Índice de Conteúdos
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda como as pessoas veem e interagem com o mundo. É muito comum que os primeiros sinais de autismo sejam percebidos logo na infância pelos pais ou pessoas cuidadoras.
Dessa forma, estar atento a esses sinais é fundamental para conseguir identificar o transtorno precocemente para início das terapias e intervenções que buscam o desenvolvimento de cada criança.
Neste texto, abordaremos os sinais de autismo em diferentes faixas etárias e as intervenções essenciais para promover o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas com TEA. Confira!
O que é autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Pelo autismo ser considerado um espectro, exatamente por sua manifestação única e singular em cada pessoa, é muito importante lembrarmos que cada pessoa com autismo têm suas próprias necessidades e habilidades, tornando o transtorno muito diverso.
Algumas pessoas no espectro podem necessitar de apoio extra em suas atividades diárias, enquanto outras são mais independentes. Por isso, os sinais e sintomas de autismo podem ser diferentes para cada pessoa, mas sempre com diagnóstico baseado nos critérios diagnósticos do DSM-5.
Nota importante: apesar do termo sintomas de autismo ser bem comum, o TEA não é uma doença, mas sim um transtorno, como falamos! Dessa forma, não existe uma cura, mas intervenções que podem potencializar a qualidade de vida.
Por esse motivo, o termo mais correto para se referir são sinais de autismo. Neste conteúdo, usamos os dois termos, de modo que as pessoas que procuram por “sintomas de autismo” consigam chegar até essa informação e esclarecer suas dúvidas.
Qual a diferença entre sinais e sintomas?
Apesar de muitas vezes serem usadas como sinônimos, existe diferença entre os termos “sinais” e “sintomas”. Sinais são comportamentos ou manifestações que outra pessoa nota em alguém. Já sintomas, são as queixas de um indivíduo sobre algo que ele está sentindo, seja momentaneamente ou regularmente.
Quando pensamos no TEA, os sinais de autismo seriam os comportamentos observados pela família, amigos, pessoas cuidadoras e profissionais em uma criança, como falta de contato visual, dificuldade na interação social e outros.
Já os sintomas, seriam algo que a própria pessoa identifica a partir de suas vivências e representatividade de outras pessoas. Assim, pode ser mais comum que adolescentes ou adultos percebam sintomas de autismo em sua rotina e busquem um diagnóstico tardio, por exemplo.
Exatamente por isso é muito importante termos cada vez mais espaços de inclusão e representatividade para pessoas autistas. Isso ajuda que cada vez mais pessoas se identifiquem e possam buscar o diagnóstico.
Quais são os sinais de autismo?
Os dois sinais do autismo mais comuns para pessoas diagnosticadas com TEA são prejuízos persistentes na comunicação e interação social; e padrões restritos ou repetitivos de movimentos, interesses ou atividades.
Os primeiros sinais de autismo podem surgir por volta dos 18 meses do bebê, e o diagnóstico pode ser fechado antes da criança completar dois anos de idade.
Mesmo quando bebês, crianças no espectro apresentam características como foco excessivo em determinados objetos e raro contato visual.
Em alguns casos, a criança parece se desenvolver tipicamente até o segundo ano de vida e começa apresentar os sintomas de autismo após esse período, é o que especialistas chamam de autismo regressivo.
Além disso, os sinais mais comuns do espectro são aqueles conhecidos como díade do autismo:
Dificuldades na comunicação social e interação social
- Ausência ou dificuldade de fala: muitas vezes, pessoas autistas apresentam compreensão reduzida da fala, falar em eco, dificuldade de entonação e uso de linguagem exclusivamente literal;
- Falta ou ausência de contato visual: muitas crianças autistas, desde muito pequenas, não fixam o olhar nos olhos do outro em uma interação ou conversa. Elas também têm dificuldades com gestos, expressões faciais e corporais;
- Imagem corporal rígida, exagerada, ou diferente do esperado pelos padrões sociais: isso também está diretamente relacionado à dificuldade para coordenar a comunicação não verbal com a fala;
- Dificuldade de interagir: o que implica em dificuldades para brincar com outras crianças, fazer amizades, iniciar interações e se relacionar com os outros;
- Prejuízos na interação social: muitos autistas, mesmo adultos, têm dificuldade no processamento de respostas a situações sociais mais complexas, como, por exemplo, saber quando entrar em uma conversa, ou o que se deve ou não dizer. Pessoas diagnosticadas com autismo raramente dominam essas habilidades sociais, e não entendem ironias e possíveis mentirinhas ou brincadeiras.
Padrões restritivos e repetitivos
- Fixação ou fascínio por certos objetos: normalmente se manifesta pela criação de rituais e fixações por certos temas, brinquedos, objetos, personagens, etc. É comum utilizarem brinquedos de maneira peculiar, que lhes seja interessante, e podem também ter certo fascínio por luzes e objetos que piscam e giram;
- Movimentos repetitivos com o corpo ou fala: (estereotipias e ecolalia): com seus próprios corpos, abanam as mãos, estalam os dedos, e balançam o corpo. Por meio da fala, apresentam ecolalia de palavras, frases e letras, ou seja, repetição mecânica de palavras ou frases que ouvem.
Vale lembrar que nem todas as pessoas com autismo apresentam todos esses sinais, assim como muitas pessoas que não estão no espectro podem apresentá-los. Por isso, se houver suspeitas é importante buscar ajuda profissional para o diagnóstico de autismo.
IMPORTANTE. Caso você identifique qualquer uma das características que vamos descrever em uma criança, é importante buscar o mais rápido possível um profissional nas áreas de neurologia ou psiquiatria (normalmente um neuropediatra ou psiquiatra infantil).
Quanto antes a criança for diagnosticada corretamente e iniciar um acompanhamento, maiores as chances de desenvolver todo seu potencial e se integrar à sociedade.
Quais são os sintomas de autismo em bebês?
Alguns sintomas de autismo comuns em bebês com menos de um ano de idade são notados pelos pais e cuidadores. Esses sinais incluem:
- Ausência de sorriso social: isso significa que o bebê não sorri ou responde com um sorriso quando alguém se aproxima ou tenta brincar com ele.
- Falta de contato visual: isso é frequentemente percebido durante a amamentação, quando o bebê não faz contato visual com a mãe ou cuidador, como é comum em bebês típicos.
- Ausência de choro ou choro excessivo: alguns bebês com autismo podem não chorar quando estão com fome, desconfortáveis ou precisam de atenção, enquanto outros podem chorar excessivamente sem um motivo aparente.
Além desses sinais precoces, outro indicativo comum é a falta de interesse em seguir objetos visualmente ou a incapacidade de imitar atitudes, ou gestos à medida que o bebê cresce.
É importante lembrar que esses sinais podem variar de um bebê para outro, e a presença de um ou mais deles não significa automaticamente que a criança tenha autismo.
No entanto, se os pais ou cuidadores notarem esses sinais persistentemente, é aconselhável procurar orientação médica para uma avaliação mais aprofundada.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo podem ser implementadas intervenções e apoio adequados.
Quais são os sintomas de autismo em crianças?
Outros sintomas de autismo que podem surgir à medida que a criança cresce incluem:
- Atraso ou dificuldade no desenvolvimento da fala: a criança pode demorar mais para falar suas primeiras palavras ou pode ter dificuldade em se comunicar verbalmente.
- Atraso ou dificuldade na coordenação motora fina e grossa: isso pode se manifestar como desafios na escrita, no uso de talheres, na prática de esportes ou em atividades que envolvem coordenação física.
- Ecolalia: algumas crianças com autismo apresentam comportamentos de repetição, como repetir frases ou palavras que ouvem em desenhos animados, filmes ou em outras situações, mesmo que essas repetições não tenham contexto na comunicação atual. Esse comportamento é chamado de ecolalia.
É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais não é necessariamente indicativa de autismo por si só, mas podem ser indicativos de uma avaliação mais aprofundada por um profissional de saúde, especialmente se esses sinais persistirem ao longo do desenvolvimento da criança.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo intervenções apropriadas podem ser implementadas para ajudar a criança a desenvolver suas habilidades.
Como saber se um adolescente ou adulto está no espectro autista?
Hoje em dia não é incomum que adolescentes e até mesmo pessoas adultas recebem o diagnóstico tardio de autismo.
Isso porque a maioria delas está dentro do que chamamos de autismo nível 1 – ou autismo leve, quando há menos necessidade de suporte comparado aos outros graus de autismo.
Nesses casos, são frequentes os relatos de que essas pessoas tiveram uma infância complicada, na qual sofreram bullying e sempre se sentiram diferentes de outras pessoas com quem conviviam e com dificuldades na interação.
Outros sinais de autismo em adolescentes e adultos são:
- Ter dificuldade em entender e lidar com as chamadas “regras sociais”;
- Dificuldade em perceber e entender expressões faciais e sinais não verbais (entrelinhas);
- Apego a rotina e dificuldade em lidar com mudanças;
- Se isolar com frequência e evitar se expor a situações onde vai encontrar com muitas pessoas, como festas e passeios em locais lotados.
Apesar da depressão e da ansiedade não serem sinais de autismo em adolescentes e adultos, eles podem desenvolver esses transtornos, principalmente porque a falta de diagnóstico faz com que se sintam incompreendidos e julgados.
Quais são os manuais de diagnóstico do autismo?
Para diagnosticar o autismo, os profissionais usam manuais como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças e Transtornos Mentais).
Esses documentos fornecem regras e critérios para os diagnósticos. Os manuais são atualizados regularmente para garantir que os profissionais tenham as informações mais recentes.
Atualmente, estamos na 5ª edição do DSM, chamada DSM-5, e na 11ª edição da CID, a CID-11. Isso ajuda os profissionais a diagnosticar os sintomas de autismo de forma precisa e atualizada.
Por isso, quando alguém recebe um diagnóstico de autismo, a pessoa passou por avaliações neuropsicológicas que mostraram que ela tinha os critérios diagnósticos presentes nesses documentos.
Como é feito o tratamento de autismo?
Como falamos, o autismo não é uma doença, por isso o termo “tratamento” está sendo usado para ajudar pessoas que buscam informações sobre isso. O que temos são intervenções e estratégias de ensino que focam no desenvolvimento da pessoa autista.
Como o diagnóstico de autismo não é feito por meio de exames médicos e, portanto, pode levar um tempo para ser confirmado, os profissionais de saúde enfatizam a importância de iniciar a intervenção precoce o mais cedo possível.
Essas intervenções geralmente envolvem uma equipe de profissionais de diversas especialidades, que trabalham juntos em terapias que ajudam a criança a desenvolver suas habilidades. Essa equipe pode incluir profissionais da:
- Psicologia: que ajuda a entender e abordar questões emocionais e comportamentais;
- Terapia Ocupacional: que trabalha na melhoria das habilidades motoras e no desenvolvimento de habilidades práticas do dia a dia.
- Fonoaudiologia: trabalhando na melhoria da comunicação, incluindo fala e linguagem.
- Neuropediatria: com especialização no diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos em crianças.
- Neuropsicologia: para avaliar e trabalhar nas funções cognitivas e no desenvolvimento intelectual.
Além disso, entre as abordagens mais comuns para o autismo está a ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que utiliza estratégias baseadas em evidências científicas para o desenvolvimento de pessoas com TEA.
Iniciar o tratamento precocemente e contar com uma equipe multidisciplinar pode fazer uma grande diferença no progresso e no desenvolvimento da criança com autismo.
Conclusão
O autismo é diferente para cada pessoa, com necessidades e capacidades únicas. Os sinais, como dificuldades na comunicação social e padrões de comportamento repetitivos, podem aparecer cedo na infância.
Começar as intervenções cedo com uma equipe de profissionais ajuda as crianças a desenvolver suas habilidades e alcançar seu potencial. Com o apoio certo, as pessoas com autismo podem enfrentar os desafios do mundo de forma mais eficaz.
Com o apoio adequado, as pessoas com autismo podem alcançar seu pleno potencial e enfrentar os desafios do mundo de maneira mais eficaz! Para saber mais sobre as intervenções para o TEA, acesse o conteúdo abaixo: