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A constelação familiar é tida como uma prática para identificar e lidar com conflitos familiares, buscando resolver questões mal resolvidas do passado. Entretanto, é preciso ficar atento para a ligação dessa prática com o autismo, principalmente em familiares desesperados em busca de ajuda.
A constelação familiar é uma pseudociência, por isso, é importante dizer desde o princípio que esta prática não tem comprovação científica e nem reconhecimento do Conselho Regional de Medicina (CRM), ou do Conselho Regional de Psicologia (CRP).
Neste artigo, trazemos informações verdadeiras e explicamos mais sobre esse método e o porquê não usá-lo para pessoas autistas como possível intervenção ou até mesmo falsa cura do transtorno. Acompanhe!
O que é constelação familiar?
A constelação familiar é uma técnica subjetiva e empírica (sem comprovação científica) criada pelo teólogo, filósofo e pesquisador alemão Bert Hellinger.
A prática se baseia em conceitos energéticos e fenomenológicos para abordar como a história e as relações familiares influenciam os padrões de comportamento e emoções de uma pessoa.
Com isso, ela busca resolver conflitos familiares ocultos, identificando padrões de comportamento que podem ser transmitidos de geração para geração.
Apesar de ser parecida com o psicodrama, essa técnica não é reconhecida cientificamente e não tem a recomendação do Conselho Regional de Psicologia (CRP). Ou seja, aqueles que desejam realizá-la estão por sua conta e risco.
Normalmente, as dinâmicas da constelação familiar podem ser feitas em grupo ou de forma individual. Durante as sessões, profissionais da prática fazem com o constelado — nome dado à pessoa que recebe a “intervenção” — revive cenas recriadas que envolvem seus sentimentos e sensações sobre a família.
Em sessões de grupo, voluntários participam da recriação de cenas. Já nas individuais, são usados diversos recursos, desde esculturas de bonecos, setas, pedras, etc.
Esses instrumentos representam os diferentes papéis do sistema – por isso o nome “Constelação Familiar Sistêmica”.
Apesar de não ter nenhum reconhecimento científico ou ser recomendada pelo CRP, a constelação familiar foi incorporada ao Rol das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) do SUS, ao lado de outras práticas como a Ozonioterapia, que também não é indicada quando o assunto é tratamento de autismo.
Por isso, é muito importante que os familiares e pessoas cuidadoras, estejam atentos a essas terapias integrativas, já que nenhuma delas é comprovada cientificamente quando falamos de desenvolvimento de crianças atípicas!
Constelação familiar e autismo
A relação entre a constelação familiar e o autismo surgiu em meio a uma polêmica em outubro de 2021. Na ocasião, uma consteladora viralizou nas redes sociais ao afirmar em resposta a uma seguidora que o autismo de sua criança estaria ligado a um “assassinato na família”.
Depois da repercussão, ela foi acusada de discurso capacitista e de gerar danos à vida de pessoas autistas e suas famílias. Uma mãe chegou a fazer um boletim de ocorrência contra a consteladora e incentivou outras famílias a fazer o mesmo.
É importante que as famílias tenham o conhecimento desses discursos promovidos pela constelação familiar, já que eles podem gerar danos a vida das pessoas no espectro e suas famílias.
Isso porque, a partir de falas como essa da consteladora, são gerados mais julgamentos, preconceitos e desinformação, o que impede que as famílias busquem e recebam as intervenções adequadas e pautadas na ciência.
Além disso, outro grande perigo de falas assim é que elas podem criar culpa para a família sobre o diagnóstico da criança, o que não é verdade.
As pessoas cuidadoras não têm culpa nenhuma sobre o autismo em seus filhos, e o autismo não tem nada a ver com a falta de amor!
Apesar disso, o autismo já vinha sendo abordado na visão da constelação familiar, trazendo a perspectiva de que a prática pode ajudar a família a encontrar melhores dinâmicas de relacionamentos e permitir que o amor flua livremente.
Ainda assim, é importante ressaltar novamente que constelação familiar não é uma prática baseada em evidências e que a constelação familiar não substitui terapias e intervenções eficazes para o desenvolvimento da criança, nem a orientação parental para a família.
O perigo da pseudociência quando o assunto é autismo
A pseudociência refere-se a crenças ou práticas que são apresentadas como científicas, mas que não possuem nenhuma comprovação científica válida. Por isso, é muito importante ter conhecimento sobre essas técnicas quando o assunto é autismo.
Isso porque, quando falamos de TEA, a pseudociência pode se manifestar de diversas formas, desde terapias não comprovadas até teorias conspiratórias infundadas.
Existem técnicas que não são regularizadas pela OMS, mas que, infelizmente, ainda são muito compartilhadas, oferecendo uma cura para o autismo e até prometendo reduzir os sinais.
Duas delas – que são bem conhecidas – já falamos em nosso blog: a ozonioterapia, uma técnica que aplica o gás de ozônio na criança, e a MMS, conhecida como solução mineral milagrosa, é uma substância vendida como medicamento que possui uma composição parecida com a água sanitária, tendo uma mistura de dióxido de cloro, clorito de sódio e pó cítrico, conhecido por fazer o alvejante de cloro.
As famílias precisam ficar atentas sobre a pseudociência relacionada ao autismo, já que além da falta de eficácia, algumas terapias pseudocientíficas podem representar riscos à saúde, causando desconforto físico ou emocional às pessoas autistas.
Isso contribui para a desinformação e estigmatização sobre o autismo. Isso pode levar a visões distorcidas, perpetuando mitos prejudiciais e dificultando a aceitação e inclusão das pessoas autistas na sociedade.
Todo o cuidado é pouco quando estamos buscando informações sobre TEA. Procure sempre buscar sites e plataformas confiáveis e garantam evidências científicas para todos os dados e conteúdos oferecidos.
Busque ajuda especializada e intervenções baseadas na ciência
Receber o diagnóstico de autismo não é fácil para a maioria das famílias. Nesse momento delicado, é importante respeitar os próprios sentimentos e buscar ajuda especializada para si e para a criança.
Confie nas práticas baseadas em evidências e busque intervenções que vão auxiliar a criança. Adotar intervenções baseadas na ciência é fundamental para promover o desenvolvimento positivo em pessoas com autismo.
Terapias comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), são exemplos de abordagens que demonstraram eficácia através de pesquisas clínicas, proporcionando melhorias significativas nas habilidades sociais, comunicativas e adaptativas.
Uma equipe multidisciplinar capacitada potencializará o desenvolvimento, ensinando tarefas do dia a dia e gestão de emoções como as crises.
Profissionais como psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos possuem a expertise necessária para avaliar as necessidades individuais e elaborar planos de intervenção personalizados e focados nas necessidades de cada criança.
Conclusão
Em resumo, a Constelação Familiar, embora tenha seu espaço em determinados contextos terapêuticos, não tem nenhum tipo de comprovação científica quando falamos em intervenções e estratégias para autismo.
A ausência de embasamento científico e os riscos potenciais para as pessoas com autismo reforçam a importância de buscar abordagens terapêuticas fundamentadas em evidências.
Ao focarmos em alternativas como a ABA, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional e nos dedicarmos à educação e informação, podemos promover um ambiente mais compreensivo e favorável para aqueles que vivem com TEA.
Como cada criança é única e tem suas necessidades, é preciso buscar o suporte de profissionais qualificados para garantir um caminho de apoio efetivo e respeitoso, além de desenvolvimento real.
Além disso, é importante que a própria família aprenda sobre o autismo, como uma forma de superar o momento do diagnóstico e desmistificar conceitos ouvidos anteriormente. Sua criança acabou de receber o diagnóstico de autismo? Clique no link abaixo para receber ajuda.