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Mulher não sabe como lidar com as emoções. Ela está com as mãos no rosto.

Dificuldades em aprender a lidar com as emoções? Confira 5 dicas

Esse conteúdo passou por revisão clínica de Alice Tufolo, Psicóloga e Conselheira clínica da Genial Care | CRP 06124238


Saber como lidar com as emoções é um dos passos fundamentais para cuidar da saúde mental e viver com mais bem-estar. Para muitas famílias atípicas, essa é uma preocupação constante, que atravessa desde o momento do diagnóstico até os desafios do dia a dia.

Com isso, é comum que sentimentos como medo, frustração e ansiedade acabam impactando não apenas o cuidador, mas também a relação com a criança, a própria criança e todo o entorno. Isso abrange qualquer tipo de situação, incluindo crises e conflitos.

Em momentos em que há muita sobrecarga quando não estamos regulados emocionalmente, é comum nosso corpo agir antes que a gente consiga pensar e assim temos ações de fugir, lutar ou congelar o que pode gerar conflitos ainda maiores e causar mal-estar psicológico para todos os envolvidos.

Por exemplo, uma criança já está cansada, está triste e querendo brincar sozinha, outra criança então vem e pega o brinquedo dela. Talvez a primeira coisa que ela faça, antes mesmo de conseguir pensar, é empurrar a outra criança – ir para luta.

Todos os seres humanos vão para essas ações mais primitivas quando estão em sobrecarga, desregulados ou mesmo não tem repertório de como resolver a situação que está vivendo. Esse não é um cenário que ocorre só com crianças.

Quando consideramos famílias neurodivergentes, estamos olhando para um cenário de grande sobrecarga.

Em situações difíceis, é comum que o cuidador mais próximo da criança reaja de forma impulsiva, ou paralisando e não conseguindo sair do lugar, geralmente por dificuldade em lidar com as próprias emoções.

Se você já passou por isso, respire fundo e saiba que está tudo bem. É normal, é humano. E existem caminhos simples que ajudam muito a criar esse equilíbrio emocional.

Com ajuda da Conselheira Clínica Alice Tufolo, esse texto traz estratégias, dicas e informações importantes que vão te ajudar a entender por que cuidar das suas emoções é tão importante: como começar hoje mesmo.

Por que é importante aprender a lidar com as emoções?

O autoconhecimento pode parecer um caminho difícil no início, pois entrar em contato com as nossas emoções pode ser desconfortável, ao mesmo tempo, muito necessário. No entanto, buscar compreender é essencial para aprender a lidar com as emoções, estar em paz e conseguir ter resoluções de problema mais efetivas na vida.

Entender como nos sentimos e nos expressamos em momentos difíceis — ou mesmo felizes — nos ajuda a evitar o acúmulo de sobrecarga no corpo e emocional, que pode levar a comportamentos explosivos, de paralisia e até sintomas físicos como dores.

Lidar com as emoções é reconhecer que nosso corpo e pensamento está o tempo todo comunicando como estão se sentindo com o que está acontecendo no ambiente. Identificar o que tem causado preocupação, ansiedade ou estresse é uma forma eficaz de enfrentar essas situações e prevenir outras semelhantes no futuro.

Expressar emoções de maneira saudável em diferentes momentos e com diferentes pessoas é fundamental para desenvolver nosso modo de ser e agir no mundo, e influência diretamente na qualidade do nosso cotidiano.

Perceber o que se está sentindo, e nomear essas sensações e sentimentos é um passo essencial para saber o que você está precisando e assim atender a essa demanda.

5 dicas para aprender a lidar com as emoções

Você já ouviu alguém dizer “pare e tente se acalmar” durante uma discussão ou situação estressante? Mas como fazer isso, na prática? Veja 5 passos simples e eficazes que podem te ajudar:

1. Perceba o que você está sentindo

Rastreie o seu corpo. Perceba quais os sinais que ele está te mostrando de conforto e desconforto. Nosso sistema nervoso está o tempo todo reagindo aos estímulos que estão no mundo, sejam eles internos ou externos. Perceber essas reações, às vezes, é o suficiente para uma “regulação”.

“Tem momentos que ficamos tão desconectados desses sinais do corpo que às vezes não percebemos necessidades como fome, frio, sede, no entanto, essas são sensações que irão impactar o que estamos sentindo e fazendo.” Diz Alice Tufolo.

2. Expire maior do que você inspirou

mulher sentada respirando de olhos fechados

Em qualquer momento do dia, respirar expirando mais forte do que você inspirou pode ser uma boa pedida. Essa é uma das formas mais eficazes em relação à regulação do sistema nervoso.

“A expiração está diretamente relacionada com a parte do nosso sistema nervoso responsável pelo descanso, sensação de segurança. Quando a gente prolonga a saída do ar ao respirar, a gente está enviando para o nosso cérebro um estado de segurança, o que desacelera os pensamentos, reduz a frequência cardíaca”. Recomenda Alice Tufolo.

Estudos mostram que exercícios respiratórios melhoram a função cognitiva, estimulam pensamentos positivos e reduzem os sintomas de ansiedade e estresse. E o melhor: a respiração é uma ferramenta que sempre temos à disposição. Que tal usá-la a nosso favor?

3. Reserve momentos para seu autocuidado

mulher alongando o pescoço no por do sol

Você já ouviu uma metáfora que diz sobre “você não pode fazer nada com um copo vazio”? Isso significa que não é possível cuidar de outra pessoa sem cuidar de si primeiro.

O autocuidado pode ser feito por meio de pequenos gestos diários que estimulam o cérebro a produzir endorfina — o hormônio da felicidade. Algumas sugestões são:

  • Assistir a um filme ou série que você goste;
  • Fazer atividade física;
  • Sair com amigos;
  • Ler um bom livro;
  • Escutar música;
  • Ligar para alguém querido.

Sabemos que cuidar de uma criança autista e conciliar isso com a rotina pode ser desgastante. Nem sempre será possível praticar todas essas atividades, e tudo bem. Comece com o que for acessível à sua realidade.

“Uma das analogias que eu mais gosto é a frase que é sempre dita nos voos: ‘Em caso de despressurização da cabine, coloque a sua máscara primeiro, antes de auxiliar crianças ou outras pessoas’. Não conseguimos colocar a máscara em outra pessoa se a gente estiver desmaiado, é preciso primeiro garantir que estamos bem, para então podermos dar para a outra pessoa”. Relembra Alice Tufolo.

Se for possível para sua família, também é importante contar com o suporte de profissionais da psicologia. Sessões de terapia ajudam a entender as emoções e enfrentar os desafios do presente com mais equilíbrio.

Quer saber com qual frequência você está praticando comportamentos de autocuidado, você pode responder à escala de autocuidado consciente (MSCS – Mindful Self-Care Scale)

4. Tenha clareza do que te faz bem/regula

Todos os seres humanos possuem elementos próprios que ajudam a regular o sistema nervoso. Podemos chamar isso de recursos. Recursos são esses elementos que ajudam a pessoa a atravessar momento de sobrecarga e ativação do sistema nervoso.

Ninguém é igual, assim sendo nenhum recurso será igual também. Você precisa descobrir quais são as estratégias simples que te dão conforto em um momento desafiador.

“Quando eu defendi minha tese eu estava muito nervosa, eu levei comigo uma essência de hortelã-pimenta, que é algo extremamente regulador para mim. Cada vez que faziam uma pergunta, antes de eu responder eu sentia o cheiro da essência.” Conta Alice Tufolo

“Descobrir quais são seus próprios recursos, é parte do autocuidado e da própria segurança emocional. Podemos ter recursos simples, como um cheirinho, são coisas pequenas que em momentos mais desafiadores servem como grande âncora.” complementa Alice.

5. Se coloque em situações de segurança

Hoje sabemos que não é possível organizar o sistema nervoso assim como as emoções sem a pessoa estar se sentindo segura. A segurança é elemento base para surgir qualquer tipo de regulação e para o corpo sair do contexto de luta, fuga ou paralisia.

Quando o corpo está se sentindo ameaçado, ele não consegue se regular, ele estará o tempo todo reagindo a isso. É impossível refletir, se acalmar, tomar boas escolhas em uma situação de ameaça.

“Dessa forma, antes de buscar controlar uma emoção, entender o que é que você está sentindo de fato, é preciso ajudar o seu sistema nervoso a sair desse lugar de ameaça, do modo de sobrevivência. O sistema nervoso só irá sair desse lugar quando sentir que está seguro”. Diz Alice Tufolo.

Após estar se sentindo seguro, você pode começar a tentar lidar com as emoções.

Como eu faço para lidar com as minhas emoções?

  • Uma emoção nunca deve ser suprimida, mas sim sentida e entendida. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas como suporte para isso: Experiência Somática: abordagem terapêutica desenvolvida por Peter Levine na qual ajuda o sistema nervoso a sair de estados de fuga, luta e congelamento (paralisia);
  • Mindfulness: Prática de atenção plena que convida a pessoa a estar presente sem nenhum julgamento;
  • ACT: Terapia de aceitação e compromisso;
  • Yoga

Segundo estudos da APA (American Psychological Association), práticas de atenção plena reduzem a reatividade emocional e aumentam a clareza mental.

Lidar com as emoções começa por reconhecer que elas fazem parte da vida e de ser ser humano. Em vez de ignorá-las ou reprimi-las, o ideal é nomear o que se sente e buscar estratégias de regulação, como respiração, escrita e autocuidado.

O apoio terapêutico também pode ser essencial nesse processo, não só para crianças, mas para todo o núcleo familiar.

Como lidar com as emoções no início da jornada do autismo?

Em 2023 foi realizada uma pesquisa pela Genial Care chamada; “Retratos do Autismo no Brasil – 2023”. Ouvimos mais de 2 mil participantes, sendo 73% desses cuidadores de pessoas autistas. Nessa pesquisa tivemos dados importantes de serem olhados em relação ao estresse vivenciado por cuidadores. Dentre os principais desafios relatados, três se destacaram:

  • Insegurança em relação ao futuro da criança: 79% dos cuidadores afirmaram se sentir inseguros em relação ao futuro da criança
  • Dificuldades financeiras: 73% disseram se sentir inseguros em relação a ter condições financeiras de arcar com os custos do tratamento;
  • Falta de tempo para descanso e cuidado de si mesmo: 68% descreveu não ter tempo para cuidar de si mesmo

Ansiedade, medo e incertezas são sentimentos comuns para cuidadores que recebem o diagnóstico de TEA da criança. Aprender a lidar com essas emoções é essencial para tornar a jornada mais leve e saudável.

O primeiro passo é aceitar os sentimentos difíceis. Depois disso, é importante reconhecer o que você pode enfrentar sozinha e o que vai precisar de ajuda para superar.

É necessário desenvolver autoconhecimento, ter uma rotina equilibrada e aprender a pausar antes de reagir. Psicoterapia e redes de apoio são ferramentas que fortalecem a regulação emocional. A constância nas práticas é o que gera transformação.

“Cuidar de outra pessoa que necessita de suporte exige muito de si mesmo. Por isso, cuidar de si não pode ser algo postergado e deixado para depois. Reconhecer quais são as próprias necessidades de limites, se colocar em situações de pausa e segurança é essencial não só para si mesmo, mas também para o outro que está sendo cuidado”. Conclui Alice Tufolo.

Conclusão

Cuidar de uma criança no espectro envolve muito amor pela criança e deve envolver muito amor por si mesmo também. Por isso, aprender a lidar com as próprias emoções é tão importante.

Na Genial Care, você encontra conteúdos ricos, apoio clínico e orientação parental pensados para quem cuida. Continue sua leitura com o artigo “Ansiedade, culpa e aceitação: como enfrentar emoções difíceis” e explore nossos materiais especiais sobre o cuidado no TEA.

Ansiedade, culpa e aceitação

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