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Um episódio de crise é algo comum em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), já que esse transtorno do neurodesenvolvimento muda a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo, fazendo com que elas se desregulam emocionalmente com maior facilidade.
Dessa forma, esses momentos de crises são um dos principais motivos pelos quais a família, ou pessoas cuidadoras, se sentem nervosas e preocupadas, buscando entender melhor sobre o que é possível fazer naquele momento e até informações de como evitar futuras crises.
No entanto, mesmo que os cuidadores estejam preparados para essa situação quando estão presentes, um dos medos mais frequentes está relacionado com não saber o que fazer quando não estiverem por perto durante um momento de crise para intervir.
Isso porque, nosso estudo Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil em 2020 mostra que 57% dos cuidadores sente dificuldade em saber o que fazer e como agir em situações desafiadoras com a criança.
Esse sentimento é comum. Assim como o de não estar por perto nesses momentos, já que é um instinto natural dos pais querer sempre estar próximos para proteger os filhos. E se eu filho tiver uma crise quando você não estiver por perto? Nós te ajudamos a entender como ajudar, mesmo de longe. Acompanhe na leitura!
Autismo não é birra: entenda o comportamento da crise
O primeiro passo para conseguir lidar com esse sentimento de medo é entender o comportamento – ou os comportamentos – que a criança expressa num momento de crise.
Apesar de muitos associarem choro, gritos e outras reações à birra, é preciso investigar os detalhes para entender do que essa reação é formada. De uma forma bem resumida, uma birra é um comportamento intencional e que aparece quando existe um descontentamento com alguma situação.
Já uma crise, por outro lado, é algo involuntário que a pessoa não consegue controlar, e ocorre quando existe uma desregulação emocional por conta de uma exposição a vários estímulos sensoriais, em que o cérebro não consegue lidar com tanta informação ao mesmo tempo.
A principal diferença entre elas é que a birra é proposital e estratégica, normalmente quando a criança tem o objetivo de conseguir alguma coisa, sendo interrompida imediatamente a partir do momento que ela a conquista. Já a crise é a resposta a um limite que foi extrapolado, muitas vezes devido aos distúrbios do processamento sensorial.
Além disso, todo comportamento é composto pelos seguintes fatores:
- Antecedente: aquilo que acontece antes da crise;
- Comportamento: a maneira como a criança reage ao antecedente, descrita de forma detalhada (por exemplo: ela chora, se joga no chão, tapa os ouvidos etc);
- Consequência: o que acontece logo em seguida ao comportamento, e que pode servir para reforçá-lo.
Entender estas etapas é essencial para que você consiga entender porque aquele comportamento acontece e criar estratégias que vão ajudar a diminuí-lo ou substituí-lo.
Como identificar uma crise?
Uma crise, ou meltdown, como também é chamada no autismo, é um comportamento vindo de uma sobrecarga sensorial que muitas pessoas com TEA têm de lidar com o excesso de informação ou estímulo, por isso algumas situações com muitas pessoas, barulhos ou movimentos podem ser difíceis de lidar.
Por isso, para que a família, pessoa cuidadora ou até mesmo profissionais que acompanham o desenvolvimento da criança consigam identificar uma crise no autismo, é muito importante estar atento aos sinais e comportamentos.
Dessa forma, é possível entender quais são as ações ou situações que funcionam como precedentes de uma crise, para poder evitá-las. Normalmente, essas desregulações emocionais são caracterizadas por alguns comportamentos como:
- Gritos;
- Choros;
- Enjoos;
- Mal-estar;
- Tremores;
- Xingamentos;
- Atirar objetos;
- Apresentar comportamentos que podem ferir a si mesmo ou outra pessoa.
Ficar alerta com os sinais mais comuns que envolvem ansiedade e crises, observando o que pode ou não mostrar um desconforto, é parte importante para garantir que as estratégias usadas sejam eficientes e de acordo com a necessidade de cada pessoa.
Explicando para outra pessoa o comportamento do meu filho
Depois de entender o que compõe o comportamento do seu filho, é hora de explicá-lo para outra pessoa. De novo, não se esqueça de ser o mais detalhista possível, compartilhe tudo que observou sobre como é o comportamento e o que normalmente o ocasiona e o reforça.
Embora esse processo possa parecer algo simples, ele é fundamental para que você enfrente o medo de uma crise acontecer quando você não estiver por perto.
Isso porque da próxima vez que se deparar com pensamentos acerca dessa hipótese, vai se lembrar que, se seu filho tiver uma crise longe de você, ele vai estar próximo de alguém que sabe como ele se comporta nesse momento e entende o que pode e não fazer para amenizar o comportamento desafiador.
É possível evitar uma crise?
O que faz muita diferença durante ou até mesmo antes de uma crise é o apoio do cuidador com a criança no espectro. Sabemos que nesses momentos a comunicação e o aprendizado podem ficar momentaneamente prejudicadas, por isso o ideal é investir em ações que acalmem a respiração profunda e diminuam a frequência cardíaca.
Pode parecer complicado, mas existem algumas estratégias preventivas que ajudam nesse processo, como:
- Dar previsibilidade à criança sobre as tarefas e atividades que são esperadas dela e sua rotina;
- Invés de negar, oferecer sugestões à criança que sejam coerentes com a atividade esperada dela;
- Manter a calma e garantir que a criança seja ouvida em momentos de ansiedade ou estresse;
- Oferecer alternativas nas situações que podem gerar crise, criando maior possibilidade de escolha para o pequeno;
- Investigar os comportamentos da crise e anotar para entender o que antecede e qual a consequência desse comportamento.
Aqui em nosso blog já temos um conteúdo completo sobre Como ajudar seu filho durante as crises, que podem oferecer uma base maior de informações para esses momentos inesperados. Vale muito a pena ler!
Além disso, a Genial Care presta apoio aos pais de autistas para ajudá-los a entender e lidar com as crises por meio de práticas baseadas em evidências. Por meio dos nossos serviços, famílias conseguem ser atendidas em suas necessidades com as crises da criança e também criar estratégias para ajudá-los a lidar melhor com esses momentos.
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