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A integração sensorial foca em ajudar pessoas com dificuldades sensoriais, ou seja, auxiliar no processamento de texturas, sons, cheiros, gostos, brilho e movimento, por exemplo. Isso porque esse processo ajuda a organizar as sensações do próprio corpo no ambiente, potencializando a qualidade de vida.
Essas dificuldades, comuns em pessoas com autismo, podem ocasionar pouca consciência corporal e controle do próprio corpo. Por esse motivo, profissionais de Terapia Ocupacional (T.O.) que atuam com a integração sensorial são tão procurados para ajudar nessas demandas.
Quando falamos sobre TEA, a integração sensorial é uma das práticas mais conhecidas da terapia ocupacional. Vale reforçar que esse tipo de intervenção é considerada prática baseada em evidências científicas que funcionam para o autismo.
Por isso, neste artigo, explicamos mais sobre essas terapias, a importância da integração sensorial no autismo, dificuldades, e como elas podem ajudar. Continue lendo para aprender como os estímulos do ambiente podem ajudar positivamente no desenvolvimento infantil!
E se você é um terapeuta ocupacional comprometido e em busca de uma oportunidade para trabalhar com crianças com autismo, no final deste artigo, vamos apresentar uma oportunidade para você se tornar um parceiro da Rede Genial, confira!
O que é a integração sensorial?
A Integração Sensorial é um processo neurológico pelo qual o cérebro organiza e interpreta as informações sensoriais provenientes do ambiente, permitindo que o corpo utilize o que está à sua volta de forma eficaz.
Ou seja, ela nada mais é que a organização das sensações pelo cérebro no uso da nossa rotina. A forma como sentimos a textura de uma roupa na pele ou a sensação de mastigar algo muito crocante, por exemplo.
Para as crianças com autismo, a integração sensorial pode ser um desafio, já que o cérebro de pessoas no espectro pode processar e responder a estímulos sensoriais de maneira diferente.
Isso pode levar a dificuldades na regulação emocional, na interação social e no desempenho funcional. Imagine que você sente muita aflição ao tocar ao pegajoso. Agora imagine conviver com isso e não saber como criar estratégias para que sua rotina não seja impactada por essa dificuldade.
São essas barreiras na percepção das sensações que podem dificultar a vida de uma pessoa autista. De acordo com a Associação Brasileira de Integração Sensorial (Abis), pelo menos 30% das pessoas com TEA apresentam algum grau de disfunção sensorial.
Assim, essa integração tem como objetivo fornecer experiências terapêuticas estruturadas e cuidadosamente planejadas para desenvolver e aprimorar como o cérebro processa e integra as informações sensoriais recebidas pelo ambiente como uma ferramenta essencial na intervenção para promover o desenvolvimento saudável.
O autismo e a disfunção do processamento sensorial
A hipersensibilidade e dificuldade em lidar com informações visuais, sonoras ou toques é bastante comum em pessoas com autismo. Por esse motivo, vemos pessoas no espectro que não conseguem assistir a uma queima de fogos de artifício ou com luzes muito fortes e intensas, por exemplo.
Em alguns casos, essas dificuldades podem ser tão intensas que o indivíduo se machuca para estar totalmente consciente do próprio corpo. Esse conjunto de características é o que atende o que chamamos de “disfunção do processamento sensorial” e consta em manuais diagnósticos como um dos sintomas de autismo.
Conforme a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, problemas sensoriais no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) são descritos da seguinte maneira:
“Hiper ou hipo-reatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns em aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo, aparente indiferença à dor / temperatura, resposta adversa a sons ou texturas específicas, cheiro ou toque excessivo de objetos, fascínio visual por luzes ou movimento).”
Assim, entendemos que:
- Hipersensibilidade: é quando a pessoa sente demais os estímulos. Por isso, os sons podem ser, por exemplo, mais altos e estímulos visuais muito fortes;
- Hipossensibilidade: o indivíduo precisa de muito esforço para sentir qualquer tipo de estimulação. Por isso é comum que pessoas com hipossensibilidade estejam sempre agitadas e em movimento.
Quais são os Transtornos do Processamento Sensorial?
A própria disfunção do processamento sensorial pode apresentar diferentes diagnósticos dentro e fora do TEA. Essas diferenças ajudam profissionais de terapia ocupacional e a própria família entenderem qual tipo de intervenção sensorial ajudará aquele indivíduo.
Entre as classificações diagnósticas do Transtorno do Processamento Sensorial estão:
- Transtorno de modulação sensorial: dificuldade para regular grau, intensidade e natureza das respostas dos estímulos sofridos;
- Transtorno de discriminação sensorial: gasta mais energia para identificar diferenças e semelhanças dos estímulos;
- Transtornos motores com base sensorial: dificuldade para absorver informações do próprio corpo e reagir de forma coerente com o ambiente.
É preciso conhecer esta condição para entender as terapias de integração sensorial.
Como é feita a Integração Sensorial no autismo?
A terapia de integração sensorial é realizada principalmente por terapeutas ocupacionais especializados, que aplicam estratégias específicas para auxiliar a criança a interagir de maneira mais adaptativa com os estímulos sensoriais.
Para as pessoas neurotípicas, aprender a lidar com o processamento de informações sensoriais é algo automático, ou seja, ninguém precisa ensinar, pois aprendemos sozinhos a interpretar e reagir a estímulos sonoros, visuais e de toque, por exemplo.
No caso de pessoas com autismo, esse aprendizado muitas vezes precisa ser ensinado, é aí, que surgem as terapias de integração sensorial.
É por meio desta prática que profissionais de T.O. vão favorecer itens como a recepção, o processamento e a resposta adaptativa ao meio para esses indivíduos.
Essa intervenção é personalizada, considerando o perfil sensorial e as necessidades de cada pessoa, da seguinte maneira:
Avaliação
Como ponto de partida, a terapeuta avalia a capacidade do indivíduo de integrar informações sensoriais e, então, desenvolve um programa de intervenção com experiências sensoriais que atende às necessidades identificadas.
Experiências terapêuticas
O programa de intervenção é determinado para atingir desafios que estão um nível acima da capacidade da pessoa. Algumas das intervenções comuns nesse momento são balançar, escovas, jogar bolas etc.
Um exemplo disso é: se a criança sente muito incômodo ao tocar em determinadas texturas, T.Os vão estimular esse contato gradualmente, por meio de brincadeira, como pedir para a criança feche os olhos e toque em uma massinha de modelar ou brinquedos de borracha, que são considerados objetos de textura grudenta.
A partir do momento que ela estiver acostumada com essa sensação, é hora de passar para outros objetos com texturas similares e diferentes.
Apresentação de resultados
Depois é o momento de apresentar os resultados desta intervenção. Em muitos casos, as terapias de integração sensorial resultam em melhor foco e comportamento por parte do indivíduo, além de ansiedade reduzida.
Claro que esse é um trabalho constante que exige reavaliação por parte da equipe de terapia ocupacional que atende a criança e constante cuidado em adaptar as atividades às necessidades identificadas.
Qual profissional realiza a Integração Sensorial?
A integração sensorial é realizada por terapeutas ocupacionais especializados em terapia de integração sensorial.
Esses profissionais recebem treinamento e formação continuada para entender as necessidades sensoriais complexas de crianças com autismo e adaptar as intervenções a essas especificidades.
Como trabalhar a parte sensorial de uma criança com autismo?
O trabalho sensorial com crianças autistas envolve práticas que vão desde atividades de autorregulação sensorial até estímulos para despertar o interesse e melhorar a resposta a determinados sentidos.
Existem algumas dicas e estratégias que podem ajudar nesse desenvolvimento com a integração sensorial, e que podem ser feitas em casa, pela família e pessoas cuidadoras, como:
- Um “cantinho sensorial” em casa: criar um espaço com objetos e materiais de diferentes texturas, pesos e resistências permite que a criança explore sensações e descubra tendências sensoriais que podem contribuir para seu desenvolvimento.
- Estimular a atividade física: atividades que envolvem movimentos, como dançar ou correr, estimulam o sistema vestibular e ajudam a criança a lidar com mudanças de movimento e equilíbrio.
- Usar materiais de textura variada: tecidos como algodão, lã e veludo permite uma exploração segura de estímulos táteis, que podem auxiliar na integração sensorial.
- Evitar sobrecarregar com vários estímulos: crianças com TEA podem se sentir sobrecarregadas rapidamente. Por isso, evite sempre que possível, ambientes com muitos estímulos que podem criar uma sobrecarga e até mesmo crises.
Essas atividades ajudam a criança a regular seu comportamento e desenvolver uma maior tolerância a diferentes tipos de estímulos sensoriais, proporcionando uma maior sensação de conforto e confiança para enfrentar os desafios do cotidiano.
Mas lembre-se: é preciso que exista a orientação e apoio de um profissional especializado em integração sensorial. Só assim é possível criar estratégias e oportunidades de aprendizagem, que estejam ligadas ao repertório e necessidades da criança.
O que é a Integração Sensorial de Ayres?
Bastante conhecida na área de terapia ocupacional, a Integração Sensorial de Ayres é uma área de especialidade da T.O., que foi desenvolvida por Jean Ayres na década de 1950.
Mesmo isso tendo ocorrido há mais de 70 anos, os estudos de Ayres se mantém atual até os dias de hoje, e a prática é replicada por inúmeros profissionais da terapia ocupacional.
Essa especialidade foi desenvolvida como um processo neurobiológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente, criando a capacidade de pessoas processarem, organizarem e interpretarem sensações, respondendo de maneira apropriada ao ambiente.
Os indivíduos recebem informações sensoriais por meio dos 7 sentidos e assim, através deles é possível entender o corpo, ambiente e todos os estímulos exteriores, criando uma reação de aprendizado de acordo com cada um deles. Assim, é possível conectar corpo e mente.
O que é o Perfil Sensorial de Dunn?
Outro nome bastante conhecido dentro da T.O. é Winnie Dunn. Conhecida por criar o que conhecemos hoje como Perfil Sensorial de Dunn.
Desenvolvido em 1994, esse instrumento tem o objetivo de avaliar e mensurar quanto o processamento sensorial de determinada pessoa pode facilitar ou dificultar seu desempenho funcional nas atividades da vida diária.
Sua base principal foram estudos do desenvolvimento, neurociências e comportamento humano, principalmente, em pesquisas específicas sobre autorregulação.
Ele é baseado na Estrutura de Processamento Sensorial de Dunn, que trabalha com dois conceitos importantes a saber: limiar neurológico e autorregulação.
O conceito de limiar neurológico está relacionado com a quantidade de estímulos necessários (intensidade) para acionar o receptor sensorial, transformá-lo em estímulo elétrico, assim chegando ao córtex cerebral, ou seja, perceber ou não perceber um estímulo sensorial.
Sendo assim, a aplicação de protocolos como o perfil sensorial de Dunn é essencial para, ao identificar o funcionamento sensorial da criança, estabelecer estratégias práticas e na vida real que vão ajudá-las a responder ao ambiente adequadamente.
Salas multissensoriais: o espaço para integração sensorial nas intervenções para TEA
Por último, é super importante falar um pouco sobre o ambiente em que são realizadas as intervenções sensoriais no autismo.
Uma vez que para trabalhar o processamento sensorial é necessário lidar com diferentes estímulos, ter um espaço com essas possibilidades é algo extremamente importante.
Esse é um dos motivos de não ser possível realizar as intervenções de integração sensorial na casa da família, por exemplo.
É preciso uma sala — ou várias — onde a criança possa ser exposta a diferentes estímulos (visual, tátil, auditivo, vestibular/equilíbrio, proprioceptivo/consciência corporal, olfato e paladar) para trabalhar sua percepção, regulação e modulação sensorial.
Assim, a sala de integração sensorial é um espaço com objetos como redes, piscinas de bolinhas, balanços, paredes de escalada e outros.
O objetivo da terapia sensorial é trabalhar a maneira como as sensações são processadas pelo cérebro do indivíduo. Desta maneira, é possível ajudar pessoas com autismo a entender melhor as informações que recebem e a usá-las para facilitar seu dia a dia.
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Conclusão
A Integração Sensorial desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e no bem-estar das crianças com autismo.
Através de abordagens terapêuticas especializadas, como as oferecidas pela Genial Care, as crianças podem aprender a regular suas respostas sensoriais, aprimorar suas habilidades sociais e desenvolver todo o seu potencial.
Essa estratégia pode trazer uma série de benefícios significativos para crianças com autismo, incluindo melhora na regulação emocional, aumento da interação social, desenvolvimento de habilidades motoras e aprimoramento de atenção e concentração.
Ela é uma das práticas usadas pela Genial Care para promover o aprendizado de crianças no TEA.
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3 respostas para “Integração sensorial no autismo: o que é e como funciona?”
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