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Educação Inclusiva: professor está abaixado ao lado da mesa da aluna, apontando para o caderno dela, de forma que explique o exercício de sala de aula de forma individual.

Educação inclusiva: o autismo e os desafios no ensino regular

A educação inclusiva é uma prática educacional que busca acolher as crianças com autismo, neurotípicas e neuroatípicas que possuem dificuldade na alfabetização, atingindo o desenvolvimento intelectual. A função da educação inclusiva é tornar acessível todo conteúdo trabalhado em sala de aula.

Geralmente, os alunos precisam de um apoio constante durante as aulas, seja através do material didático adaptado, ou de um professor de educação inclusiva que acompanhe a criança, além do docente da sala de aula.

Esse acompanhamento é garantido por lei, e cuidadores de crianças com autismo podem exigir a educação inclusiva em qualquer escola.

Neste artigo, vamos falar mais sobre a importância de garantir uma educação que seja inclusiva para crianças neurodivergentes, não apenas com TEA, mas com TDAH, dislexia, discalculia, etc, que precisam de um suporte para aprenderem.

A presença da criança atípica no ambiente escolar

Toda criança é única, portanto, o processo de aprendizagem também é singular. Cada uma aprende no seu tempo, porém quando o material é acessível e adaptado, e com uma equipe de docentes que oferecem o apoio constante, o processo de desenvolvimento da escrita, fala e aprendizagem torna-se muito mais linear.

É preciso salientar que todo aluno pode aprender. Afinal, aprendizagem é característica do ser humano.

Quando falamos em dificuldades na jornada de alfabetização, podemos relacionar a um dos principais desafios enfrentados pelas crianças autistas: a dificuldade para socializar com o círculo educacional que as cercam.

Por isso, é muito importante fazer com que a criança com TEA sinta que pertence ao ambiente escolar. Assim como outro aluno típico, por exemplo:

  • Incluir em atividades e brincadeiras;
  • Oferecer espaço para ser feita leitura em sala de aula;
  • Convidar a participar do momento de perguntas e respostas (oferecer para tirar uma dúvida, ou contar algo a respeito da atividade).

Claro que todas essas ações precisam ser feitas de forma natural, sem ultrapassar os limites da criança. É importante que o docente esteja disposto a entender os gostos e as características das crianças.

O professor precisa ser o mediador nesse processo de inclusão, que muitas vezes nem precisa ser feito de forma oral entre o aluno e os outros colegas. Um momento para assistir e falar de um desenho favorito já é essencial para criar um senso de identificação.

Alfabetização na educação inclusiva

Uma das preocupações das pessoas cuidadoras é se a criança autista consegue aprender a escrever, mas antes de compreender se a criança vai aprender a escrever (e consequentemente ler), é preciso prestar atenção em um aspecto: a criança consegue e se comunicar e/ou compreender uma conversa?

É preciso lembrar que a comunicação pode ser feita além da oralidade. Em casos desafiadores, como o atraso da fala, a criança pode ampliar as formas de comunicação através da linguagem funcional, como no caso da Comunicação Aumentativa e Alternativa.

É importante que antes de aprender a escrever, ela saiba se comunicar. A consequência do aprendizado da escrita pode ocorrer de acordo com toda a jornada que a criança já percorreu ao longo de seu desenvolvimento.

Para que o processo de escrita seja eficaz, é preciso aproximar o aluno ao ato de utilizar lápis e papel. Ele precisa se familiarizar com a ação, mesmo que no início não escreva uma letra por completo. Alguns passos comuns até chegar a escrever uma frase completa são:

  • Primeiros rabiscos – O ato de pegar no lápis para riscar o papel oferece liberdade, estimula a criatividade e ainda promove o desenvolvimento motor fino, segurar na ponta do lápis exige um esforço;
  • Desenhos com formas – Desenhar bolinhas, cobrinhas e riscos diversos remetem as letras do alfabeto;
  • Escrever por cima do pontilhado – Pedir para o aluno pontilhar a vogal “A” promove familiarização com o alfabeto, que no futuro será apresentado com calma;
  • “Copiar” o nome de algum personagem com o desenho ao lado – Quando a criança reproduz um nome do personagem, mesmo sem saber o que significa, ela associa o que escreveu a imagem que vê.
  • Por exemplo: ao orientar a criança “copiar” o nome do personagem Bruno(Thomas & Seus Amigos) e ao lado colocar a imagem do trenzinho, ela cria associação de que o nome do personagem se escreve daquela maneira. E em outro momento poderá recordar as linhas que formam o nome B R U N O.

Dessa forma, o aluno desenvolve o processo de conhecimento das letras, além da fonética quando formam uma sílaba. Durante as tentativas de escrever, pode ser que as letras se alternem. Por exemplo, ao se deparar novamente com a imagem do trenzinho, pode ser que falte um R entre o nome “bruno”, mas o aluno já associa a escrita à imagem. E isso faz parte do processo de aprendizagem da escrita.

Como ajudar uma criança autista em sala de aula?

Antes de entender sobre as dicas para ajudar um autista em sala de aula, é preciso reforçar que os professores precisam estar preparados para receber os alunos, ou seja, é preciso que o corpo docente esteja verdadeiramente dedicado a entender as necessidades e possíveis mudanças que podem afetar o plano de aula.

Muito além de transmitir o conhecimento, o professor precisa acolher não só a criança, mas o núcleo familiar que confia grande parte do dia ao profissional de educação.

  • Deixe a rotina clara – Ofereça previsibilidade. Montar um quadro com as atividades do dia deixam a criança autista mais segura no ambiente, ainda mais se for a primeira experiência com a escola. Além disso, alguns processos da rotina podem ser repetitivos, como a hora de lavar as mãos para ir tomar o lanche, hora do desenho, da saída, etc, e esse padrão facilita a criança a compreender o ambiente em que está inserido, evitando momentos de comportamentos desafiadores e até ansiedades.
  • Promova adaptação ao ambiente escolar – Convidar a criança a conhecer a sala de aula, o pátio e outros ambientes da escola é muito importante para que ela explore o espaço e fique tranquilo até que entenda onde está.
  • Evitar ruídos – O espaço da escola pode ser muito barulhento! Perceba se isso afeta a sensibilidade da criança com TEA, caso aconteça, é importante solicitar para que os pais providenciem um fone para abafar os ruídos.
  • Entenda os interesses da criança – O aprendizado torna-se ainda mais fluido quando o aluno gera certa identificação com o assunto da aula. Sempre há um desenho que é sucesso entre o grupo, e atividades voltadas ao tema estimulam a criatividade.
  • Use recursos visuais – Os recursos visuais são ótimos aliados para uma sala que está em processo de alfabetização. Imagens podem compor o quadro de rotina, ou ensinar o passo a passo de alguma outra atividade (até mesmo da vida diária).
  • Ofereça materiais adaptados – Adapte o conteúdo, mas sem diferenciar dos alunos típicos. Um recurso para utilizar é o Plano Educacional Individualizado (PEI), que planeja metas dentro da proposta educacional, e promove a inclusão de pessoas com autismo no ambiente escolar.
  • Promova a socialização – As responsáveis por promover a interação entre os alunos são as atividades coletivas como: atividades e tarefas em grupo, jogos e brincadeiras. Mas é importante salientar que o docente precisa estar atento a como o aluno autista vai reagir ao estar em contato com algumas atividades, pode ser que uma específica o deixe mais confortável.

Educação inclusiva garantida por lei

Todo autista tem direito de ir para a escola. Esse é um direito garantido pela

Lei Berenice Piana, de 2012, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA.

A lei institui os direitos dos autistas e suas famílias em diversas esferas sociais. Além das pessoas com o transtorno de espectro autista terem direito de frequentarem as escolas, a lei garante também esses direitos:

  • A obtenção de diagnóstico precoce;
  • Tratamento multidisciplinar;
  • Acompanhante de professor especializado em educação inclusiva;
  • Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) em contraturno escolar.

Projeto de Lei 3035/20

O Projeto de Lei 3035/20 tem como propósito reforçar a importância das instituições de ensino oferecerem a educação inclusiva para alunos neurodivergentes. A proposta é tornar mais acessível a presença do professor especializado em educação inclusiva para realizar o acompanhamento necessário que atenda as necessidades de cada aluno.

Entre os objetivos da política estão:

  • Oferecer oportunidades educacionais adequadas às necessidades dos alunos;
  • Definir a atuação interdisciplinar como ferramenta para o trabalho dos profissionais envolvidos;
  • Estabelecer padrão mínimo para formação acadêmica e continuada de profissionais e para a constituição de equipes multidisciplinares.

Além disso, de acordo com a Agência Câmara de Notícias, o Projeto de Lei prevê que as escolas da educação básica deverão promover a adaptação do ambiente, levando em consideração, além do déficit de mobilidade, a realidade neurossensorial e o comportamento do estudante, sem custos adicionais para pais ou responsáveis.

Quer saber mais sobre os direitos das crianças autistas? Em nosso blog temos um conteúdo dedicado às Leis que beneficiam pessoas no espectro autista. Acesse:

Direitos dos Autistas

Conheça nosso atendimento para autismo

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