Pesquisar
Menina de cabelo preso de costas para câmera. Pratica Masking, ou camuflagem social

Masking ou camuflagem social: o que é e por que não usá-la com pessoas autistas?

Você já ouviu falar sobre “masking” no autismo? Ou até mesmo camuflagem social? Esse é um termo que vem ganhando cada vez mais destaque na busca por informações verdadeiras e maneiras de quebrar estereótipos sobre autismo.

Para muitos pais, pessoas cuidadoras e até mesmo profissionais de saúde, compreender o que é a prática do masking e por que não devemos incentivá-la em pessoas autistas é essencial para promover um ambiente inclusivo e saudável.

Apesar de ser uma estratégia comum e bem conhecida, “mascarar” as ações, pode trazer consequências que prejudicam o bem-estar físico e mental das pessoas no espectro.

Por isso, nesse artigo explicaremos em detalhes o que é o masking e como ajudar pessoas autistas a se sentirem mais incluídas no meio social e na luta contra o capacitismo. Leia para aprender!

O que é masking ou camuflagem social?

grupo de amigos felizes em uma rua aberta

Masking — traduzido para português “mascarar”— é uma estratégia adotada por algumas pessoas no espectro, onde escondem suas “características autistas” (muitas vezes estereotipadas pela sociedade) para se encaixarem nos padrões sociais.

Também chamado de camuflagem social, essa estratégia irá mascarar ou ocultar traços autísticos, comportamentos e dificuldades sociais em situações sociais, muitas vezes imitando comportamentos neurotípicos para se encaixar melhor na sociedade.

Em outras palavras, é quando uma pessoa com autismo tenta se adaptar ao ambiente social ao seu redor, suprimindo seus traços autistas naturais para se encaixar mais nos padrões sociais considerados “típicos”.

Em muitos casos, os autistas podem perceber desde cedo que são “diferentes dos outros” e que suas peculiaridades sociais podem ser mal compreendidas ou até mesmo rejeitadas.

Por que as pessoas autistas recorrem ao masking?

Para evitar o estigma social, o bullying e o isolamento, algumas pessoas desenvolvem o masking como uma forma de sobrevivência emocional.

Muitas vezes, é uma resposta à pressão social e ao desejo de se encaixar e ser aceito pelos outros. No entanto, essa prática pode ter consequências significativas para o bem-estar emocional e mental dos indivíduos autistas.

Além disso, a sociedade tende a exigir certos comportamentos e recitar diversas “normas rígidas”, o que pode levar as pessoas autistas a camuflarem suas características autistas para serem aceitas e valorizadas em ambientes sociais, educacionais e profissionais.

Isso pode incluir acabar com estereotipias, imitar expressões faciais típicas, evitar tópicos de interesse pessoal e adotar padrões de comunicação não naturais para pessoas diagnosticadas com autismo.

Quais são os sinais de masking?

Identificar o masking pode ser desafiador, pois as pessoas que o praticam podem ser bastante habilidosas em esconder suas características autistas. Existem algumas atitudes mais conhecidas que são frequentemente observadas, como:

  • Imitação social: a pessoa pode imitar comportamentos e expressões de outras pessoas para se encaixar no grupo social, mesmo que esses comportamentos não refletem sua natureza autêntica.
  • Supressão de estereotipias: algumas pessoas no espectro autista possuem estereotipias ou comportamentos repetitivos, como movimentos de balanço ou bater palmas. No masking, podem fazer um esforço para esconder ou reduzir esses comportamentos em ambientes sociais.
  • Evitar tópicos de interesse pessoal: em vez de falar sobre seus interesses específicos, que podem ser intensos e especializados, o indivíduo pode optar por evitar esses tópicos em conversas para evitar possíveis estranhamentos ou reações negativas dos outros.
  • Camuflagem de dificuldades de comunicação: pode envolver uma tentativa de esconder as dificuldades de comunicação, como problemas com linguagem não verbal, expressão facial ou compreensão das emoções dos outros.
  • Evitar contato visual: embora o contato visual seja comum em interações sociais, algumas pessoas no espectro autista podem achar desconfortável ou aversivo. Ao “mascarar” essa dificuldade, há geralmente a tentativa de fazer um contato visual mais frequente para parecerem mais conectados uns aos outros.
  • Copiar a linguagem e entonação dos outros:Muitas vezes a pessoa adota a linguagem e a entonação de voz de outras pessoas, tentando se adequar ao estilo de comunicação predominante no ambiente.
  • Mimetismo social: em ambientes sociais, a pessoa pode imitar as expressões faciais, posturas e gestos dos outros para parecer mais envolvido e conectado.

Quais são as atitudes mais comuns no masking?

A camuflagem social ou masking foca em esconder alguns comportamentos bem comuns no autismo. Entre eles:

  • Dificuldade em fazer contato visual;
  • Presença de comportamentos repetitivos (estereotipias ou stims).

Além disso, quando falamos em camuflagem social também falamos de táticas usadas por profissionais que envolvem desde gestos e entonações da voz até a modulação de assuntos para uma conversa.

Em outras palavras, é um treino para fazer com que pessoas autistas se pareçam mais com pessoas neurotípicas.

Assim, pode ser comum que durante essas intervenções, seja pedido que a pessoa autista imita gestos e entonações de pessoas neurotípicas. Algumas maneiras de fazer um treino de camuflagem social são:

  • Compensação: copiar comportamentos e falas, criando um roteiro de uma possível interação social para treino;
  • Mascaramento: monitor as próprias expressões corporais e faciais, com o objetivo de não demonstrar que a interação social está exigindo um esforço desgastante para a pessoa;
  • Assimilação: atuação em determinado contexto social, por meio de estratégias, comportamentos e até mesmo de outras pessoas, para passar a impressão de que a interação social está sendo realizada.

Embora aqui estejamos falando com relação ao autismo, é importante ressaltar que a camuflagem social é uma estratégia usada por muitos de nós enquanto sociedade, diante de um padrão de normalidade definido. Mas no caso do autismo, isso pode trazer uma problemática ainda maior.

Quais são as consequências de sempre se mascarar?

Embora o masking possa trazer a sensação de auxiliar as pessoas com TEA a participar melhor em contextos sociais, também pode ter efeitos negativos significativos.

O esforço constante para suprimir suas características autistas pode levar a exaustão, dificuldades de autoconhecimento e até mesmo atrasos no diagnóstico, pois mascara traços autistas, dificultando o diagnóstico precoce e intervenções adequadas.

No K-dramaUma advogada extraordinária”, por exemplo, a advogada autista evita falar sobre baleias, mesmo amando o tópico, pois essa atitude é considerada “estranha” no meio de trabalho em que estava.

Ao evitar falar do assunto, ela estava “mascarando” um dos sinais comuns em pessoas autistas, o hiperfoco.

Camuflagem social e autismo em mulheres

Até algum tempo atrás, era comum pensar que o diagnóstico de autismo era mais frequente em indivíduos do sexo masculino. Esse é um dos principais motivos para a cor azul ter sido definida no passado como um dos símbolos do autismo.

No entanto, pesquisadores notaram anos atrás que mulheres podem ser menos diagnosticadas com autismo, e a camuflagem social era justamente um dos motivos para isso acontecer.

De acordo com eles, mulheres são normalmente mais expostas em situações sociais e forçadas a se comportar de determinada ‘adequada’ desde cedo. Assim, algumas das características presentes no autismo acabavam sendo ocultadas no processo, o que dificulta o diagnóstico na infância ou adolescência.

Hoje em dia, é muito mais comum ver casos de diagnóstico tardio de autismo. E muitas mulheres autistas acabam se descobrindo no espectro já na vida adulta. Isso justamente porque os sinais presentes no autismo foram ‘escondidos’.

Estratégias para abandonar o masking e promover a inclusão

Meninas praticando Yoga em um gramado de um parque

Oferecer apoio a pessoas que praticam o masking é fundamental para ajudá-las a se sentirem compreendidas e aceitas. Algumas formas de apoio incluem:

  • Promover a conscientização: educando a sociedade sobre as experiências dos autistas, podemos criar ambientes mais inclusivos.
  • Criar espaços seguros: fornecer espaços seguros onde os autistas se sintam à vontade para serem eles mesmos, sem a necessidade de mascarar.
  • Incentivar a comunicação aberta: estimular a comunicação honesta e aberta pode auxiliar as pessoas com autismo a expressarem suas necessidades e desafios sem medo de julgamento.

É importante notar que essa estratégia de adaptação adotada por algumas pessoas no espectro autista e pode ter efeitos tanto positivos quanto negativos em suas vidas.

Reconhecer a existência dessa prática é essencial para promover uma compreensão mais ampla e acolhedora da diversidade dentro do espectro autista.

Conclusão

Enquanto algumas pessoas no espectro autista recorrem ao masking como uma estratégia para enfrentar os desafios sociais e se adaptar ao mundo neurotípico, não podemos ignorar os impactos emocionais e mentais que essa prática pode gerar.

É essencial que a sociedade continue avançando na busca pela conscientização e empatia em relação ao autismo, permitindo que todos os autistas encontrem ambientes seguros e acolhedores para serem quem são, sem a necessidade de esconder suas verdadeiras identidades.

Oferecer suporte e compreensão é fundamental para ajudá-las a se sentirem valorizadas e integradas à comunidade.

Devemos incentivar a comunicação aberta, promover a aceitação da neurodiversidade e criar espaços inclusivos que celebrem a singularidade e a neurodiversidade de cada um!

Para continuar a ler mais conteúdos desse assunto, acesse o blog da Genial Care:

Blog Genial

Conheça nosso atendimento para autismo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Terapias pelo seu plano com início imediato
Garanta o início das terapias da sua criança nas unidades de Morumbi ou Pinheiros, em São Paulo.
Conheça todas as nossas unidades na Grande São Paulo.
1º lugar em medicina | Elizeu Você sabia que Elon Musk é autista? Autismo leve pode piorar? Mito ou verdade? Existe teste online para diagnosticar o autismo infantil? Direitos de pais com filhos com autismo Pondé afirma que autismo está no ‘hype’ e causa polêmica Uma Advogada Extraordinária: representatividade do autismo Autismo: Fui diagnosticada aos 60 anos e agora? Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! AUTISMO e ASPERGER: 25 sinais de Autismo Infantil AUTISMO em ADULTOS: Quando e como saber? O Rol taxativo da ANS chegou ao fim? 5 brincadeiras para o Dia das Crianças Canabidiol no tratamento de autismo Outubro Rosa: 5 maneiras da mãe se cuidar Graus de autismo: Conheça quais são e como identificá-los 6 personagens autistas em animações infantis Estereotipias: o que são e quais as principais em pessoas autistas Diagnóstico de autismo: quais os próximos passos. Veja 5 dicas Quais os principais sinais de que meu filho tem autismo? Diagnóstico de autismo do meu filho. O que preciso fazer? Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje Conheça os principais tratamentos para pessoas no espectro autista Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? 3 Animações que possuem personagens autistas | Férias Geniais 3 aplicativos que auxiliam na rotina de crianças autistas Déficit na percepção visual: Como a terapia ocupacional pode ajudar? Escala M-CHAT: saiba como funciona! Síndrome sensorial: conheça o transtorno de Bless, filho de Bruno Gagliasso Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Meu filho foi diagnosticado com autismo, e agora? Diagnóstico tardio de autismo: conheça a caso do cantor Vitor Fadul 7 passos para fazer o relatório descritivo da criança com autismo 10 anos da Lei Berenice Piana: veja os avanços que ela proporcionou Park Eun-Bin: descubra se a famosa atriz é autista Síndrome de Tourette: entenda o que aconteceu com Lewis Capaldi Ecolalia: definição, tipos e estratégias de intervenção Dia da escola: origem e importância da data comemorativa Neuropediatra especializado em autismo e a primeira consulta Brendan Fraser e seu filho Griffin Nova temporada de “As Five” e a personagem Benê Show do Coldplay: momento inesquecível para um fã no espectro Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Prevalência do autismo: CDC divulga novos dados Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Neurodivergente: Saiba o que é e tire suas dúvidas Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Eletroencefalograma e autismo: tudo que você precisa saber Autismo e TDAH: entenda o que são, suas relações e diferenças Diagnóstico tardio de autismo: como descobrir se você está no espectro? Autismo e esteriótipos: por que evitar associar famosos e seus filhos Tem um monstro na minha escola: o desserviço na inclusão escolar Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência MMS: entenda o que é o porquê deve ser evitada Autismo e futebol: veja como os torcedores TEA são representados Diagnóstico tardio da cantora SIA | Genial Care 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Sinais de autismo na adolescência: entenda quais são 18/06: dia Mundial do orgulho autista – entenda a importância da data Sala multissensorial em aeroportos de SP e RJ Por que o autismo é considerado um espectro? 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas 3 atividades de terapia ocupacional para usar com crianças autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Masking no autismo: veja porque pessoas neurodivergentes fazem Como fazer um relatório descritivo? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Rasgar papel tem ligação com o autismo? O que é rigidez cognitiva? O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Como conseguir laudo de autismo? CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Como é ser Genial: Mariana Tonetto Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Como usamos a CAA aqui na Genial Care?