Transtornos Mentais), da Organização Mundial da Saúde.

São esses manuais que ajudam a determinar qual será o laudo da pessoa, entender o nível de necessidade de suporte, e apoiar os profissionais clínicos na indicação de terapias e intervenções.


Terapeuta em clínica de autismo. Ela está com menina autista.

Quem faz o diagnóstico de autismo?

De acordo com o Dr. Elder Lanzani Freitas, o diagnóstico é feito com uma abordagem multiprofissional. “Geralmente são vários profissionais atuando em conjunto, para poder oferecer a melhor proposta e a melhor intervenção terapêutica”, explica.

Dessa forma, existem vários profissionais que podem participar do laudo, que vão desde uma equipe multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar que vão trabalhar no processo de investigação comportamental e entender se aquela pessoa está ou não no espectro do autismo.

Algumas das especialidades que podem compor essa equipe são:

O que é preciso para fechar o diagnóstico de autismo?

O diagnóstico de autismo definitivo depende de uma avaliação criteriosa, feita por especialistas experientes em transtornos do neurodesenvolvimento. Para isso, considera-se:

  • Triagem inicial: normalmente realizada por pediatras ou profissionais da saúde, a triagem envolve questionários padronizados como o M-CHAT-R/F.
  • Avaliação multidisciplinar: psiquiatras, neurologistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais utilizam escalas diagnósticas, como, por exemplo, o ADOS-2 e o CARS-2.
  • Entrevista com os pais: compreender o desenvolvimento infantil é essencial para avaliar o histórico comportamental da criança.
  • Observação direta do comportamento: avaliação da interação social, comunicação e padrões de comportamento repetitivos.

Conforme a neuropsicóloga Joana Portolese, cada profissional tem uma parte importante nesse processo diagnóstico.

“Um médico fecha o diagnóstico. Mas também tem, por exemplo, o psicólogo que vai diferenciar esse nível e a questão intelectual. A fonoaudióloga, que consegue fazer um diferencial em casos de apraxia da fala ou um transtorno da comunicação social, ou para ver as funções e preservá-las para o desenvolvimento da fala”

Ela continua falando de outros profissionais que podem auxiliar.

“Tem também a terapeuta ocupacional, que vai fazer essa avaliação de integração sensorial para pensar na intervenção. As psicólogas que fazem avaliação comportamental para ver pré-requisitos para o programa de intervenção ABA”.

Como saber se preciso buscar diagnóstico de autismo na criança?

Muitas famílias se questionam: qual o momento certo para buscar ajuda profissional para o diagnóstico de autismo? O ideal é procurar assim que perceber ou suspeitar dos sinais de autismo na criança.

Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor para iniciar as intervenções, pois ajuda a estimular o desenvolvimento da criança, devido à neuroplasticidade.

Portanto, o ideal é que a família esteja sempre observando os marcos do desenvolvimento esperados para cada idade e, ao observar um ou mais sinais que indiquem atraso no desenvolvimento, buscar ajuda do profissional de pediatria responsável por acompanhar a criança.

Embora não possam ser usados como fins diagnósticos, existem alguns testes de screening (rastreamento) que podem auxiliar a família nesta decisão.

Um deles é o M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers) — instrumento de rastreamento precoce de autismo, com objetivo de identificar indícios do TEA em crianças entre 18 e 24 meses.

Existe idade para fechar o diagnóstico de autismo?

Essa dúvida é comum para muitas famílias, especialmente porque algumas são orientadas a esperar até que a criança complete determinada idade para ser possível diagnosticar.

O Dr. Elder Lanzani Freitas pontua que existe, sim, o formato de intervenção precoce e muitas vezes o médico que fornece o diagnóstico, se apoia em escalas específicas que auxiliam, com a história do paciente e com o exame clínico, para entender esse laudo.

No entanto, não é preciso esperar para fazer o diagnóstico de autismo!

Os primeiros sinais de TEA podem aparecer antes do bebê completar 18 meses — exceto em casos do que chamamos de autismo regressivo — e o diagnóstico pode ser fechado antes da criança completar dois anos.

Além disso, ele afirma que existe uma “valorização da opinião da palavra do médico”, por ser um diagnóstico clínico. E as propostas de intervenção que têm que ser colocadas, tem que explicar o que implica dar esse nome sobre o laudo e o que implica para a família esses tratamentos propostos ou esses direcionamentos do que precisa ser feito”, explica.

“Noto sinais de autismo na criança, mas profissionais não acreditam em mim”

criança com celular na mão e uma mulher ao fundo

Ainda hoje, muitas famílias relatam dificuldades em conseguir o diagnóstico de autismo ou mesmo identificar atrasos no desenvolvimento da criança quando procuram ajuda profissional.

Segundo Joana, isso acontece porque existem muitos transtornos que podem surgir ao longo do desenvolvimento infantil.

“Como tem as questões dos transtornos do neurodesenvolvimento, algumas coisas vão ficando mais claras, como o autismo. Aos dois anos o TDAH [Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade], aos seis ou sete anos a dislexia, e os transtornos de aprendizagem, como dislexia, discalculia, mesmo a deficiência intelectual, enfim, transtornos que já ficam mais claros para a gente no período de alfabetização”, afirma.

No entanto, existem alguns profissionais que se limitam a desconsiderar o diagnóstico mesmo sem avaliar a criança ou entender de onde surgiram as suspeitas da família.

Nesses casos, as pessoas cuidadoras podem procurar por uma segunda opinião e continuar a observar os marcos do desenvolvimento.

Quando iniciar as intervenções para autismo?

É importante lembrar que as intervenções podem — e devem — começar mesmo sem um diagnóstico fechado.

De fato, elas muitas vezes podem auxiliar no processo diagnóstico, uma vez que muitos profissionais preferem que a criança comece a ser estimulada para entender se ela preenche os critérios para o transtorno.

Além disso, o estímulo é essencial para que a criança se desenvolva e atinja os marcos do desenvolvimento e a presença das pessoas cuidadoras nesse processo de tratamento é considerado um fator que aumenta a probabilidade de resultados positivos para a criança.

E a suspeita de autismo em adultos?

Já no caso da suspeita de autismo em adultos, a indicação é procurar um profissional da psicologia e apresentar a suspeita para que ele avalie as possibilidades e encaminhe a pessoa para uma avaliação neuropsicológica.

Além disso, um teste que pode ajudar na decisão de buscar o diagnóstico é o Quoficiente Autista (QA).

Também conhecido como teste do autismo leve ou teste da Síndrome de Asperger, mede a extensão de traços autistas em pessoas adultas.

Já temos um conteúdo completo sobre isso em nosso blog que você pode ler para continuar aprendendo sobre diagnóstico de autismo em todas as fases da vida:

autismo em adultos

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