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É muito comum que pais, pessoas cuidadoras e até mesmo pessoas que estão em busca de diagnóstico fiquem com dúvida de algo que parece autismo, mas não é. Isso porque muitos sinais do TEA são confundidos com sinais e comportamentos de outros transtornos.
Dessa forma, pessoas cuidadoras de crianças que possuem desenvolvimento atípico podem se deparar com sinais e diagnósticos equivocados ao longo da jornada, ou até mesmo começar com uma suspeita de algo que parece autismo, mas não é, para depois descobrir o diagnóstico final.
Por isso, neste texto falamos sobre alguns sinais presentes tanto no autismo quanto em outros transtornos que se assemelham ao TEA. Continue lendo para entender e saber mais sobre o assunto.
Porque temos a dúvida de que algo parece autismo, mas não é?
Alguns transtornos de neurodesenvolvimento são confundidos com o Transtorno de Espectro Autista (TEA), principalmente quando a criança apresenta alguma dificuldade na parte de comunicação, interação social, na fala, no desenvolvimento motor.
Apesar desses sinais serem sim um dos indícios que compõem o diagnóstico de TEA, nem sempre quer dizer que a criança esteja no espectro autista.
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo. Por apresentar dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos, pode confundir pais que estão em busca de um diagnóstico para seus filhos.
Principalmente quando falamos do próprio atraso de desenvolvimento, por exemplo, que também parece autismo, mas não é (nem sempre).
Isso porque, transtornos como TDAH, por exemplo, também apresentam algumas dificuldades de comunicação e interação social.
Dessa forma, é bastante comum encontrar histórias de pessoas autistas que acharam que tinham TDAH quando foram em busca de ajuda profissional, mas acabaram entendendo que era autismo, ou até vice e versa.
Por isso, é fundamental que a informação sobre o TEA se torne cada vez mais acessível!
Isso ajuda muito na jornada de descoberta da família, além de aumentar a representatividade e inclusão que o espectro do autismo tem. Assim, mais e mais pessoas podem ir em busca de um diagnóstico.
Quais os sinais do autismo?
Os sinais de autismo podem aparecer logo nos primeiros meses de vida de um bebê. Por isso, é importante que a família fique atenta aos marcos do desenvolvimento, que são as etapas esperadas para cada idade. A partir dessas observações, é possível buscar ajuda (quando necessário).
Vale lembrar que a suspeita de TEA pode ser observada não só pelas pessoas cuidadoras em casa, mas por professores e outros profissionais que acompanham a criança.
Os primeiros sinais de autismo podem surgir por volta dos 18 meses do bebê, e o diagnóstico pode ser fechado antes da criança completar 2 anos. Mesmo quando bebês, crianças no espectro apresentam características como:
- Foco excessivo em determinados objetos;
- Raro contato visual;
- Ausência de expressões faciais;
- Não emitir sons;
- Falta de respostas quando é chamado;
- Não reagir a nenhum som.
Entretanto, em alguns casos, a criança parece se desenvolver tipicamente até o segundo ano de vida e, logo após esse período, começa a apresentar os sinais de autismo; segundo os especialistas, esse caso é chamado de autismo regressivo.
Além disso, os sinais mais comuns do TEA são aqueles conhecidos como díade do autismo, e eles podem ser observados quando:
1. A criança possui dificuldades na comunicação e interação social
- Apresenta dificuldade ou até mesmo ausência da fala: muitas vezes, crianças autistas possuem compreensão reduzida da fala, e tendem a falar em eco (repetindo as palavras), além da dificuldade de entonação e uso de linguagem exclusivamente literal;
- Falta ou ausência de contato visual: desde pequenas, as crianças autistas podem não fixar o olhar nos olhos do outro, principalmente em uma interação, atenção compartilhada ou conversa. Elas também podem apresentar dificuldades em se expressar com gestos, expressões faciais e corporais;
- Imagem corporal rígida, exagerada, ou diferente do esperado pelos típicos padrões sociais: isso também está diretamente relacionado à dificuldade para coordenar a comunicação não verbal com a fala;
- Dificuldade de interagir: que diz respeito às dificuldades para brincar com outras crianças, fazer amizades, iniciar interações e se relacionar com os outros (socializar, num modo geral);
- Prejuízos na interação social: muitos autistas, mesmo adultos, possuem dificuldades no processamento de respostas em situações sociais mais complexas, por exemplo: não sabem quando participar de uma conversa, ou filtrar o que devem ou não dizer. Além disso, pessoas diagnosticadas com autismo raramente dominam essas habilidades sociais, e não entendem ironias, mentiras e/ou brincadeiras.
2. Criança possui padrões restritivos e repetitivos
- Como: fixação ou fascínio por certos objetos – normalmente se manifesta pela criação de hábitos rotineiros, e até fixações por certos temas, brinquedos, objetos, personagens etc. É comum utilizarem brinquedos de maneira característica, que lhes seja interessante, e podem também ter certo fascínio por luzes e objetos que piscam e giram;
- E/ou: reproduzir movimentos repetitivos com o corpo ou fala (estereotipias e/ou ecolalia) – com seus próprios corpos, abanam as mãos, estalam os dedos, e balançam o corpo. Por meio da fala, apresentam ecolalia de palavras, frases e letras, ou seja, repetição mecânica de palavras ou frases que ouvem.
Quais transtornos parecem autismo, mas não são?
Muitas vezes, confundir o autismo com outros transtornos de desenvolvimento pode acontecer quando as pessoas cuidadoras começam a comparar os marcos de desenvolvimento de uma criança com a outra.
Sim, existem etapas que são esperadas à medida que a criança interage e desperta com o mundo ao redor.
Mas é sempre bom lembrar que cada processo é único, e não há uma regra para o despertar de cada fase, mas sim processos de descobertas e aprendizados diferentes.
É importante citar que os outros transtornos neurológicos, que podem ser confundidos com autismo, também vão demandar uma atenção dos cuidadores, para que a criança possa se desenvolver de forma saudável, explorando todas as possibilidades possíveis de aprendizado.
Hiperlexia
A hiperlexia pode ser, sim, caracterizada como uma característica da criança com TEA, mas nem sempre deve ser resumida a isso.
Esse distúrbio é conhecido como ‘síndrome de leitura precoce’, ou seja, quando a criança tem facilidade com letras e números antes do esperado.
Dentre os 18 meses e 2 anos, a criança passa a ser atraída por números e letras, podendo até entender o que eles representam, mas isso resulta atraso nas outras áreas do desenvolvimento.
São 3 sinais da hiperlexia:
- Capacidade precoce de leitura;
- Dificuldade em lidar com a linguagem oral.
- Inadaptação social dos comportamentos.
Ela acaba sendo confundida com o autismo por carregar consigo o estereótipo de ‘super gênio’, um dos mitos do autismo.
TDAH ou Hiperatividade
Outro transtorno que parece autismo, mas não é: o TDAH.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico. Ele também pode ser chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) e seu diagnóstico é puramente clínico, dependendo de avaliação neuropsicológica.
É importante lembrarmos aqui que apesar do termo hiperatividade ser popularmente usado para se referir ao TDAH, é preciso entender que eles não são a mesma coisa.
A hiperatividade é uma das características presentes em pessoas diagnosticadas com TDAH, transtorno neurobiológico que apresenta a combinação da dificuldade de atenção e também agitação motora.
Nem todas as pessoas com TEA são iguais! Cada uma delas é única e, apesar da hiperatividade se fazer presente sim durante o desenvolvimento de alguns, ela também é características de outros transtornos, como, por exemplo, o TDAH.
As características de hiperatividade são:
- Dificuldade em se concentrar;
- Dificuldade no aprendizado;
- Inquietação;
- Movimentação contínua dos pés e mãos;
- Dificuldade para permanecer sentado e/ou no lugar;
- Fala excessiva.
Síndrome do X frágil
A Síndrome do X-frágil ou Síndrome de Martin-Bell como também é conhecida (além das siglas FXS ou SXF) é uma condição hereditária e genética que causa problemas comportamentais e do desenvolvimento cognitivo.
Essa síndrome é parecida com o autismo, mas a principal diferença entre elas é a sua causa.
- Na SXF a genética é a responsável e pode ser detectada por meio de exames de sangue específicos.
- Já o autismo não tem uma causa identificada, apesar de também estar bastante ligada à genética e fatores ambientais. Além disso, o TEA não possui exame para diagnóstico, sendo necessária uma avaliação clínica e no histórico da pessoa e família.
Dislexia
A dislexia é um transtorno de aprendizagem que impacta na capacidade de ler, escrever e soletrar. Ela está relacionada a uma questão genética de ordem neurobiológica no qual o lado esquerdo do cérebro sofre impactos.
A dislexia parece autismo, mas não é, principalmente por suas semelhanças nas dificuldades e barreiras de aprendizagem. Assim a dislexia é um transtorno de aprendizagem, enquanto o autismo pode levar a transtornos de aprendizagem.
Embora não seja uma condição do espectro autista, algumas crianças com dislexia podem apresentar dificuldades na comunicação e interação social, o que pode levar a confusões diagnósticas.
Como saber se minha criança tem traços do autismo?
Após observar os sinais do autismo, é preciso ir em busca de profissionais que vão avaliar a situação da criança, e indicar se ela está no espectro ou não.
Vale ressaltar que o diagnóstico não acontece da noite para o dia, é preciso entender a realidade em que a criança está inserida, e quais são as dificuldades enfrentadas na jornada de desenvolvimento.
Também é possível realizar um teste on-line, que não fornece diagnóstico do autismo, mas é capaz de orientar a importância das famílias procurarem o acolhimento profissional.
Mas lembrando que nenhum diagnóstico pode ser feito por meio de testes virtuais, viu?
Conclusão
Embora o autismo seja uma condição complexa e única, é importante reconhecer que existem outros transtornos que podem apresentar sintomas semelhantes, o que pode levar a confusões diagnósticas.
Ao mesmo tempo, é essencial entender que cada pessoa é única e pode apresentar uma combinação diferente de características e desafios.
Portanto, a avaliação e o diagnóstico precisos são fundamentais para garantir que as crianças recebam o apoio e os recursos necessários para prosperarem em seu desenvolvimento.
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