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A participação social é uma parte fundamental do desenvolvimento humano, e isso se estende a todas as crianças, principalmente as atípicas, que muitas vezes, possuem barreiras na interação e comunicação social.
Dessa forma, criar oportunidades para interações sociais positivas de crianças no espectro, é algo essencial para o bem-estar emocional e mental delas, e até mesmo de suas famílias.
Passeios ao ar livre podem ser uma ferramenta valiosa para promover essa participação social, mas é essencial considerar habilidades específicas ao planejar essas atividades e entender o que pode ser potencializado.
Neste artigo, você encontra estratégias e habilidades necessárias para tornar os passeios com crianças autistas não apenas possíveis, mas também enriquecedores. Continue lendo para aprender!
O mundo autista e suas particularidades
Antes de explorar as habilidades necessárias para participação social, é importante entender as necessidades específicas das crianças autistas. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Dessa forma, crianças autistas podem ter sensibilidades sensoriais diversas, respondendo de maneira única a estímulos visuais, auditivos, táteis e outros.
Por isso, é muito importante entender as particularidades de cada pessoa, bem como seu perfil comportamental, para saber quais habilidades podem ou não ser desenvolvidas em passeios e quais as melhores estratégias.
Cada pessoa autista é única, e o que funciona para um, pode não funcionar para outro. Conhecendo essas peculiaridades, podemos adaptar os passeios para maximizar o conforto e a participação das crianças.
A importância da participação social na vida da criança com autismo
Cada espaço frequentado pela criança oferece inúmeras oportunidades para o seu desenvolvimento e aprendizagem, seja um lugar que ela já está acostumada a ir, como a casa ou escola, ou até mesmo um espaço novo, como passeio em parques, cinema ou museus, por exemplo.
Crianças precisam brincar e explorar o mundo ao seu redor, sejam elas típicas ou atípicas. A participação social, como os passeios, oferecem uma ótima oportunidade para fortalecer vínculos, criar memórias e ainda desenvolver habilidades e comportamentos.
Isso é particularmente significativo para crianças com autismo, que podem enfrentar desafios na formação e manutenção de relacionamentos interpessoais.
Ao interagir com colegas, familiares e outros membros da comunidade, a criança aprende a interpretar expressões faciais, linguagem corporal e nuances da comunicação social.
Além disso, a participação em atividades sociais é um espaço poderoso para o desenvolvimento da comunicação. Por meio de jogos e brincadeiras, elas têm a chance de aprimorar a expressão verbal, compreensão auditiva e a capacidade de adaptar seu discurso a diferentes situações.
O sucesso em interações sociais positivas têm um impacto direto na autoestima e autoconfiança da criança com autismo. Ao experimentar situações sociais de maneira positiva e receber apoio e aceitação, a criança desenvolve uma imagem positiva de si mesma.
Isso é fundamental para o desenvolvimento de uma autoestima saudável e a construção da confiança e responsabilidade para os desafios sociais da vida adulta.
Quais habilidades para passeios podem ser desenvolvidas?
Para garantir que a experiência seja positiva e bem-sucedida, e a criança consiga se desenvolver durante os passeios e a interação social, antes de mais nada, é fundamental compreender as necessidades individuais da criança.
Conheça suas preferências, desafios sensoriais, níveis de comunicação e desafios específicos. Essa compreensão servirá como base para adaptar as estratégias de desenvolvimento.
Sempre converse com a equipe que acompanha o desenvolvimento da criança, para entender o que pode ser feito e como respeitar a evolução dela.
Entre as habilidades que podem ser desenvolvidas, temos:
- Interação social: a criança encontrará com pessoas diferentes de seu convívio e essa é uma ótima oportunidade para que ela se desenvolva em relação a se aproximar, ter interesse e tentar se conectar com o outro;
- Comunicação: encontrará formas de trocar informações com as pessoas e até mesmo ter a chance de colocar em prática o que está sendo treinado em terapia como fazer pedidos, recusar algo, além de observar outras pessoas se comunicando;
- Coordenação motora: ela precisará planejar os movimentos num lugar diferente do qual está habituada, seja para segurar um talher maior do qual está acostumada, subir e descer de brinquedos em um parque ou pegar e jogar uma bola.
6 Dicas e estratégias de como desenvolver essas habilidades para passeios
Estar em diferentes lugares é uma forma de conhecer o mundo e ter novas experiências e oportunidades de explorar e interagir com os ambientes. Por isso, saber como desenvolver essas habilidades para passeios, ajuda pais e pessoas cuidadoras a potencializar o aprendizado da criança no espectro.
Permitir que a criança esteja em outros locais, estimula o desenvolvimento de habilidades como de interação social, comunicação e coordenação motora, ampliando suas experiências e favorecendo a criatividade e imaginação.
1. Pratique a comunicação
Integre práticas de comunicação no dia a dia para criar um entendimento maior da criança sobre o que vai ou pode acontecer. Você pode usar cartões visuais para expressar necessidades e desejos ou combinar gestos, ou palavras que traduzem algo, por exemplo.
Sempre encoraje a criança a praticar expressões simples, como pedir algo ou indicar quando está desconfortável, e estimular a comunicação, mesmo que não verbal, em todos os momentos que conseguir.
2. Dê previsibilidade sobre o que acontecerá
Crie rotinas visuais que descrevem a sequência de eventos durante o passeio. Estabeleça expectativas claras e explique o que a criança pode esperar. Isso proporcionará previsibilidade, reduzindo a ansiedade.
Além disso, você pode usar fotos e vídeos do lugar que vão conhecer para criar familiaridade e estimular as habilidades para passeio, já que ela terá conhecimento prévio de como será.
Isso reduzirá a ansiedade, proporcionando uma transição mais suave para a experiência real.
3. Estimule o treino de coordenação motora
Pratique habilidades motoras específicas que podem ser encontradas durante o passeio. Isso inclui segurar objetos diferentes, subir e descer de pequenos obstáculos, e manipular itens comuns presentes no local.
Você também pode quebrar essas habilidades para passeios em etapas menores, com a Análise de Tarefas, por exemplo. Ou seja, você faz com que a criança pratique etapas como subir escadas, descer algo, ir até um determinado local, abrir ou fechar as mãos, sem que ela precise estar lá para isso.
4. Ajude na tolerância sensorial
Gradualmente exponha a criança a estímulos sensoriais presentes nos passeios. Use estratégias de integração sensorial, como toques suaves e manipulação de objetos para que ela consiga perceber as possíveis texturas, cheiros e percepções do ambiente.
Você também pode levar objetos que ela já utiliza no estímulo sensorial, como massinha e bolas, por exemplo, para auxiliar nas brincadeiras do passeio e permitir que ela continue treinando suas habilidades.
5. Use reforços positivos
Utilize reforço positivo para incentivar comportamentos desejados durante os passeios. Reconheça esforços e ofereça recompensas que motivem a participação ativa.
Reforçar positivamente e criar associações positivas com as atividades e ajude ela a se engajar mais no que está sendo feito. Lembre-se sempre de respeitar seu perfil individual e apostar em reforçadores que façam sentido para o ambiente e repertório.
6. Incorpore interesses pessoais nos passeios
Integre os interesses pessoais da criança nos passeios sempre que possível. Isso não apenas tornará a experiência mais envolvente, mas também motivará a participação ativa.
Então se a criança gosta muito de dinossauros, por exemplo, vocês podem visitar algum museu sobre o tema e aproveitar para aprender mais sobre aquilo. Se ela gosta muito de futebol, é possível ir até um parque com quadra e praticar um pouco do esporte.
Conclusão
Desenvolver habilidade para passeios com participação social ativa é uma ótima maneira de focar na comunicação clara, sensibilidade sensorial, flexibilidade e estímulo à interação social.
Lembre-se de planejar os passeios com antecedência, considerando as necessidades específicas da criança.
Além disso, a incorporação de intervenções baseadas em comportamento, terapia ocupacional e técnicas de integração sensorial pode potencializar ainda mais o benefício desses passeios.
A participação social é uma jornada única para cada criança, e ao adaptar estratégias de acordo com suas necessidades individuais, podemos construir momentos significativos e gratificantes para todos.
Aqui em nosso blog já temos um conteúdo sobre habilidades sociais no autismo e como treiná-las, vale a pena ler e continuar aprendendo cada vez mais: