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É muito comum em épocas de festa, como a chegada do Réveillon ou eventos natalinos, por exemplo, discutir a hipersensibilidade em pessoas autistas por conta do grande número de fogos, que incomoda pessoas hipersensíveis.
É muito importante que pais e pessoas cuidadoras entendam as características da hipersensibilidade, especialmente quando ela é uma comorbidade do TEA. Assim, é possível buscar ajuda e adotar estratégias para lidar com situações que possam desencadear crises.
Por isso, nesse artigo, vamos explorar em detalhes a hipersensibilidade, sua conexão com fogos de artifício e as principais abordagens para auxiliar pessoas autistas a enfrentar esse estímulo específico.
O que é Hipersensibilidade?
A hipersensibilidade é uma característica muito comum em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como parte do transtorno de processamento sensorial, nessa condição o sistema nervoso enfrenta dificuldades ao processar estímulos ambientais e sensoriais, como barulhos ou luzes, por exemplo.
A hipersensibilidade é uma condição em que os sentidos de uma pessoa são mais aguçados e reagem de forma intensa a estímulos do ambiente, como luzes, sons, cheiros e texturas.
Isso pode resultar em respostas emocionais ou físicas exageradas a estímulos que outras pessoas podem considerar normais ou não perturbadores. Ela pode ocorrer em várias áreas, incluindo sensorial, emocional e física.
No autismo refere-se a uma sensibilidade intensificada aos estímulos do ambiente, como sons, luzes e texturas.
Pessoas com hipersensibilidade experimentam esses estímulos de forma mais intensa e podem sentir desconforto, sobrecarga sensorial e até mesmo crises em resposta a eles.
Isso é uma característica comum no autismo e está relacionada ao Transtorno do Processamento Sensorial (TPS).
Hipossensibilidade
Além da hipersensibilidade, também temos a hipossensibilidade quando falamos do TPS. Assim, as pessoas têm pouca sensibilidade aos estímulos que recebem, e precisam receber uma carga considera mais “forte” ou “intensa” para perceber as sensações.
Dessa forma, pessoas com hipossensibilidade apresentam uma percepção reduzida em relação aos estímulos sensoriais externos, fazendo com que eles tenham dificuldade de processar ou detectar aspectos como luz, temperatura, sons, cheiros e sensações táteis.
Alguns exemplos são a hipossensibilidade auditiva, tátil, proprioceptiva ou vestibular. É importante lembrar que ela pode variar na sua intensidade em cada pessoa no espectro, fazendo com que alguns possam ser hipossensíveis a aspectos específicos e outras em múltiplas áreas sensoriais.
O impacto da hipossensibilidade pode influenciar as habilidades de autorregulação, a interação social, a comunicação e até mesmo o engajamento em atividades cotidianas.
Hipersensibilidade e hipossensibilidade no autismo
O Transtorno do Processamento Sensorial é uma condição na qual o sistema nervoso enfrenta dificuldades para processar estímulos provenientes do ambiente e dos sentidos.
Embora não seja uma característica universal em pessoas autistas, o Transtorno do Processamento Sensorial é uma condição distinta do TEA. Ele se divide em duas categorias:
- Hipersensibilidade: nesse caso, os estímulos são percebidos de maneira intensa. Isso pode resultar em sons percebidos como mais altos e estímulos visuais como excessivamente intensos.
- Hipossensibilidade: pessoas com hipossensibilidade precisam de um estímulo mais forte para perceber sensações. Como resultado, elas podem apresentar agitação constante.
É importante lembrar que: profissionais da terapia ocupacional podem, e devem, oferecer estratégias específicas para ajudar as pessoas com TPS a lidarem com essas sensibilidades na rotina.
Assim, é possível promover uma melhor regulação e integração sensorial entre a pessoa e o ambiente em que ela está inserida, proporcionando qualidade de vida e bem-estar.
Outras classificações de TPS
Além disso, quando se identifica o Transtorno do Processamento Sensorial, é possível classificar as condições diagnósticas da pessoa:
- Transtorno de modulação sensorial: dificuldade em regular a intensidade e natureza das respostas aos estímulos.
- Transtorno de discriminação sensorial: necessidade de maior esforço para identificar diferenças e semelhanças entre estímulos.
- Transtornos motores com base sensorial: dificuldade em processar informações do próprio corpo e responder de maneira adequada ao ambiente.
- Essa compreensão é muito importante para entender por que pessoas autistas enfrentam dificuldades com os sons de fogos de artifício.
Por que autistas são sensíveis a fogos de artifício?
Estudos evidenciaram que mais de 40% das crianças com TEA possuem algum transtorno do processamento sensorial, e quando falamos especificamente de sensibilidade auditiva, estudos prévios apresentaram ampla variabilidade de prevalência, com resultados de 15% a 100%.
Portanto, o barulho dos fogos de artifício pode ser muito alto para essas pessoas, potencialmente causando crises. Assim, os estímulos recebidos pelos fogos e suas luzes, pode ser muito intenso, sobrecarregando o sistema sensorial.
O que pode ser uma experiência tolerável para pessoas neurotípicas (sem transtornos de desenvolvimento) pode ser profundamente aversivo e prejudicial para pessoas autistas, causando angústia significativa e sofrimento.
Algumas crianças com medo de foguete — outra forma de chamar os fogos de artifício — podem ficar em crises sensoriais sérias por conta dos barulhos e iluminação, causando pânico e desregulação em todos os sentidos corporais
O que acontece é que a pessoa no espectro com hipersensibilidade não consegue entender o contexto da situação e prever o que vem depois, ficando assustada, frustrada e desorganizada em suas percepções.
Felizmente, nos últimos anos, muitas cidades têm adotado fogos de artifício silenciosos, como em São Paulo, com o intuito de reduzir o impacto sobre pessoas com autismo e outras condições relacionadas ao processamento sensorial, além de animais sensíveis a ruídos.
Apesar disso, muitas pessoas autistas ainda enfrentam desafios relacionados aos estímulos dos fogos de artifício. Para auxiliá-las, existem abordagens que podem ajudá-las.
Como ajudar pessoas autistas com hipersensibilidade
Imagina se você acordasse de madrugada em um dia comum com uma bateria de fogos e luzes na sua janela. Provavelmente ficaria confuso com aquilo e não saberia o que está acontecendo, ficando com medo e até irritado.
É dessa maneira que pessoas autistas com hipersensibilidade se sentem em situações com muito estímulos sensoriais. Por isso, a previsibilidade e a comunicação são tão essenciais.
Assim, é muito importante que a família e outras pessoas neurotípicas expliquem o que está acontecendo antes. Isso porque, para pessoas típicas, é mais fácil compreender o porquê os fogos estão sendo disparados.
Além disso, a maneira mais comum de auxiliar a pessoa autista com hipersensibilidade a lidar com os altos estímulos causados pelos sons dos fogos de artifício é usando os fones de ouvido antirruído.
Esses equipamentos custam entre R$150 e R$400 e podem ser encontrados online. No entanto, se o custo desses dispositivos não for viável, existem alternativas para minimizar as crises decorrentes da exposição intensa aos estímulos.
- Ofereça previsibilidade: antecipar visual ou verbalmente que a época dos fogos de artifício se aproxima pode ser extremamente benéfico.
- Utilize protetores auriculares de espuma: produtos acessíveis encontrados em farmácias, capazes de reduzir até 30 decibéis do ruído, ajudam a diminuir o volume dos fogos.
- Opte por ficar em ambientes internos: se a pessoa autista já demonstrou desconforto anteriormente com o barulho dos fogos, permanecer em um espaço confortável pode ser uma escolha adequada.
- Explique a situação: recursos visuais, como fotos e vídeos, podem ser usados para comunicar à pessoa autista o motivo dos fogos de artifício.
- Compartilhe com os vizinhos: conversar com vizinhos sobre a dificuldade enfrentada pela pessoa autista em relação ao som alto dos fogos pode promover compreensão e colaboração.
Conclusão
A hipersensibilidade é uma característica presente em pessoas com TEA, que leva a apresentar desafios particulares, como a sensibilidade a estímulos intensos, como os fogos de artifício. A compreensão do TPS é fundamental para entender essas reações e encontrar maneiras de proporcionar apoio efetivo!
A crescente conscientização tem levado a avanços, como fogos de artifício silenciosos, que visam mitigar o desconforto enfrentado por pessoas autistas e aquelas com sensibilidade sensorial.
Estratégias práticas, como o uso de fones de ouvido antirruído e a criação de ambientes previsíveis, podem ajudar a minimizar os impactos negativos desses estímulos.
A empatia e a informação desempenham um papel fundamental em ajudar pessoas autistas a enfrentar os desafios decorrentes da hipersensibilidade, proporcionando-lhes a oportunidade de desfrutar de experiências como o Réveillon de maneira mais tranquila.
Em nosso blog conversamos com a coordenadora de Terapeuta Ocupacional da Genial Care, Mariana Asseituno, sobre sensibilidade auditiva em crianças com TEA, confira abaixo o conteúdo clicando no botão:
O que fazer para diminuir a sensibilidade auditiva de crianças com autismo?