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O Modelo SCERTS é uma abordagem abrangente multidisciplinar educacional para melhorar as habilidades de comunicação e socioemocionais de crianças e adultos com TEA e distúrbios relacionados. Esse modelo, baseado em pesquisas científicas, se concentra na construção de competências em comunicação social, regulação emocional e apoio transacional (de aprendizado).
Seu foco está nos desafios mais significativos enfrentados por todo núcleo familiar, trabalhando sempre com a parceria família-profissional, tendo a família como centro de tudo.
O SCERTS reconhece que a maior parte do aprendizado na infância acontece em contextos sociais e distintos de atividades e experiências diárias. Dessa forma, nessa abordagem existe um esforço maior para apoiar o desenvolvimento de crianças durante a rotina do dia a dia com o núcleo familiar, ambientes escolares e comunitários.
Exatamente por isso, essa é uma prática amplamente usada para a inclusão de alunos com autismo, visando formas seguras e eficientes de garantir experiências adaptadas que valorizem as necessidades das crianças no espectro em todos os espaços que elas estão presentes.
Neste texto, você vai entender melhor o que é o Modelo SCERTS e como ela atua na educação, aprendizado e qualidade de vida das pessoas com transtornos do espectro autista.
O que é Modelo SCERTS?
O Modelo SCERTS é um instrumento guia para algumas práticas essenciais para o desenvolvimento da pessoa autista. A sigla SCERTS vem do inglês Social Communication, Emotional Regulation & Transactional Support. Ela é divida em desenvolvimento de focos específicos, que são:
- “SC” Comunicação social: da comunicação funcional, espontânea, de expressão emocional e das relações seguras e de confiança entre crianças e adultos;
- “ER” Regulação Emocional: da capacidade de manter um estado emocional bem regulado para conseguir lidar com desgastes diários, estando disponível para interagir e aprender;
- “TS” Suporte Transacional: desenvolvimento e implementação de suportes para ajudar parceiros a responderem às necessidades e interesses da criança, modificando e adaptando o ambiente para garantir ferramentas que aprimorem o aprendizado. Também são desenvolvidos planos específicos para dar suporte educacional e emocional às famílias e fomentar o trabalho em equipe entre os profissionais.
O objetivo central desse modelo é desenvolver habilidades de comunicação social e questões socioemocionais do indivíduo com TEA, permitindo que eles possam construir sua autonomia e independência.
Ele é um modelo bastante novo que foi criado em 2005 por um grupo de profissionais dos Estados Unidos. Os envolvidos incluem a equipe de Barry Prizant, Amy Wetherby, Emily Rubin e Amy Laurent, que têm formação em Fonoaudiologia, Educação Especial, Psicologia Comportamental e do Desenvolvimento, Terapia Ocupacional e Prática Centrada na Família.
O estudo e publicação completos da criação dessa abordagem é de 2006 e se chama “Modelo SCERTS: Uma Abordagem Educacional Abrangente para Crianças com Transtornos do Espectro do Autismo”.
Ele chegou ao Brasil um ano após a publicação, em 2007 pela Casa da Esperança (Fortaleza) e em 2008, na Mão Amiga (Rio de Janeiro).
Quais são as bases do SCERTS?
Existem alguns pilares essenciais para o desenvolvimento do SCERTS, além de um processo de avaliação bem coordenado que ajuda a equipe a medir o progresso da criança e determinar quais são os apoios necessários que os parceiros sociais (educadores, familiares e colegas) precisam usar no dia a dia.
São eles:
- As metas e objetivos funcionais, significativos e apropriados para o desenvolvimento das crianças;
- Respeito das diferenças individuais no estilo de aprendizagem, interesses e motivações;
- Compreensão da cultura e estilo de vida da família;
- O envolvimento da criança em atividades significativas e propositais ao longo do dia;
- Suportes desenvolvidos e usados de forma consistente entre parceiros, atividades e ambientes;
- Mapeamento do progresso de uma criança – regular ao longo do tempo;
- Medicação frequente da qualidade do programa para garantir responsabilidade e resultados.
Em tudo que diz respeito à comunicação social, o SCERTS prevê a organização de estratégias e metas que focam no desenvolvimento da comunicação desde os estágios pré-verbais, passando pela aquisição da linguagem simbólica até chegar em níveis mais avançados.
Já pensando nos suportes transacionais, essa abordagem foca em promover a capacidade de aprender, prestar atenção e se sentir incluído das pessoas autistas. Muitas vezes são usados suportes visuais para garantir que os componentes do plano de ensino possam ser atingidos.
O Modelo SCERTS pode ser usado com outras abordagens?
Todas as estratégias do Modelo SCERTS fazem parte de um método sistemático, que garante que habilidades específicas, previamente entendidas como objetivos educacionais de uma pessoa, sejam selecionadas e aplicadas de maneira consistente ao longo do dia.
Por isso, esse modelo pode incorporar práticas de outras abordagens, incluindo a ciência ABA, Denver, TEACCH, DIR/Floortime e outras. Isso porque o SCERTS tem como centro a pessoa autista e sua família, assim como o ensino de habilidades em todos os contextos.
Sua estrutura fornece um suporte para o desenvolvimento de atividades sociais nos mais variados ambientes, desde os semi estruturados até os mais naturais. Além disso, a família e suas prioridades devem ser avaliadas constantemente nos objetivos e as metas educacionais precisam estar adequadas ao nível de desenvolvimento e repertório da criança.
Todo o modelo se preocupa com a participação do núcleo familiar, pessoas cuidadoras e da equipe multidisciplinar durante as estratégias, já que acredita que essa configuração é a que melhor se adequa às necessidades da pessoa com TEA.
Vale lembrar que, assim como outras práticas e terapias para autismo, a aplicação do Modelo SCERTS requer o conhecimento especializado de um time de profissionais, sempre trabalhando de maneira cuidadosa e coordenada em parceria com pais e familiares.
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