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menino de lado olhando para o nada

Sexualidade infantil: como lidar dentro do espectro

A sexualidade infantil é uma parte natural do desenvolvimento humano, mas as crianças autistas podem enfrentar desafios específicos relacionados a sua sexualidade.

O autismo é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, interesses restritos e comportamentos repetitivos. Isso pode tornar mais difícil para as crianças autistas entenderem as normas sociais e culturais relacionadas à sexualidade.

Além disso, as crianças autistas podem ter dificuldades sensoriais que podem tornar certos tipos de toque ou contato físico desconfortáveis ou aversivos, o que pode fazer com que elas se sintam envergonhadas ou com medo de explorar o próprio corpo.

Neste artigo, abordamos alguns dos desafios e questões relacionadas à sexualidade infantil no autismo e como as pessoas autistas podem entender essa individualidade de forma segura e saudável.

Sexualidade infantil e o TEA

pai e filha sentados no sofá conversando

Pessoas autistas podem ter desafios únicos quando se trata de sexualidade. Por exemplo, eles podem ter dificuldades com a comunicação e com a leitura de sinais sociais, o que pode tornar difícil a navegação em situações românticas e sexuais.

Por isso, é importante que os pais e cuidadores estejam cientes desse desafio e saibam como apoiar a sexualidade infantil no autismo, e sempre estar disposto a:

  • Procurar informações acessíveis e apropriadas sobre educação sexual;
  • Ter conversas regulares sobre relacionamentos e emoções;
  • Expor sempre informações claras sobre o que é apropriado e o que não é.

Além disso, é preciso ficar de olho no Transtorno de Processamento Sensorial (TPS), para evitar crises sensoriais que prejudicam o desenvolvimento e bem-estar da criança. E como isso?

  • Fornecendo estímulos sensoriais alternativos — como texturas ou cores diferentes, para que ela entenda os próprios limites de toque e sensações.
  • Evitando tipos específicos de toque — que a criança pode achar desconfortável, como beijos, cafunés e abraços dos próprios cuidadores ou até mesmo de desconhecidos. É importante entender como a criança se sente, ela pediu carinho para os pais ou foi orientada a fazer isso? A vontade da criança deve ser respeitada.

Importante: As pessoas cuidadoras e familiares precisam unir a orientação de profissionais clínicos, que conhecem e acompanham a pessoa autista e podem indicar o melhor cuidado nesse momento de exploração.

Auto-exploração na sexualidade infantil

Um dos questionamentos das pessoas cuidadoras, é a auto-exploração sexual de seus filhos, típicos e atípicos. Estudos apontam que autistas podem ter uma maior propensão à auto-exploração e à auto-estimulação, e essas práticas podem fazer parte de sua sexualidade.

Um estudo de 2012 publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders descobriu que 63% dos pais de crianças autistas relataram comportamentos sexuais que consideravam atípicos, expor-se ou se masturbar em público.

Outro estudo de 2016 publicado no Journal of Sex Research descobriu que adolescentes autistas relataram maior frequência de masturbação do que adolescentes neurotípicos.

É importante notar que esses estudos se concentram em comportamentos sexuais específicos e não devem ser interpretados como uma indicação de que todos os indivíduos autistas se auto estimulam com mais frequência, e isso não se aplica a todas as pessoas autistas e que há uma ampla variedade de comportamentos sexuais entre pessoas com TEA.

Embora essas atividades possam ser mal compreendidas ou consideradas inadequadas pelos outros, é importante lembrar que o comportamento sexual é uma parte natural do desenvolvimento humano e não deve ser estigmatizado ou envergonhado, desde que seja realizado de maneira segura e consensual.

Mas, é muito importante reforçar que essas ações são normais e fazem parte do processo de descoberta, e que os autistas têm o direito de explorar sua sexualidade de maneira segura e respeitosa.

Mas atenção: se os pais ou cuidadores têm preocupações com os comportamentos sexuais de uma criança autista, é importante buscar aconselhamento de profissionais de saúde e educação que possam ajudar a avaliar e gerenciar esses comportamentos de maneira apropriada e saudável.

Consentimento e relacionamentos

menino sentando no chão abrançando as pernas ao lado de uma escada

Todas as pessoas têm o direito de escolher com quem querem ter contato físico ou sexual e em que condições.

O consentimento é crucial em qualquer situação sexual, e pode ser particularmente desafiador para pessoas autistas que podem ter dificuldades com a comunicação e com a compreensão de sinais sociais.

Por isso, receber educação sobre consentimento e também aprender sobre autonomia e tomada de decisões nos relacionamentos, são duas ações indispensáveis no processo de amadurecimento de pessoas com TEA.

Apoio e recursos para falar sobre sexualidade infantil

O apoio contínuo, a educação e o treinamento em habilidades sociais são essenciais para garantir que as crianças autistas desenvolvam uma compreensão positiva e saudável de sua sexualidade.

Pessoas autistas podem se beneficiar de apoio e recursos específicos para explorar sua sexualidade de forma segura e saudável, com profissionais especializados em educação sexual, ou grupos de apoio na escola e no ambiente social.

É importante que os pais e cuidadores estejam cientes dos desafios específicos enfrentados pelas crianças autistas e forneçam um ambiente seguro e acolhedor para que eles possam explorar sua sexualidade de maneira saudável e apropriada.

Se você quer saber mais sobre sexualidade no autismo, acesse nossa entrevista com Lucas Nolasco, autista que se identifica como bissexual, e contou pra gente como foi esse processo de autodescoberta:

Bissexualidade no autismo: conheça Luca Nolasco, do Introvertendo

Conheça nosso atendimento para autismo

8 respostas para “Sexualidade infantil: como lidar dentro do espectro”

  1. Olá, me chamo Luciaba, sou professora e estou iniciando em uma sala d3 AEE, tenho uma aluno de pré de 5 anos, está menina se masturbo o tempo inteiro, recreio, refeitórios a prof de referência não tem feito nada.
    Gostaria de saber como ajudar, pois tenho uma turma de 1 ano que as vezes vê o ocorrido.

    • Olá, professora Luciana. Como vai? Esperamos que muito bem.

      Professora, é muito importante mostrar a aluna que existem espaços em que ela pode e que ela não pode fazer as coisas. A ideia é que a criança aprenda sobre comportamentos privados.

      Para isso, use histórias narrativas e suportes visuais para lembrá-la em qual ambiente ela está.

      Algumas outras dicas que podem ajudá-la:

      – Analise os gatilhos: observe quando e onde a masturbação ocorre para tentar identificar possíveis causas ou momentos de maior necessidade de autorregulação;
      – Ofereça atividades sensoriais alternativas: Apresente brinquedos ou materiais que possam proporcionar outras formas de estimulação tátil;
      – Redirecione o comportamento: ao observar a masturbação, ofereça uma atividade interessante para desviar o foco da aluna;
      – Busque orientação da coordenação e/ou psicólogo escolar: eles podem oferecer suporte especializado e estratégias mais específicas para a situação, considerando a idade e o contexto.

      Esperamos ter ajudado.

      Abraço.

  2. Sou professora de EI e nota que minha aluna Autista fica se esfregando na cadeira de modo que chega até a mudar suas expressões, tento tirar o foco e apresentar atividades no chão, mas ela resiste em aceitar. Isso acontece em diversos momentos do dia. Tenho medo de ser uma criança que possa estar sofrendo abusos. Como agir? E como ter certeza que é normal?

    • Olá, professora Lorena. Como vai? Esperamos que muito bem.

      Professora, é crucial ter sensibilidade na investigação do caso. V

      Documente as ocorrências: anote horários, locais e detalhes do comportamento;
      Observe outros sinais: esteja atenta a outras mudanças comportamentais, medos ou retraimento incomuns;
      Converse com a equipe escolar (coordenador, psicólogo): compartilhe suas preocupações para obter orientação profissional e apoio na observação;
      Comunique-se discretamente com os pais/responsáveis: relate suas observações sem acusações, buscando entender se há algo incomum em casa (aqui, é importante notar como a informação é recebida pelos responsáveis da aluna);

      Siga o protocolo da escola
      Em caso de suspeita de abuso, siga os procedimentos internos para notificação às autoridades competentes, garantindo a segurança da criança.

      Esperamos ter ajudado.

      Abraço.

  3. Sou professora auxiliar e meu aluno é autista, porém muito carinhoso. Carinhoso aos extremos comigo. E todas as vezes que chega perto de mim está excitado, na maioria das vezes nem toca em mim , apenas me ver, fica excitado. Estou com dificuldades para lidar com a situação. ALGUÉM TEM ALGUMAS DICAS DO QUE FAZER, COMO Fazer??

    • Olá, professora Izabel. Como vai? Esperamos que muito bem

      Professora, é importante abordar a situação com sensibilidade e profissionalismo.

      Separamos algumas dicas com ajuda de nossos terapeutas:

      – Estabeleça limites claros e gentis: explique de forma simples que o carinho é bem-vindo, mas o toque excessivo não é apropriado no ambiente escolar;
      – Use comunicação visual: crie um cartão ou símbolo que represente “espaço pessoal” para lembrá-lo visualmente;
      – Redirecione o comportamento: ofereça alternativas de interação, como um aperto de mão rápido ou um aceno com as mãos;
      – Identifique os gatilhos: observe quando e onde a excitação ocorre para tentar prevenir as situações;
      – Comunique-se com os pais/responsáveis e equipe: compartilhe suas observações e busquem estratégias conjuntas;
      – indique ajuda profissional para a família (psicólogos e terapeutas ocupacionais especializados em autismo).

      Esperamos ter ajudado.

      Abraço.

  4. Hoje passei por uma situaçã, meu filho estuda na APAE , em itauna-MG, e hoje se masturbou na sala, porém para ele era gesto normal, porém foi envergonhado e proibido de ir a escola, poderá ir só quando eu for falar com psicólogo e médico.
    Estou muito triste com essa atitude, essa foi primeira vez que teve esse comportamento.

    • Olá, Ana Paula. Como vai você?

      Sentimos muito pelo ocorrido. Recomendamos a comunicação com os profissionais sobre o ocorrido. É Muito importante buscar estratégias para trabalhar em conjunto visando incluir seu filho no ambiente e evitar momentos com maior ansiedade.

      Esperamos que tudo fique bem.

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