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A anamnese é um passo muito importante na medicina. Essa prática é uma etapa feita antes de qualquer intervenção médica, como uma “entrevista” entre profissional clínico e paciente para entender todo o histórico da pessoa durante a consulta.
É por meio dela que são coletadas informações durante a sessão, para que seja possível investigar aspectos específicos, sintomas, comportamentos e desenvolvimento cognitivo e emocional, pensando em tudo que pode influenciar o quadro clínico da pessoa.
Mesmo com todas as novas tecnologias e exames, a anamnese continua sendo super importante. É através dessa conversa que os médicos conseguem entender melhor a situação única de cada paciente.
Para falar sobre essa importante etapa do diagnóstico, conversamos com a neuropediatra Dr. Juliana Arita, mestre e doutora em neurologia e neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), especialista em Neurologia Infantil pela Sociedade Brasileira de Pediatria e em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia.
O que é a anamnese?
A anamnese é uma entrevista detalhada com o paciente, que tem como objetivo coletar informações relevantes da pessoa, principalmente em relação à saúde, como: histórico médico, sintomas atuais, estilo de vida e qualquer outra informação que possa ser útil para o profissional de saúde.
A palavra anamnese vem do grego e significa “recordar”. Ou seja, ela é uma prática clínica que busca relembrar eventos relacionados à saúde da pessoa, identificando sintomas e sinais atuais, para ter a maior precisão possível da história que o paciente leva a consulta.
Ela é uma etapa muito importante em qualquer troca entre profissional da saúde e pessoa, já que somente o indivíduo pode expressar suas próprias sensações e sintomas. No caso de crianças, também é fundamental a participação da família e principais cuidadores, que podem trazer percepções que o pequeno ainda não consegue perceber.
Quando falamos sobre anamnese no autismo, ela envolve perguntas específicas sobre a pessoa no espectro, que são fundamentais para compreender melhor o nível de necessidade e suporte, buscando criar um plano de intervenção direcionado.
Essa é uma etapa muito importante para oferecer um diagnóstico preciso e indicar as terapias para o desenvolvimento da pessoa. Geralmente, quando se fala em TEA, a anamnese é focada em explorar perguntas sobre:
- Marcos de desenvolvimento;
- Interações sociais;
- Habilidades de comunicação;
- Comportamentos repetitivos e interesses restritos.
A anamnese não fica para trás com os novos avanços da medicina; na verdade, fica ainda mais importante. Ela vai além dos números e das imagens, considerando coisas como o ambiente em que a pessoa vive, sua situação emocional, e outros fatores que podem afetar a saúde.
Além disso, essa conversa ajuda a criar uma relação forte entre médico e paciente, o que é importante para um cuidado de saúde mais personalizado.
Num mundo em que cada pessoa é única, a anamnese é uma ferramenta para os médicos tomarem decisões mais acertadas e cuidarem das pessoas de forma mais completa.
Por que a anamnese é tão importante?
A anamnese é fundamental na prática médica por várias razões. Em primeiro lugar, ela oferece uma compreensão abrangente da história clínica do paciente, permitindo ao profissional de saúde identificar fatores de risco, padrões de sintomas e contextos individuais que podem influenciar a saúde.
Isso é essencial para um diagnóstico preciso e para o desenvolvimento de estratégias de tratamento personalizadas. Além disso, a anamnese desempenha um papel essencial na construção da relação médico-paciente.
Estabelecer uma comunicação eficaz durante essa entrevista não apenas cria um ambiente de confiança, mas também permite que o paciente se sinta ouvido e compreendido.
Essa conexão emocional pode ter um impacto significativo no engajamento do paciente no tratamento, contribuindo para melhores resultados.
Como se faz uma anamnese?
A anamnese geralmente é realizada por profissionais de saúde treinados, especialmente médicos. No entanto, dependendo do contexto e do tipo de cuidado, outros profissionais de saúde também podem conduzir anamneses. Aqui estão alguns exemplos:
- Médicos: frequentemente responsáveis pela anamnese em diversos locais, como consultas médicas, ambulatoriais, emergências e internações hospitalares.
- Enfermeiros: em ambientes de cuidados primários, os enfermeiros podem conduzir anamneses preliminares, coletando informações relevantes para repassar aos médicos ou para orientar os cuidados de enfermagem.
- Terapeutas Ocupacionais: especialmente em contextos de reabilitação, fisioterapeutas realizam anamneses focados em questões relacionadas ao movimento, lesões e histórico de saúde física.
- Psicólogos e psiquiatras: para avaliações de saúde mental, profissionais como psicólogos e psiquiatras conduzem as anamneses para entender o histórico emocional, comportamental e psicológico do paciente.
Independentemente de quem conduz a anamnese, é essencial que o profissional tenha habilidades de comunicação eficazes, seja capaz de criar um ambiente de confiança e compreenda a importância de obter informações detalhadas para orientar o diagnóstico e o plano de tratamento.
Em muitos casos, a anamnese é uma colaboração entre diferentes membros da equipe de saúde, com cada um contribuindo para uma avaliação completa da pessoa.
Como funciona a anamnese no autismo?
A anamnese é feita em crianças com suspeita de autismo, geralmente quando os pais começam a observar sinais no atraso do desenvolvimento e procuram um profissional clínico da pediatria ou psicologia que já tenha essa especialidade em TEA.
Segundo a Dra. Juliana, antes de oferecer um diagnóstico preciso, o profissional verifica se com os dados da anamnese e exame clínico é possível enquadrar a criança nos critérios definidos pelo DSM-5.
“Muitas vezes isso não é possível logo na primeira consulta, pois os dados da anamnese são subjetivos e às vezes até conflitantes com o que é observado em consulta”.
Além disso, a anamnese pode envolver perguntas e orientações direcionadas aos familiares.
Compreender o contexto familiar, as preocupações dos pais e a percepção da dinâmica familiar é essencial para oferecer suporte adequado e orientações específicas para ajudar a família a lidar com o autismo.
Com base nas informações, os profissionais podem desenvolver planos de intervenção personalizados e adaptados às necessidades específicas de cada pessoa autista.
“Monta-se um plano da intervenção, para ver o que a criança está cumprindo em diferentes domínios e já levar de uma forma mais estruturada aos pais: quais são as demandas a serem trabalhadas? E também: qual a estratégia neste momento para que esses objetivos sejam alcançados?”, explica a Dra. Juliana.
Essas intervenções podem incluir terapias comportamentais, intervenções educacionais, apoio familiar e outras abordagens terapêuticas que visam melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento do indivíduo.
Além disso, auxilia o profissional clínico a rastrear os possíveis sinais mais comuns do autismo e permite avaliar o impacto funcional desses sintomas na vida diária do indivíduo.
Informações sobre dificuldades sociais, emocionais, de comunicação e de comportamento são coletadas para compreender o autismo nas diferentes áreas da vida:
- Escola;
- Trabalho;
- Vida familiar;
- Interações sociais.
Quais as etapas da anamnese?
A Dra. Juliana Arita explica que a anamnese médica segue uma estrutura específica. Ela começa com a identificação do paciente e a queixa principal, ou seja, o motivo pelo qual estão buscando atendimento. Alguns passos essenciais são:
- Identificação do paciente;
- Queixa principal;
- Histórico médico;
- Histórico familiar;
- Interpretação verbal e não verbal das informações.
Pode ser algo como “ah, a criança ainda não fala” ou “ela está com dificuldades para dormir e interagir com outras crianças”.
Além disso, a duração do problema é um aspecto importante a ser considerado. Nessa parte, o familiar do paciente pode fornecer muitos detalhes que ajudam a entender a queixa principal.
Em seguida, a anamnese aborda o interrogatório sobre diversos aparelhos do corpo, os hábitos como o sono, a alimentação e também problemas de saúde prévios e histórico de cirurgias.
Os antecedentes também são explorados, incluindo informações sobre a gestação, “o parto e o rastreio neonatal, como os testes realizados e se houve alguma alteração detectada”, reforça a médica.
A Dra. Juliana destaca a importância de abordar os marcos do desenvolvimento da criança, e algumas perguntas são abordadas no processo, como:
- Com que idade em que sustentou a cabeça?
- Quando começou a ter o sorriso social?
- Quando começou a engatinhar?
E a forma como a criança realizou esses marcos também é importante. “Por exemplo: se ela engatinhava arrastando uma perna, isso pode ser um sinal de alerta”, explica a neuropediatra.
Também é relevante saber a idade em que a criança começou a andar e a falar suas primeiras palavras, “observando se houve progressão no vocabulário e na estruturação de frases”, complementa.
Além disso, segundo ela, é importante indagar sobre a presença de transtornos de neurodesenvolvimento ou doenças psiquiátricas em outros membros da família.
Por isso, essa estrutura da anamnese é fundamental para identificar sinais de alerta, como comportamentos suspeitos de interação, comportamentos repetitivos ou alterações sensoriais.
Como é feita a anamnese na Genial Care?
Para entender como esse processo de anamnese acontece na Genial Care, conversamos com a fonoaudióloga, Victória Girão, que explicou mais sobre o processo.
Na Genial a anamnese é preenchida diretamente pelo cuidador, feita de forma on-line, por um link enviado à família. “O preenchimento é feito em um dia mesmo e é o pontapé inicial para o começo da jornada de avaliação”, contou a fonoaudióloga.
Com esse único documento a equipe consegue ter acesso aos dados completos do histórico do desenvolvimento da criança, e isso inclui informações relevantes das três áreas: Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Terapia ABA.
A fonoaudióloga explica: “a anamnese na Genial Care é considerada parte de uma avaliação indireta porque é aplicada exclusivamente com o cuidador, feito isso, a criança inicia a avaliação direta que é a sessão presencial com o pequeno”.
Os dados do histórico e desenvolvimento da criança são informações norteadoras e que depois são correlacionadas com os dados obtidos por meio da avaliação direta com a criança.
Em seguida, é utilizado um instrumento on-line, onde é aplicado, de forma síncrona com os cuidadores, chamado Vineland, que contribui ainda mais para indicar as terapias necessárias à criança que inicia as intervenções na Genial Care.
Além da anamnese da criança, também é feita com a pessoa cuidadora, para entender o histórico dela, afinal, uma das missões da Genial é cuidar de quem cuida, por isso um dos diferenciais da clínica é o serviço de orientação parental, que amplia as intervenções de desenvolvimento da criança além da sala de atendimento.
Conclusão
A anamnese desempenha um papel importante para o diagnóstico e tratamento do espectro autista, é uma peça chave para compreender as necessidades individuais e promover um cuidado integral.
Na abordagem do autismo, a anamnese foca em marcos de desenvolvimento, interações sociais, habilidades de comunicação e comportamentos específicos.
Essa etapa não apenas contribui para um diagnóstico preciso, mas também estabelece uma relação forte entre médico e paciente, crucial para um cuidado mais personalizado.
Em um mundo onde cada pessoa é única, a anamnese é uma ferramenta indispensável para orientar decisões clínicas acertadas e oferecer cuidado abrangente.
Aqui na Genial Care estamos comprometidos em oferecer cuidados personalizados para crianças com autismo e sua família. Para conhecer mais sobre nós, acesse o link abaixo: