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menina brava com braço cruzado. Ela passar com uma crise TOD

O que é Transtorno Opositivo Desafiador (TOD)?

O Transtorno opositivo desafiador (TOD) é uma condição que envolve diversos fatores e possui sintomas que se iniciam na infância.

É importante compreender que esse transtorno não define uma pessoa por completo. Com o apoio adequado, é possível superar essas dificuldades e promover um ambiente de compreensão e apoio.

Para entender mais sobre esse assunto, conversamos com o Dr. Ênio Roberto de Andrade, psiquiatra da infância e adolescência e diretor do SEPIA no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina FMUSP.

O que é comportamento opositor desafiador?

Menina tapando os ouvidos com as mãos. Prática comum em crianças com transtorno opositivo desafiador.

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é uma condição que geralmente se manifesta durante a infância e adolescência. Envolve comportamentos desafiadores e impulsivos em relação a autoridades, como pais e professores. Esse comportamento vai além do comportamento típico desafiador ou de oposição observável em crianças em desenvolvimento.

Sinais e sintomas do Transtorno Opositivo Desafiador (TOD)

O Transtorno Opositivo Desafiador geralmente se manifesta na infância, podendo prevalecer até na adolescência e início da vida adulta. Geralmente, são professores em sala de aula que percebem os primeiros sinais do transtorno, visto que a escola é um ambiente com regras e combinados.

Crianças com TOD exibem comportamentos desafiadores e desobedientes de maneira recorrente. Elas têm dificuldade em controlar suas emoções, e como geralmente esse transtorno está ligado à criança, ela sente dificuldade em organizar os próprios pensamentos e sentimentos, apresentando comportamentos desafiadores como crises de raiva e/ou choro.

O Dr. Ênio explica: “uma coisa que tem que ficar clara é que ninguém gosta de ser frustrado, o que acontece é que crescemos e vamos aprendendo a lidar com essas frustrações”, e completa: “por isso, essas crianças que têm TOD, entendem de uma maneira diferente as regras e os limites, elas acham que aquilo com elas é mais ofensivo do que com outras crianças”.

Por isso, elas tendem a argumentar e desafiar constantemente figuras de autoridade, como pais, professores e outros adultos. Além disso, podem manifestar irritabilidade crônica, demonstrar ressentimento em relação a regras e limites e não saber controlar uma crise de irritabilidade quando são desafiadas a obedecerem.

Quais intervenções são indicadas para o TOD?

É essencial buscar apoio profissional ao lidar com o Transtorno Opositivo Desafiador. Um diagnóstico preciso por parte de um profissional de saúde mental é fundamental.

Dependendo da gravidade dos sintomas, diferentes abordagens terapêuticas podem ser recomendadas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode auxiliar as crianças a desenvolver habilidades de controle emocional e gerenciamento de comportamento.

Além disso, programas de treinamento para pais podem ser eficazes no fornecimento de estratégias para lidar com os desafios associados ao TOD.

Segundo Dr. Ênio, “o tratamento não é medicamentoso, mas principalmente com terapia cognitiva comportamental e treino parental”. Ele ainda reforça: “o uso de medicamento só pode ser associado quando a pessoa se machuca, ou por alguma agitação que não está diretamente ligada ao TOD, como o TDAH, por exemplo”.

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) tem cura?

É fundamental que a pessoa com TOD esteja em terapia cognitiva comportamental, para estimular o desenvolvimento em diversas áreas da vida, principalmente a social. Não existe medicamento para “curar” esse transtorno, mas ele tendem a desaparecer, segundo o Dr Ênio:

“É comum que as crianças tenham mais sinais de TOD na infância, e esses sinais vão diminuindo na adolescência. Ele pode, sim, desaparecer. Ele melhora com o envelhecimento, até porque a pessoa entende mais as regras, que não vale a pena se opor a todas as regras que existem”.

Em alguns casos, quando o transtorno está causando danos físicos à pessoa, principalmente derivado das crises de autoagressão, existe o uso de medicamentos pensando em diminuir a agitação.

Lidando com Transtorno Opositivo Desafiador no dia a dia

Enquanto o tratamento profissional é essencial, existem algumas dicas que podem ajudar os pais e pessoas cuidadores no dia a dia a promoverem uma experiência mais saudável para pessoas com esse transtorno. Como:

  • Estabelecer rotinas consistentes — definir limites claros e reforçar comportamentos positivos podem contribuir para o manejo do Transtorno Opositivo Desafiador;
  • Buscar o apoio — de grupos de apoio e educar-se sobre a condição;
  • Terapia para pessoas cuidadoras e professores da criança — para entender como auxiliar em comportamentos desafiadores como as crises.

“A intervenção não pode ser verbal ou física. Na hora de uma crise de TOD, a criança precisa se acalmar para fazer a abordagem, pois a criança não vai entender a abordagem no momento em que tem muito a processar”, reforça o psiquiatra.

Desobediência no autismo nem sempre significa TOD!

Muitas pessoas acreditam que o transtorno se resume em apenas desobediência, e por isso imaginam que crianças autistas também têm o transtorno por simplesmente não aceitarem um combinado, mas não é bem assim.

Dr. Ênio reforça: “levar em conta o diagnóstico diferencial, muitas crianças com TEA não entendem as ordens, mas ela não entende e não quer mudar, como, por exemplo, uma mudança na rotina, isso vai deixar ansiosa, mas não significa que ela tem TOD”.

E como diferenciar se a criança está lidando com uma ansiedade pela falta de previsibilidade, ou se está sofrendo uma crise por conta do TOD? É o que o psiquiatra explica: “as crianças autistas, que também lidam com o Transtorno Opositivo Desafiador, vão ser bem mais opositoras às regras, é um comportamento desafiador que prevalece independente da mudança da rotina”.

Qual a prevalência de TOD em pessoas com autismo?

Existem estudos que investigaram a prevalência do Transtorno Opositivo Desafiador em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora os resultados variem entre os estudos, algumas pesquisas sugerem que a taxa de ocorrência do TOD em crianças autistas pode ser mais alta do que em pessoas típicas.

“O que a gente tem que ter em mente, é que o TOD é muito frequente, então se fizer contas matemáticas, 15% das crianças têm TOD e 2% das crianças tem a chance de ter TEA”, explica o psiquiatra, “então há uma possibilidade grande de que você vai ter uma criança que apresente TEA e TOD”.

Um estudo publicado na revista científica “National Library of Medicine” examinou a prevalência do TOD em crianças com TEA, devido às crises de estresse constantes.

Os resultados indicaram que a taxa de transtorno entre crianças autistas era significativamente maior em comparação com crianças sem TEA. No entanto, é importante ressaltar que a presença de TOD em crianças autistas pode variar amplamente, e nem todas as crianças autistas apresentam esse transtorno comórbido.

Embora esse estudo e outros forneçam algumas evidências da associação entre o TOD e o TEA, é importante reconhecer que a ocorrência desses transtornos pode variar.

Cada pessoa é única, e o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos por profissionais de saúde qualificados com base nas necessidades individuais de cada criança.

Conclusão

É fundamental compreender que, apesar do Transtorno Opositivo Desafiador causar danos à saúde e ao bem-estar da pessoa, com intervenções adequadas, é possível promover um ambiente de compreensão e apoio, permitindo que a pessoa desenvolva habilidades para lidar melhor com suas emoções e comportamentos desafiadores.

Com a ajuda de profissionais da saúde mental, é possível trabalhar em conjunto para encontrar estratégias e soluções que melhorem a qualidade de vida, fortalecendo os laços familiares e promovendo o bem-estar geral.

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