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Muitas famílias têm dificuldades em saber como ensinar a criança com autismo a aceitar “não” e “espere”. Isso porque, apesar desses pedidos serem simples, muitas vezes geram uma frustração em quem está no espectro e não consegue lidar bem com o sentimento de uma negativa ou comando para aguardar por algo.
A boa notícia para quem convive com essa dificuldade é que existem algumas estratégias que podem ajudar no processo de aprendizagem das crianças, e a lidar com comportamentos desafiadores no TEA.
Neste artigo explicamos mais sobre como as estratégias da Análise do Comportamento Aplicada (ABA), e outras práticas baseadas em evidências, podem ser efetivas para que crianças com autismo aprendam a aceitar quando ouvem “não” e “espere”.
Como a ABA pode ajudar pessoas com autismo?
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência de aprendizagem que pode ser usada de diversas maneiras e em diferentes cenários, inclusive para pessoas com desenvolvimento típico.
Quando falamos em pessoas com autismo, as estratégias da ABA são focadas em dois pontos principais:
- Ensinar novas habilidades;
- Ajudar no manejo de comportamentos desafiadores.
Por ser uma prática baseada em evidências, ou seja, um número considerável de estudos já demonstrou sua usabilidade, alta qualidade e efetividade para o TEA, a intervenção ABA pode ser aplicada em pessoas com qualquer grau de autismo.
Sendo assim, essa ciência acaba sendo muito importante para ajudar no desenvolvimento de quem está no espectro e também promover melhor qualidade de vida, junto a outras intervenções multidisciplinares, como a fonoaudiologia e a terapia ocupacional.
ABA e o princípio ABC do comportamento
Para atingir o objetivo de ajudar com comportamentos desafiadores no TEA, um dos princípios mais conhecidos da ABA é o ABC do comportamento. Aqui, as siglas condizem com as palavras em inglês, sendo:
- A – Antecedente (Antecedent);
- B – Comportamento (Behavior);
- C – Consequência (Consequence).
Assim, a intenção é investigar o comportamento quando ele ocorre para conseguir entender quais ações podem estar gerando o comportamento e quais podem servir como reforço para que ele volte a ocorrer no futuro.
Como ensinar uma criança com autismo a aceitar “não” e “espere”?
Pensando nos princípios da ABA, existem algumas estratégias desta ciência que podem ajudar a como ensinar uma criança com autismo a aceitar as palavras “não” e “espere”.
Reforçamos que a proposta deste conteúdo é educativa e que todas as estratégias empregadas para o desenvolvimento da criança devem ser alinhadas com a equipe multidisciplinar responsável pelas intervenções.
1 – Use suportes visuais
Suportes visuais são usados como ferramenta de comunicação para pessoas no espectro autista e ajudam no desenvolvimento de independência e autonomia. Esse recurso potencializa o aprendizado de quem está no espectro.
Assim, eles são uma excelente forma de ajudar quando o assunto é ensinar “não” e “espere” e prevenir comportamentos desafiadores. Por isso, se eles ocorrem sempre que você nega um item ou atividade para a criança, uma ótima ideia é criar um quadro de suportes visuais explicando quando itens ou atividades que ela gosta estarão disponíveis ao longo do dia.
Outra solução é usar um cronômetro e explicar que quando ele chegar a zero, a criança poderá ter acesso do que deseja.
2 – Ofereça escolhas
Se a dificuldade maior da criança está em aceitar o “não”, uma alternativa é oferecer escolhas a ela invés de usar a palavra. Por exemplo, se a criança emite um comportamento desafiador sempre que você nega que ela assista mais TV, porque está na hora de ir à escola, você pode oferecer alternativas que chamem a atenção dela:
“Está na hora de ir para a escola, você prefere levar misto quente ou sanduíche de atum para o lanche?” ou “Está na hora de ir para a escola, você prefere ir com o tênis vermelho ou com o azul?”.
3 – Reforce quando a criança emitir o comportamento esperado
O reforço é uma das estratégias da ABA para garantir que o comportamento aprendido vai se repetir no futuro. Assim, sempre que a criança se comportar da maneira desejada, faça elogios e, se possível, entregue a ela itens que ela gosta ou faça atividades que a dão prazer.
4 – Tenha paciência quando a criança emitir o comportamento desafiador
Ter paciência também é essencial quando falamos em lidar com comportamentos desafiadores no autismo. Durante o processo de ensinar novos comportamentos, os antigos vão continuar acontecendo, e persistir nas estratégias é a chave para garantir o aprendizado de novas habilidades.
Por isso, quando a criança emitir um comportamento desafiador ao ouvir “não” ou “espere”, garanta que você não vai dar a ela o item/atividade que deseja. Pois, como aprendemos em ABC do comportamento, isso faz com que o comportamento ocorra mais vezes no futuro.
Invés disso, você pode mostrar a ela o quadro de suportes visuais para lembrá-la em qual momento do dia ela poderá ter contato com o que deseja ou usar o cronômetro para a mesma finalidade.
5 – Aumente a quantidade de tempo
Por último, é importante sempre aumentar a quantidade de tempo entre as atividades e itens que a criança gosta. Isso ajuda a manter o comportamento e também garante que ele foi, de fato, aprendido.
O tratamento do autismo é multidisciplinar e o apoio e acolhimento da família também são importantes para o cuidado e evolução das crianças no TEA. Conheça a clínica multidisciplinar da Genial Care e se junte a nós nessa jornada.