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As crises de agressividade no autismo, também conhecidas como crises comportamentais ou comportamentos desafiadores, referem-se a episódios em que uma pessoa com autismo apresenta comportamentos agressivos, como agredir fisicamente outras pessoas, atacar objetos ou ferir a si mesma.
Essas crises podem ocorrer devido a diferentes fatores e podem variar em intensidade e duração.
É importante ressaltar que nem todas as pessoas com autismo experimentam crises de agressividade, e cada indivíduo é único em suas características e comportamentos.
No entanto, algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em expressar suas necessidades, emoções ou frustrações de maneira verbal, ou socialmente aceita, o que pode levar ao surgimento dessas crises.
Neste artigo, explicamos mais sobre essas crises, e também quais estratégias podem ajudar a família e profissionais a reduzi-las usando os princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
Os prejuízos das crises de agressividade em pessoas autistas
As crises de agressividade em pessoas autistas podem ter vários prejuízos, tanto para própria pessoa, como para as pessoas ao seu redor.
Alguns dos prejuízos comuns são:
- Risco de lesões;
- Isolamento social;
- Dificuldades no ambiente escolar;
- Estresse e desgaste para cuidadores;
- Dificuldades no acesso a serviços e suporte;
- Limitações nas oportunidades de participação.
Isolamento do núcleo familiar
É importante reconhecer que as crises de agressividade não são uma escolha consciente ou um traço inerente ao autismo. Elas são um sinal de que a pessoa está enfrentando desafios significativos em sua capacidade de se comunicar, regular emoções e lidar com o ambiente.
É essencial buscar apoio profissional para entender as causas subjacentes das crises de agressividade e desenvolver estratégias eficazes de manejo e suporte.
Um deles é justamente o isolamento de todo núcleo familiar. Esse tema já foi abordado em alguns estudos como o “Home Sweet Home? Families’ experiences with aggression in children with Autism Spectrum Disorders” (Lar, doce lar. As experiências das famílias com agressividade de crianças com TEA, em tradução livre).
De acordo com a publicação, os principais motivos para esse isolamento são a segurança da pessoa e de outras pessoas que podem estar por perto no momento da crise.
Além disso, muitas dessas famílias contam com apoio profissional limitado, e se sentem inseguras em lidar com os comportamentos agressivos.
Como identificar as crises de agressividade no autismo?
Um comportamento só pode ser modificado e substituído por um novo comportamento mais adequado e funcional quando o observamos e entendemos todos os detalhes sobre ele.
Por isso, quando uma crise de agressividade acontecer, o primeiro passo é analisar cada comportamento que a compõe. Além da observação, é interessante anotar e descrever esses comportamentos.
Veja aqui um exemplo de como fazer isso:
O que você consegue observar na imagem acima?
A criança está chorando. Mas é importante detalhar cada comportamento:
- Ela chora;
- Está deitada ao chão;
- Segura um dos braços;
- Tem a boca aberta, provavelmente porque está gritando.
Ao observar a imagem da primeira vez, de forma superficial, a primeira percepção é de que uma criança está chorando. Mas quando olhamos os detalhes e os anotamos, parece claro que essa criança pode ter caído e se machucado, certo?
Da mesma forma que fizemos com essa imagem, é possível fazer com as crises de agressividade. A criança chora? Grita? Se joga no chão? Atira objetos? Entender qual o padrão dos comportamentos que compõem a crise é o passo inicial para conseguir criar estratégias que vão ajudar a reduzi-las e, mais tarde, evitar que elas aconteçam.
Isso faz parte de uma estratégia conhecida como ABC, que são as siglas em inglês para Antecedent (Antecedente) -> Behavior (Comportamento) -> Consequence (Consequência). Agora que você já sabe identificar os comportamentos, vamos falar sobre as outras duas esferas.
O que provoca as crises de agressividade?
As crises de agressividade no autismo podem ser desencadeadas por uma série de fatores, tais como:
- Sobrecarga sensorial: Sensibilidades sensoriais podem levar a uma sobrecarga de estímulos, como barulhos altos, luzes fortes ou texturas desconfortáveis, que podem desencadear uma resposta agressiva.
- Dificuldades na comunicação: As pessoas com autismo podem ter dificuldades em se comunicar efetivamente e expressar suas necessidades e frustrações. Isso pode levar à frustração e ao comportamento agressivo como uma forma de tentar comunicar suas necessidades não atendidas.
- Mudanças na rotina: Alterações na rotina diária ou em ambientes familiares podem causar estresse e ansiedade, resultando em crises comportamentais e agressividade.
- Dificuldades na regulação emocional: Algumas pessoas com autismo podem ter dificuldades em regular suas emoções, o que pode levar a reações intensas e explosivas.
- Falta de compreensão e apoio adequado: Se a pessoa com autismo não recebe o suporte necessário para lidar com suas necessidades e dificuldades, isso pode aumentar o risco de crises comportamentais.
É fundamental que os cuidadores e profissionais que trabalham com pessoas com autismo procurem compreender as causas antecedentes das crises de agressividade, para entender a melhor intervenção a se fazer no momento das crises.
O envolvimento de profissionais especializados em autismo pode ser de grande ajuda para desenvolver estratégias personalizadas de acordo com as singularidades da pessoa autista.
Conhecendo e identificando os antecedentes
Como o próprio nome já diz, antecedente é tudo aquilo que acontece antes do comportamento. Para conseguir identificar qual ou quais são os antecedentes de uma crise de agressividade também é preciso prestar atenção ao que ocorre antes dela.
Muitas crises de agressividade podem ser ocasionadas porque a pessoa autista não quer fazer algo ou tem um desejo negado, por exemplo. Mas podem existir outros motivos, como estar em um local muito barulhento ou com muitos estímulos visuais.
Por isso, preste atenção ao que pode estar acontecendo e, assim como no comportamento, quando identificar um padrão, você terá um antecedente.
Como lidar com as crises de agressividade de pessoas no TEA?
Lidar com as crises de agressividade em pessoas com TEA pode ser desafiador, mas existem estratégias eficazes que podem ajudar a minimizar essas crises e apoiar a pessoa autista.
Mantenha a calma
É essencial manter a calma e evitar reações negativas ou agressivas em resposta ao comportamento da pessoa autista. Responder com calma e serenidade pode ajudar a diminuir a intensidade da crise.
Procure um ambiente seguro
Priorize a segurança da pessoa autista e de outras pessoas presentes no ambiente. Se necessário, remova objetos perigosos ou afaste-se de situações que possam ser prejudiciais.
Identifique os gatilhos
Procure identificar os gatilhos que desencadeiam as crises de agressividade. Isso pode envolver observar padrões de comportamento, mudanças na rotina ou situações sensoriais aversivas. Ao identificar os gatilhos, será possível adotar medidas preventivas para evitar ou minimizar as crises.
Comunique-se de forma clara e simples
Utilize uma linguagem clara e simples ao se comunicar com a pessoa autista durante e após a crise. Evite instruções complexas e dê tempo suficiente para que a pessoa se acalme e compreenda as informações.
Ofereça apoio e compreensão
Mostre empatia e compreensão em relação às dificuldades da pessoa autista. Reconheça que as crises de agressividade são uma expressão de frustração ou desafios de comunicação. Esteja presente e ofereça apoio, evitando julgamentos ou críticas.
É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única, portanto, as estratégias de manejo podem variar de acordo com as necessidades individuais. O envolvimento de profissionais especializados é fundamental para desenvolver um plano de suporte personalizado e eficaz.
Como saber quais são as consequências?
Consequência é tudo aquilo que acontece depois do comportamento escolhido para ser analisado. Todo comportamento acontece por um motivo, tem uma razão, e quer te comunicar algo.
O que acontece, muitas vezes, é que as consequências servem como um reforçador para o comportamento. Por exemplo:
Vamos imaginar que após identificar o comportamento e o antecedente nesta imagem, a mãe ou pai da criança tenha entendido que o que provocou a crise foi o fato dela estar cansada de andar e querer ser pega no colo.
Se os pais cederem à vontade da criança e a pegarem no colo logo após a crise, ela pode entender que esses comportamentos funcionam para o objetivo de ser pega no colo. Assim:
Assim, podemos dizer que o fato dos pais cederem ao desejo da criança após o comportamento de choro é o que reforça para que o comportamento ocorra mais vezes no futuro.
Agora vamos imaginar como esse comportamento pode ser modificado após as intervenções. O objetivo vai ser que a criança consiga comunicar aos pais que está cansada de andar e precisa de ajuda, sem precisar emitir esses comportamentos para conseguir colo. Ou seja, ela terá uma forma melhor de comunicar aos pais seu desejo.
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Conclusão
As crises de agressividade no autismo podem ter um impacto significativo tanto na vida da pessoa autista quanto naqueles ao seu redor. Esses episódios podem resultar em lesões físicas, isolamento social, dificuldades na escola, estresse para os cuidadores e limitações nas oportunidades de participação.
É muito importante compreender que as crises de agressividade não são uma escolha consciente, mas sim um sinal de que a pessoa está enfrentando desafios em sua comunicação, regulação emocional e interação com o ambiente.
Além disso, a sociedade precisa ter cada vez mais consciência das dificuldades vivenciadas pelas pessoas autistas e trabalhar para fornecer um ambiente inclusivo, compreensivo e acolhedor.
Com o suporte apropriado, as pessoas autistas podem desenvolver estratégias de enfrentamento, habilidades sociais e emocionais, possibilitando uma vida mais plena e participativa!