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É muito comum ouvir das famílias e pessoas cuidadoras relatos sobre crises no autismo. Essas desorganizações vindas de uma sobrecarga em crianças com autismo acontecem especialmente quando o ambiente ou as interações gerem uma desregulação emocional.
Não podemos ver essas situações como comportamentos “inadequados”, “problemáticos” ou “errados”, mas sim podemos ver como uma expressão de um corpo que sente o mundo de um jeito diferente e assim precisa de compreensão e suporte. “Eu costumo dizer que, se o eu tivesse um corpo que processasse os estímulos como o corpo das nossas crianças e não contasse com repertório suficiente para compreender o que está acontecendo e saber o que fazer com isso, muito provavelmente eu teria os mesmos comportamentos” Diz Alice Tufolo, conselheira clínica da Genial Care.
Mesmo com essa compreensão, o momento de desorganização de uma criança é desafiador tanto para as crianças autistas quanto para seus cuidadores e profissionais de saúde.
É muito importante entender que esses momentos não são birras, já que a criança está desregulada e precisa de apoio para se acalmar e voltar para uma organização do corpo que chamamos de homeostase.
O primeiro passo nesse processo é aprender a identificar uma crise na criança com autismo e saber quais são as melhores estratégias para lidar com isso na rotina. É disso que falamos agora.
Neste guia, abordaremos as diferentes formas de crise, como reconhecê-las, o que causa esses momentos de sobrecarga, estratégias para reduzir sua frequência e maneiras eficazes de intervir para auxiliar a criança a lidar com esses episódios. Continue lendo para aprender!
Importante: Usamos o termo crises aqui para mais pessoas poderem ter acesso a esse conteúdo, pois é dessa forma que a maioria das pessoas procura por esse tema. Precisamos começar a desconstruir esse olhar desde. O termos mais correto e respeitoso seria: sobrecargas sensoriais e emocionais em crianças autistas e como podemos acolhê-las e ajudá-la.
O que são “crises” no autismo?
Primeiro, é importante entender o que é uma crise ligada ao TEA. A crise é caracterizada por uma desorganização na criança, principalmente ao nível corporal que ao entrar em sofrimento acabam deixando os cuidadores em alerta, por muitas vezes quererem auxiliar a criança, mas, muitas vezes não sabem como.
O termo em inglês para definir crises no autismo é meltdown, que, do ponto de vista literal, significa “derretimento”. Mas que pode ser traduzido nesse contexto como crise, sobrecarga emocional, desorganização comportamental e colapso emocional.
E é justamente o que acontece nesse momento: ocorre uma espécie de colapso na capacidade que a pessoa tem de gerenciar as próprias emoções e sentimentos. Assim, ela acaba tendo respostas automáticas.
“Durante situações de grande sobrecarga de demanda para a criança, ela pode ter respostas mais impulsivas, que, na verdade serão respostas automáticas de proteção do sistema nervoso. Não podemos achar que a criança tem controle e assim que está desobedecendo, ela precisa nesse momento se sentir segura, acolhida e receber suporte para se regular”.
Já temos um conteúdo completo sobre meltdown e shutdown no autismo — clique aqui para ler na sequência!
De acordo com resultados do estudo Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil, da Genial Care, 57% dos cuidadores de crianças com autismo sentem dificuldade em saber o que fazer ou como lidar com comportamentos desafiadores.
Autismo: birra ou crise? Nenhum dos dois!
Em muitos momentos as crianças emitem comportamentos intensos como choro, grito, se jogar no chão, bater em si e no outro. Esses comportamentos são comumente e erroneamente chamados de birra.
“Essa interpretação considera que a criança está sendo de propósito desafiadora ou manipuladora. No entanto, entendemos que se ela pudesse fazer diferente ela faria. Esses comportamentos são formas de comunicação de desconforto, falta de repertório, frustração e sobrecarga, seja ela emocional ou sensorial”. Diz Alice Tufolo.
Em todo comportamento que nomeamos de “desafiador” há a expressão de algo. Quando estamos falando do que o senso comum chama de crise, estamos falando de um corpo que passou por uma sobrecarga intensa e que dificilmente irá conseguir voltar para uma regulação/homeostase sozinho – Aqui temos estratégias para lidar com esses momentos. Já quando falamos do que o senso comum chama de birra, estamos considerando comportamentos um pouco menos intensos e inícios de desorganização.
As crises no autismo, podem ocorrer especialmente quando a criança no TEA está exposta a vários estímulos sensoriais e não consegue lidar com tanta informação ao mesmo tempo, ou quando há situações de muita ansiedade, como, por exemplo, quebras de rotinas.
Para entender melhor como os estímulos podem afetar uma pessoa no espectro do autismo, veja o vídeo abaixo, no qual a autista Carly Fleischmann traz uma visão de dentro sobre uma situação cotidiana: a ida à cafeteria.
“Tanto os comportamentos que são descritos como crise quanto aqueles interpretados como birra para o senso comum, podem perdurar enquanto a pessoa não possui repertório suficiente para reconhecer suas necessidades, comunicá-las de forma eficaz e encontrar formas eficazes de conseguir atendê-las, mesmo que com suporte.” Ressalta Alice Tufolo.
Como identificar crises no autismo?
Como saber então se a criança está passando por uma desorganização intensa e assim precisa de suporte para conseguir voltar seu corpo para uma homeostase. Para identificar uma crise no autismo, é necessário estar sempre atento aos sinais e comportamentos da criança.
Justamente pelo sentimento de proteção e desejo de que seus filhos não sofram, cuidadores muitas vezes sofrem com a possibilidade de desorganizações ocorrerem quando não estão por perto.
Um meio de saber lidar com essa sensação é entender quais comportamentos compõem uma crise e aprender a identificá-los.
Normalmente, essas crises de desregulação emocional são caracterizadas por comportamentos como:
- Gritos intensos
- Choros intensos
- Enjoos
- Mal-estar
- Tremores
- Xingamentos
- Atirar objetos
- Apresentar comportamentos que podem ferir a si ou a outra pessoa
Como saber que meu filho autista está em crise?
Os sinais de uma crise iminente podem incluir:
- Aumento na intensidade de movimentos, os movimentos parecem ser mais involuntários e bruscosMudanças na expressão facial ou corporal, como tristeza ou olhar fixo.
- Tensão corporal e respiração rápida.
Esses sinais de alerta permitem que os cuidadores atuem preventivamente, minimizando o desconforto e a intensidade da crise.
O que provoca as crises no autismo?
As crises no autismo podem ser desencadeadas por uma série de fatores, tais como:
- Sobrecarga sensorial: sensibilidades sensoriais podem levar a uma sobrecarga de estímulos, como barulhos altos, luzes fortes ou texturas desconfortáveis, que podem desencadear uma resposta agressiva.
- Dificuldades na comunicação: as pessoas com autismo podem ter dificuldades em se comunicar efetivamente e expressar suas necessidades e frustrações. Isso pode levar à frustração.
- Mudanças na rotina: alterações na rotina diária ou em ambientes familiares podem causar estresse e ansiedade, resultando em crises comportamentais.
- Dificuldades na regulação emocional: algumas pessoas com autismo podem ter dificuldades em regular suas emoções, o que pode levar a reações intensas e explosivas.
- Falta de compreensão e apoio adequado: se a pessoa com autismo não recebe o suporte necessário para lidar com suas necessidades e dificuldades, isso pode aumentar o risco de crises comportamentais.
É fundamental que os cuidadores e profissionais que trabalham com pessoas com autismo procurem compreender as causas antecedentes das crises , para entender a melhor intervenção a se fazer no momento das crises.
O envolvimento de profissionais especializados em autismo pode ser de grande ajuda para desenvolver estratégias personalizadas conforme as singularidades da pessoa autista.
“O mais importante, no entanto é entendermos que: qualquer ser humano que tenha seu sistema nervoso sobrecarregado, o corpo terá respostas mais primitivas, como paralisar, fugir ou lutar. As lutas e fugas muitas vezes são lidas por quem está em volta como respostas de agressão. O perigo de vermos dessa forma é parecer que a pessoa teve a escolha de agredir, lutar ou fugir.” Diz Alice Tufolo.
O que são crises de agressividade no autismo?
As crises de agressividade no autismo, também conhecidas como crises comportamentais ou comportamentos desafiadores, referem-se a episódios em que uma pessoa com autismo apresenta comportamentos agressivos, como agredir fisicamente outras pessoas, atacar objetos ou ferir a si mesma.
Isso deve ser visto com cuidado, pois pode parecer que a pessoa teve a intenção de ser agressiva e, muitas vezes, é uma resposta automática de defesa do sistema nervoso sobrecarregado.
Essas crises podem ocorrer devido a diferentes fatores e podem variar em intensidade e duração.
É importante ressaltar que nem todas as pessoas com autismo experimentam crises de agressividade, e cada indivíduo é único em suas características e comportamentos.
Os prejuízos das crises de agressividade em pessoas autistas
As crises de agressividade em pessoas autistas podem trazer diversos prejuízos, tanto para a própria pessoa quanto para aqueles ao seu redor.
Alguns dos prejuízos comuns são:
- Risco de lesões;
- Isolamento social;
- Dificuldades no ambiente escolar;
- Estresse e desgaste para cuidadores;
- Dificuldades no acesso a serviços e suporte;
- Limitações nas oportunidades de participação do grupo.
O isolamento do núcleo familiar durante as crises no autismo
É importante reconhecer que as crises de agressividade não são uma escolha consciente ou um traço inerente ao autismo.
Elas são um sinal de que a pessoa está enfrentando desafios significativos em sua capacidade de se comunicar, regular emoções e lidar com o ambiente.
É essencial buscar apoio profissional para entender as causas subjacentes das crises de agressividade e desenvolver estratégias eficazes de manejo e suporte. Um dos impactos mais comuns é justamente o isolamento de todo o núcleo familiar.
Esse tema já foi abordado em alguns estudos, como o“Home Sweet Home? Families’ experiences with aggression in children with Autism Spectrum Disorders” (Lar, doce lar: as experiências das famílias com agressividade de crianças com TEA, em tradução livre).
De acordo com a publicação, os principais motivos para esse isolamento são a segurança da pessoa autista e de outras pessoas que podem estar por perto no momento da crise.
Além disso, muitas dessas famílias contam com apoio profissional limitado e se sentem inseguras ao lidar com os comportamentos que colocam a criança e as pessoas em risco.
Como identificar as crises de agressividade no autismo?
Um comportamento só pode ser modificado e substituído por outro mais adequado e funcional quando é devidamente observado e compreendido em seus detalhes.
Entendendo de forma aprofundada porque alguém está fazendo o que faz é que conseguimos ajudar essa pessoa a conseguir o que deseja de uma forma menos sofrida para ela mesma e para os outros.
Quando uma crise de agressividade acontecer, o primeiro passo é deixar a pessoa em segurança e dar o suporte necessário para ela conseguir voltar para uma homeostase de corpo.
A análise em relação ao comportamento deve ser realizada de forma cuidadosa e ampla, isto é, tentando considerar todas as variáveis.
Pela análise do comportamento temos ferramentas para criarmos hipóteses do porquê uma pessoa está fazendo o que faz, por exemplo: menino furioso com as mãos na cabeça
O que você consegue observar na imagem acima?
A criança está chorando. Mas é importante detalhar cada comportamento:
- Ela chora;
- Está deitada no chão;
- Segura um dos braços;
- Tem a boca aberta, provavelmente gritando.
Ao observar a imagem superficialmente, a primeira percepção é de que uma criança está chorando.
Mas, quando olhamos os detalhes e os anotamos, fica claro que essa criança pode ter caído e se machucado, certo?
Da mesma forma que fizemos com essa imagem, é possível agir diante das crises de agressividade. A criança chora? Grita? Se joga no chão? Atira objetos?
Entender qual é o padrão dos comportamentos que compõem a crise é o passo inicial para criar estratégias que auxiliem no suporte a essa criança em relação ao que ela precisa.
Até aqui entendemos o que ela faz. Mas é preciso entender o porquê. Para Isso, temos uma for conhecida como ABC, sigla em inglês para:
- Antecedent (Antecedente)
- Behavior (Comportamento)
- Consequence (Consequência)
Nela, você registra e observar o que estava acontecendo antes do comportamento acontecer e o que ocorre depois que a criança emite o comportamento.
“O que é importante ser considerado na forma de olhar para o comportamento é que, muitas vezes, os antecedentes que irão evocar uma resposta na criança são internos — ou seja, não são visíveis. Em outros casos, podem ser estímulos imperceptíveis para nós, como um som, um cheiro, entre outros.” Diz Alice Tufolo, Conselheira clínica da Genial Care.
Ela ainda acrescenta:
“Há também situações em que observamos uma resposta que está sendo emitida daquela forma apenas porque foi a “gota d’água” em uma sequência de sobrecargas que a criança vivenciou ao longo do dia. Nesses casos, o comportamento pode não estar diretamente relacionado ao que aconteceu imediatamente antes, mas sim a uma cadeia acumulada de eventos.”
Agora que você já sabe identificar os comportamentos, vamos falar sobre as outras duas esferas.
O que fazer durante uma crise no autismo?
As crises nada mais são do que comportamentos de um corpo que está sobrecarregado e engatilhado.
Para lidar com uma crise da melhor maneira, é preciso que a família entenda o comportamento em etapas, para que seja possível criar estratégias que deem o suporte adequado para a criança, para inclusive poder evitar que o corpo chegue nesse nível de sobrecarga.
Outro passo importante é aprender a lidar com os próprios sentimentos durante os momentos de crise. Cuidar bem de você é cuidar bem da criança!
Lidar com as crises de agressividade em pessoas com TEA pode ser desafiador, mas existem estratégias eficazes para ajudar essas pessoas no momento de sobrecarga.
1. O quanto for possível se mantenha a calmo
O ser humano possui neurônios-espelho que não influenciam apenas comportamentos simples, como o bocejo.
Eles também estão envolvidos em reações emocionais e comportamentais. Por isso, podemos contribuir para a regulação e acalmar do outro se nos mantermos calmos. Responder com serenidade pode ajudar a diminuir a intensidade da crise, assim como nossa agitação pode agitar ainda mais a pessoa que está sobrecarregada
2. Procure um ambiente seguro
Priorize a segurança da pessoa autista e das demais pessoas presentes. Se necessário, remova objetos perigosos ou afaste-se de situações que possam representar riscos.
3. Comunique-se de forma clara e simples
Utilize uma linguagem clara e simples ao se comunicar com a pessoa autista durante e após a crise. Evite instruções complexas e dê tempo suficiente para que ela se acalme e compreenda as informações.
4. Ofereça apoio e compreensão
Mostre empatia e compreensão em relação às dificuldades da pessoa autista. Reconheça que as crises são uma expressão de frustração ou desafios de comunicação. Esteja presente e ofereça apoio, evitando julgamento ou críticas.
5. Faça um manejo dos estímulos do ambiente
Quando a pessoa está sobrecarregada, colocar mais estímulos para ela processar pode ser pior. Assim sendo, evite falar muito, tocar de qualquer forma. O quanto for possível retire os estímulos que estiverem em excesso e coloque no ambiente os que você sabe que pode ajudar a criança a se acalmar.
É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única. Portanto, as estratégias de manejo devem ser adaptadas às suas necessidades individuais. O envolvimento de profissionais especializados é fundamental para desenvolver um plano de suporte personalizado e eficaz.
Tem como evitar as crises em crianças com autismo?
Depois de entender mais sobre os comportamentos que compõem as crises no autismo e como lidar com eles, é hora de pensar em formas de dar suporte para a pessoa para que ela não precise chegar em um grau tão grande de sobrecarga.
Apesar de parecer difícil, existem estratégias preventivas que podem ajudar nesse processo, como:
- Dar previsibilidade à criança sobre as tarefas e atividades esperadas;
- Em vez de negar, oferecer sugestões coerentes com a atividade proposta;
- Garantir que essa criança tenha pausas com qualidade ao longo do dia e assim não se sobrecarregue;
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Conclusão
As crises no autismo podem ter um impacto significativo tanto na vida da pessoa autista quanto na daqueles ao seu redor e indicam que a criança teve o seu corpo sobrecarregado.
Esses episódios podem resultar em lesões físicas, isolamento social, dificuldades escolares, estresse para os cuidadores e limitações nas oportunidades de participação.
É essencial compreender que essas crises não são uma escolha consciente, mas sim um sinal de que a pessoa está enfrentando desafios em sua comunicação, regulação emocional e interação com o ambiente.
Além disso, a sociedade precisa ter mais consciência sobre as dificuldades vividas por pessoas autistas e trabalhar para fornecer ambientes inclusivos, compreensivos e acolhedores.
Com o suporte adequado, pessoas autistas podem desenvolver estratégias de enfrentamento, habilidades sociais e emocionais, possibilitando uma vida mais plena e participativa.
A Genial Care está presente na vida de pais atípicos para ajudá-los a entender e lidar com as crises por meio de práticas baseadas em evidências.
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10 respostas para “Tudo sobre crises no autismo: aprenda a identificar e lidar com “crises” em crianças autistas”
Sou profª de Educação Infantil e tenho uma criança de 3 anos e 5 meses diagnosticada com TEA suporte 3 não verbal e tomando somente medicação. Me sinto meio perdida em realizar propostas com essa criança pois ela só se interessa por rodinhas de carrinho e às vezes a sombra do próprio corpo. Tenho procurado trabalhar o sensorial com ela mas não percebi nenhum progresso. Mas gostaria de dicas de como e o que trabalhar com ela para melhorar seu desenvolvimento. É uma criança bastante afetuosa mas ultimamente anda meio agressiva comigo e alguns coleguinhas. Quero muito ajudá-lo, mas me sinto perdida. Grata pelas contribuições de vocês.
Olá, Janete. Como vai? Esperamos que muito bem.
É compreensível que você se sinta perdida diante dos desafios com essa criança, especialmente por ela ter autismo nível 3 e ser não verbal, além das novas agressões. Sua dedicação em buscar ajuda já demonstra um grande compromisso. Para começar, é fundamental lembrar que cada criança com TEA é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. A medicação pode estar atuando em algumas questões, mas o apoio pedagógico e terapêutico é crucial.
Para o interesse restrito em rodinhas de carrinho e sombras, tente utilizar esses interesses como ponte para outras atividades. Por exemplo, você pode introduzir carrinhos de diferentes texturas ou cores, ou carrinhos que emitam sons, para expandir o repertório sensorial. Em relação à sombra, explore brincadeiras com luz e sombra usando lanternas, criando diferentes formas ou até mesmo utilizando tecidos coloridos. O objetivo é expandir o foco, não o eliminar, associando o que ela gosta a novas experiências. Para o desenvolvimento sensorial, continue explorando diferentes materiais (macios, ásperos, líquidos, sólidos), mas observe as reações dela para identificar o que é agradável ou aversivo, e não force interações.
Quanto à agressividade, é importante investigar as possíveis causas, que podem ser frustração por não conseguir se comunicar, sobrecarga sensorial, alguma dor física ou até mesmo uma mudança na rotina. Mantenha a rotina visual (com fotos ou figuras) o mais clara possível e tente antecipar as transições. Ofereça um ambiente previsível e estruturado. Procure apoio de um especialista em análise do comportamento (ABA) ou psicólogo, se possível, para entender a função desses comportamentos agressivos e desenvolver estratégias mais assertivas. Sua persistência e carinho fazem a diferença, mesmo que o progresso pareça lento.
Esperamos ter ajudado.
Abraços.
Boa noite.
Meu filho Felipe, tem 21 anos e é autista, muito inteligente e desde que entrou para a faculdade de ciências da computação que, inclusive levo e fico esperando, ele está outra pessoa, me trata mal, diz que não gosta de mim, que vai morar sozinho. Agora que está de férias fica acordado até de manhã e dorme o dia inteiro. Quase não come. Ele muito diferente. Estou muito magoada, pois dedico minha vida à ele.
Olá, Fátima. Como vai você? Esperamos que bem.
Fátima, sentimos muito saber que isso te magoa e gostaríamos de ajudá-la. Se nos permite, gostaríamos de indicar leituras:
https://genialcare.com.br/blog/neurotipicos-atipicos-comunicacao/
https://genialcare.com.br/blog/planejar-independencia-jovens-autistas/
Vale reforçar que sempre estaremos aqui para ajudar. Não deixe de mandar novas mensagens.
Esperamos ter ajudado.
Abraço!
Considerações, esclarecimentos importantes, úteis demais para quem lida com o Autismo em crianças ou adultos. Sou Professora da Educação Especial, estou sempre me informando e atualizando, pois novidades é o que temos a cada dia. Com amor, paciência e dedicação podemos ajudar. Obrigada!
Olá, Lucia. Como vai você? Esperamos que muito bem!
Nosso coração aquece com seu comentário. Agradecemos imensamente cada palavra e esperamos conduzir cada vez mais as crianças com autismo em caminhos extraordinários.
Por aqui temos um lema: toda pessoa merece atingir o seu máximo potencial.
Que nossos conteúdos continuem auxiliando você a ter cada vez mais AMOR, PACIÊNCIA e DEDICAÇÃO!
Abraço!
Excelente conteúdo. Obrigada, por compartilhar. Uma dúvida: A intervenção acontencem no momento(durante o episódio), de crise e/ou birra? Tipo – o que você quer?!” ou – Fala o que você quer!?” (criança verbal -sem fala funcional), ou então: – Anda, aponta o que você quer!” Isso durante a tentativa da criança de se regular, ainda não tendo passado o episódio da crise.
Ou, primeiro faço acolhimento, na tentativa de acalmá-la, mudar o foco, ou quem sabe(se possível), o ambiente para então ensiná-la (estímulo), o que é necessário que aprenda?
Dúvida sincera.
Olá, Lúcia. Como vai você? Esperamos que muito bem!
Lúcia, primeiro é importante entender a crise. Isso quer dizer que, a partir do entendimento, estratégias são criadas de modo a mitigar cada vez mais o ocorrido.
Manter a calma também é ponto importante quando há de fato uma crise em uma criança ou adulto com TEA. Para isso, existem passos que consideramos fundamentais para conseguir lidar o emocional nesse momento.
Se nos permite, leia esse conteúdo complementar que explicar e dá dicar de como lidar com as emoções (para família com pessoas com TEA e cuidadores).
https://genialcare.com.br/blog/como-lidar-com-as-emocoes/
Esperamos ter ajudado. Forte abraço!
Esse conteúdo foi muito útil para a prevenção de Crise de um estudante que estou tendo contato atualmente. Muito Obrigada!
Obrigada pelo comentário Ana, ficamos muito felizes que o conteúdo tenha ajudo você.💜