Índice de Conteúdos
Quais são os tipos de terapia indicadas para pessoas com autismo? Essa é uma dúvida muito comum que surge após as pessoas cuidadoras receberem o diagnóstico de autismo da pessoa e, até mesmo, a medida que o indivíduo se envolve na jornada de conhecimento e desenvolvimento.
Dentre as intervenções, aquelas baseadas nas estratégias da Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis) estão entre as mais recomendadas por especialistas. O objetivo dessas terapias é promover o ensino de novas habilidades e ajudar a lidar com comportamentos desafiadores.
No caso das terapias para pessoas com atraso no desenvolvimento, as estratégias da ABA têm resultados comprovados no que se refere ao aprendizado de habilidades e desenvolvimento de autonomia.
Além da ABA, há outros tipos de terapia que também são recomendadas para auxiliarem no desenvolvimento, principalmente por contribuir com o desenvolvimento social, na comunicação e até para ajudar a lidar com comportamentos desafiadores, que prejudicam o bem-estar da pessoa com TEA.
Mas qual a diferença entre essas intervenções e a Ciência ABA? É o que vamos falar nesse texto!
O que é ABA?
A Análise do Comportamento Aplicada (do inglês Applied Behavior Analysis) pode ser utilizada em intervenções para pessoas com autismo com o objetivo de entender e ajudar com um determinado comportamento, que pode ser tanto comportamentos de crises quanto aqueles que colocam em risco a integridade física, como agressão e auto agressão.
Dessa forma, trabalhando com atividades ligadas diretamente ao comportamento, a Ciência ABA visa promover uma melhor qualidade de vida para quem está no espectro autista.
Além de ajudar nos momentos de comportamentos desafiadores em pessoas no espectro autista, as intervenções pelo ABA estão ligadas diretamente ao ensino de novas habilidades essenciais para o desenvolvimento de pessoas com autismo, oferecendo sempre uma alternativa aos comportamentos que podem influenciar o desenvolvimento da pessoa com TEA.
Apesar da indicação da ciência ABA ser – costumeiramente – mais indicada para pessoas com desenvolvimento atípico (como no caso do TEA), o referencial teórico e suas estratégias podem ser usadas para embasar o atendimento a inúmeras demandas profissionais.
Quando feitas na área de psicologia, as aplicações dos fundamentos da ABA são indicadas para demandas referentes a:
- Saúde mental;
- Psicologia educacional;
- Psicologia hospitalar;
- Psicologia das organizações;
- Psicologia clínica para o público típico e atípico.
Para ser eficaz, os profissionais da ABA realizam 3 etapas que determinam os próximos passos da intervenção:
- Todas as intervenções são feitas após uma análise do comportamento do indivíduo, buscando entender como e o porquê determinado comportamento ocorre.
- Também é analisado o quanto o ambiente influencia a pessoa com TEA.
- A partir de avaliações e análises, são estipuladas estratégias para iniciar o ensino de novas habilidades (e extinção de outras) para o indivíduo no espectro.
Durante esse processo, a individualidade de cada pessoa é respeitada em cada etapa.
A intervenção faz uso de práticas científicas baseadas em evidências (PBEs), conjunto de procedimentos para os quais os pesquisadores forneceram um nível aceitável de pesquisa que mostra que a prática produz resultados positivos para pessoas com TEA.
Além de ensinar habilidades úteis para o dia a dia, que influencia diretamente nas atividades da vida diárias, a intervenção ABA também pode ser positiva na escola, influenciando na socialização e no aprendizado.
Terapia ABA no autismo
A ciência ABA passou a fazer parte dos estudos para intervenções em crianças com distúrbios do desenvolvimento na década de 60, quando foi constatado que sua aplicação aumentava significativamente o repertório comportamental.
Mas um dos estudos mais famosos sobre o tema realizado em 1987, pelo psicólogo clínico Ivar Loovas realizou um estudo que apontou os importantes ganhos com o uso dos princípios da ABA no ensino de crianças com TEA. Nesse estudo, participaram 19 crianças, sendo que:
- 47% haviam tido sucesso em se reintegrar em escolas regulares;
- Apenas 2% tiveram o mesmo resultado com outras intervenções.
A partir daí, novos estudos vêm sendo publicados com o intuito de reforçar – e apresentar – os benefícios efetivos que são obtidos a partir do uso dessa ciência em crianças com distúrbio no desenvolvimento e também pessoas com TEA.
É o caso do estudo mais recente do Evidence-based Practices for Autism onde foram citadas 28 práticas baseadas em evidências com resultados positivos para pessoas com TEA, dentre elas, 23 práticas estão ligadas à ciência ABA.
Qual a diferença entre Terapia Ocupacional e ABA?
Existem muitos equívocos quanto a Terapia Ocupacional e a Ciência ABA, pois muitos profissionais costumam comparar ambas as intervenções, questionando qual é melhor do que a outra. A resposta é que: as duas são essenciais para o desenvolvimento da pessoa com TEA.
Um errôneo comentário – e talvez uma dúvida de muitas pessoas cuidadoras – é a de que o ABA inibe algumas características sensoriais no recurso de regulação, enquanto a T.O. busca realizar uma integração sensorial em suas intervenções.
O que não é verdade, pois quando trabalhada com uma equipe multidisciplinar, ambas as intervenções são complementos importantes para a pessoa com TEA. Além disso, a ABA tem como objetivo ajudar com os comportamentos desafiadores que causam comportamentos que podem prejudicar a si mesmo ou outras pessoas ao redor, são uma preocupação para famílias que convivem com o autismo; enquanto a T.O. visa integração sensorial de forma saudável, para que o desenvolvimento motor possa fluir livremente, promovendo a qualidade de vida e o bem-estar.
Não há uma terapia mais eficaz que a outra, é importante integrar as intervenções para que a pessoa no espectro tenha suas particularidades respeitadas, exploradas e potencializadas, afinal, nenhuma criança é igual a outra, portanto, não se desenvolve como as outras.
É preciso lembrar que , assim como a busca por tipos de terapia e novas intervenções para autismo, o TEA ainda é muito estudado pela ciência, então é muito comum surgir novas pesquisas e estudos no que diz respeito a práticas e intervenções que podem auxiliar (ou não) no desenvolvimento.