Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care?

Heloise Rissato
Publicado em 23 de fevereiro de 2023 Atualizado em 23 de novembro de 2023
5 Minutos
Índice de Conteúdos
Meltdown e shutdown são termos bastante comuns para pessoas com TEA e seus familiares, mas que ainda podem ser estranhos ou gerar dúvidas para quem não conhece o que cada um significa, ou não tem tanto contato com a comunidade autista.
Essas palavras estão ligadas a sobrecargas emocionais, sensoriais ou até sociais que os autistas podem sentir em diversas situações. Isso porque o Transtorno do Espectro Autista é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, que pode prejudicar o processamento de informações de forma adequada.
Quando pensamos em sobrecargas e dificuldade no processamento sensorial em pessoas com TEA, estamos falando de estímulos sensoriais específicos que acabam aumentando os níveis de ansiedade e estresse a um ponto de crise, que pode ser um meltdown ou shutdown.
Neste texto, você vai entender melhor sobre essas crises em pessoas autistas e como é possível ajudar. Acompanhe na leitura!
O que é sobrecarga sensorial no autismo?
Antes de falarmos sobre o meltdown e shutdown, precisamos entender o que é a sobrecarga sensorial no autismo. Aqui estamos nos referindo às dificuldades, bastante comuns em pessoas com TEA, de lidar com excesso de informações e estímulos. É por isso que temos muitos relatos de crises em momentos como queima de fogos de artifício ou com luzes muito fortes e intensas, por exemplo.
Em alguns casos de alto nível de ansiedade ou estresse, essas dificuldades podem ser tão intensas que o indivíduo se machuca para estar totalmente consciente do próprio corpo.
Dessa forma, temos o Transtorno do Processamento Sensorial, uma condição que muitas vezes está ligada ao TEA e que acontece quando o sistema nervoso e o cérebro têm dificuldade em processar os estímulos do corpo, ambiente e sentidos.
Assim, a entrada sensorial é mal interpretada ou detectada, criando dificuldades em processar, por exemplo, fome, frio, sono, luzes, sons etc.
Assim, entendemos que:
- Hipersensibilidade: é quando a pessoa sente demais os estímulos. Por isso, os sons podem ser, por exemplo, mais altos e estímulos visuais muito fortes;
- Hipossensibilidade: o indivíduo precisa de muito esforço para sentir qualquer tipo de estimulação. Por isso é comum que pessoas com hipossensibilidade estejam sempre agitadas e em movimento.
Qual a diferença entre Meltdown e Shutdown?
Sabemos que cada pessoa autista irá reagir de uma forma diferente ao ser estimulada, e que as crises podem variar de intensidade e causa, recebendo nomenclaturas diferentes. E são nesses momentos que o meltdown e shutdown podem acontecer.
Além disso, é muito importante entender e conhecer qual é o tipo da crise e o que está desencadeando-a, para encontrar, com mais facilidade, as estratégias e ações que podem evitar que elas se repitam, ou até mesmo amenizá-las no futuro.
Meltdown
Um Meltdown ou colapso, como também é conhecido, é uma crise mais explosiva com perda de controle emocional. Nesses momentos é muito comum que a pessoa autista tenha comportamentos extremos como repetitivos e agressivos.
O termo em inglês vem de “derretimento” que é algo simbólico das sensações vividas durante essa crise, já que existe uma impossibilidade de controlar impulsos, reações ou sentimentos.
Durante um meltdown existe uma sobrecarga sensorial muito intensa, seguida de uma frustração e sintomas que podem ser:
- Gritos;
- Choros;
- Enjoos;
- Tremores;
- Mal-estar;
- Automutilação.
É importante lembrar que esse comportamento é algo muito diferente de uma birra, estratégia para conseguir algo que se deseja naquele momento, pois não existe nenhum controle das ações. Dessa forma, a família ou pessoas cuidadoras são peças fundamentais para minimizar o efeito de um meltdown.
Shutdown
Já um shutdown ou desligamento, é uma crise considerada mais “interna” que envolve a retirada ou dissociação da pessoa, ficando em isolamento, congelada ou paralisada. O termo vem do inglês e traduzido é “desligamento do sistema”.
Durante essa crise geralmente existe uma desconexão total ou parcial do momento, sem nenhum tipo de comunicação com o que está acontecendo. A respiração pode ficar mais lenta e o olhar mais “vazio”. Também é comum que alguém em shutdown queira ficar deitado no chão ou totalmente imóvel.
Ao contrário do meltdown, aqui as emoções ficam internalizadas, por isso, tendem a ser crises mais “discretas” podendo passar despercebidas por quem não sabe o que está acontecendo.
Meltdown e Shutdown podem acontecer juntos?
Muitas vezes os colapsos podem se transformar em desligamentos, mas isso não significa que o meltdown e shutdown vão acontecer juntos em todas às vezes que existir uma crise. Vale lembrar que cada pessoa é única e terá reações diferentes aos estímulos e sobrecargas sensoriais.
Ambos podem acontecer em qualquer momento que tenha um acúmulo de estímulos e sobrecarga sensorial, por isso é importante analisar e entender o que desencadeou determinada ação.
Também é importante ressaltar que a retirada de uma pessoa autista de um espaço onde ela está em meltdown ou shutdown não é um sinal de que os níveis de ansiedade ou estresse foram reduzidos totalmente, mas sim um passo necessário para que ela consiga voltar a si e se recuperar da situação.
Como ajudar pessoas autistas em Meltdown e Shutdown?
Conhecer a criança autista e comunicar sempre com a equipe que acompanha o seu desenvolvimento é uma das melhores maneiras de ajudar autistas em meltdown e shutdown.
Ficar alerta com os sinais mais comuns que envolvem ansiedade e crises, observando o que pode ou não mostrar um desconforto, é parte importante para garantir que as estratégias usadas sejam eficientes e conforme a necessidade de cada pessoa.
Além disso, o suporte e respeito vão ajudar nesses momentos. Procure manter a calma e não fazer perguntas demais, já que isso pode prejudicar ainda mais a sobrecarga de estímulos.
O ideal é ter passos claros e regulares que expliquem para a pessoa o que ela precisa fazer, guiando-a com firmeza para a regulação emocional. Uma dica é aproveitar o espaço para conversar sobre as coisas que ela gosta que estão ali, distraindo-a com reforçadores positivos e reconectando-a com a realidade.
Algo que pode funcionar e ajuda na previsibilidade é conversar previamente com a pessoa autista sobre coisas que ela gostaria que fossem feitas naquele momento e que podem dar suporte para uma possível crise. Assim é até possível criar uma rotina ou pista narrativa que auxilie todos os envolvidos.
Em nosso blog temos um conteúdo completo sobre integração sensorial no autismo e como as práticas de Terapia Ocupacional podem ajudar em um momento de sobrecarga. Acesse agora mesmo e continua a leitura:
Conheça nosso atendimento padrão ouro em intervenção para autismo
Quero conhecer


Escrito por:
Heloise Rissato
Esse artigo foi útil para você?
Artigos relacionados
Receba conteúdos geniais !
Junte-se a quem aprende todos os dias sobre autismo. Receba conteúdos voltados para TEA e conceitos clínicos didáticos.