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Os termos “atípico” e “típico” estão cada vez mais populares entre pais, professores, educadores e médicos para definir as diferentes características da vivência e aprendizado de crianças e adolescentes com autismo ou outros transtornos do desenvolvimento.
Mas, mesmo com essa popularização, muitas pessoas podem ficar confusas sobre a diferença entre esses termos e não entenderem ao certo quais suas origens ou o que eles significam.
Além disso, muitas pessoas associam o termo atípico apenas com o autismo, quando, na verdade essa nomenclatura pode se referir a outros transtornos ou aspectos do desenvolvimento infantil.
Por isso, neste texto você vai entender o que de fato significa falar que alguém é atípico e qual a diferença entre os termos.
O que significa desenvolvimento atípico e típico?
Desde o nascimento, cada pessoa passa por um período diferente de crescimento, atingindo determinados “marcos do desenvolvimento” de acordo com a idade. Assim, é possível entender se a criança está se desenvolvendo de acordo com o esperado.
Quando esses marcos não são atingidos ou até mesmo demoram mais a aparecer, dizemos que a criança apresenta sinais de atraso no desenvolvimento. Embora não seja nenhuma regra, esse atraso, muitas vezes, pode estar relacionado com algum transtorno ou condição, como o TEA, por exemplo.
Dessa forma, as nomenclaturas típicas e atípicas são usadas para definir o desenvolvimento de uma criança ou adolescente. Por isso, o tempo “atípico” é utilizado para sinalizar os indivíduos que mostram esses sinais de atraso no desenvolvimento e possuem qualquer tipo de prejuízo no processo cognitivo, de ensino e aprendizagem e necessitam de suporte para atividades diárias.
Por exemplo: alguém no espectro que apresenta barreiras na interação social pode ter um desenvolvimento atípico esperado para determinada idade. Logo, essa pessoa precisará aprender de uma maneira diferente do típico para aquela etapa da vida.
Diferença entre atípico e típico
Esses termos, na verdade, são abreviações das nomenclaturas: Neuroatípicos e Neurotípicos. Eles são uma maneira correta de se referir a pessoas com autismo, sem autismo ou até mesmo outros tipos de transtornos.
Vamos entender melhor cada um deles:
Neurotípico
Neurotípico é um termo usado para falar de pessoas que apresentem o desenvolvimento neurológico típico, ou seja, dentro dos padrões regulares e esperados para cada idade e sem nenhum transtorno diagnosticado. De forma literal, a palavra “neurotípica” significa “neurologicamente típico”. Isto é, sem prejuízos neurológicos.
Podemos usar para falar de algum adulto ou criança funcional e que não apresenta nenhuma alteração ou dificuldade cognitiva significativa.
Neuroatípico
Esse conceito é usado para falar de pessoas que apresentam alguma alteração no funcionamento cognitivo, neurológico ou comportamental. Ou seja, podemos usar para nos referirmos a pessoas com TEA, TDAH, Síndrome de Tourette, Dislexia, Depressão, entre outros.
Além de atípico, é muito comum ouvirmos também Neurodivergente. Essa é outra maneira de falarmos de uma pessoa cujo desenvolvimento neurológico, ou alguns aspectos do seu processo neurológico, são atípicos, ou seja, diferente do padrão que existe em uma sociedade.
Já a Neurodiversidade diz respeito às inúmeras variações possíveis do sistema neurológico humano, variações que são completamente naturais. Assim como duas pessoas podem ter a altura ou a cor dos olhos diferentes, por exemplo, elas também podem apresentar tipos neurológicos distintos. Afinal, nenhuma pessoa é igual a outra.
Aliás, o termo atípico se popularizou nos últimos anos por conta da série da Netflix “Atypical”, uma história sobre a vida de Sam (Keir Gilchrist), um menino no espectro que decide arrumar uma namorada e se tornar mais independente.
Por que usamos o termo atípico?
Ao longo dos anos, as palavras usadas para classificar o desenvolvimento atípico foram mudando, são vários os termos criados para distinguir pessoas com deficiência, e que costumam refletir a percepção da sociedade sobre essa população.
Quanto mais espaços de discussão e conscientização sobre o tema tivermos, melhor será o entendimento das pessoas de que alguns termos não são inclusivos. Por exemplo, “pessoas com deficiência” ou “deficientes” são termos que foram modificados para “pessoas com deficiência (PCDs)”, que é uma maneira muito mais respeitosa, inclusiva e exata para definir alguém com deficiência.
O termo atípico se refere a uma característica em relação ao desenvolvimento ou etapas de aprendizado, e não um grupo em particular, e por isso, é mais abrangente. Dessa forma, é preferível usá-lo ao invés de “especial”.
É importante frisar que os termos mudam principalmente pelas novas descobertas e atualizações da medicina, que faz mais estudos e encontra maneiras mais confortáveis de melhorar o acolhimento, representatividade e compreensão das pessoas.
Os desafios da maternidade atípica
É muito comum que na hora que médicos e profissionais da saúde falem sobre o filho ser atípico, o termo “pais e mães atípicos” também aparecem na conversa. Isso porque, esse nome foi ampliado para as pessoas cuidadoras como forma de criar uma rede de apoio e até mesmo trocar experiências sobre os desafios dessa jornada.
Muitas vezes, mães de pessoas com autismo, ou de pessoas com deficiência, no geral, muitas vezes carregam o título de guerreira por se desdobrarem na rotina e fazerem de tudo para garantir a qualidade de vida de seus filhos.
Mas precisamos tomar cuidado, pois esse romantismo da maternidade atípica pode atrapalhar ao invés de ajudar, mascarando o que, na verdade, é uma sobrecarga de funções.
Inclusive, um estudo norte-americano avaliou que as mães de crianças com TEA passam duas horas a mais por dia cuidando de seus filhos se comparado a mães de crianças neurotípicas. Além disso, elas também possuem muito mais interrupção durante o trabalho.
Dessa maneira, precisamos expandir a conversa sobre filhos e maternidade atípica, criando maiores redes de apoio e ambientes seguros para mães, pais e pessoas cuidadoras. Em nosso blog, temos um texto completo sobre esse assunto, vale a pena ler:
Maternidade Atípica