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Pequena menina sentada à mesa, junto a seu caderno, enquanto usa a borracha e o lápis no próprio caderno. leitura e escrita no autismo

Leitura e escrita em crianças com autismo: qual o processo?

O processo de leitura e escrita no autismo acontece de maneira singular para cada criança, ou seja, diferente do “modelo padrão de ensino”, que fomos acostumados ao longo dos anos.

Isso porque o cérebro da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) se desenvolve de maneira atípica por apresentar dificuldades na comunicação e na socialização.

Assim como todas as crianças, atípicas, neuroatípicas, neurodivergentes e típicas, o processo de aprendizagem não pode ser linear, como esperado em um plano de aprendizagem, e sim realizar curvas, voltas e reviravoltas necessárias, até que encontre uma forma particular que a criança se sinta confortável e segura para aprender.

Neste texto vamos falar sobre a leitura e escrita no autismo, e o que você pode (e deve) exigir para que a sua criança tenha acesso a educação acolhedora e de qualidade!

Educação inclusiva: toda pessoa é capaz de aprender

Quando falamos em aprendizado, é preciso sempre salientar que toda pessoa é capaz de aprender, isso é comprovado pela ciência. O que acontece é que toda criança, atípica ou típica, precisa de um ensino adaptado para ter a oportunidade de desenvolver a capacidade intelectual.

Um importante médico e educador que defende a necessidade de ensino adaptado é Edouard Séguin, que ao longo de sua vida se dedicou a desenvolver um plano de estudos para crianças e jovens com deficiências intelectuais. A partir de suas pesquisas, ele passou a defender a importância de que educadores olhassem de maneira particular para todos os alunos, inclusive aqueles que apresentavam mais dificuldades.

Com o passar dos anos, a políticas de inclusão foram se expandindo e se adaptando de acordo com a evolução da sociedade. Por isso, nos dias atuais, a educação inclusiva tem se tornado cada vez mais acessível para crianças e jovens que possuem algum tipo de dificuldade com o aprendizado, seja por deficiência intelectual, TEA, TDAH, dislexia, entre outros.

O que esperar da instituição de ensino e dos professores que acompanham a criança?

Claro que ainda há muito a se adaptar e modificar, mas a família pode acompanhar e exigir o direito de ensino! Então, para ter certeza de que o processo de leitura e escrita em crianças com autismo esteja sendo eficaz, os cuidadores podem verificar se a escola oferece, pelo menos, 3 pontos que fazem toda a diferença no processo de aprendizagem:

  • Adequação da metodologia – A escola precisa se adaptar para os diferentes estilos de aprendizagem, reforçando a aprendizagem visual, auditiva e/ou sensorial, variando de acordo com as habilidades e características de cada criança;
  • Manter o aluno interessado – O educador pode despertar o interesse na criança de acordo com os gostos pessoais, usando, por exemplo, o hiperfoco dela. Dessa forma, o docente pode apresentar livros infantis que possuam algum personagem que a criança goste, isso vai estimular o gosto pela leitura;
  • Respeitar o tempo da criança – Cada aluno aprende de uma forma, por isso, o tempo de aprendizagem também é diferente. Pode ser que a criança com TEA sinta mais dificuldade em algum assunto no particular, mas isso não quer dizer que ela não consiga desenvolver outros tipos de habilidades. É preciso ter paciência e dedicação.

Dificuldades na leitura e escrita no autismo

O desafio da escrita pode ser grande para crianças no espectro, isso porque a ação de escrever é um processo que exige algumas habilidades específicas, como:

  • Coordenação e planejamento motor;
  • Força muscular;
  • Habilidades de linguagem;
  • Organização sensoriais.

Por isso, no início do processo de aprendizagem da escrita, a criança pode apresentar uma caligrafia ilegível, justamente por não conseguir segurar o lápis com firmeza. Outra característica muito comum, é espelhar as letras e números, mas isso é completamente normal, e mostra que a criança está começando a despertar a linguagem funcional.

Já quando falamos em leitura, é provável que o professor observe algumas dificuldades no aprendizado da criança com TEA, por exemplo:

  • Não consegue focar a atenção por muito tempo;
  • Apresentam dificuldades em memorizar sequências (números e letras);
  • Não se comunicam de forma funcional.

Em casos de dificuldades com a comunicação e interpretação, é indicado o uso de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), uma das práticas baseadas em evidências científicas que expandem as oportunidades de interpretação e aprendizado da criança autista.

Essa prática gera ainda mais oportunidades de desenvolver o lado social da pessoa com TEA, visto que ela aprenderá mais sobre a comunicação funcional, de uma maneira não convencional, mas que é capaz de oferecer inúmeras possibilidades de desenvolvimento e aprendizado.

Ah, vale lembrar que a CAA não é indicada apenas para pessoas com TEA, e todos podem aprender com ela.

Como ajudar na leitura e escrita de crianças com autismo?

Independente do grau de autismo que a criança apresente, existem maneiras de potencializar o processo de aprendizagem de leitura e escrita. E esse estímulo pode vir de dentro de casa, com influência das pessoas cuidadoras.

  • Adeque o ambiente de estudo: o processo de aprendizagem de leitura e escrita não acontece somente na escola, a criança precisa reforçar o aprendizado quando chegar em casa, principalmente por levarem as tarefas escolares para casa. Por isso, é necessário criar um cantinho de estudos de acordo com as necessidades e sensibilidades da criança. Ela é sensível a sons? Procure um lugar mais calmo. Ela é sensível à luz? Adeque a iluminação. Dessa forma a criança fica muito mais confortável e relaxada para estudar;
  • Estimule a rotina: a rotina oferece previsibilidade para a criança, ajudando a reduzir comportamentos desafiadores, por isso, oferecer essa possibilidade de se organizar para os estudos ajuda, ainda mais, no processo de leitura e escrita, além de promover espaço para desenvolver a autonomia da criança;
  • Acompanhar o desempenho escolar: é direito das famílias exigir uma educação inclusiva para a criança, mas além disso, as famílias precisam estar atenta a todo o processo de aprendizagem, questionar ainda sobre as possíveis necessidades da criança que vão além do ambiente escolar; por exemplo: a criança não fala, então isso vai além do corpo docente, expandindo para o fonoaudiólogo;
  • Conhecer as técnicas: existem diversas abordagens de ensino, na educação infantil, por exemplo, nos deparamos com a metodologia de educação sensorial, onde a criança aprende pelo processo de descoberta usando os 5 sentidos, conhecidas principalmente no Método Montessori, e na educação de Reggio Emilia. Além disso, outra conhecida é a Metodologia Fônica, que foca na sonorização das letras, trabalhando com sons e musicalização, levando a criança a assimilar e aprender o som de maneiras não tradicionais.

Leitura e escrita no autismo: um passo de cada vez

É importante que a aprendizagem para pessoas com TEA seja a mais literal possível, por possuir dificuldades na parte da comunicação e sociabilidade. Por isso, é muito importante que as orientações dos docentes sejam as mais diretas e, quando possível, mais curtas, isto é: sem tanta redundância e longos passos.

Como dissemos ao longo do texto: o tempo é muito relativo para qualquer processo de aprendizagem, cada criança é única, portanto merece um aprendizado singular. Existem marcos de desenvolvimento que são esperados ao longo da evolução da criança, por isso, procure potencializar as habilidades da criança com ajuda de uma equipe multidisciplinar que vai apoiar a criança com TEA ao longo dos anos.

Aqui na Genial Care temos uma equipe multidisciplinar que acolhe e cuida de crianças com TEA até os 5 anos. Se você é da grande São Paulo, e quer saber mais sobre nossa intervenção, preencha o formulário abaixo:

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