O Perfil Sensorial 2 de Dunn é um protocolo de avaliação padronizado e já traduzido para o português, que identifica padrões de processamento sensorial e, através da interpretação do terapeuta ocupacional, mostra como eles podem trazer impactos na participação social e no comportamento da criança. Bastante usado para compreender o funcionamento sensorial de pessoas com autismo e para verificar a incidência de alterações sensoriais no TEA.
Criado pela terapeuta ocupacional Winnie Dunn, esse protocolo é composto por itens baseados no julgamento da pessoa cuidadora e cada item retrata respostas das vivências sensoriais da criança.
Neste artigo, te contamos mais sobre o Perfil Sensorial de Dunn, e como ele tem ajudado no desenvolvimento de pessoas no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O que é o Perfil Sensorial 2 de Dunn e sua função no autismo?
O perfil Sensorial de Dunn foi elaborado em 1997. Sua base principal foram estudos do desenvolvimento, neurociências e comportamento humano, principalmente, em pesquisas específicas sobre autorregulação. Ele é baseado na Estrutura de Processamento Sensorial de Dunn, que trabalha com dois conceitos importantes a saber: limiar neurológico e autorregulação.
O conceito de limiar neurológico está relacionado com a quantidade de estímulos necessários (intensidade) para acionar o receptor sensorial, transformá-lo em estímulo elétrico, assim chegando ao córtex cerebral, ou seja, perceber ou não perceber um estímulo sensorial.
Assim, o limiar neurológico pode ser:
- Alto: quando é necessária uma grande intensidade de estímulo (input sensorial) para a criança perceber uma resposta ou
- Baixo: quando é necessária pouca intensidade de estímulo para a criança perceber
De acordo com a literatura, estima-se que de 42% a 88% das pessoas diagnosticadas com TEA apresentam alguma disfunção do processamento sensorial.
Sendo assim, a aplicação de protocolos como o perfil sensorial de Dunn é essencial para, ao identificar o funcionamento sensorial da criança, estabelecer estratégias práticas e na vida real que vão ajudá-las a responder ao ambiente adequadamente.
O segundo conceito importante é a autorregulação, que está relacionada à maneira com que a pessoa se comporta para controlar a própria necessidade. E essas estratégias de autorregulação variam entre:
- Passivas: crianças que não agem contra estímulos desagradáveis ou que não buscam estímulos que precisam;
- Ativas: crianças que agem de modo a controlar a quantidade e tipo de entradas sensoriais, retirando algum estímulo ou buscando um estímulo.
Por esse motivo é importante que se leve em consideração a individualidade de cada criança.
Como trabalhar a parte sensorial do autista?
O profissional de terapia ocupacional é o responsável por identificar os prejuízos funcionais relacionados às disfunções de integração sensorial, observar os pontos fortes e habilidades e, então, criar estratégias de intervenção para a pessoa com autismo. Ele pode utilizar como base da intervenção dentro do consultório a integração sensorial de ayres, assim como podem usar o modelo de processamento sensorial de Dunn como base para estratégias em casa ou outros ambientes da vida real.
Existem, por exemplo, algumas dicas de atividades que a família pode replicar em casa para potencializar o desenvolvimento da criança. Mas isso deve ser sempre alinhado com a equipe que faz as intervenções.
Vale reforçar que o papel da terapia ocupacional no autismo vai além da parte sensorial, mas também ajuda com as atividades do dia a dia, introdução da comunicação suplementar e alternativa e muito mais.