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Será que irmãos gêmeos compartilham o diagnóstico de autismo? Essa é uma dúvida muito frequente sobre o laudo de TEA em irmãos. Não somente os pais ficam em dúvidas sobre aumentar a família e ter mais de um filho no espectro, mas muitas pessoas se questionam sobre a ligação da genética nas possíveis causas desse transtorno.
Apesar das causas do autismo não estarem totalmente esclarecidas, já sabemos que a genética tem sim um papel fundamental no desenvolvimento do transtorno, assim como fatores ambientais. Inclusive, um estudo recente identificou 134 novos genes ligados ao TEA e reforçou que, apesar de genético, o autismo nem sempre será hereditário.
Neste texto você vai entender melhor sobre a possibilidade de irmãos gêmeos terem o mesmo diagnóstico de autismo. Confira.
Estudos sobre irmãos gêmeos e o diagnóstico de autismo
Mesmo irmãos gêmeos nascendo da mesma gestação, é importante entendermos que eles podem nascer do mesmo óvulo (monozigóticos) ou de óvulos diferentes (dizigóticos):
- Quando falamos em gêmeos dizigóticos, estamos falando daqueles que são diferentes entre si e que são gerados a partir de dois óvulos e dois espermatozoides diferentes, mas que dividem o mesmo espaço no útero da mãe;
- Já os gêmeos monozigóticos são os irmãos idênticos e que foram gerados a partir do mesmo óvulo e espermatozoide, ou seja, uma única célula dá origem a duas pessoas, com mesmo sexo e códigos genéticos extremamente semelhantes.
Os primeiros estudos sobre o tema são da década de 1970 feitos pelo Journal of Child Psychology and Psychiatry que apontou que irmãos gêmeos idênticos têm uma concordância que varia de 36% a 92%, diferente de gêmeos idênticos que têm uma prevalência bem mais baixa.
Já um estudo feito pela revista internacional JAMA em 2014, mostra que a cada 100 pessoas autistas que nascem com irmão gêmeo do mesmo óvulo, 60 têm um segundo irmão diagnosticado. Já para irmãos gêmeos de óvulos diferentes, a cada 100 casos, a chance passa a ser de 13%.
Dessa forma, existe, sim, a possibilidade de irmãos gêmeos terem o mesmo diagnóstico de TEA, mas existem casos também que apenas um dos irmãos tem autismo. Por isso, é importante frisar que fatores ambientais precisam ser considerados quando estamos falando de possíveis causas do autismo.
Inclusive, um relato publicado pela Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria, em 2016, mostra o caso de dois irmãos não idênticos diagnosticados com TEA, por conta das diferenças de condições ambientais relacionadas com a gravidez, como idade avançada e parto de risco.
O autismo em irmãos gêmeos é igual?
Como o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo, é muito importante lembrarmos que cada pessoa autista é única e vai apresentar níveis de necessidade e suporte diferentes.
Por isso, mesmo quando estamos falando de irmãos gêmeos, o autismo nunca será igual para ambos. Cada irmão terá seu repertório, desenvolvimento, habilidades e curva de aprendizado individual.
Sabemos que o autismo, além da pessoa diagnosticada, envolve a todos da família. Assim, é fundamental que exista uma comunicação e que cada indivíduo entenda a importância de construir uma rotina que contribua para o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades.
É preciso lembrar que apesar de serem gêmeos, os irmãos no espectro terão necessidades terapêuticas diferentes e vão precisar de um olhar profissional individualizado. Isso pode ser um desafio para os pais, por isso procure ter uma equipe multidisciplinar capacitada e que acompanhe o desenvolvimento de cada um.
É possível que irmãos sejam autistas?
Mesmo quando estamos falando de irmãos não gêmeos, muitos pais ficam em dúvida sobre a possibilidade de ter um segundo filho no espectro. Um dos estudos recentes sobre a causa do autismo, mostra que quase o transtorno é quase totalmente genético, sendo 81% hereditário, ou seja, herdado dos pais ou mais.
Estamos falando da pesquisa publicada pelo JAMA Psychiatry, em 2019, que teve mais de 2 milhões de indivíduos, de 5 países diferentes. Ao longo de 1998 a 2007, foram avaliados registros nacionais de saúde da Dinamarca, Suécia, Finlândia e Austrália, além de bebês nascidos em Israel entre 2000 a 2011.
Os dados confirmam que risco de autismo é 97% de causa genética. Além disso, o trabalho científico sugere que 18% a 20% dos casos têm causa genética somática, que não é herdada da família.
Recentemente, um novo estudo do CDC (Center of Deseases Control and Prevention – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em tradução livre) mostrou que a prevalência do autismo é de 1 em cada 36 pessoas.
Essa avaliação do CDC, conta com pesquisa da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento (ADDM), um programa para coletar dados para entender melhor o número e as características de crianças com transtorno do espectro do autismo e outras deficiências de desenvolvimento que vivem em diferentes áreas dos Estados Unidos.
Aqui em nosso blog já temos um texto completo sobre a probabilidade de uma mesma família ter 2 filhos autista, vale muito a pena ler e entender melhor sobre o assunto: