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A preocupação com o bem-estar dos pais tem sido – felizmente – uma pauta abordada com frequência. Quando falamos de quem convive com o autismo, o fato do cuidador estar bem consigo mesmo é essencial e está ligado, também, ao desenvolvimento da criança autista.
O conceito de bem-estar é bastante amplo e está ligado às necessidades e individualidades de cada pessoa. Ele se refere não somente à saúde física, mas também a diversos outros estados: saúde mental, emocional, social, financeira, dos relacionamentos e espiritualidade.
Assim, cabe a cada uma das pessoas definirem o que as fazem sentir plenitude.
Para falar sobre a importância do bem-estar dos pais, conversamos com o Dr. Elder Lanzani Freitas, médico formado pela USP, formado em psiquiatria, especializado em psiquiatra da infância e adolescência em 2017 e em terapia comportamental.
Comportamentos desafiadores e o bem-estar
Muitas vezes, as pessoas cuidadoras se sentem sobrecarregadas, justamente em momentos onde há a presença de comportamentos desafiadores, que resultam em momentos de estresse para a família e a pessoa autista.
Esses comportamentos desafiadores são considerados por alguns cuidadores como “difíceis de gerenciar”, e que necessitam de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para auxiliar, por exemplo:
- Comportamentos agressivos, como morder, chutar ou socar;
- Comportamentos autolesivos, como se bater ou morder a si mesmo;
- Dificuldades com as mudanças de rotina, que podem causar estresse e ansiedade;
- Crise de Transtorno de Processamento sensorial, como ter uma crise em resposta a estímulos como luzes, sons ou texturas;
- Desafios com a autorregulação emocional, como dificuldades para lidar com emoções intensas ou lidar com mudanças de humor abruptas.
Para o Dr. Elder Lanzani, “o estresse acaba impactando na mediação dos pais quando se fala em gerenciar esses momentos difíceis”, e ele complementa que essas situações estressantes nem sempre estão ligadas em relação ao cuidado com as crianças, mas: “na forma em que as relações conjugais são abordadas, pois estresse acaba influenciando muito no dia a dia de uma relação familiar”, completa.
Entender os limites da própria pessoa autistas (e da família também), e perceber quais comportamentos podem influenciar para criar uma rotina mais saudável, deve ser uma prioridade para o estresse não impactar na saúde mental e física.
Mas atenção: é muito importante levar dúvidas e comentários até a equipe que acompanha a família e a pessoa autista, dessa forma, os profissionais podem trazer ações que fazem mais sentido para o perfil.
Afinal, o que é estresse?
O estresse é uma resposta fisiológica e psicológica do organismo a um desafio ou demanda externa que é percebido como uma ameaça ou desafio para o equilíbrio emocional ou físico do indivíduo.
Fisicamente falando, quando uma pessoa está estressada, o corpo libera hormônios como cortisol e adrenalina, que ativam o sistema nervoso simpático e causam uma série de respostas fisiológicas, incluindo aumento da frequência cardíaca, respiração rápida e até mesmo suor.
Dessa forma, o corpo consegue com a “ameaça” percebida, mas, se ocorrem com frequência ou por um longo período de tempo, podem ter efeitos negativos na saúde física e mental da pessoa.
Em busca do bem-estar
A terapia é uma das maneiras eficazes de cuidar da saúde mental. Para cuidar de uma pessoa no espectro é preciso antes se cuidar, e entender formas de tornar o processo de desenvolvimento mais saudável e seguro.
Além de fortalecer a saúde mental, a terapia é um espaço para que a pessoa cuidadora se sinta amparada, e entenda que não precisa lidar com tudo sozinha ao mesmo tempo, além de reforçar a importância de se sentir em uma rede de apoio, que pode buscar quando estiver se sentindo só.
De acordo com o Dr. Elder, “quando os pais recebem informações de qualidade e orientações de como manejar os comportamentos difíceis, há a possibilidade de dividir os seus problemas, as suas dúvidas, quando se sentem que tem uma rede onde possa ter essa troca de informações”.
“Então além da psicoterapia individual, estar em contato com clínicas com locais que fornecem esse apoio para os pais, seja por grupos de psicoeducação parental, grupo mesmo de pais, é fortemente recomendado para melhorar o manejo.”
Exercício para o momento de estresse
Muitas pessoas acreditam que precisam começar com grandes mudanças e despender de muito tempo para alcançar o bem-estar.
No entanto, é possível fazer ajustes graduais na rotina que, se tornando hábitos, podem apresentar ganhos excelentes em todo núcleo familiar a curto, médio e longo prazo.
Um dos exercícios que ajudam a regular a crise de estresse, é a respiração. Quando respira profundamente, o diafragma se expande e se contrai, permitindo que mais ar entre e saia dos seus pulmões.
Isso ajuda a diminuir a frequência cardíaca, relaxar os músculos e reduzir a tensão geral no corpo. Um vídeo que pode auxiliar para controlar a respiração é o do peixinho:
A técnica de respiração profunda é uma forma simples e eficaz de lidar com o estresse e a ansiedade, e pode ser praticada em qualquer lugar, a qualquer momento, sempre que você precisar relaxar e aliviar a tensão.
O ideal é praticar pelo menos uma vez por dia, ou sempre que tiver uma desregulação emocional e precisar pensar antes de agir.
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