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Mãe exercendo troca de fralda no filho.

Desfralde no autismo: 5 dicas, protocolos e práticas que podem ser usadas

Sair das fraldas para o banheiro é uma tarefa difícil para todas as famílias e requer bastante paciência, prática e dicas que podem ajudar. Quando falamos de desfralde no autismo esse processo pode ser ainda mais desafiador.

Já falamos aqui em nosso blog sobre o processo de desfralde e como ele é um marco importante na vida das famílias. Se você ainda não leu esse conteúdo, vale a pena dar uma conferida agora mesmo.

Mas agora que você já sabe o que é o desfralde, chegou a hora de aprender sobre os protocolos de desfralde e como eles podem ser aplicados em crianças com TEA.

Neste artigo, você vai aprender 5 dicas e protocolos que podem ser usadas durante a adaptação de crianças no espectro. Leia para aprender e se especializar ainda mais!

O que é um protocolo de desfralde no autismo?

Quando falamos sobre Protocolo de desfralde, estamos falando sobre um conjunto de práticas e procedimentos destinados a ensinar uma criança a usar o vaso sanitário de forma independente.

Um aspecto central quando selecionamos o protocolo para o treino do uso do banheiro é o controle esfincteriano, um dos marcos do desenvolvimento infantil.

Falamos que uma criança tem controle esfincteriano quando ela consegue controlar os músculos que controlam o xixi e o coco, ou seja, o que permite o uso independente de ir ao banheiro e controlar suas vontades de urinar ou evacuar.

Assim, para usar os protocolos de desfralde no autismo, podemos pensar em duas formas:

  1. Desfralde ocorre com a iniciativa da criança: ou seja, ela reconhece os sinais de que precisa usar o banheiro. E isso requer que a criança esteja madura para reconhecer e responder aos sinais fisiológicos, demonstrando a capacidade de controlar seus músculos esfincterianos;
  2. Desfralde ocorre com o suporte do adulto: ou seja, o adulto estabelece o momento em que a criança precisa usar o banheiro. A transição para a independência pode ser mais gradual e requer esforço contínuo dos adultos. A maturação do controle esfincteriano pode não ser maduro o suficiente e por isso, utilizar estratégias podem ajudar nesse processo!

Para escolher o melhor protocolo é necessário que seja realizada uma avaliação inicial, que envolve sondagens e levantamento dos sinais de prontidão, como, por exemplo:

  • Peça o registro da frequência com a criança faz as suas necessidades fisiológicas, a famosa Folha de Registro que levanta dados sobre o controle esfincteriano e a frequência de evacuação e micção.
  • Avaliar alguns comportamentos que vão dar suporte para o treino do uso do banheiro, como o tempo que a criança fica sentada no vaso sanitário, habilidades de imitação, regulação emocional, etc.
  • Entenda a forma de comunicação da criança, se ela é capaz de seguir instruções, se ela compreende recursos e suportes visuais.
  • Avalie aspectos sensoriais, como a percepção de sinais corporais, sensibilidade tátil, auditiva ou olfativa, e motores, como a estabilidade e controle de tronco.

E quando pensamos ainda em protocolos de desfralde no autismo, temos práticas que têm evidência científica e que apoiam esse processo. Vamos conferir quais são elas!

Como fazer o planejamento para o desfralde no autismo?

Desfralde no autismo

Existem diversas estratégias e práticas que podem ser utilizadas para que a criança aprenda a utilizar o banheiro, como organização da rotina, uso de recursos visuais, etc.

E por isso, é importante que esse planejamento envolva:

  • Os objetivos que irão facilitar o uso do banheiro, como, por exemplo: estimular a percepção dos sinais corporais, aumentar tempo de permanência no vaso sanitário, orientar adaptações ambientais, testar adaptadores de vaso sanitário e apoios de pés, selecionar recursos visuais (história social, sequência do uso do banheiro, video modeling, etc), selecionar reforçadores (livro, social, etc);
  • O monitoramento desse processo, através dos registros de comportamentos da criança;
  • E também considerar os contextos em que a criança está inserida, como escolar, domiciliar, etc.

5 dicas que vão ajudar no desfralde no autismo

Uma das estratégias que podem ajudar no processo de desfralde é estabelecer uma rotina consistente e com hábitos que apoiem o desfralde.

1 – Estabeleça horários específicos para o banheiro

Após analisar o registro de frequência de micção e evacuação, é possível identificar qual é o momento que a criança terá mais sucesso ao usar o vaso sanitário.

Dessa forma, o terapeuta pode definir em conjunto com a família qual o melhor horário para levar a criança ao banheiro para que ela seja reforçada com maior frequência, buscando a aprendizagem com menor frustração possível.

2 – Estar atento aos tipos de alimentos que são ingeridos

Os tipos de alimentos que são ingeridos interferem na formação do bolo fecal.

A saúde intestinal é essencial para pensar no processo de desfralde, uma vez que as constipações podem gerar desconfortos que impactam no processo de aprendizagem do uso do banheiro e inibe a percepção de outros sinais corporais.

3 – Monitore a ingestão de água ao longo do dia

A possibilidade de relacionar a ingestão de água com a frequência do xixi e do coco podem ajudar na definição de como ensinar a percepção de sinais corporais, entender qual melhor horário de levar a criança ao banheiro, etc.

4 – Utilize recursos visuais para o desfralde no autismo

Suportes visuais são práticas que têm resultados comprovados cientificamente para pessoas com autismo e que também pode ser utilizadas para o treino do uso do banheiro.

Primeira dica: utilize pistas com as etapas que seguimos ao utilizar o banheiro! Para isso, desmembre o processo em pequenas etapas.

Suporte visual para auxiliar no desfralde da criança com TEA.

Quando segmentamos uma atividade em várias etapas, conseguimos direcionar a nossa intervenção, dando mais ênfase para uma etapa de ensino. Por exemplo, uma criança pode conseguir sentar no vaso sanitário, mas tem dificuldade em subir a calça quando termina de usar o banheiro.

Se o objetivo do protocolo está sendo ela fazer xixi no vaso sanitário, vamos reduzir a etapa seguinte do uso do banheiro, pois fazer com que ela suba a calça sozinha pode ser custoso e, assim, diminuir a chance dela querer fazer xixi no vaso sanitário novamente.

Ou seja, conseguimos direcionar para uma intervenção em que podemos diminuir ou aumentar o custo de resposta da criança em determinadas etapas de forma a ensiná-la a utilizar o vaso sanitário.

Segunda dica: de modelo e utilize suportes visuais que favoreçam a comunicação e compreensão!

  • Facilite a compreensão da criança do que é esperado que ela faça no banheiro, como uso de sequência do uso do banheiro, histórias sociais, etc
  • Selecione uma imagem que representa o banheiro e pode ajudar a criança a se comunicar melhor!
  • Dê modelo do comportamento esperado ou utilize video de como usar o banheiro, identificar os sinais corporais, etc

5 – Reforçadores ajudam a aumentar o sucesso no desfralde

Mãe trocando filho

Utilize reforçadores para aumentar a chance da criança fazer suas necessidades no vaso sanitário! Reforçadores são todas as consequências de um comportamento, que aumentam as chances dele voltar a ocorrer no futuro.

Eles podem ser itens, objetos, interações ou atividades que acontecem como consequência de um comportamento e variam de pessoa para pessoa.

Atenção! Nem sempre um reforçador vai funcionar em todas as situações. A criança só será reforçada se o item que você utilizar aumentar a probabilidade do comportamento acontecer novamente.

E por isso, conhecer os itens de interesse de sua criança pode facilitar a descoberta de reforçadores. É importante considerar que precisamos ter conhecimento de mais de um reforçador, para que possamos entender em quais momentos cada um deles será mais útil.

Quando você descobrir os possíveis reforçadores da sua criança, lembrem-se:

  • O reforço deve ser imediato: a criança pediu para ir ao banheiro? Leve ela imediatamente, dê tempo, ofereça ajuda. Você também pode comemorar, dar brinquedos, etc.
  • Escolha itens reforçadores de alta magnitude: selecione reforçadores que a criança terá acesso

    apenas

    em situações específicas, como quando ela consegue fazer xixi no vaso

  • Sempre reforce a sua criança: a criança pode tentar fazer suas necessidades no vaso, mas não conseguir. Isso NÃO significa que ela não será reforçada! Ofereça reforçadores de menor magnitude.

Conclusão

Existem diversas estratégias, recursos e práticas que podemos ser utilizadas durante o processo de desfralde no autismo. Por isso, é muito importante que os profissionais que acompanham o desenvolvimento da criança busquem estarem atualizados e cientes dessas estratégias.

Isso garante uma comunicação mais assertiva e direcionada com os pais, e ajuda que a família receba as melhores informações, sempre levando em conta o que pode funcionar na rotina da criança.

Para escolher a melhor opção para a criança é essencial que ocorra uma avaliação e planejamento da intervenção. Lembre-se das dicas que demos ao longo do texto e da adaptação para o repertório infantil.

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