Pesquisar
torne-se
3
especialidades
5
data-curso-360
2
5
07-curso
Dias
Horas
Min
Dias
Horas
Min
musicoterapia: imagem mostra mulher e criança sentados ao piano, la ajuda criança a tocar.

Práticas baseadas em evidências: a musicoterapia como estratégia de intervenção

A música tem o poder de transcender barreiras e se conectar com as pessoas, de maneiras que palavras, muitas vezes, não conseguem.

Para crianças com autismo, a musicoterapia se estabeleceu como uma prática terapêutica baseada em evidências, com benefícios concretos para o desenvolvimento em diversas esferas e bem-estar.

Neste artigo, entenderemos a conexão entre a musicoterapia e o autismo, aprofundando como essa abordagem terapêutica pode oferecer suporte significativo para crianças que enfrentam desafios únicos de comunicação, interação social e regulação emocional. Acompanhe!

O que são práticas baseadas em evidências?

As práticas baseadas em evidências científicas são um conjunto de procedimentos que foram estudados por pesquisadores, cujos resultados se mostraram positivos para beneficiar alguma população específica.

No caso do TEA, as PBEs são aquelas cujos resultados têm beneficiado pessoas no espectro a se desenvolverem.

Das 28 práticas baseadas em evidências para o TEA que atingiram todos os critérios propostos pela revisão do ASAT, 23 eram baseadas nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Apesar de pouco conhecida, quando comparada a terapias como ABA, Método Denver, fonoaudiologia e terapia ocupacional, a musicoterapia foi reconhecida como uma das práticas baseadas em evidências recomendadas para o autismo no Evidence-Based Medicine, publicado pela Associação para a Ciência no Tratamento do Autismo (ASAT, na sigla em inglês) em 2014.

O que é musicoterapia?

menina tocando piano com mulher

A musicoterapia é uma forma de terapia que utiliza a música como principal meio de comunicação e expressão emocional, promovendo o bem-estar físico, emocional, mental e social.

É uma prática baseada no uso terapêutico dos elementos musicais, como ritmo, melodia, harmonia e letra, para promover mudanças positivas na saúde física, emocional, cognitiva e social de uma pessoa.

Ela tem se mostrado uma abordagem terapêutica indicada para intervenções no autismo, principalmente no que diz respeito a melhora da comunicação, interação social, expressão emocional e habilidades cognitivas.

Na musicoterapia, um terapeuta treinado usa elementos musicais, como ritmo, melodia e harmonia, juntamente com a interação com a pessoa, para atingir objetivos terapêuticos específicos.

Assim, a essência da musicoterapia está na capacidade da música de comunicar, motivar, inspirar e proporcionar um meio de expressão não verbal para aqueles que não conseguem se comunicar através da fala.

Para crianças com autismo, a musicoterapia desempenha um papel vital na promoção da comunicação, interação social, redução do estresse e ansiedade, desenvolvimento cognitivo e motor, além de oferecer uma maneira única de expressar emoções e sentimentos.

A musicoterapia como prática baseada em evidências

As práticas baseadas na musicoterapia misturam um conjunto de elementos, como arte, saúde e neurociência, para a realização de intervenções. Essa terapia ajuda no desenvolvimento de áreas como:

  • Comunicação (vocal e não vocal);
  • Expressão;
  • Aprendizagem;
  • Organização.

Os casos mais comuns de suas aplicações são para promover a saúde, reabilitar a pessoa, prevenir o agravamento de condições neurológicas degenerativas, além de promover o bem-estar e qualidade de vida.

Um detalhe importante é que não existem recomendações de que essa intervenção funciona melhor com determinados tipos de pessoa.

Assim, independente do grau de comprometimento cognitivo e/ou motor – o que pode fazer com que a pessoa não consiga participar ativamente da terapia – ela ainda pode ocorrer e beneficiar o indivíduo.

Ela também pode ser realizada individualmente ou em grupo, sendo que cada modelo tem seu próprio benefício para quem o faz.

Quem pode aplicar musicoterapia?

pai e filha de fones de ouvido tocando teclado

Para atuar como musicoterapeuta, o profissional precisa ter formação em Musicoterapia. Esse curso de ensino superior tem titulação de bacharelado e traz disciplinas do curso de música e do campo da neurociência.

Além disso, profissionais que já têm ensino superior completo e desejam atuar como musicoterapeutas podem fazer uma pós-graduação na área.

Tipos de musicoterapia

menino tocando instrumento musical em uma aula de musicoterapia

Existem diferentes formas de aplicar as estratégias de musicoterapia como intervenção musical.

Essa diversidade permite que os terapeutas adaptem a prática de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa, incluindo crianças com autismo e seus repertórios específicos.

Veja algumas delas:

Analítica

Encoraja o indivíduo a fazer uso de um “diálogo” musical improvisado, cantando ou tocando um instrumento para expressar seus pensamentos inconscientes. Assim, espera-se que ele possa refletir e discutir com seu terapeuta tudo que foi dito posteriormente.

Benenzon

Este formato combina conceitos da psicanálise com o processo de criação musical, que inclui a busca da sua “identidade sonora musical”, ou seja, descreve sons externos que mais se aproximam do seu estado psicológico interno.

Cognitivo-comportamental

Já a Cognitivo-comportamental é uma abordagem que combina a terapia cognitivo-comportamental (TCC) com a música. Nesse modelo, a música é usada para reforçar alguns comportamentos e modificar outros. Essa abordagem é estruturada, não improvisada, e pode incluir ouvir música, dançar, cantar ou tocar um instrumento.

Comunitária

Este formato está focado no uso da música como forma de facilitar a mudança no nível da comunidade. É feito em um ambiente de grupo e requer um alto nível de envolvimento de cada membro para que sua realização ocorra.

Nordoff-Robbins

Também chamada de musicoterapia criativa, esse método envolve tocar um instrumento (geralmente um prato ou tambor) enquanto a terapeuta acompanha o uso de outro instrumento. O processo de improvisação usa a música como forma de ajudar a possibilitar a autoexpressão.

Método Bonny de imaginação guiada e música

Esta forma de terapia usa a música clássica como forma de estimular a imaginação. Neste método, o indivíduo explica seus sentimentos, sensações, memórias e imagens que experimenta enquanto ouve a música.

Psicoterapia vocal

Já neste formato, o indivíduo usa vários exercícios vocais, sons naturais e técnicas de respiração para se conectar com suas emoções e impulsos. Essa prática visa criar um senso mais profundo de conexão consigo mesmo.

Como a musicoterapia ajuda pessoas com autismo?

A musicoterapia se destaca como uma valiosa abordagem terapêutica para pessoas com autismo, oferecendo uma variedade de benefícios significativos.

Através do poder da música, essa forma de terapia auxilia no aprimoramento da comunicação, na promoção da interação social, na expressão emocional e no desenvolvimento das habilidades cognitivas.

Por meio de técnicas musicais adaptadas e atividades personalizadas, ela proporciona um ambiente seguro e acolhedor, incentivando o crescimento e a transformação das pessoas autistas.

Estudos já realizados demonstram que essa terapia é um método eficaz e cujos resultados são positivos para a melhoria de habilidades em crianças com TEA. Entre seus benefícios para o autismo estão:

  • Estimulação sensorial: a música oferece uma variedade de estímulos sensoriais, como sons, ritmos e vibrações. Esses estímulos podem ser especialmente atraentes e envolventes, ajudando a desenvolver habilidades de percepção sensorial e a lidar com a hipersensibilidade ou hiposensibilidade.
  • Melhoria da comunicação: a música é uma forma de comunicação não verbal que pode ser mais acessível para pessoas com dificuldades de comunicação verbal. Ela pode ajudar a estabelecer conexões emocionais e promover a expressão de sentimentos e pensamentos; e pode ser usada para melhorar habilidades vocais e de linguagem, como entonação, ritmo e articulação.
  • Desenvolvimento social e interação: a terapia pode facilitar a interação social, encorajando a participação em atividades musicais em grupo, como tocar instrumentos em conjunto, cantar ou dançar. Justamente pela música proporcionar um ambiente seguro e estruturado para a interação, promovendo o compartilhamento de experiências e o trabalho em equipe.
  • Estímulo do desenvolvimento motor: a musicalização pode ser utilizada para desenvolver habilidades motoras, como coordenação motora fina e grossa. Toques rítmicos e jogos musicais que envolvem movimento podem ser usados para aprimorar o controle motor e a consciência corporal.
  • Alívio do estresse e ansiedade: alguns sons têm efeitos relaxantes e podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade. Através da musicoterapia, as pessoas autistas podem aprender estratégias de regulação emocional, como técnicas de respiração e relaxamento, que podem ser úteis em situações estressantes.

Jovem com autismo cria sinfonia mental a partir da musicoterapia

menino e homem mexendo em um tablet
Reportagem do Fantástico sobre Jacob, jovem com autismo que criou uma sinfonia mental a partir da música – imagem retirada da reportagem 29/10/23

Em uma reportagem do programa de TV “Fantástico” no dia 29 de outubro de 2023, conseguimos acompanhar o impacto que a musicoterapia tem no desenvolvimento de habilidades de pessoas autistas.

Jacob, um jovem autista de 19 anos, com repertório verbal restrito a duas palavras “comer” e “sim”, e que usa gestos para apontar aquilo que precisa, criou uma sinfonia mental.

O pai do garoto contou à reportagem que “a questão principal do filho era a motora, já que o corpo não sabia responder direito”. Assim, quando Jacob aprendeu a teclar, ele conseguiu mostrar que sabia ler, soletrar e criou uma sinfonia em sua mente.

Um amigo da família, transformou em partituras instruções de Jacob e se surpreendeu com a evolução do menino. Assim, em trocas constantes, os dois construíram as partituras tudo que era digitado, criando música por meio de cliques.

A convite do Fantástico, a Orquestra Petrobras Sinfônica interpretou a partitura de Jacob e contou que “o som dentro dele é todo descrito. Ele compõe em forma de frases, explicando a música com palavras, como: violinos atacam trompetes”.

A musicoterapia substitui outras intervenções para autismo?

Apesar de todos esses benefícios, a musicoterapia não substitui as intervenções como ABA, Método Denver, fonoaudiologia e terapia ocupacional para o autismo.

Ela pode ser usada como um recurso adicional a essas intervenções que também são importantes para o desenvolvimento de pessoas com autismo.

Por isso, é fundamental conversar com a equipe que acompanha o desenvolvimento da pessoa no espectro, e entender quais estratégias da musicoterapia podem ser aplicadas na rotina, sempre complementando o que já está sendo feito.

Também é importante lembrar de respeitar o perfil específico de cada criança. Nem todas as crianças podem se adaptar ou interessar por música como forma de intervenção, e tudo bem. Cada plano de ação precisa ser feito pensando no gosto individual.

Conclusão

A musicoterapia é uma prática baseada em evidências que oferece inúmeras vantagens para crianças com autismo.

Lembre-se de que a chave está na personalização e na escolha de um terapeuta qualificado para garantir o melhor atendimento possível. A música, afinal, é uma linguagem universal que transcende as barreiras, e é um caminho para a expressão e o crescimento.

Para conhecer mais sobre as práticas baseadas em evidências para o autismo e demais intervenções, leia nosso blog:

Leia nossos conteúdos

Conheça nosso atendimento para autismo

Esse artigo foi útil para você?

MEC: novas diretrizes para educação de crianças com autismo Just Dance + 3 jogos virtuais para conscientização da neurodiversidade Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? 20/10 | Dia Mundial de combate ao Bullying Diagnóstico de autismo: por onde começar? Bradesco Saúde: novo plano de saúde parceiro da Genial Care Apraxia da fala: como ela impacta pessoas autistas? 4 Sinais de AUTISMO em bebês 13/10: dia do terapeuta ocupacional Dia mundial da Saúde Mental Jornada da Terapia Ocupacional – Integração Sensorial 29/10 – ONLINE Debate sobre neurodivergência na Alesp: veja como foi 21/09: Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (PCDs) Rock in Rio: sala sensorial para pessoas autistas e com deficiências ocultas Omint: novo plano de saúde parceiro da Genial Care O que é rigidez cognitiva? Como usamos a CAA aqui na Genial Care? Dia do Psicólogo: entenda a importância do profissional no autismo Psicomotricidade: saiba o que é e qual sua relação com Autismo 3 séries sul-coreanas sobre autismo pra você conhecer! 5 atividades extracurriculares para integração social de crianças no TEA Existe reembolso para autismo pelo plano de saúde? Como ajudar crianças com TEA a treinar habilidades sociais? Câmara aprova projeto que visa contratação de pessoas autistas O que é Integração sensorial de Ayres? Olimpíadas 2024: conheça a história e atletas com TEA Dia Mundial de Conscientização da Síndrome do X Frágil Dia Nacional do Futebol: inclusão e emoções das pessoas com TEA Se o autismo não é uma doença, por que precisa de diagnóstico? Aprovado Projeto de Lei que obriga SUS aplicar a escala M-CHAT em crianças de 2 anos Dia mundial do Rock: conheça 5 bandas com integrantes autistas Como aproveitar momentos de lazer com sua criança autista? Senado: debate público sobre inclusão educacional de pessoas com TEA Emoções no autismo: saiba como as habilidades emocionais funcionam Dia do cinema nacional: conheça a Sessão Azul Por que precisamos do Dia do Orgulho Autista? Conheça o estudo retratos do autismo no Brasil 2023 | Genial Care Dia Mundial do Meio Ambiente: natureza e a interação de crianças TEA Pessoas com TEA tem direito ao Benefício de prestação continuada (BPC)? Cássio usa camiseta com número em alusão ao Autismo Marcos Mion visita abrigo que acolhe pessoas autistas no RS Existem alimentos que podem prejudicar a saúde de pessoas autistas? Escala M-CHAT fica de fora da Caderneta da Criança O que são níveis de suporte no autismo? Segunda temporada de Heartbreak High já disponível na Netflix Símbolos do autismo: Veja quais são e seus significados Dia Mundial de Conscientização do Autismo: saiba a importância da data Filha de Demi Moore e Bruce Willis revela diagnóstico de autismo Brinquedos para autismo: tudo que você precisa saber! Dia internacional das mulheres: frases e histórias que inspiram Meltdown e Shutdown no autismo: entenda o que significam Veja o desabafo emocionante de Felipe Araújo sobre seu filho autista Estádio do Palmeiras, Allianz Parque, inaugura sala sensorial Peça teatral AZUL: abordagem do TEA de forma lúdica 6 personagens autistas em animações infantis Canabidiol no tratamento de autismo Genial Care recebe R$ 35 milhões para investir em saúde atípica Autismo e plano de saúde: 5 direitos que as operadoras devem cobrir Planos de saúde querem mudar o rol na ANS para tratamento de autismo Hipersensibilidade: fogos de artifício e autismo. O que devo saber? Intervenção precoce e TEA: conheça a história de Julie Dutra Cezar Black tem fala capacitista em “A Fazenda” Dia do Fonoaudiólogo: a importância dos profissionais para o autismo Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care? O que é rigidez cognitiva? Lei sugere substituição de sinais sonoros em escolas do Rio de janeiro 5 informações que você precisa saber sobre o CipTea Messi é autista? Veja porque essa fake news repercute até hoje 5 formas Geniais de inclusão para pessoas autistas por pessoas autistas Emissão de carteira de pessoa autista em 26 postos do Poupamento 3 torcidas autistas que promovem inclusão nos estádios de futebol Conheça mais sobre a lei que cria “Centros de referência para autismo” Como a Genial Care realiza a orientação com os pais? Dia das Bruxas | 3 “sustos” que todo cuidador de uma criança com autismo já levou Jacob: adolescente autista, que potencializou a comunicação com a música! Síndrome de asperger e autismo leve são a mesma coisa? Tramontina cria produto inspirado em criança com autismo Como a fonoaudiologia ajuda crianças com seletividade alimentar? Genial Care Academy: conheça o núcleo de capacitação de terapeutas Como é ser um fonoaudiólogo em uma Healthtech Terapeuta Ocupacional no autismo: entenda a importância para o TEA Como é ser Genial: Mariana Tonetto CAA no autismo: veja os benefícios para o desenvolvimento no TEA Cordão de girassol: o que é, para que serve e quem tem direito Como conseguir laudo de autismo? Conheça a rede Genial para autismo e seja um terapeuta de excelência Educação inclusiva: debate sobre acompanhantes terapêuticos para TEA nas escolas Letícia Sabatella revela ter autismo: “foi libertador” O que é discalculia e qual sua relação com autismo? Rasgar papel tem ligação com o autismo? Quem é Temple Grandin? | Genial Care Irmãos gêmeos tem o mesmo diagnóstico de autismo? Parece autismo, mas não é: transtornos comumente confundidos com TEA Nova lei aprova ozonioterapia em intervenções complementares Dicas de como explicar de forma simples para crianças o que é autismo 5 livros e HQs para autismo para você colocar na lista! Como é para um terapeuta trabalhar em uma healthcare? Lei n°14.626 – Atendimento Prioritário para Pessoas Autistas e Outros Grupos Como fazer um relatório descritivo?