Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care?

Gabriela Bandeira
Publicado em 10 de dezembro de 2021 Atualizado em 22 de agosto de 2023
5 minutos
Índice de Conteúdos
A hipersensibilidade é uma característica muito comum em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e é uma condição na qual o sistema nervoso enfrenta dificuldades ao processar estímulos ambientais e sensoriais.
Compreender essa condição é fundamental, especialmente quando a hipersensibilidade é uma comorbidade do TEA, permitindo que as famílias busquem ajuda e adotem estratégias para lidar com situações que possam desencadear crises.
É muito comum em épocas de festa, como a chegada do Réveillon, discutir a hipersensibilidade em pessoas autistas por conta do grande número de fogos, que incomoda pessoas hipersensíveis.
Por isso, nesse artigo, vamos explorar em detalhes a hipersensibilidade, sua conexão com fogos de artifício e as principais abordagens para auxiliar pessoas autistas a enfrentar esse estímulo específico.
O que é Hipersensibilidade?
A hipersensibilidade é uma condição em que os sentidos de uma pessoa são mais aguçados e reagem de forma intensa a estímulos do ambiente, como luzes, sons, cheiros e texturas.
Isso pode resultar em respostas emocionais ou físicas exageradas a estímulos que outras pessoas podem considerar normais ou não perturbadores. Ela pode ocorrer em várias áreas, incluindo sensorial, emocional e física.
No autismo refere-se a uma sensibilidade intensificada aos estímulos do ambiente, como sons, luzes e texturas.
Pessoas com hipersensibilidade experimentam esses estímulos de forma mais intensa e podem sentir desconforto, sobrecarga sensorial e até mesmo crises em resposta a eles.
Isso é uma característica comum no Transtorno do Espectro Autista (TEA) e está relacionada ao Transtorno do Processamento Sensorial.
Hipersensibilidade e hipossensibilidade no autismo
O Transtorno do Processamento Sensorial é uma condição na qual o sistema nervoso enfrenta dificuldades para processar estímulos provenientes do ambiente e dos sentidos.
Embora não seja uma característica universal em pessoas autistas, o Transtorno do Processamento Sensorial é uma condição distinta do TEA. Ele se divide em duas categorias:
- Hipersensibilidade: Nesse caso, os estímulos são percebidos de maneira intensa. Isso pode resultar em sons percebidos como mais altos e estímulos visuais como excessivamente intensos.
- Hipossensibilidade: Pessoas com hipossensibilidade precisam de um estímulo mais forte para perceber sensações. Como resultado, elas podem apresentar agitação constante.
Outras classificações de TPS
Além disso, quando se identifica o Transtorno do Processamento Sensorial, é possível classificar as condições diagnósticas da pessoa:
- Transtorno de modulação sensorial: Dificuldade em regular a intensidade e natureza das respostas aos estímulos.
- Transtorno de discriminação sensorial: Necessidade de maior esforço para identificar diferenças e semelhanças entre estímulos.
- Transtornos motores com base sensorial: Dificuldade em processar informações do próprio corpo e responder de maneira adequada ao ambiente.
Essa compreensão é muito importante para entender por que pessoas autistas enfrentam dificuldades com os sons de fogos de artifício.
Por que autistas são sensíveis a fogos de artifício?
Estudos evidenciaram que mais de 40% das crianças com TEA possuem algum transtorno do processamento sensorial, e quando falamos especificamente de sensibilidade auditiva, estudos prévios apresentaram ampla variabilidade de prevalência, com resultados de 15% a 100%.
Portanto, o barulho dos fogos de artifício pode ser muito alto para essas pessoas, potencialmente causando crises.
O que pode ser uma experiência tolerável para pessoas neurotípicas (sem transtornos de desenvolvimento) pode ser profundamente aversivo para pessoas autistas, causando angústia significativa e sofrimento.
Felizmente, nos últimos anos, muitas cidades têm adotado fogos de artifício silenciosos, como em São Paulo, com o intuito de reduzir o impacto sobre pessoas com autismo e outras condições relacionadas ao processamento sensorial, além de animais sensíveis a ruídos.
Apesar disso, muitas pessoas autistas ainda enfrentam desafios relacionados aos estímulos dos fogos de artifício. Para auxiliá-las, existem abordagens que podem ajudá-las.
Como ajudar pessoas autistas com hipersensibilidade
A maneira mais comum de ajudar a pessoa autista com hipersensibilidade a lidar com os altos estímulos causados pelos sons dos fogos de artifício é usando os fones de ouvido antirruído. Esses equipamentos custam entre R$150 e R$ 400 e podem ser encontrados online.
No entanto, se o custo desses dispositivos não for viável, existem alternativas para minimizar as crises decorrentes da exposição intensa aos estímulos:
- Ofereça previsibilidade: Antecipar visual ou verbalmente que a época dos fogos de artifício se aproxima pode ser extremamente benéfico.
- Utilize protetores auriculares de espuma: Produtos acessíveis encontrados em farmácias, capazes de reduzir até 30 decibéis do ruído, ajudam a diminuir o volume dos fogos.
- Opte por ficar em ambientes internos: Se a pessoa autista já demonstrou desconforto anteriormente com o barulho dos fogos, permanecer em um espaço confortável pode ser uma escolha adequada.
- Explique a situação: Recursos visuais, como fotos e vídeos, podem ser usados para comunicar à pessoa autista o motivo dos fogos de artifício.
- Compartilhe com os vizinhos: Conversar com vizinhos sobre a dificuldade enfrentada pela pessoa autista em relação ao som alto dos fogos pode promover compreensão e colaboração.
Conclusão
A hipersensibilidade é uma característica presente em pessoas com TEA, que leva a apresentar desafios particulares, como a sensibilidade a estímulos intensos, como os fogos de artifício. A compreensão do TPS é fundamental para entender essas reações e encontrar maneiras de proporcionar apoio efetivo!
A crescente conscientização tem levado a avanços, como fogos de artifício silenciosos, que visam mitigar o desconforto enfrentado por pessoas autistas e aquelas com sensibilidade sensorial.
Estratégias práticas, como o uso de fones de ouvido antirruído e a criação de ambientes previsíveis, podem ajudar a minimizar os impactos negativos desses estímulos.
A empatia e a informação desempenham um papel fundamental em ajudar pessoas autistas a enfrentar os desafios decorrentes da hipersensibilidade, proporcionando-lhes a oportunidade de desfrutar de experiências como o Réveillon de maneira mais tranquila.
Em nosso blog conversamos com a coordenadora de Terapeuta Ocupacional da Genial Care, Mariana Asseituno, sobre sensibilidade auditiva em crianças com TEA, confira abaixo o conteúdo clicando no botão:
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Escrito por:
Gabriela Bandeira
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