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Muitas pessoas cuidadoras têm dúvidas quanto ao uso de medicamento no autismo. Com a divulgação de diversas falsas informações e práticas que não são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é quase impossível pesquisar sobre o assunto e entender se medicamentos podem ajudar pessoas no espectro autista ou não.
Medicamentos podem sim auxiliar pessoas com TEA, principalmente em momentos de crise, mas isso não quer dizer que todo autista precisa fazer uso da medicação! Uma das medicações mais conhecidas pelas famílias e a comunidade do autismo é a Risperidona, a qual é sempre indicada por profissionais.
Mas como saber se meu filho precisa de medicação? E como saber se ele vai ficar bem após fazer uso dela? É o que vamos falar nesse texto!
Medicamento não cura o autismo
É sempre importante lembrar que o autismo não é uma doença, portanto, não tem cura, e nenhum medicamento vai ser capaz de tirar a pessoa do espectro autista.
O autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento, que afeta áreas de desenvolvimento da comunicação, interação social, na fala, no desenvolvimento motor, etc.
A doença está ligada a alterações das condições biológicas de uma pessoa, enquanto o transtorno diz respeito a condições de ordem mental ou psicológica do indivíduo.
Portanto, o medicamento para autismo não é usado como forma de “reverter” o transtorno, ou diminuir os sinais, mas sim como forma de auxiliar em momentos de crises onde a criança pode machucar a si mesma ou as pessoas à sua volta.
Quando a criança autista deve começar a usar medicação?
O uso de medicamentos é recomendado em casos de excesso comportamental, principalmente quando são prejudiciais a jornada de desenvolvimento da criança com autismo, por exemplo, quando apresenta crises de:
- Hiperatividade;
- Estereotipias;
- Psicose;
- Distúrbios que influenciam o sono;
- Fobia excessiva.
É importante ressaltar que a pessoa cuidadora precisa analisar e acompanhar a intensidade dessas crises, junto a um profissional da neuropsicoterapia, terapia ocupacional e pediatria.
Muitas vezes, outras atividades podem substituir o uso da medicação, às vezes mais sessões de terapia ocupacional podem auxiliar nessa jornada e a prática de um esporte também, ou seja, é preciso estar sempre em contato com um profissional da saúde, e fazer um acompanhamento antes de induzir a criança a medicação.
Medicamento e autismo: quais os benefícios?
Apesar de ser um assunto ainda muito delicado pelas famílias, o uso de medicação pode sim promover qualidade de vida e bem-estar para pessoas com TEA.
O uso de medicamentos pode auxiliar no desenvolvimento da comunicação e socialização do autista com seus colegas, familiares e amigo, além disso, muitos medicamentos promovem um maior estímulo visual, mantendo-a atenta ao que está acontecendo ao redor, na sala de aula, por exemplo, ou em um momento de contação de histórias.
O principal objetivo no uso de medicamento no autismo é reduzir alguns transtornos que machucam fisicamente a criança, como por exemplo:
- Reduzir as estereotipias – quando elas machucam a própria criança;
- Reduzir a agressividade – em momentos de crise, quando a criança bate em si mesma ou nas pessoas que cuidam dela;
- Reduzir a irritabilidade – quando mesmo com rotinas e previsibilidade a criança fica muito irritada e apresenta comportamentos desafiadores;
- Reduzir a hiperatividade – quando a criança não consegue se concentrar nas aulas, em conversas e até atividades onde precisa dividir a atenção com os amigos.
Além disso, o uso de medicamentos também auxiliam na redução das comorbidades da pessoa com TEA. Os remédios podem ser utilizados para auxiliar em um distúrbio do sono, por exemplo. Em caso de distúrbios alimentares, causados muitas vezes pela seletividade alimentar, também podem ser controlados com medicação.
Outro benefício no uso da medicação é auxiliar no controle de fobias sociais das crianças com TEA, que evitam estar em locais muito barulhentos ou com muitas pessoas, não só espaços de lazer, mas a escola mesmo, um importante ambiente de aprendizado e socialização. As medicações auxiliam na autorregulação quando surgem essas situações desafiadoras e delicadas.
Tenho medo de medicar meu filho autista, e agora?
De acordo com o artigo do Instituto Neurosaber, alguns cuidadores e responsáveis de pessoas com TEA, podem ter alguma resistência com os remédios por promover modificações negativas na criança, isto é, quando ela:
- Pode apresentar efeitos colaterais a curto ou em longo prazo
- Mudar a personalidade;
- Apresentar o risco de ficar dopada (ou ser estimulada a ter vícios) quando usar medicação.
Existem sim efeitos colaterais no uso de medicação, a criança pode ficar mais “desanimada”, ou desenvolver uma personalidade mais introvertida, porém isso pode ser revertido com o acompanhamento do próprio profissional de saúde que acompanha a criança, que deve oferecer suporte e atividades para auxiliar no desenvolvimento positivo da criança.
Ah, e vamos sempre lembrar que: cada caso é único! Por exemplo: se você conhece uma criança com TEA que é hiperativa e faz uso de medicação, não significa que a sua criança autista com hiperatividade vai precisar usar remédio também. Lembre-se que o TEA varia de acordo com os graus, ambiente em que a criança está inserida, o acompanhamento que ela faz com a equipe de saúde, etc.
Cuidado com a pseudociência!
Lembre-se: somente profissionais de saúde, que realizam intervenções em pessoas com TEA, podem recomendar o uso de medicamentos! Geralmente, é sempre o profissional que acompanha sua criança autista, que já fez acompanhamentos e intervenções ao longo do tempo.
Existem técnicas que não são regularizadas pela OMS, mas que, infelizmente, ainda são muito compartilhadas oferecendo uma cura para o autismo e até prometendo reduzir os sinais.
Duas delas – que são bem conhecidas – já falamos em nosso blog: a ozonioterapia, uma técnica que aplica o gás de ozônio na criança, e a MMS, conhecida como solução mineral milagrosa, é uma substância vendida como medicamento que possui uma composição parecida com a água sanitária, tendo uma mistura de dióxido de cloro, clorito de sódio e pó cítrico, conhecido por fazer o alvejante de cloro.
O medicamento nem sempre é uma solução para cuidar de sua criança com TEA. Busque por intervenções baseadas em evidências científicas, que verdadeiramente promovem saúde, bem-estar, carinho, acolhimento e, acima de tudo, o respeito.
Quer saber mais sobre essas intervenções? Em nosso blog temos muitos conteúdos dedicados a elas, clique no botão abaixo: