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DSM-5: Médico explicando autismo para mãe com filho no colo

DSM-5: quais são os critérios do diagnóstico para o autismo?

Pelo TEA ser um espectro com variados níveis de necessidade e suporte, que muda conforme o repertório de uma pessoa, o diagnóstico apresenta alguns desafios específicos para os profissionais da saúde.

Isso acontece, pois não existe um exame clínico específico e fechado para o diagnóstico de autismo, mas sim uma série de avaliações de aspectos comportamentais de uma pessoa, feitas por uma equipe de profissionais de várias áreas.

Por isso, médicos usam os critérios estabelecidos pelo DSM-5 — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — para conseguir fechar o laudo e entender se um indivíduo apresenta sinais de atraso e marcos no desenvolvimento específicos para determinadas idades.

Mas quais são esses critérios usados pelo DSM-5 para autismo? É isso que você entenderá neste texto. Acompanhe a leitura!

O que é DSM-5?

O DSM — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — é um documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria ou APA (American Psychiatric Association), principal organização de estudantes e profissionais de Psiquiatria dos Estados Unidos.

Chamamos de DSM-5 pois ele está em sua 5ª edição, lançada em 2013. A cada nova versão são adicionados critérios para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.

Importante saber que, até o DSM-4, o diagnóstico de autismo poderia receber um destes nomes:

  • Transtorno Autista;
  • Síndrome de Asperger;
  • Transtorno Desintegrativo Infantil;
  • Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.

Já a partir do DSM-5, o autismo passa a ser chamado de Transtorno do Espectro do Autismo, classificado como um dos transtornos do Neurodesenvolvimento, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e também os comportamentos restritos e repetitivos.

Essas novas classificações do DSM-5 trouxeram mudanças significativas em todos os critérios usados para realização do diagnóstico de autismo, ampliando a identificação dos sintomas e focando em observações do desenvolvimento da interação social e comunicação das crianças.

Com essa nova descrição, profissionais e familiares têm mais facilidade de compreensão dos sinais do TEA, ajudando na realização de diagnósticos e intervenções precoces.

Banner sobre a Rede Genial de terapeutas com mulher sentada em um escritório, com um notebook a sua frente.

Critérios diagnósticos do DSM-5 para autismo

Nesse manual diagnóstico, o TEA fica classificado como:

299.00 (F84.0) Transtorno do Espectro Autista (50)

  1. Especificar se: Associado a alguma condição médica ou genética conhecida, ou a fator ambiental; Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental;
  2. Especificar a gravidade atual para Critério A e Critério B: Exigindo apoio muito substancial, Exigindo apoio substancial, Exigindo apoio;
  3. Especificar se: Com ou sem comprometimento intelectual concomitante, Com ou sem comprometimento da linguagem;

Os critérios são divididos em A, B, C, D e E com alguns pontos específicos dentro deles. Veremos cada um deles separadamente.

A

Déficits persistentes na comunicação e interação social em vários contextos como:

  • Limitação na reciprocidade emocional e social, com dificuldade para compartilhar interesses e estabelecer uma conversa;
  • Limitação nos comportamentos de comunicação não verbal usados para interação social, variando entre comunicação verbal e não verbal pouco integrada e com dificuldade no uso de gestos e expressões faciais;
  • Limitações em iniciar, manter e entender relacionamentos, com variações na dificuldade de adaptação do comportamento para se ajustar nas situações sociais, compartilhar brincadeiras imaginárias e ausência de interesse por pares.

B

Padrões repetitivos e restritos de comportamento, atividades ou interesses, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes itens, ou por histórico prévio:

  • Movimentos motores, uso de objetos ou fala repetitiva e estereotipada (estereotipias, alinhar brinquedos, girar objetos, ecolalias);
  • Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a padrões e rotinas ritualizadas de comportamentos verbais ou não verbais (sofrimento extremo a pequenas mudanças, dificuldade com transições, necessidade de fazer as mesmas coisas todos os dias);
  • Interesses altamente restritos ou fixos em intensidade, ou foco muito maiores do que os esperados (forte apego ou preocupação a objetos, interesse preservativo ou excessivo em assuntos específicos);
  • Hiper ou Hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais do ambiente (indiferença aparente a dor/temperaturas, reação contrária a texturas e sons específicos, fascinação visual por movimentos ou luzes).

C

Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento, porém eles podem não estar totalmente aparentes até que exista uma demanda social para que essas habilidades sejam exercidas, ou podem ficar mascarados por possíveis estratégias de aprendizado ao longo da vida.

D

Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas importantes da pessoa.

E

Esses distúrbios não são bem explicados por deficiência cognitiva e intelectual ou pelo atraso global do desenvolvimento.

Níveis de gravidade para o TEA

Ainda nos critérios diagnósticos do DSM-5 para autismo, estão presentes os níveis de gravidade ou necessidade de suporte para as atividades da vida diária. A partir da 5ª edição, o TEA passa a ser dividido em 3 níveis diferentes: leve, moderado e severo.

Já temos um texto aqui no blog detalhando melhor cada um desses graus. Você pode acessar e ler esse conteúdo clicando aqui.

Diferença do DSM e da CID

Além do DSM-5, existe outro manual usado para realização do diagnóstico de autismo. A CID (Classificação Internacional de Doenças) é o documento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para oferecer uma linguagem comum para que os profissionais de várias especialidades possam se comunicar da mesma forma.

Na CID-11 (última versão deste manual) os diagnósticos de autismo passam a fazer parte dos Transtornos do Espectro do Autismo (6A02), que podem ser identificados das seguintes formas:

  1. Nível 1 – Leve:
    – 6A02.0 TEA sem Deficiência Intelectual (DI) e com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
    – 6A02.1: TEA com DI e com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
  2. Nível 2 – Moderado:
    – 6A02.4: TEA sem DI e com ausência de linguagem funcional
    – 6A02.5: TEA com DI e com ausência de linguagem funcional
  3. Nível 3 – Severo:
    – 6A02.4: TEA sem DI e com ausência de linguagem funcional
    – 6A02.5: TEA com DI e com ausência de linguagem funcional

O DSM e a CID se diferenciam por serem feitos por órgãos diferentes e também em suas finalidades. O primeiro é feito pela APA e foca em descrever e classificar os transtornos mentais. Já o segundo, feito pela OMS e foca em descrever e classificar doenças, lesões e causas de mortalidade.

Apesar dessas diferenças, ambos são ferramentas essenciais para comunicação entre diferentes áreas da saúde, com vocabulários distintos. Além disso, os dois auxiliam no processo de diagnóstico de condições de saúde, possibilitando o acesso a tratamentos de qualidade.

Compreender e entender o diagnóstico de autismo ajuda a família e a própria pessoa no espectro a entender o transtorno melhor. Mas precisamos lembrar que esses manuais classificatórios são utilizados para direcionar os cuidados necessários.

Por isso, diagnósticos e laudos não devem ser usados para reduzir as pessoas a uma caixinha ou até mesmo generalizar as experiências. Cada pessoa é única e merece ser compreendida em toda sua singularidade.

Ter o apoio de uma equipe multidisciplinar preparada e pronta para tirar suas dúvidas é fundamental nesse processo. Se você quer saber mais sobre os serviços da Genial e como realizamos nossas intervenções, acesse:
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