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O mito de que o “autismo tem cara” é uma narrativa profundamente enraizada na sociedade. Essa ideia equivocada de que existe uma aparência específica que define o autismo é um reflexo da busca por padrões visíveis em um espectro tão diverso e complexo como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Entretanto, essa associação entre características físicas e o autismo é um mito que precisa ser desconstruído e desafiado.
Essa frase de efeito, autismo tem cara, reforça preconceitos e estereótipos contra pessoas autistas, invalidando suas características únicas e singulares, que devem ser respeitadas!
E como entender o porquê algumas pessoas ainda costumam associar certos comportamentos e características físicas ao autismo? É sobre isso que vamos falar nesse texto e reforçar a importância de não colocar pessoas autistas dentro de um padrão. Acompanhe!
Desconstruindo mito: estereótipo de que “Autismo tem cara”
Algumas características, como dificuldades na comunicação social, comportamentos repetitivos e sensibilidade sensorial, podem ser observadas em algumas pessoas com autismo.
Essas semelhanças comportamentais podem levar à crença errônea de que há uma aparência ou padrão físico distintivo associado ao autismo. No entanto, é importante ressaltar que o autismo é um espectro extremamente diverso, com diversas manifestações e variações individuais.
O que as pessoas muitas vezes enxergam como semelhanças entre autistas são comportamentos ou características não físicas. Isso pode incluir padrões de interação social atípicos, interesses específicos e formas peculiares de processar informações sensoriais.
Por exemplo, algumas pessoas no espectro autista podem ter dificuldades em manter contato visual ou podem apresentar movimentos repetitivos, mas essas características variam significativamente de pessoa para pessoa.
É importante reconhecer que não há uma “cara” específica do autismo. A diversidade no espectro é vasta, e cada pessoa no espectro autista é única em suas características, habilidades e desafios.
Por que não devemos falar que o autismo tem cara?
Falar que autismo tem cara e tentar definir uma “aspecto padronizado” para o TEA é redutor e pode levar a estereótipos prejudiciais, já que o espectro autista abrange uma infinidade de indivíduos com experiências e características distintas.
As características físicas não podem ser usadas como critério único para identificar o autismo, pois o transtorno se manifesta de maneira única em cada pessoa. Desconstruir esse mito é crucial para evitar julgamentos precipitados e promover uma compreensão mais precisa do espectro autista.
Ao desvincular a ideia de uma “cara” do autismo, podemos enfatizar que as diferenças no espectro não são visíveis a olho nu. A diversidade de expressões do TEA vai além do que os estereótipos podem capturar, abrangendo variações significativas em termos de habilidades sociais, comunicação e interesses.
Essa desconstrução é um passo fundamental para combater a estigmatização associada ao autismo.
Impactos negativos da estigmatização
Os impactos da estigmatização relacionada à ideia de uma “cara” para o autismo são profundos e abrangentes. Pessoas no espectro autista frequentemente enfrentam preconceito e discriminação devido a esses estereótipos.
A estigmatização não apenas limita as oportunidades de inclusão social, mas também prejudica a saúde mental, levando a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Desvincular o autismo de uma aparência específica é essencial para criar ambientes mais acolhedores e aceitantes.
Além disso, é importante não fazer suposições sobre a saúde ou condição de alguém. Só podemos falar sobre as características de alguém se essa pessoa decidiu falar publicamente sobre isso.
As pessoas com diagnóstico de autismo têm o direito de manter essa informação privada. Como sociedade, devemos respeitar a privacidade delas e evitar tirar conclusões sem evidências claras.
Até mesmo na internet criam-se discussões sobre o possível diagnóstico de autismo em famosos e filhos de famosos, e essas ações são ainda mais prejudiciais para criar um estereótipo em cima do transtorno do espectro autista, invalidando até mesmo a vivência de pessoas autistas. É preciso ter muito cuidado, e falamos sobre isso em nosso TikTok:
@genialcare Nossa… será que o filho dessa famosa é autista? 🧐 Julgamentos, principalmente de comportamentos, unidos a estereótipos do TEA, são super perigosos! Por isso, o Di contou pra gente quais são os desafios por dentro desses julgamentos, bora aprender? #Autismonaotemcara #Autismo #AprenderTransforma ♬ Love Story – Official Sound Studio
Conhecendo mais sobre o TEA
A compreensão do autismo é necessária para desconstruir o mito de que o autismo tem cara. O espectro autista é caracterizado por uma ampla gama de diferenças neurológicas, comportamentais e de desenvolvimento.
E afinal, o que é o autismo? É um transtorno de neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e comportamentos restritos e repetitivos, ou seja, por ser um transtorno neurológico, suas características são internas.
Pessoas no espectro, conforme o manual CID-11 – Classificação Internacional de Doenças – 11a revisão, documento organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os diagnósticos de autismo passam a fazer parte dos Transtornos do Espectro do Autismo (6A02), que podem ser identificados das seguintes formas:
- Nível 1 – Leve:
- 6A02.0 TEA sem Deficiência Intelectual (DI) e com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
- 6A02.1: TEA com DI e com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
- Nível 2 – Moderado
- 6A02.4: TEA sem DI e com ausência de linguagem funcional
- 6A02.5: TEA com DI e com ausência de linguagem funcional
- Nível 3 – Severo:
- 6A02.4: TEA sem DI e com ausência de linguagem funcional
- 6A02.5: TEA com DI e com ausência de linguagem funcional
Cada um desses níveis, representam a necessidade de suporte que uma pessoa autista possa ter, por exemplo, uma pessoa diagnosticada com autismo leve pode ter mais autonomia em tarefas consideradas da vida diária, enquanto pessoas de nível moderado e severo precisam de mais ajuda no dia a dia.
Além disso, pessoas autistas, por questões legais, são consideradas Pessoas Com Deficiência, e relacionamos o TEA a deficiências ocultas, mais conhecidas como deficiências invisíveis, que não são capazes de serem vistas como uma característica física. Dito isso, o autismo não tem cara mesmo!
Ao reconhecer que o autismo não pode ser definido por características físicas, podemos valorizar a singularidade de cada pessoa no espectro, promovendo uma abordagem mais inclusiva e respeitosa.
É fundamental destacar que o autismo não é um diagnóstico estático; ele evolui ao longo do tempo.
Compreender a diversidade dentro do espectro é um processo dinâmico que requer educação contínua e empatia. A quebra desse mito não apenas beneficia as pessoas no espectro, mas também contribui para uma sociedade mais justa e inclusiva.
A inclusão de temas relacionados ao autismo nos currículos educacionais é fundamental para criar uma base sólida de compreensão desde cedo.
Além disso, campanhas de conscientização conseguem influenciar atitudes sociais, reduzindo o estigma e promovendo a aceitação das diferenças no espectro autista.
Um exemplo de inclusão, é consumir materiais feitos por pessoas autistas, pois são essas pessoas que têm local de fala para trazer suas vivências e percepções sobre as trocas e diálogos com pessoas neurotípicas.
Nós da Genial construímos um material sobre inclusão com depoimentos de 3 mulheres autistas, confira o depoimento delas clicando no banner abaixo:
Autismo não tem cara!
Reiterar que o autismo não tem uma “cara” específica é essencial para combater estereótipos arraigados. Ao enfatizar essa realidade, podemos encorajar uma mudança de mentalidade em relação ao TEA.
Cada pessoa no espectro é única, e suas características individuais não podem ser reduzidas a uma única aparência.
Aceitar essa diversidade é o primeiro passo para criar um ambiente mais inclusivo, onde as pessoas com autismo se sintam compreendidas e valorizadas.
Exemplos de inclusão para pessoas com autismo
A inclusão ativa de pessoas com autismo em diversos contextos é fundamental para promover uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
- Na educação, estratégias como salas de aula inclusivas, adaptações curriculares e suporte individualizado são práticas que beneficiam estudantes no espectro autista.
- No ambiente de trabalho, a conscientização sobre o autismo e a implementação de políticas inclusivas são essenciais para criar oportunidades equitativas.
- Além disso, espaços públicos e comunidades podem se tornar mais acessíveis através da promoção de atividades inclusivas e eventos que considerem as necessidades das pessoas com autismo.
Conclusão
Desassociar que o autismo de cara é um passo importante para promover a inclusão e aceitação genuínas. Os estereótipos prejudicam não apenas as pessoas no espectro autista, mas toda a sociedade, impedindo o entendimento da diversidade humana.
Ao desconstruir o mito da “cara” do autismo, abrimos caminho para uma sociedade mais empática, onde as diferenças são valorizadas e celebradas.
A educação, a conscientização e a promoção ativa da inclusão são ferramentas poderosas para transformar percepções e construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.
Ao abordar e desconstruir esses mitos, é possível abrir caminho para um entendimento mais amplo e respeitoso do autismo. A compreensão de que o espectro autista é diverso e multifacetado é crucial para construir uma sociedade mais inclusiva e empática.
Afinal, a aceitação da diversidade no espectro autista é um passo significativo em direção a um mundo mais equitativo e respeitoso para todas as pessoas, independentemente de suas características neurológicas.
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