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Infelizmente, o bullying ainda é um comportamento agressivo que se faz presente, principalmente, no ambiente escolar, ou até mesmo em pequenos grupos de amigos em atividades extracurriculares.
Geralmente, crianças e adolescentes no espectro do autismo são vítimas desse comportamento agressivo, que pode vir tanto de forma física quanto psicológica (através de palavras de ameaça e provocações).
Esse comportamento acontece por pessoas no espectro, ou neurodivergentes, apresentarem comportamentos atípicos, ou seja, com atitudes que não são esperadas de acordo com a sociedade típica, e por isso são julgadas.
Apesar de ser um comportamento — infelizmente — muito comum, algumas pessoas ficam com medo de denunciar que estão sofrendo bullying, ou não conseguem se comunicar a respeito da agressão que estão sofrendo.
Por isso, esse texto tem a função de alertar pessoas, cuidadoras e profissionais da pedagogia a ficarem em alerta e entenderem como acolher e auxiliar pessoas com TEA que são alvos de bullying no ambiente escolar ou em espaços compartilhados.
O que é o bullying?
O bullying é uma forma de violência repetitiva, intencional e consciente, que pode ser física ou verbal e que ocorre entre pessoas em diferentes ambientes, incluindo escolas, locais de trabalho e redes sociais.
É um comportamento que está relacionado a um desequilíbrio de “poder” nesses ambientes, já que alguém que acredita ter maior controle sobre outras pessoas, tem ações agressivas para diminuir e ridicularizar o outro.
Muitas vezes o bullying não tem um motivo aparente, mas tem a função de:
- Intimidar;
- Humilhar;
- Ameaçar;
- Ofender;
- Prejudica outra pessoa.
As agressões podem ser diretas, de forma física ou verbal, ou indiretas, como exclusão social, difamação ou propagação de rumores. Além de outras formas, como: o assédio moral, a discriminação, o preconceito e os ataques cibernéticos; também chamado de cyberbullying.
O bullying pode causar danos graves à saúde emocional e mental, resultando em baixa autoestima, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, insônia, dentre outros problemas.
Por isso, é fundamental que sejam tomadas medidas para prevenir e combater o bullying em todos os ambientes em que ocorre.
Qual é o dia mundial de combate ao bullying?
O Dia Mundial de Combate ao Bullying é celebrado no dia 20 de outubro. Essa data foi estabelecida visando conscientizar a população sobre os impactos negativos do bullying, promover a prevenção e estimular práticas que favoreçam o respeito e a inclusão, especialmente em ambientes como escolas e locais de trabalho.
Além disso, muitos países também têm dias nacionais específicos para essa conscientização, e algumas campanhas mundiais ocorrem em datas diferentes, como a Semana de Combate ao Bullying.
A iniciativa global ajuda a trazer visibilidade a esse problema e a importância de proteger todas as crianças, especialmente as mais vulneráveis, como as com autismo.
Qual a relação do autismo com o bullying?
Infelizmente, muitas pessoas ainda têm preconceito em relação ao autismo. Isso porque, muitas vezes, não compreendem ou não têm conhecimento acerca do TEA, e caem em pré-conceitos que estão enraizados há anos.
Crianças diagnosticadas com distúrbios do neurodesenvolvimento, como o autismo, vivenciam vários tipos de desafios na escola. Isso pode ser devido à dificuldade da comunicação e também ao relacionamento com outras crianças.
Existem estudos que evidenciam que crianças autistas são mais propensas a sofrer bullying.
O estudo Exploring Potential Modifiers of the Association Between Neurodevelopmental Disorders and Risk of Bullying Exposure traz como objeto de estudo a relação dos alunos típicos e atípicos no ambiente escolar, e aponta que o autismo é o principal fator de risco para a exposição ao bullying entre todos os distúrbios do neurodesenvolvimento.
Além disso, uma pesquisa canadense evidencia que 77% das crianças com TEA relatam ter sofrido bullying no ambiente escolar.
Crianças com outros tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Tourette e Deficiência Intelectual, também estão mais propensas a serem vítimas do bullying; em comparativo com crianças não neurodiversas.
7 sinais de que uma pessoa autista é vítima do bullying
Na jornada de cuidar e apoiar crianças com autismo, é essencial que pais, professores e profissionais de saúde estejam atentos a diversos aspectos de seu desenvolvimento.
Geralmente, quando a pessoa é vítima da violência do bullying, alguns comportamentos se acentuam, permitindo assim observar o reflexo de traumas por conta de tamanha violência.
Alguns sinais de que alguém pode estar sofrendo bullying incluem:
1. Mudanças em seu comportamento ou humor
Por exemplo, quando de repente a pessoa que tende a ser sociável com pessoas que se sente confortável, começa a se isolar ou fica quieta, isso pode ser um sinal de que algo está errado. Também podem ocorrer mudanças de humor, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade.
2. Queda no desempenho escolar
O desempenho escolar cair repentinamente pode ser um sinal de que está sofrendo bullying, pois sente muita distração ou incapacidade de se concentrar.
Se você observar uma queda repentina nas notas ou um desinteresse repentino pela escola, isso pode ser um sinal de que algo está errado. Conversar com os professores e outros profissionais da escola pode fornecer informações adicionais sobre o comportamento da criança durante o dia escolar.
3. Lesões físicas inexplicáveis
Se alguém apresentar ferimentos inexplicáveis, como hematomas, arranhões ou cortes, isso pode ser um sinal de que ele está sendo agredido. Crianças que sofrem bullying podem manifestar mudanças físicas ou emocionais, ou uma piora em problemas de saúde existentes, como dores de estômago ou dores de cabeça.
Também é comum que essas crianças apresentem sintomas de estresse pós-traumático, como pesadelos ou flashbacks.
4. Dificuldade em comunicar o problema
Devido às dificuldades de comunicação que muitas crianças com autismo enfrentam, pode ser desafiador para elas expressar que estão sendo vítimas de bullying. Elas podem não ter as habilidades verbais para descrever o que estão passando ou podem não entender completamente o que está acontecendo. Portanto, é fundamental estar atento a pistas não verbais, como expressões faciais e gestos;
5. Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas
Se alguém de repente perder o interesse em atividades que antes adorava, pode ser um sinal de que ele está se sentindo desmotivado ou triste;
6. Alterações no padrão de sono ou alimentação
Quando surgem problemas de sono ou apetite, isso reflete diretamente em comportamentos de ansiedade e depressão, resultado de traumas gerados pelo bullying.
Uma das primeiras pistas de que uma criança com autismo pode estar sofrendo bullying é a observação de mudanças em seu comportamento padrão em aspectos rotineiros. Essas mudanças podem incluir um aumento na ansiedade, irritabilidade ou retraimento social.
7.Isolamento social
Crianças com autismo já enfrentam desafios na construção de relacionamentos sociais. Se você notar que uma criança está se isolando ainda mais, evitando interações sociais ou perdendo amizades anteriormente sólidas, pode ser um indicativo de bullying.
Monitorar as interações sociais da criança e promover oportunidades para o desenvolvimento de habilidades sociais é crucial.
Lembre-se, esses sinais não garantem necessariamente que alguém esteja sofrendo bullying, mas podem indicar que algo não está certo. Se você suspeitar que alguém está sofrendo bullying, é importante buscar abertura para uma conversa e oferecer apoio.
Como ajudar vítimas de bullying?
Citamos acima que buscar uma abertura para conversar a respeito das agressões pode ser uma opção, mas para algumas pessoas com TEA que possuem dificuldades de socialização, nem sempre é possível avançar para esse lado.
Identificar sinais de que uma criança com autismo está sofrendo bullying requer observação cuidadosa e comunicação aberta com a criança. É importante criar um ambiente de confiança para que a criança se sinta segura ao compartilhar suas preocupações.
Além disso, envolver-se ativamente na escola, estabelecendo parcerias com professores e profissionais de saúde, pode ajudar a garantir que qualquer forma de bullying seja detectada e abordada de maneira eficaz.
Como o bullying geralmente acontece no ambiente escolar, é preciso cobrar um posicionamento da própria unidade de ensino. Se mesmo com conversas e denúncias a escola não está tomando medidas adequadas para proteger a criança, você pode seguir os seguintes passos:
- Exija um plano de ação: peça à escola que apresente um plano de ação, com etapas específicas e detalhadas de que a escola irá tomar para resolver o problema e proteger a criança;
- Mantenha registros: mantenha um registro detalhado de todos os incidentes de bullying que você souber, incluindo a data, hora e local. Compartilhe essas informações com a escola para que eles possam entender a extensão do problema;
- Seja persistente: se você sentir que a escola não está levando o problema a sério, continue a pressionar a escola para que eles ajam. Envie e-mails ou faça chamadas telefônicas regulares para acompanhar o progresso e verifique se o plano de ação está sendo implementado;
- Procure ajuda externa: se a escola não tomar medidas adequadas para resolver o problema, você pode procurar ajuda externa, como um conselheiro escolar, um advogado ou uma organização que lida com questões de bullying. Eles podem aconselhá-lo sobre seus direitos e opções legais e ajudá-lo a tomar medidas adicionais para proteger a criança que está sofrendo bullying.
Lembre-se de que é importante trabalhar em conjunto com a escola para resolver o problema de bullying! Em colaboração e ajuda de toda rede de apoio é mais provável de levar a resultados positivos e acolhimento para a criança que está sofrendo bullying.
Conclusão
Vimos que existe uma ligação bastante forte entre o autismo e bullying, e que identificar sinais de que uma criança com no espectro está sendo vítima desse comportamento é essencial para garantir que elas cresçam em um ambiente seguro e acolhedor.
Lembrando que cada criança é única e pode reagir de maneira diferente ao bullying. Portanto, é fundamental estar atento a qualquer sinal de que algo não está certo e buscar apoio profissional quando necessário.
O apoio e a compreensão da comunidade ao redor da criança com autismo são fundamentais para criar um ambiente seguro e inclusivo onde todas as crianças possam florescer.
Lembre-se sempre da importância da escuta ativa e da criação de um ambiente onde a criança se sinta à vontade para compartilhar seus sentimentos e preocupações.
Se você suspeitar que uma criança com autismo está sofrendo bullying, não hesite em buscar orientação e apoio de profissionais, terapeutas, e especialistas em autismo.
Em nosso blog já falamos sobre o papel da escola, principalmente, na alfabetização e educação da criança no espectro do autismo, para continuar a ler conteúdos desse tipo, clique no botão e acesse nossa guia de conteúdos voltados para a jornada da família: