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Mãe brincando com filho. Ela acompanha ele montando uma torre de bloco, brincadeira aprendida via Terapia ABA

Terapia ABA no autismo: entenda tudo sobre essa ciência

Esse conteúdo passou por revisão clínica de Alice Tufolo, Psicóloga e Conselheira clínica da Genial Care | CRP 06124238


 

Você já ouviu falar em terapia ABA? É uma terapia baseada na análise do comportamento aplicada — Applied behavior analysis (ABA). Essa ciência, bastante usada nas intervenções para o autismo, foca na compreensão e modificação do comportamento humano.

Hoje existem muitas formas de intervenção voltadas ao desenvolvimento e intervenção de pessoas no espectro autista. Apesar disso, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é a abordagem com maior respaldo científico quando falamos em efetividade.

A quantidade de intervenções diferentes disponíveis, pode acabar gerando dúvidas e incertezas em famílias e pessoas cuidadoras que estão buscando orientação após o diagnóstico de autismo.

Neste artigo, vamos explicar as informações mais importantes sobre esse tema para você que está iniciando sua jornada no autismo e buscando as intervenções que vão auxiliar no desenvolvimento do seu filho. Continue a leitura e aprenda tudo o que precisa!

Método, ciência ou terapia ABA: qual é o correto?

Muitas pessoas se referem à Análise do Comportamento Aplicada como um método de tratamento ou até como um tipo de terapia.

A análise do comportamento aplicada é uma ciência baseada em uma filosofia conhecida como Behaviorismo Radical. Quando falamos em terapia ABA, estamos falando em uma abordagem terapêutica baseada nos princípios dessa ciência, a qual pode ser aplicada na educação, na área da saúde, em todos os âmbitos sociais.

Aqui, estamos falando em ABA como uma terapia para facilitar, mas é importante lembrar que ela não é um conjunto de intervenções fechado, e sim uma ciência de investigação dinâmica, que evolui constantemente conforme novas descobertas são feitas.

“A Análise do Comportamento Aplicada é uma ciência voltada para a modificação de comportamentos socialmente relevantes, promovendo mudanças efetivas e mensuráveis. Seus procedimentos são descritos de forma clara e objetiva, o que permite sua replicação por outros profissionais. Baseia-se nos princípios fundamentais da análise do comportamento e garante que os resultados obtidos se generalizem para diferentes comportamentos, ambientes e se mantenham ao longo do tempo.” explica Alice Tufolo, conselheira clínica da Genial Care, doutora em análise do comportamento.

Apesar desse rigor, hoje é muito comum as pessoas procurarem por “terapia ABA no autismo”, e assim usamos aqui o termo dessa forma, pois ajuda pais e pessoas cuidadoras a encontrarem informações de forma mais acessível e direta.

O que é a terapia ABA?

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis) é uma das terapias para autismo mais recomendadas por especialistas. Inclusive, é a ciência da aprendizagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde para pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.

A terapia ABA foca em modificação de comportamento e assim acaba sendo uma grande aliada quando falamos em desenvolver habilidades em outras pessoas.

“Quando falamos em desenvolvimento de habilidades no contexto da intervenção comportamental, estamos nos referindo à aquisição de repertórios ainda ausentes, os quais promovem maior autonomia, resolução de problemas, qualidade de vida e recursos para lidar com situações de sobrecarga emocional ou sensorial — que, muitas vezes, levam a comportamentos que sinalizam desconforto de forma não funcional.” Traz Alice Tufolo, trazendo outro olhar e perspectiva para os comportamentos ditos inadequados ou crise.

Trabalhando com atividades ligadas diretamente ao comportamento, a terapia ABA visa promover uma melhor qualidade de vida para quem está no espectro autista. Por meio dessa ciência, profissionais realizam três etapas que auxiliam o planejamento dos próximos passos da intervenção:

  1. Todas as intervenções são feitas após uma análise funcional do comportamento da pessoa, buscando entender como e por que determinado comportamento ocorre;
  2. Também é analisado o quanto o ambiente influencia a pessoa com TEA;
  3. A partir de avaliações e análises, são estipuladas estratégias para iniciar o ensino de novas habilidades para o indivíduo no espectro.

Origem da ciência ABA

A análise do comportamento aplicada é uma ciência baseada em duas bases fundamentais:

  • Behaviorismo Radical: filosofia que considera que o comportamento é parte do objeto da ciência. Por comportamento englobam-se pensamentos e emoções. O behaviorismo radical também fundamenta a:
  • Análise Experimental do Comportamento: campo de estudos responsável por investigar as relações entre o comportamento e o ambiente de forma experimental.

Com isso o behaviorismo radical contribui com sua visão conceitual sobre o comportamento, enquanto a análise experimental do comportamento contribui com métodos experimentais. A análise do comportamento aplicada, aplica então esses princípios para promover mudanças sociais que possam ser mensuradas e sejam significativas.

A análise do comportamento aplicada surge com esse princípio de aplicabilidade social em 1960. Porém, é de fato “fundada” em 1968, com o artigo de Baer, Wolf e Risley no primeiro número do JABA (Journal of Applied Behavior Analysis), renomada revista científica que existe até hoje e promove a divulgação dos estudos e avanços na área da Análise Comportamental.

Porém, essa ciência teve maior ligação ao autismo em 1987, quando o psicólogo clínico Ivar Lovaas publicou novo estudo sobre a conexão de seus princípios com pessoas com TEA.

Terapia ABA no autismo

Os primeiros estudos envolvendo a terapia ABA no tratamento de crianças com distúrbios do desenvolvimento foram realizados nos anos 1960.

Em 1987, o psicólogo clínico Ivar Lovaas publicou um novo estudo que apontava importantes ganhos com o uso dos princípios da ABA no ensino de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) com comorbidades.

Tendo como objetivo a redução de “comportamentos desafiadores” — como eram vistos na época — e o desenvolvimento da aprendizagem, os resultados da pesquisa demonstraram que havia aumento no repertório comportamental.

Gráfico com dados sobre estudo de eficácia da Terapia ABA

A partir daí, novos estudos vêm sendo publicados com o intuito de reforçar — e apresentar — os benefícios efetivos em que são obtidos a partir do uso dessa ciência em crianças com distúrbios no desenvolvimento e também em pessoas com TEA.

É o caso do estudo mais recente do Evidence-based Practices for Autism, no qual foram citadas 28 práticas baseadas em evidências com resultados positivos para pessoas com TEA, dentre elas, 23 práticas estão ligadas à ciência ABA.

Como funciona a terapia ABA?

Apesar de a ciência ABA seja mais conhecida socialmente por sua aplicação em pessoas neurodivergentes (como no TEA), o referencial teórico e suas estratégias são utilizados para intervir em qualquer área social que necessite de uma promoção de mudanças significativas.

Quando aplicadas na área da psicologia, as intervenções baseadas nos fundamentos da ABA são utilizadas para demandas relacionadas a:

  • Saúde mental;
  • Psicologia educacional;
  • Psicologia hospitalar;
  • Psicologia das organizações;
  • Psicologia clínica para o público típico e atípico.

A intervenção é fundamentada em práticas científicas baseadas em evidências (PBEs), ou seja, procedimentos que tiveram sua eficácia comprovada por meio de pesquisas, pesquisa, demonstrando que a prática produz resultados positivos para pessoas.

Além de ensinar habilidades úteis para o dia a dia — influenciando diretamente nas atividades da vida diária — a intervenção ABA também pode ser positiva no contexto escolar, impactando positivamente a socialização e o aprendizado.

No caso das terapias para pessoas com atraso no desenvolvimento, as estratégias da ABA têm resultados comprovados no que se refere à aquisição de habilidades e ao desenvolvimento de autonomia.

Quem pode aplicar a terapia ABA?

As intervenções da terapia ABA para atrasos no desenvolvimento fazem parte de uma equipe colaborativa e integrada que acompanha a evolução da criança. Dessa forma, os profissionais que normalmente compõem essa equipe são:

  • Psicólogos;
  • Fonoaudiólogos;
  • Terapeutas ocupacionais;
  • Pedagogos;
  • Fisioterapeutas;
  • Educadores físicos.

A configuração dessa equipe pode variar conforme as necessidades de aprendizagem de cada pessoa.

No Brasil, é comum que psicólogos se especializem e atuem com ABA. Além disso, os demais profissionais que compõem a equipe multidisciplinar também devem ter especialização reconhecida pelo MEC em Análise do Comportamento Aplicada e também podem se especializar na análise do comportamento aplicada.

Ao iniciar o trabalho com ABA, é fundamental que o profissional seja supervisionado por alguém experiente na área, para que a aplicação de cada etapa da intervenção seja feita corretamente.

Nos Estados Unidos, existe um exame de certificação internacional que atesta se o profissional pode atuar como analista do comportamento: o BCBA (Board Certified Behavior Analyst), ainda não presente no Brasil.

Aqui, instituições como a Associação Brasileira de Medicina e Psicologia Comportamental (ABPMC) discutem formas de manter o controle de qualidade dos profissionais que atuam com a ciência. Certificações como doutorado em análise do comportamento são consideradas como forma de controle de qualidade.

Quantas horas por semana a ABA deve ser aplicada?

Muitos pais se preocupam ao ler na internet que uma intervenção baseada em ABA de sucesso exige, no mínimo, 20, 30 e até 40 horas semanais. Assim, ao receber o diagnóstico ou mesmo a suspeita de autismo, os pais são direcionados a buscar uma quantidade necessária de horas para a intervenção.

Não existe uma regra ou fórmula pronta sobre a quantidade de horas semanais de terapia ABA para as crianças. O que existem são planos de intervenção individualizados, que consideram o repertório da criança, além da rotina da família e das pessoas cuidadoras.

De nada adianta que uma criança faça 40 horas semanais se essa carga horária de intervenção não condiz com a realidade de sua família. Não podemos afirmar que determinada quantidade de horas de intervenção será a melhor para todas as pessoas.

É preciso considerar todos os aspectos do núcleo familiar: quanto tempo eles podem ceder para as terapias e também quanto tempo é saudável para a criança. Deve-se sempre buscar o equilíbrio entre terapia e outras atividades da rotina.

Vale então pontuar que, apesar de haver centenas de estudos que mostram que um volume intensivo de horas produz, sim, ganhos importantes, não se pode deixar de lado que esse volume de intervenção não deve, jamais, provocar exaustão ou até mesmo burnout na criança.

Além disso, é importante ter em mente que todo o aprendizado obtido em contexto de terapia deve ser estendido a diferentes ambientes além das salas de atendimento, como a escola e a casa, para que ele seja efetivo.

Já temos um texto completo sobre essa carga horária ideal de intervenção para pessoas com TEA e como fazemos isso aqui na Genial Care. Clique aqui para ler.

Diferenças entre terapia ABA e outros tipos de terapia para autismo

Quando falamos da intervenção de crianças autistas, muitas são as intervenções que aparecem hoje disponíveis para as famílias. Para além da análise do comportamento aplicada, vemos, por exemplo:

Método Denver

O Método Denver é um protocolo de abordagens com a intenção de estimular a interação social e auxiliar no desenvolvimento de pessoas autistas.

As atividades propostas visam promover interações sociais positivas, ou seja, que aumentem a motivação da criança na criação de novos contatos sociais e melhorem a capacidade de aprendizagem.

TEACCH

O TEACCH foca em melhorar as habilidades sociais e de comunicação da pessoa no espectro, além de reduzir comportamentos desafiadores e melhorar a qualidade de vida de todo o núcleo familiar.

O método TEACCH é a sigla para Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children, que, em português, significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação.

Todo esse modelo foi fundamentado na psicolinguística e psicologia comportamental para ajudar pessoas com TEA a adquirirem independência e autonomia por meio do desenvolvimento de novas habilidades e maior compreensão do mundo ao seu redor.

Aqui na Genial Care, utilizamos a ABA por ter resultados comprovados no que se refere ao aprendizado de habilidades e ao desenvolvimento da autonomia.

Os princípios dela podem ser utilizados em diferentes áreas da intervenção, assim como dialogar com outras áreas de intervenção como a fonoaudiologia e terapia ocupacional.

É importante integrar as intervenções para que a pessoa no espectro tenha suas particularidades respeitadas, exploradas e potencializadas.

Afinal, nenhuma criança é igual à outra, e, portanto, não se desenvolve como as demais.

Terapia ocupacional

A Terapia Ocupacional (T.O.) é uma disciplina da área da saúde que se concentra em auxiliar as pessoas a participarem das atividades diárias, significativas e funcionais. As intervenções de T.O. podem ocorrer na saúde, educação e na esfera social como um todo.

Os terapeutas ocupacionais trabalham com pessoas de todas as idades que enfrentam barreiras e desafios físicos, emocionais, cognitivos ou sociais que interferem em suas habilidades para participar plenamente das atividades que desejam ou precisam realizar.

Isso quer dizer que a T.O. ajuda na promoção, desenvolvimento e manutenção das atividades funcionais da rotina. Para pessoas com TEA, isso pode incluir tarefas como vestir-se, comer, comunicar-se e participar de atividades sociais, por exemplo.

Integração sensorial de Ayres

Dentro da T.O. temos a integração sensorial, conforme descrita por Ayres, é o processo pelo qual o cérebro organiza e interpreta informações sensoriais do ambiente e do próprio corpo.

Essas informações são recebidas por meio dos 8 sentidos do corpo — visão, audição, tato, olfato, paladar, bem como os sentidos vestibular (movimento e equilíbrio), proprioceptivo (sensação de posição e movimento do corpo) e interoceptivo (sinais corporais).

Essa é uma estratégia que faz parte da Terapia Ocupacional e que foca em reconhecer as informações recebidas dos ambientes em nosso corpo, criando uma reação de aprendizado entre cada uma delas.

Fonoaudiologia

A fonoaudiologia no autismo é uma das áreas que atua no desenvolvimento comunicativo da criança no espectro, contribuindo para reduzir os impactos do TEA no dia a dia. Isso porque, dentre as características mais comuns, temos a dificuldade de comunicação, fala e interação social.

Além dessas, também existem outras práticas baseadas em evidências indicadas pelos profissionais, sempre conforme as necessidades de suporte e oportunidades de aprendizagem de cada criança.

Genial Care: rede de cuidado de saúde atípica

A Genial Care é uma rede de cuidado de saúde atípica, referência na América Latina. Somos especializados no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e suas famílias.

Unimos modelos terapêuticos avançados, suporte educacional e tecnologia própria para maximizar a qualidade de vida e o bem-estar de todas as pessoas envolvidas no processo de intervenção.

Nosso propósito é garantir que toda criança atinja o seu máximo potencial.

Estamos em busca de profissionais clínicos!

Estamos em busca de profissionais comprometidos e talentosos para se juntarem à nossa Rede Genial. Se você é um terapeuta ocupacional ou fonoaudiólogo que deseja mudar o cenário do autismo no Brasil, entre em contato conosco.

Oferecemos um ambiente de trabalho colaborativo, infraestrutura moderna e recursos atualizados para o desenvolvimento profissional contínuo.

Além disso, temos uma equipe clínica experiente e variada que proporciona uma abordagem abrangente e integrada em todo o processo, colaborando não só para a evolução das crianças, mas para a sua também.

criança e terapeuta ocupacional brincando

Conclusão

Entender o que é feito para avaliar o progresso da terapia ABA, desde avaliações até análises comportamentais, é essencial.

Além de o profissional te mostrar o que está sendo feito e o porquê, ele deve trazer previsibilidade sobre como você pode avaliar o progresso da criança e entender quais avanços ela teve.

Existem outras possibilidades de intervenções para crianças com TEA além da terapia ABA no autismo. Elas podem ser combinadas entre si, potencializando a evolução e o desenvolvimento de quem está no espectro.

Por isso, procurar profissionais capacitados e de várias especialidades é fundamental para garantir estratégias direcionadas e pautadas pela ciência. Ao reunir conhecimento sobre as várias opções, pais e pessoas cuidadoras têm maior embasamento para entender as necessidades específicas da criança.

Em nosso blog temos diversos conteúdos focados nessas terapias para autismo e também outros assuntos que podem ajudar nesse momento. Convidamos você a ler mais e continuar aprendendo:

Intervenções para autismo

Terapias para a sua criança autista pelo plano de saúde

2 respostas para “Terapia ABA no autismo: entenda tudo sobre essa ciência”

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