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uma mulher com camisa branca e cabelos castanhos aparece fazendo exercício de fala com uma menina de cabelos castanhos e blusa azul. a mulher segura um cartão com a letra O

3 dicas para estimular a linguagem funcional em crianças com TEA

Sabemos que o TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa dificuldades na comunicação de uma pessoa. Quando pensamos em linguagem funcional no autismo estamos falando de qualquer forma de comunicação compreensível, não necessariamente verbal, podendo ser por gestos, ato motor, olhares e outros recursos de comunicação.

O termo funcional está relacionado ao meio pelo qual qualquer indivíduo irá comunicar espontaneamente suas vontades, desejos e necessidades para os outros. Essa comunicação funcional é um conceito essencial quando pensamos no bem-estar e qualidade de vida de uma pessoa no espectro.

Por isso, é muito importante que existam ferramentas, instrumentos e estratégias capazes de auxiliar nesse processo. Pensando nisso, separamos 3 dicas para pessoas cuidadoras e familiares estimularem a linguagem funcional em crianças com TEA no dia a dia. Acompanhe na leitura e conheça cada uma delas!

Diferença entre fala, comunicação e linguagem

Antes de entendermos sobre a linguagem funcional no autismo, é importante diferenciarmos esses 3 termos que estão ligados entre si e podem causar um pouco de confusão.

  • Fala

A fala é o ato motor que permite que qualquer pessoa consiga transmitir palavras, frases e sons. O seu desenvolvimento está ligado a diversos fatores e pode ser afetado por alterações na percepção do som, problemas estruturais ou motores dos órgãos, como lábios e língua, por exemplo.

Quando pensamos em crianças com TEA podemos ter algumas dificuldades na expressão daquilo que estão sentindo, já que em alguns casos elas não conseguem sequencializar ou criar sons de fala, como a apraxia da fala. Mas isso não significa que elas não são capazes de entender o que está sentido dito ou de se comunicar por gestos ou escritos.

Os distúrbios de fala não estão necessariamente ligados ao autismo. Por isso, muitas crianças no espectro podem conseguir se comunicar, mas exibem alterações no ritmo de fala, entonação ou até tom de voz de cada palavra. Outras podem ser completamente não-verbais, mas usam da tecnologia para conseguir se expressar.

  • Comunicação

Já a comunicação é o processo no qual existe a troca de informações por meio de combinações verbais (fala e linguagem) e não-verbais (expressões faciais, olhar, gestos, postura, linguagem corporal, etc).

Existem crianças com dificuldades de comunicação que conseguem falar frases inteligentes e completas do ponto de vista da linguagem, mas que não fazem sentido algum para quem ouve.

A ecolalia, por exemplo, é uma característica presente em algumas pessoas autistas em que frases ou palavras são repetidas diversas vezes, mas que podem não fazer sentido durante uma interação social.

Existem métodos de comunicação alternativas, como o PECS — Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (Picture Exchange Communication System) — que é uma prancha de troca de figuras ou fotos. Com ele a pessoa consegue dizer o que está sentindo ou desejando, montando estruturas visuais que outras pessoas podem entender.

Além dele, também temos as pranchas de comunicação e recursos de alta tecnologia como aplicativos de comunicação, usadas no dia a dia de pessoas com TEA.

  • Linguagem

Por fim, a linguagem é o instrumento da comunicação oral. É por meio dela que conseguimos desenvolver competências em 4 áreas:

  • fonológica (diferenciar sons de letras e sílabas)
  • semântica (atribuir significado às palavras)
  • sintática (organizar termos em uma frase coerentemente)
  • pragmática (adaptar e adequar a linguagem em um contexto social)

Além disso, é importante entendermos que existe uma diferença entre linguagem expressiva e linguagem receptiva. A primeira está relacionada à capacidade de falar. Já a segunda, a capacidade de compreensão, ou seja, de escutar algo e entender o que está sendo dito.

Dessa forma, uma criança com dificuldade na linguagem pode conseguir pronunciar perfeitamente palavras, mas não ser capaz de construir uma frase complexa, por exemplo. Ou seja, existe uma comunicação, mesmo que de forma simplificada e restritiva.

Banner sobre a Rede Genial de terapeutas com mulher sorrindo com o rosto pouco inclinado para sua esquerda.

O que é linguagem funcional no autismo?

Os critérios de diagnóstico do autismo são baseados na chamada Tríade de Wing, que fala do prejuízo na interação social, nos padrões restritos e repetitivos de comportamento e também no prejuízo da comunicação verbal e não-verbal.

Assim, quando pensamos na linguagem como instrumento de comunicação da criança com TEA, estamos falando da habilidade que ela tem de se comunicar, mesmo que seja de forma restrita e simplificada.

Por isso, a linguagem funcional representa uma troca de informações entre pessoas de forma oralizada, além de gestos e outros métodos de comunicação alternativa, na qual os objetivos de comunicação são alcançados.

Como estimular a linguagem funcional em crianças com TEA?

Sabemos que pode existir uma ansiedade pelos pais e familiares para que os pequenos desenvolvam a fala. Entretanto, antes de desenvolver essa comunicação verbal, é preciso que a criança compreenda a função dos atos comunicativos, ou seja, tenha a intenção de se comunicar, seja por ato motor, gestos ou olhar.

As dicas a seguir podem ajudar a estimular a linguagem funcional em pessoas com TEA, mas é muito importante que não exista nenhum tipo de pressão para que a criança se expresse de uma maneira que ainda não consegue e também que se ainda não consegue, é preciso ter o olhar clínico do profissional para isso.

1. Estimule a imitação

A imitação é uma das grandes bases da aprendizagem, seja para pessoas típicas ou atípicas. É por meio dela que conseguimos compreender o que outras pessoas estão fazendo para comunicar suas vontades e desejos.

Por isso, antes da criança conseguir imitar comportamentos verbais, é fundamental que ela tenha estímulos de imitação motora (dar tchau, mandar beijinho, acenar, etc). Em uma fase inicial pode ser importante ajudar fisicamente a criança a imitar o gesto, mas o objetivo é que progressivamente ela vá reproduzindo o comportamento sozinha.

Na hora de fazer o pedido para criança lembre-se de estar sempre frente a frente com ela, pedindo e esperando pelo gesto. Caso ela não faça de primeira, tenha paciência e repita algumas vezes.

Também é muito importante dar o exemplo do gesto, enquanto peça que ela faça igual. Assim, se você deseja que a criança dê tchau, pode fazer o gesto e pedir “João, faz igual.” ao invés de pedir para “dar tchau”.

2. Crie situações de intenção comunicativa

Provocar situações em que a criança precisa fazer o ato comunicativo para obter algo também ajuda a desenvolver a linguagem funcional. Você pode:

  • Colocar a vista coisas que ela gosta;
  • Dar coisas incompletas para que ela tenha que pedir (um iogurte sem colher);
  • Dar um pouco de cada vez para que ela sinta a necessidade de pedir mais.

É possível começar estimulando que ela faça o gesto, caso ainda não consiga reproduzir palavras (estendendo a mão e fazendo contato visual). Aos poucos ela poderá associar o gesto à palavra.

Algumas brincadeiras são ótimas para criar essas situações de intenção, fazendo com que a criança precise pedir/dizer algo para que ela continue. Cócegas, cavalinho, aviãozinho e pega-pega são alguns exemplos que podem ajudar nesse momento.

3. Use de associações e interações

Sempre que possível, use gestos ou sons junto da palavra/objeto/brincadeira que estiver acontecendo. Dessa forma, toda vez que a criança fizer essa ação, ela consegue gravar a informação auditiva verbal daquilo.

Outro aspecto importante da associação é servir de modelo para que a criança veja o movimento da boca ao falar determinada palavra. Deixe que ela observe e imite os movimentos faciais do adulto ao produzir sons.

Brincadeiras e ações interativas são ótimos momentos para estimular a linguagem funcional no autismo, como, por exemplo: fazer caretas e/ou bater palmas, empilhar legos, ou ficar em frente ao espelho e pedir para a criança nomear partes do corpo.

Estratégias que podem ajudar no dia a dia

Além dessas dicas, pais e pessoas cuidadoras podem adotar outras estratégias no dia a dia para estimular e facilitar a linguagem funcional de crianças com TEA. Lembre-se sempre de observar a postura corporal e ficar atento a possíveis desconfortos durante os momentos de interação.

  • Usar atividades e tarefas rotineiras como oportunidades de ensino;
  • Tornar o processo de ensino mais divertido, adicionando elementos que sejam do interesse da criança;
  • Usar reforçadores ajudam a aumentar a probabilidade de que os comportamentos desejados ocorram novamente;
  • Somente dê demandas que a criança consiga realizada, mesmo que seja necessário ajuda em determinados momentos;
  • Estimular a curiosidade, fazendo com que ela tenha que pedir por algo;
  • Sempre elogiar e parabenizar a criança quando cumprir alguma tarefa ou fizer algo positivo, mantendo a motivação e o envolvimento durante a atividade.

Todas as pessoas com autismo podem aprender a se comunicar, mas isso nem sempre acontece por meio da linguagem falada. Autistas não verbais também podem se comunicar de outras formas.

Precisamos lembrar que cada pessoa com autismo é única e apresenta um repertório de aprendizagem diferente. Por isso, algumas estratégias podem funcionar bem com determinada criança e não ser tão eficientes para outras.

Essas dicas podem ajudar a estimular a linguagem funcional em crianças com TEA, mas é importante considerar o desenvolvimento de cada uma delas. Lembre-se sempre de conversar com uma equipe multidisciplinar e apresentar possíveis dificuldades do dia a dia.

Somente assim será possível encontrar as melhores estratégias para que a criança consiga desenvolver suas habilidades de comunicação e apresente resultados positivos.

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