Como é o dia de uma terapeuta ocupacional na rede Genial Care?
Isabela Marques
Publicado em 12 de setembro de 2022 Atualizado em 10 de outubro de 2023
Índice de Conteúdos
Ensinar uma criança a deixar de usar as fraldas e começar a usar o penico pode ser um processo longo e trabalhoso. E o desfralde de crianças autistas pode se tornar um verdadeiro desafio, gerando muitas vezes frustração e estresse para toda a família. Por isso, a Terapia Ocupacional é uma aliada na fase do desfralde.
O desfralde é uma fase importante na vida das crianças e dos pais. Está relacionado ao ganho de autonomia e pode acontecer mais cedo para alguns e mais tarde para outros.
Neste artigo, vamos falar como a terapia ocupacional pode auxiliar no desfralde de crianças autistas, fortalecendo o trabalho das famílias que buscam o desenvolvimento e autonomia para os pequenos.
O que é o desfralde?
O desfralde diz respeito ao período em que o bebê vai parar de usar as fraldas por ser capaz de controlar seus esfíncteres, como são chamados os músculos responsáveis por segurar e liberar a saída da urina e do cocô.
É uma etapa importante do desenvolvimento da criança, assim como o desmame, aprender a andar ou falar. No processo de construção psíquica, o abandono das fraldas está ligado à conquista de independência e autonomia em relação ao corpo.
Seja qual for o tipo de fralda que a criança use no dia a dia (de pano ou descartável), é necessário um período de adaptação da fralda para o penico e depois para o vaso sanitário, já que a maioria das crianças não se adapta logo de cara ao vaso sanitário.
Também pode ser preciso adaptar o assento, incluindo um assento menor que acomode melhor os pequenos nesta fase.
Existe diferença entre o desfralde das meninas e dos meninos?
Parece não haver uma diferença significativa, de acordo com os especialistas, mas depende mais da motivação que recebem. O período de desfralde varia e não está essencialmente ligado ao fato da criança ser menino ou menina, mas sim à atitude da família e, principalmente, à individualidade da criança.
Desfralde e Autismo
Crianças a partir de dois anos de idade começam a reconhecer melhor o seu próprio corpo e ter algumas noções a respeito de independência. É justamente por esse motivo que após esse período a maioria delas estará pronta para deixar definitivamente as fraldas.
Contudo, em situações atípicas de desenvolvimento neuropsicomotor, o sistema nervoso central pode precisar de mais tempo para ser capaz de controlar o processo de urinar (micção) e evacuar.
Por isso, muitas crianças com autismo têm dificuldade em pedir para ir ao banheiro no momento em que os pais decidem tirar a fralda. Ainda que o desfralde seja um desafio e um momento delicado para qualquer criança, essa dificuldade de comunicação (característica em alguns casos) requer cuidados especiais.
Terapia ocupacional e o autismo
A área da terapia ocupacional está relacionada ao campo da saúde, bem-estar e educação. O profissional atua com o tratamento, reabilitação e prevenção de portadores de alterações cognitivas, psicomotoras, etc.
No autismo, o terapeuta ocupacional elabora planos específicos de adaptação e busca desenvolver no paciente a autoconfiança necessária para reduzir os impactos característicos do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O objetivo é ampliar as possibilidades de desenvolver os recursos necessários para tornar o cotidiano da criança autista mais tranquilo e saudável.
O terapeuta ocupacional está apto para trabalhar atividades referentes a texturas, cheiros, gostos e integrar esses sentidos. Isso ajuda o autista a compreender que esses sinais precisam ser encarados como algo natural e normal.
Terapia ocupacional e o desfralde
A terapia ocupacional é uma especialidade muito importante quando pensamos no desfralde de crianças autistas. O período de desfralde costuma envolver dúvidas e ansiedade. Por isso, o profissional avalia cada caso da criança, para entender se ela está pronta ou não para deixar de usar a fralda.
São feitas tentativas de desfralde, que podem ser retomadas futuramente caso a criança não responda de forma esperada. O terapeuta ocupacional precisa estabelecer metas e estratégias, respeitando o caso de cada criança.
Cabe destacar que cada criança apresenta particularidades que devem ser consideradas de forma individual.
Sinais de que a criança já pode iniciar o desfralde
Mesmo que não haja idade exata para que aconteça o desfralde, a criança já apresenta alguns sinais de que já está pronta, os mais comuns são:
- Começa a indicar que a fralda está suja e se incomodar com o fato;
- Demonstra nojo ou inquietação nos momentos em que faz xixi ou cocô;
- Apresenta constantes comportamentos na hora das necessidades fisiológicas, por exemplo: vai para um canto específico da casa, para e depois agacha.
Essas manifestações são divididas em 3: físicas, cognitivas e comportamentais, que podem ajudar a família a entender a hora certa para o desfralde.
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Manifestações físicas:
A criança já se sustenta em pé e anda com firmeza. Além disso, o cocô já possui um formato mais sólido, e a evacuação ocorre em horários previsíveis, onde a criança passando um intervalo de 3h a 4h seco – isso representa um treinamento do esfíncter e da bexiga para segurar a urina;
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Manifestações cognitivas:
A criança identifica que o banheiro está atrelado a objetivos relacionados à higiene pessoal: como tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos, etc. Além de interagir e entender comandos de instruções, como pegar determinados objetos.
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Manifestações comportamentais:
A criança é capaz de abaixar e levantar a roupa íntima e/ou a calça sozinha, e demonstrar estar curiosa e interessada em ver os pais ou cuidadores realizarem hábitos de higiene como fazer xixi, usar as roupas de baixo, lavar as mãos etc.
Mais uma vez é importante frisar que nenhuma criança se desenvolve como a outra, por isso os comportamentos podem nem aparecer nos primeiros anos. E a família pode nem perceber as ações.
Dessa forma, é tão importante estar em contato com profissionais que compreendam as singularidades de cada criança.
A Terapia Ocupacional em prática: hábitos que estimulam o desfralde no autismo
Quando a família decide fazer o desfralde, é preciso ter comprometimento e coesão com as ações. É importante começar do básico: explicar para criança que ela precisa ir ao banheiro, tirar a roupa e, então, sentar no vaso.
Para ajudar, os pais podem usar uma imagem de banheiro, um objeto com alguma figurinha que a criança entrega quando quiser ir ao banheiro.
Mas atenção: para que ela possa entender essa dinâmica, os pais precisam acostumá-la a fazer isso; por exemplo: a pessoa cuidadora leva a criança ao banheiro após mostrar a figura, repetindo essa ação várias vezes.
O desfralde no autismo pode ser beneficiado com o uso dessas simples ações:
- Usar imagens que simbolizam a hora de ir ao banheiro;
- Fazer o quadro de rotina incluindo a ação de ir ao;
- Acostumá-la com o vaso ou o banheiro antes do desfralde, caso haja alguma resistência;
- Reforçar comportamentos, como comemorar quando a criança usar o vaso corretamente.
Tenha sempre em mente que o seu filho autista é único. Portanto, as técnicas que funcionaram para o seu outro filho ou seu sobrinho podem, ou não, funcionar para ele. Por isso, toda criança deve ser tratada de forma individualizada, considerando sempre as habilidades que ela já domina e as que ainda precisa aprender.
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Isabela Marques
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