Genial Care

Pesquisar
Dias
Horas
Minutos
Menino Sorrindo olhando fixamente para câmera que o fotografa.

Reforçamento positivo: entenda o que é e como os reforçadores são usados para ensinar pessoas com autismo

O reforçamento positivo é crucial  para o aprendizado das pessoas – sejam elas autistas ou neurotípicas. Isso porque é o processo de reforçamento que possibilita que um comportamento ocorra mais vezes no futuro. 

Por causa do próprio nome, o reforço positivo frequentemente é considerado algo “bom”, enquanto o reforço negativo é visto como algo “ruim”, mas esse é apenas um mito e é preciso entender como usar itens, atividades e interações funciona para o ensino de habilidades e para lidar com comportamentos desafiadores no autismo

Neste artigo, explicamos mais sobre o reforçamento positivo, os tipos de reforçadores que existem e como usá-los. 

O que são reforçadores?

Chamamos de reforçadores todas as consequências de um comportamento, que aumentam as chances dele voltar a ocorrer no futuro. Eles podem ser itens, objetos, interações ou atividades que acontecem como consequência de uma resposta  e eles variam de pessoa para pessoa. Isto é, um objeto que é reforçador para um indivíduo não é necessariamente para outro.

Como já aprendemos, todo comportamento – seja ele desafiador ou não – pode ser analisado  pelo modelo ABC, da sigla em inglês para Antecedent (Antecedente) → Behavior (Comportamento) → Consequence (Consequência). Ou seja, para compreender um comportamento precisamos olhar para o que acontece antes e depois dele.

Normalmente, mesmo sem perceber, a pessoa que está próxima reage ao comportamento emitido de uma determinada forma, e essa reação pode estar sendo reforçadora, aumentando a probabilidade daquela resposta  voltar a acontecer. 

Por exemplo, imagine que a criança começa a chorar e atirar objetos pelo quarto toda vez que está brincando com o tablet e a mãe pega o objeto para trabalhar. Se para fazer com que o comportamento de chorar pare imediatamente, a mãe devolve o tablet e tenta fazer as atividades pelo computador, isso pode ser reforçador, ou seja, pode ser que isso aumente a chance da criança voltar a chorar todas as vezes que quiser e não tiver acesso aos seu tablet. 

Assim, temos: A → Mãe pega o tablet, B → Criança começa a chorar e atirar objetos e C → Mãe devolve o tablet. Neste caso, o aparelho eletrônico está servindo como um objeto de reforço para que o comportamento ocorra. 

Tipos de reforçadores

Os reforçadores podem ser primários ou construídos (condicionados): 

  • Reforçadores primários: todos os reforçadores que permitem que nossa espécie sobreviva são chamados de reforços primários. Aqui temos como exemplo a água, o alimento, o sexo, entre outros. Esses reforçadores independem dos nossos gostos pessoais ou individualidades. Ou seja, todos precisamos de comida, mas nem todos gostam de feijoada. A comida em si é um exemplo de reforçador primário e a feijoada é um gosto pessoal relacionado à história individual de cada um;
  • Reforçadores construídos (condicionados): além dos reforçadores primários, que são aqueles essenciais para a nossa espécie, temos os reforçadores condicionados, que são todos aqueles que foram sendo construídos ao longo da nossa história particular de vida e por meio das experiências que temos. Aprendemos a gostar de músicas, histórias, roupas, filmes e atividades e todos eles são reforçadores que podem ser classificados como sociais, tangíveis, generalizados e atividades reforçadoras. 

Dentro desse segundo conjunto de reforçadores, os construídos ou condicionados, existem quatro outras categorias: 

  • Reforçadores sociais: são os reforçadores que resultam da nossa relação com os outros. Nessa categoria, podemos incluir coisas como atenção, abraços, elogios etc. 
  • Reforçadores tangíveis: são os itens/objetos que funcionam como reforçadores, como, por exemplo, ganhar um celular, um brinquedo favorito, uma roupa depois de fazer alguma atividade. No caso do exemplo com o tablet, ele é um reforçador tangível. 
  • Reforçadores generalizados: são aqueles que fornecem acesso a outros reforçadores. Os maiores exemplos são as fichas e o dinheiro. Ou seja, todo reforçador que tem como função a possibilidade de trocá-lo por outra coisa (objeto, viagem, entre outros) que também seja um reforçador. Por exemplo, você ganha dinheiro e, com ele, compra um celular. O dinheiro é o reforçador generalizado e o celular o reforçador tangível.
  • Atividades reforçadoras: nessa categoria, podemos incluir um passeio de bicicleta, assistir televisão, brincar com os colegas, ler um livro etc. Algumas ações podem ter seu próprio resultado como reforçador, como, por exemplo, eu quero sair e preciso descer até o hall do prédio (antecedente), se eu apertar o botão do elevador (comportamento), tenho como consequência reforçadora o elevador disponível que me leva até o hall (reforçador). A resposta de apertar o botão do elevador aumentará a frequência em outras situações em que eu precisar descer até o hall. Outro exemplo: mãos limpas e cheirosas podem funcionar como um reforçador para lavar as mãos.

O que é reforçamento positivo? 

Ao contrário do que muitos pensam, o reforçamento positivo não é algo “bom”. Assim como o reforço negativo não é algo “ruim”. Isso porque as palavras positivo e negativo, nesse sentido, tem relação direta com a introdução ou retirada de estímulos no ambiente. 

Para facilitar, vamos pensar no seguinte exemplo: se a criança está com sede e diz “eu quero água”, e a pessoa mais próxima lhe dá um copo de água, esse foi um reforço positivo. Isso porque ela produziu a ação de pedir o que desejava resultou na apresentação de um estímulo. 

Por outro lado, se está chovendo e eu abro um guarda-chuva para não me molhar, dizemos que houve um reforçamento negativo. Porque desta vez a ação tem como objetivo eliminar um estímulo aversivo (chuva) após a resposta (abrir o guarda-chuva). 

Entender essa diferenciação é importante para não confundir o reforço positivo como uma recompensa e o reforço negativo como uma punição. Apertar o botão do elevador e ele chegar ao seu andar é um reforço positivo, mas isso nem sempre vai ser algo recompensador para você, não é? 

Para que o reforçamento positivo é usado? 

Dentro das intervenções, o reforçamento positivo – assim como os negativos – podem ser usados, principalmente, para ensinar novas habilidades. Eles são essenciais para manter a pessoa engajada e motivada em uma atividade, por exemplo. Por isso, é importante observar o comportamento e entender o que será reforçador para aquele indivíduo. 

Para conseguir identificar e usar reforçadores para o ensino de comportamentos e habilidades, é preciso seguir alguns passos: 

  • Passo 1: decida quais habilidades você gostaria de ensinar. Aqui vale desde compreender regras e direcionamentos até se vestir sozinho pela manhã antes da escola. É importante entender se essa atividade ou habilidade é razoável, ou seja, se ela está levando em consideração o repertório de habilidades já conquistadas pela pessoa, assim o aprendizado será mais produtivo e fácil, sem frustrações. Além disso, se uma atividade tiver muitas etapas, é legal reparti-la em pequenas partes e seguir ensinando-a gradativamente. 
  • Passo 2: defina com que frequência os reforçadores serão usados. Quando uma criança está aprendendo um novo comportamento, é ideal que o reforço seja contínuo e ocorra sempre que ela fizer a ação correta. Mas quando esse comportamento já tiver sido aprendido, você pode passar para reforços com intervalos de tempo e mais espaçados. Ou seja, algumas vezes que ela se comportar daquela forma, será reforçada e outras não. 
  • Passo 3: use o reforçador assim que o comportamento acontecer. Se você demorar um tempo para empregar o reforço depois que o comportamento ocorrer, ele será menos efetivo, porque a pessoa pode não entender a conexão entre o comportamento e o reforço. É importante usar o reforço quando o comportamento acontecer, porque isso funciona como uma espécie de contrato no qual a criança se comporta da maneira desejada e, em seguida, recebe o reforço.
  • Passo 4: mantenha o valor dos reforçadores. Quando a criança tem livre acesso a um reforçador por tempo indeterminado e fora dos momentos de aprendizado, esse reforçador pode perder o valor. Por isso, garanta que o reforçador continue tendo valor para a criança. Se não tiver mais, é preciso buscar por outros reforçadores. 
  • Passo 5: é importante parear o reforço social com as atividades/materiais de reforço. Fazer isso vai ser essencial para um aprendizado mais efetivo e rápido do comportamento. Então, sempre que a criança fizer um bom trabalho, dê o reforço e a elogie: “você fez um bom trabalho arrumando sua cama. Parabéns!”.
  • Passo 6: aproveite os apoios visuais. Pessoas no espectro do autismo têm dificuldades de aprendizado, e o uso de suportes visuais é essencial para ajudar a quebrar essas barreiras. Por isso, sempre que possível, mostre o passo a passo da atividade/comportamento adequado e o reforço que ela vai receber após emiti-lo. 

Vale lembrar que o uso de reforçadores, assim como demais estratégias da ABA (Análise do Comportamento Aplicada) devem ser realizadas com ajuda de profissionais clínicos e da equipe que já acompanha aquele indivíduo. Para continuar a aprender sobre ABA, leia nosso blog

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Lei obriga SUS a aplicar Escala M-chat para diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? 5 Sinais de AUTISMO em bebês Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” Divulgação estudo Genial Care O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo? 7 mitos e verdades sobre autismo | Genial Care Masking no autismo: veja porque pessoas neurodivergentes fazem Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? 3 atividades de terapia ocupacional para usar com crianças autistas Apraxia da fala (AFI): o que é e como ela afeta pessoas autistas Por que o autismo é considerado um espectro? Sala multissensorial em aeroportos de SP e RJ 18/06: dia Mundial do orgulho autista – entenda a importância da data Sinais de autismo na adolescência: entenda quais são Diagnóstico tardio da cantora SIA | Genial Care Autismo e futebol: veja como os torcedores TEA são representados MMS: entenda o que é o porquê deve ser evitada Tem um monstro na minha escola: o desserviço na inclusão escolar Autismo e esteriótipos: por que evitar associar famosos e seus filhos Diagnóstico tardio de autismo: como descobrir se você está no espectro? Autismo e TDAH: entenda o que são, suas relações e diferenças Eletroencefalograma e autismo: tudo que você precisa saber Neurodivergente: Saiba o que é e tire suas dúvidas Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Prevalência do autismo: CDC divulga novos dados Show do Coldplay: momento inesquecível para um fã no espectro Nova temporada de “As Five” e a personagem Benê Brendan Fraser e seu filho Griffin Neuropediatra especializado em autismo e a primeira consulta Dia da escola: origem e importância da data comemorativa Ecolalia: definição, tipos e estratégias de intervenção Park Eun-Bin: descubra se a famosa atriz é autista Síndrome de Tourette: entenda o que aconteceu com Lewis Capaldi 10 anos da Lei Berenice Piana: veja os avanços que ela proporcionou 7 passos para fazer o relatório descritivo da criança com autismo Diagnóstico tardio de autismo: conheça a caso do cantor Vitor Fadul Meu filho foi diagnosticado com autismo, e agora? Conheça a Sessão Azul: cinema com salas adaptadas para autistas Síndrome sensorial: conheça o transtorno de Bless, filho de Bruno Gagliasso