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Há muitos médicos que fizeram parte da história do autismo, com suas pesquisas, casos e aplicações. Até hoje, eles continuam a mudar, revolucionar e inspirar outros profissionais da saúde mental.
Um deles é Burrhus Frederic Skinner, mais conhecido como Skinner. Ele foi um psicólogo norte-americano que ficou conhecido por criar uma vertente filosófica, conhecida como Behaviorismo Radical na década de 40, que tinha por objetivo estudar e entender – principalmente – o comportamento dos seres humanos.
Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre a história do pai do behaviorismo radical e entender o porquê sua teoria continua a revolucionar a vida de pessoas no espectro autista nos dias de hoje.
Quem foi Skinner?
Antes de se tornar um psicólogo de sucesso, Skinner fez bacharelado em Literatura Inglesa e pensou em seguir carreira de escritor, mas concluiu que lhe faltavam habilidades. Seu interesse pela área da psicologia veio de uma pós-graduação, em 1928, na Universidade de Harvard, onde se tornou um doutor especialista.
Skinner ficou no campo de pesquisa – em Harvard – até 1936. E, antes de retornar para a universidade de prestígio, passou por outros lugares:
- 1936 a 1945: Docente na Universidade de Minnesota;
- 1945 e 1947: Docente na Universidade de Indiana;
- Ainda em Indiana foi Presidente do Departamento de Psicologia;
- 1948: Retorno a Harvard como professor titular.
Ele faleceu em 18 de agosto de 1990, em Cambridge, após complicações causadas pela leucemia. Skinner deixou sua esposa Yvonne Blue e dois filhos.
Qual a teoria de Skinner?
Skinner acreditava e defendia a investigação do comportamento, e analisando organizações, espaços e humanos, ele chegou a conclusão que cada ser se comportava de acordo com o ambiente em que estava inserido, e suas ações eram consequências dos estímulos oferecidos por essa vivência.
Essa teoria segue o princípio de que a ocorrência de um estímulo, chamado de estímulo discriminativo, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma resposta, e após a resposta segue-se um estímulo reforçador, podendo ser um reforço (positivo ou negativo) que estimule o comportamento (aumentando sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição que iniba a ocorrência do comportamento posteriormente em situações semelhantes.
Para Skinner, cada pessoa é um ser único, homogêneo, e não um todo construído apenas de corpo e mente.
Entre seus estudos, destaca-se a teoria de análise do comportamento, punição positiva e a teoria da aprendizagem, e aqui no blog já abordamos esses assuntos:
Análise do Comportamento
A análise do comportamento é uma ciência que tem instrumentos para observar, analisar e criar estratégias para intervir no comportamento do indivíduo. Assim, ela pode ajudar tanto na aprendizagem de novos comportamentos, como na redução de comportamentos desafiadores, como as crises.
Punição Positiva
Segundo Skinner, a punição positiva é um recurso empregado quando a intenção é eliminar uma conduta indesejada (ou induzir uma pessoa a se comportar de determinada maneira). Ela ocorre a partir da adição de um estímulo aversivo após o acontecimento de um comportamento desafiador ou menos aceito socialmente.
Teoria da Aprendizagem
Mais conhecida comoABA, é uma ciência de aprendizagem que, quando aplicada em pessoas no espectro autista, foca em promover o ensino de novas habilidades e redução de comportamentos prejudiciais.
Podemos considerar prejudiciais aqueles comportamentos que colocam sua integridade física em risco, por exemplo: machucar a si mesmo ou outras pessoas, atirar objetos, bater a própria cabeça e etc.
É importante ressaltar que Skinner nunca chegou a trabalhar com ABA para o autismo, mas seus estudos acerca do tema foram importantes para as intervenções nessa ciência.
O pai do Behaviorismo Radical
O trabalho de Skinner confrontava as teorias de outros profissionais da área de psicologia, como por exemplo, Sigmund Freud, que acreditava que as pessoas poderiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes. Enquanto o pai do behaviorismo radical, considerava superficial o ato de analisar o Id, Ego e Superego em um acompanhamento psiquiátrico.
Para ele, examinar os motivos inconscientes do ser humano era uma perda de tempo.
Skinner sempre se dedicou ao estudo das possibilidades que ofereciam o controle científico da conduta mediante técnicas de reforço, ou seja, os estímulos de comportamentos desejados).
Assim, acreditava que a aprendizagem concentrava-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis.
Ele se interessava pelo Behaviorismo de Watson, o que o levou a desenvolver seus estudos e pesquisas, surgindo assim o “Behaviorismo Radical”. A proposta se definia contra causas internas (mentais) para explicar a conduta humana, além de negar também à realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção de Watson.
Durante esse processo de pesquisa e estudos, Skinner escreveu alguns artigos e livros que ficaram marcados como referências de seu trabalho:
- The Behavior of Organisms– antes de partir para os estudos do comportamento humano, Skinner fez análise do comportamento em ambientes e organizações, para começar a propor a teoria de estímulo e resposta;
- Ciência e Comportamento Humano – onde aplicou seus princípios comportamentais fora do contexto de laboratório, partindo para estudos voltados a aspectos sociais, leis, educação, psicoterapia e muitos outros;
- Tecnologia de Ensino – onde defende a educação da Arte de Ensinar, oferecendo formas alternativas e mais plausíveis na ciência do ensino, sendo o comportamento o termo pelo qual o ser humano é capaz de aprender;
- Para além da liberdade e dignidade – nesse livro, Skinner escreve sobre suas teorias de forma simplificada, com linguagem acessível para leitores fora da área de psicologia.
Reconhecimentos e premiações
Em 1958 a Associação Americana de Psicologia reconheceu as contribuições de Skinner à Psicologia, concedendo-lhe o Prêmio de Contribuição Científica Distinguida. Outras distinções seguiram-se: a Medalha Nacional em Ciência
em 1968, a Medalha de Ouro da Associação Americana de Psicologia em 1971 e no mesmo ano foi capa da revista Time.
O legado do pai do behaviorismo radical continua a ser enaltecido entre os idealizadores da B.F. Skinner Foundation, que promove eventos anuais para reconhecer outros profissionais e pesquisadores que se dedicam à área da análise do comportamento.
A Fundação anualmente oferece suporte financeiro para incentivar mais cientistas a divulgarem o legado do estudioso. Fundada em 1988, a Fundação B. F. Skinner tem um vasto material da propriedade literária de Skinner, frutos de doações dos colegas, estudantes e membros da família.
Além de Skinner, já falamos aqui em nosso blog sobre outros profissionais que mudaram a história do autismo. São profissionais que contribuíram para a mudança na forma de enxergar o transtorno do espectro autista nos dias de hoje.
Conheça cada um deles clicando no botão abaixo: