Índice de Conteúdos
Neurônios espelho são células do cérebro ativadas quando executamos uma ação, ou quando observamos outra pessoa executando a mesma ação. Esses neurônios possibilitam a compreensão da intenção, emoção e ações do outro, através da “simulação mental” dessas experiências em nosso próprio cérebro.
Há estudos que buscam evidenciar lapsos desses neurônios espelho em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pois um dos sinais do autismo é a dificuldade de interpretação e compreensão das expressões faciais e emocionais transmitidas pelos outros.
Além disso, muitas pessoas no espectro apresentam dificuldades em interagir socialmente e em imitar ou aprender por observação, que é uma das funções básicas dos neurônios espelho.
Mas afinal, por que a disfunção dos neurônios espelho ocorre no autismo? Ainda é uma questão em aberto. Entretanto, uma teoria é que a alteração pode ser resultado de uma disfunção geral do processamento sensorial no cérebro. Saiba mais sobre o assunto nesse texto!
O que são neurônios espelho?
Os neurônios espelho foram descobertos pelo neurocientista italiano Giacomo Rizzolatti e sua equipe de pesquisa na Universidade de Parma, Itália, no final dos anos 1990.
Inicialmente, a equipe estava estudando a atividade neuronal em macacos que estavam sendo treinados para realizar tarefas manuais, como pegar objetos e comida com as mãos.
Durante esses experimentos, eles observaram que certos neurônios no córtex pré motor ventral dos macacos, que eram normalmente ativados quando os macacos realizavam essas tarefas manualmente, também eram ativados quando os animais simplesmente observavam outras pessoas realizando as mesmas tarefas.
Essa descoberta sugeriu a existência de neurônios que podem “espelhar” ou imitar as ações observadas por outras pessoas. Desde então, os neurônios espelho têm sido amplamente estudados em humanos e outros animais, sendo considerados importantes para compreensão da intenção e do comportamento de outras pessoas, além de observar a:
- Compreensão da empatia;
- Imitação;
- Aprendizagem social;
- Outras funções cognitivas complexas.
Por exemplo, quando você vê alguém sorrindo, seus neurônios espelho podem ser ativados, permitindo que você compreenda e experimente a emoção positiva que essa pessoa está sentindo.
Os neurônios espelho são uma área importante de pesquisa em neurociência, e sua descoberta tem implicações para entender:
- Cognição social;
- Aprendizagem social;
- Comunicação não-verbal.
Qual a relação dos neurônios espelho e o autismo?
O estudo dos neurônios espelho sugere que eles são responsáveis pela compreensão das ações, emoções e intenções dos outros através da simulação mental dessas experiências em nosso próprio cérebro.
Algumas pesquisas sugerem que disfunções nos neurônios espelho podem estar relacionadas ao autismo.
Isso porque uma das características que fazem parte do espectro autista, como “díade do autismo”, é a dificuldades na comunicação e interação social. Fazendo um paralelo aos neurônios espelhados, alguns sinais em evidências impulsionam a pesquisa entre a relação do transtorno e os neurônios, sendo eles:
- Falta ou ausência de contato visual — muitas crianças autistas, desde muito pequenas, não costumam fixar o olhar nos olhos de outra pessoa diante de uma interação ou conversa. Têm também dificuldades com gestos, expressões faciais e corporais;
- Imagem corporal rígida, exagerada, ou diferente do esperado pelos padrões sociais — o que está diretamente relacionado à dificuldade para coordenar a comunicação não verbal com a fala;
- Dificuldade em entender e compartilhar emoções — o que implica em dificuldades para brincar com outras crianças, fazer amizades, iniciar interações e se relacionar com os outros;
- Prejuízos na interação social — alguns autistas, mesmo adultos, têm dificuldade no processamento de respostas a situações sociais mais complexas, como, por exemplo, saber quando entrar em uma conversa, ou o que se deve ou não dizer. Pessoas diagnosticadas com autismo raramente dominam essas habilidades sociais, e não entendem ironias e possíveis mentirinhas ou brincadeiras.
No entanto, a relação entre neurônios espelho e autismo ainda é objeto de pesquisa e debate na comunidade científica. Nesse sentido, o que já sabemos sobre as causas do autismo já sabemos que as causas do autismo estão ligadas a genética e fatores ambientais.
O papel dos neurônios espelho na aprendizagem
Os neurônios espelho também podem ter um papel importante na aprendizagem. Através da ativação deles, podemos aprender novas habilidades observando outras pessoas realizando essas mesmas atividades.
Por exemplo, é comum aprendermos a tocar um instrumento musical observando um professor executando as notas e movimentos.
Além disso, estudos mostram que a observação de ações e movimentos também pode melhorar a capacidade de aprendizagem e desempenho em tarefas motoras. Isso ocorre porque a ativação dos neurônios espelho durante a observação de uma ação pode facilitar a formação de novas conexões neurais e melhorar a capacidade do cérebro para executar essa ação.
No entanto, é importante notar que a relação entre esses neurônios e aprendizagem ainda está em fase de pesquisa e debate, e há muito a ser aprendido sobre como os neurônios espelho influenciam a maneira como aprendemos e adquirimos novas habilidades.
Prática Baseada em Evidências: a modelação
Assim como uma das preocupações com as falhas em neurônios espelho é a ausência de interpretação, e a dificuldade em reconhecer expressões faciais e sentimentos, essas características também são importantes a serem desenvolvidas em algumas pessoas no espectro.
Existem intervenções que auxiliam no aprendizado, geralmente feitas por profissionais da fonoaudiologia. Mas uma prática baseada em evidências bem conhecida, é a modelação.
A modelação é um processo de aprendizagem onde as pessoas aprendem por meio da observação e imitação do comportamento de outras pessoas. É uma forma eficiente de adquirir novas habilidades e comportamentos sem ter que aprender por tentativa e erro.
A modelação pode ocorrer em diversas situações e em diferentes contextos, desde a aprendizagem de habilidades motoras (como andar de bicicleta), a aquisição de habilidades sociais (como a comunicação verbal e não-verbal) e a autonomia em situações da vida diária.
Uma das preocupações presentes em pessoas cuidadoras, é justamente o desenvolvimento da autonomia da pessoa com TEA, mas todos conseguem aprender e desenvolver habilidades sociais que promovem resultados positivos no bem-estar!
Por isso, é importante sempre buscar intervenções baseadas em evidências científicas, junto a uma equipe multidisciplinar que vai entender cada singularidade da criança, e impulsionar de acordo com o perfil que ela apresenta.
E se você é da Grande São Paulo, e está nessa jornada, nós podemos te ajudar! Aqui na Genial Care temos uma equipe multidisciplinar que acolhe e cuida de crianças com TEA até os 5 anos. Quer saber mais sobre nossas intervenções? Clique no banner e preencha o formulário: