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A Síndrome de Asperger é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda como as pessoas veem e compreendem o mundo, e que faz parte do transtorno do espectro autista (TEA) desde 2013.
Isso porque, ela fazia parte da categoria de Transtornos do Neurodesenvolvimento até 2013, antes da mudança do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM para sua 5ª edição.
Quando pensamos no nível de necessidade de suporte que uma pessoa atípica precisa, a Síndrome de Asperger tende a se manifestar de uma forma mais branda, com necessidade de apoio geralmente menor, por isso era considerada como um tipo de autismo leve.
Neste artigo, você vai entender melhor sobre esta condição, desde sua definição, até a semelhança com o TEA. Confira!
O que é Síndrome de Asperger?
A Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico que também apresenta dificuldades de interação e comunicação social, bem como padrões repetitivos e restritivos de comportamento.
Até 2013, a Síndrome de Asperger aparecia em manuais diagnósticos como o DSM, da Associação Americana de Psiquiatria, e o CID, da Organização Mundial da Saúde.
Dessa forma, sua classificação estava dentro dos chamados Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), que também listava nomenclaturas como autismo infantil e autismo clássico.
Os primeiros registros da Síndrome de Asperger surgiram em 1944, quando o psiquiatra e pesquisador austríaco Hans Asperger publicou um estudo no qual observou o padrão de comportamento e as habilidades de mais de 400 crianças autistas.
Nesse estudo, ele descreveu deficiências sociais graves, como: falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse especial e movimentos descoordenados.
Na ocasião, o psiquiatra nomeou esses sintomas como psicopatia autista. O nome “Síndrome de Asperger” só foi usado pela primeira vez 37 anos mais tarde, quando a psiquiatra Lorna Wing adicionou 31 novos casos ao estudo e deu à condição um nome em homenagem ao austríaco.
Hans Asperger e o nazismo
Em 2018, o nome de Hans Asperger se tornou centro de uma polêmica quando um estudo o ligava aos movimentos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A publicação da revista Molecular Autism trazia evidências de que o psiquiatra foi membro de várias organizações vinculadas ao regime de Adolf Hitler e estaria ativamente envolvido no programa de eutanásia Nazi, na Áustria.
O psiquiatra teria sido responsável pela transferência de duas meninas para o centro de Am Spiegelgrund, no hospital psiquiátrico Steinhof de Viena. As crianças morreram pouco depois, e tiveram a causa da morte decretada como pneumonia.
Segundo os registros, Asperger também examinou mais de 200 pacientes, dos quais 35 foram considerados “ineducáveis” e mortos por injeção letal e em câmaras de gás.
Quais as características da Síndrome de Asperger?
Pessoas com Síndrome de Asperger costumam ter uma inteligência, por vezes, considerada acima da média. No entanto, ainda podem apresentar dificuldades específicas de aprendizagem e precisar de apoio.
Com isso, muitas pessoas fazem uma relação entre a superdotação ou QI elevado, com o diagnóstico de Síndrome de Asperger.
No estudo “Traços compartilhados na superdotação e na Síndrome de Asperger” o autor traz a relação entre pessoas, anteriormente não diagnosticados com Síndrome de Asperger, mas considerados superdotados, que mostraram comportamentos semelhantes à condição, especialmente quando possuem QI acima de 145 pontos (99.9 percentil).
Assim, quanto maior o QI, mais comportamentos parecidos com os de uma pessoa com Síndrome de Asperger podem ser observados.
Além disso, é importante ressaltar que inteligência e autismo têm uma conexão genética, o que pode explicar a presença de comportamentos característicos em alguns casos, mesmo quando a condição autista não está formalmente presente.
Em outras palavras, a sobreposição de características comportamentais entre superdotação e Síndrome de Asperger pode ser explicada pela influência de genes compartilhados.
Outro ponto em comum com outros níveis de autismo é a questão da fala. Enquanto pessoas autistas podem ter muitos problemas para desenvolver a linguagem, as pessoas com Asperger costumam ter menos dificuldade nesse quesito, mas ainda podem ter dificuldade em entender e processar a linguagem.
Isso acontece, principalmente, porque elas podem ser mais literais que neurotípicos. Assim, figuras de linguagem, como as metáforas, acabam sendo interpretadas em seu sentido literal, dificultando a comunicação.
O mesmo acontece com frases irônicas e sarcásticas, que podem não ser compreendidas no tom de brincadeira, mas como algo verdadeiro.
Outras características comuns em pessoas com Síndrome de Asperger são:
- Falta de contato visual na comunicação com outras pessoas;
- Interesse obsessivo por um tema ou objeto, como o hiperfoco;
- Dificuldade de se relacionar (o que não significa que não tenham amigos ou relacionamentos amorosos, mas sim que esta etapa pode ser mais complicada);
- Dificuldade em lidar com mudanças na rotina e imprevistos, tendo crises e desregulações emocionais com mudanças não previstas;
- Hiperatividade ou um estado de agitação muito grande em determinadas situações;
- Comportamentos impulsivos.
Qual a diferença entre autismo e Síndrome de Asperger?
Até 2013 a Síndrome de Asperger era considerada uma condição dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs). O fato dele não estar como uma sub condição do autismo sempre causou muitas dúvidas se era, de fato, uma forma de autismo.
Mesmo separada, a Síndrome de Asperger faz, sim, parte do diagnóstico de autismo. No entanto, essa nomenclatura foi descontinuada em 2013, com a publicação da 5ª edição do DSM.
DSM-5 e as novas classificações
Uma das principais mudanças desta edição do DSM é que o autismo deixa de ser classificado como um Transtorno Global do Desenvolvimento e passa a ser apontado como uma categoria própria: o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Assim, o termo Síndrome de Asperger deixa de ser utilizado. Aqueles que receberam anteriormente esse diagnóstico, são identificados como autistas com nível de necessidade de suporte 1, também conhecido como autismo leve.
Como identificar e diagnosticar a Síndrome de Asperger?
Apesar de existirem muitos testes online que prometem diagnosticar a Síndrome de Asperger, a única forma de conseguir o diagnóstico adequado é realmente buscar por ajuda profissional.
Alguns profissionais que podem ajudar nesse processo são das áreas de:
- Psicologia;
- Psiquiatria;
- Neuropsiquiatria;
- Neurologia.
É preciso observação clínica e aplicação de protocolos para avaliar se é possível fechar o diagnóstico.
O que a família pode fazer é olhar para alguns testes disponíveis como: o QA — teste de Quociente do Espectro Autista — que mede a extensão dos traços autistas na pessoa e que pode ser respondido por adolescentes e adultos.
E também a Escala M-CHAT como uma forma de entender se a criança apresenta alguns sinais de atraso no desenvolvimento, buscando uma ajuda médica mais direcionada.
Essa escala é considerada a principal escala para rastreio precoce no autismo, podendo ser usada em crianças com até 5 anos. Seu formulário é composto por 23 perguntas simples e diretas, cujas respostas são “Sim” ou “Não” que podem ser respondidas pelos pais ou pessoas cuidadoras. Para responder ao M-CHAT, clique no banner abaixo:
Mas atenção: mesmo se o resultado for baixo risco, mas você identifica sinais comuns, ou que indicam atraso no desenvolvimento da criança, procure ajuda profissional.
Diagnóstico tardio é uma realidade
Pelo fato dos sinais serem mais discretos e até imperceptíveis, muitas vezes o diagnóstico de Síndrome de Asperger pode ser tardio. Ou seja, quando a pessoa está na adolescência ou até na fase adulta.
Ainda assim, se existem suspeitas, é importante buscar o diagnóstico para melhoria da qualidade de vida e, se for necessário, iniciar intervenções que vão auxiliar no dia a dia.
Para muitas pessoas, receber a informação de que estão no espectro é essencial para autoconhecimento e também para questões relacionadas à saúde mental. Isso porque estudos mostram que pessoas autistas têm taxas de suicídio três vezes mais altas, se comparadas com a população em geral.
Quais as intervenções para Síndrome de Asperger?
Existem intervenções comportamentais que podem ajudar pessoas com Síndrome de Asperger, mesmo se o diagnóstico for tardio.
Uma delas é o treino de habilidade sociais, que auxilia em processos como os de interação social por meio do ensinamento de regras sociais e costumes que orientam as relações entre pessoas e que normalmente neurotípicos adquirem naturalmente. Alguns aspectos deste treino são:
- Conversação: entender como iniciar e manter conversas;
- Contato visual: entender como funciona e como fazer esse contato;
- Habilidades acadêmicas: seguir instruções, atenção, trabalhar em grupo, etc.
Além desta, existem outras intervenções para pessoas com Síndrome de Asperger. Cada pessoa é única e por isso é preciso que profissionais que vão atuar com alguém no espectro a conheça e entenda quais as melhores formas de ajudá-la em suas necessidades.
Conclusão
Apesar do termo Síndrome de Asperger não ser mais usado, é importante entendermos sobre ele e não inviabilizar pessoas que, anteriormente, foram diagnosticadas assim.
Isso envolve conscientização, informação verdadeira e representatividade de toda a sociedade, promovendo apoio e compreensão. Cada pessoa é única, e o respeito pela diversidade é fundamental.
Ao compartilhar informações verdadeiras e acessíveis, contribuímos para uma sociedade mais inclusiva e empática.
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