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O termo “autismo regressivo” descreve quadros em que, após um período de desenvolvimento considerado típico (geralmente acima de 2 anos), a criança apresenta perda de habilidades previamente adquiridas — especialmente de linguagem e interação social. Historicamente, esses casos foram chamados de Transtorno Desintegrativo da Infância (Síndrome de Heller), mas hoje são classificados no Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas classificações atuais (DSM-5/CID-11); ainda assim, a literatura destaca o “marcador” clínico de regressão como relevante para identificação e pesquisa.
Quanto à frequência, a regressão pode ocorrer em uma parcela relevante (≈ 20%–30%) das crianças com TEA, enquanto o antigo diagnóstico de Transtorno Desintegrativo da Infância é raro (≈ 1,1–9,2 por 100.000), com início tipicamente entre 2 e 4 anos. Não há evidências de relação entre vacinação e TEA; de modo geral, as pesquisas apontam para bases neurobiológicas e genéticas complexas, em investigação contínua.
Neste artigo, explicamos o surgimento, sinais de alerta e intervenções baseadas em evidências associadas a quadros com regressão.
O que é autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta como a pessoa vê e interage com o mundo. Os primeiros sinais tendem a aparecer ainda na primeira infância, sendo que alguns, comuns em muitos dos casos diagnosticados mais tarde, são notados desde cedo pela família, como:
- Pouco ou nenhum contato visual (normalmente identificado pela mãe na hora de amamentar o bebê);
- Não responder ao próprio nome, o que às vezes é confundido com dificuldade auditiva;
- Hipotonia (diminuição do tônus muscular, que pode se manifestar em dificuldade para sustentar a cabeça);
- Atraso no desenvolvimento da linguagem, como ausência de palavras até os 2 anos de idade.
De acordo com manuais como o DSM e a CID, para o diagnóstico ser traçado, é necessário que a pessoa apresente sinais da chamada díade do autismo desde a infância:
- Dificuldades na interação e comunicação social;
- Presença de padrões de comportamento restritos e repetitivos — as famosasestereotipias.
Pessoas com TEA podem apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte para realizar as tarefas da vida diária, o que é conhecido também como graus de autismo.
As necessidades de suporte podem variar muito entre pessoas autistas. Algumas necessitam de apoio significativo em atividades da vida diária, como se vestir ou tomar banho. Outras desenvolvem maior autonomia e só descobrem seu diagnóstico na adolescência ou vida adulta.
O que é autismo regressivo?
No chamado autismo regressivo, os sinais não costumam ser identificados logo no início da vida. A criança pode apresentar um desenvolvimento considerado típico, atingindo marcos esperados para sua idade. Muitos familiares relatam que a criança:
- Desenvolveu linguagem oral, com repertório de palavras em expansão;
- Apresentava coordenação motora fina e grossa compatível com a idade;
- Estabelecia contato visual e interagia socialmente com pares.
Por volta de 1 ano e meio há 3 anos, podem surgir sinais de regressão, como:
- Perda de palavras já adquiridas ou diminuição significativa da comunicação oral;
- Redução nas interações sociais e mudanças no comportamento, que podem demandar maior suporte;
- Dificuldade em executar habilidades já aprendidas, como gestos sociais (ex.: acenar, bater palmas).
Quando isso acontece, é comum a família buscar a avaliação de um profissional da pediatria ou neuropediatria e ouvir que a criança está apresentando alguns sinais comuns no espectro do autismo. A partir daí, se inicia uma avaliação para traçar o diagnóstico.
Quais são as causas do autismo?
É comum que famílias, diante dos primeiros sinais, tentem associar o surgimento do TEA a fatores externos. No entanto, é importante reforçar: não há evidências científicas que relacionem vacinação ou eventos familiares (como o nascimento de irmãos) ao desenvolvimento do autismo.
As pesquisas atuais indicam que o TEA tem bases predominantemente genéticas, ou seja, a criança já nasce autista. Diversos genes têm sido associados ao espectro, mas sua interação continua sendo estudada.
Além da genética, fatores ambientais também podem desempenhar um papel, como Idade paterna ou materna mais avançada no momento da concepção;
Mesmo assim, não existe uma única causa isolada, mas sim uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais que pode contribuir para o desenvolvimento do TEA.
Por que o autismo regressivo acontece?
As razões pelas quais algumas crianças apresentam regressão no desenvolvimento ainda não são totalmente compreendidas. Pesquisas sugerem que possam estar envolvidos processos neurobiológicos complexos, como alterações na poda sináptica — mecanismo natural de reorganização das conexões cerebrais que ocorre nos primeiros anos de vida.
Durante o desenvolvimento inicial, o cérebro produz inúmeras sinapses, que depois são refinadas. Esse processo é importante para a maturação neurológica. Em crianças com TEA que apresentam regressão, alguns estudos levantam a hipótese de que a poda sináptica possa afetar conexões essenciais, contribuindo para a manifestação dos sinais.
É importante destacar que essa é uma hipótese em investigação e que fatores genéticos e ambientais também podem interagir nesse processo.
Quando os sinais se tornam visíveis, pode parecer à família que a criança “se tornou autista”. Na realidade, ela já apresentava predisposição genética para o TEA; a regressão apenas tornou os sinais mais evidentes.
Diante de qualquer indício de perda de habilidades previamente adquiridas, o mais adequado é que a família busque avaliação profissional, consultando pediatra ou neuropediatra para um acompanhamento cuidadoso.
Qual o tratamento para o autismo regressivo?
Da mesma forma que ocorre com o TEA, o melhor tratamento para o autismo regressivo são as intervenções com práticas baseadas em evidências científicas, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
É preciso também que a criança seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar,transdisciplinar ou interdisciplinar e que a família receba orientação parental para conseguir lidar com comportamentos desafiadores e estimular a criança no dia a dia.
Além disso, a orientação parental é essencial para que a família se sinta preparada para estimular a criança em casa e manejar comportamentos que demandam maior suporte.
Por fim, é importante ressaltar que, além do cuidado clínico, a criança deve ter garantido o direito à inclusão escolar e social, com adaptações que favoreçam sua participação plena em diferentes contextos.
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2 respostas para “Autismo regressivo: o que é e como é classificado hoje”
Sou da GuinenÉ-Bissau.
Tenho uma criança do sexo feminino, de 2 anos e 3 meses com sinais de TE A.
Como me ajudar?
Olá, Leonel. Como vai? Esperamos que muito bem!
Leonel, sua filha merece atingir o máximo potencial, e para isso, separei alguns textos que podem te ajudar a compreender melhor o TEA.
Guia rápido sobre autismo: https://genialcare.com.br/materiais-ricos/guia-rapido-sobre-autismo/
A importância da Anamnese: https://genialcare.com.br/blog/o-que-e-anamnese/
Autismo infantil: https://genialcare.com.br/blog/autismo-infantil/
Esperamos ter te ajudado.
Forte abraço do Brasil para você e sua filha!