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Menino abraçando mãe que tem epilepsia. O abraço é confortante e faz ela se acalmar.

Entenda a relação entre epilepsia e o transtorno do espectro autista

Muitos pais e pessoas cuidadoras buscam entender as conexões entre alguns transtornos e condições médicas. Dessa forma, várias famílias se perguntam se existe uma relação entre epilepsia e TEA, já que comumente ele está ligado a pessoas no espectro.

Apesar de vermos uma relação entre os transtornos neurológicos, ainda existem poucas respostas da ciência sobre essa ligação. O que se sabe, por meio de estudos, é que aproximadamente 30% dos casos de pessoas no espectro também apresentam quadros de convulsão como comorbidade.

Assim, é comum que familiares notem com alguma frequência esses espasmos corporais nas crianças, associando com a epilepsia, principalmente em momentos de crise e desregulação emocional.

Neste artigo, você vai entender melhor qual a ligação entre epilepsia e autismo, e como isso pode impactar o dia a dia de crianças e famílias atípicas. Acompanhe na leitura!

O que é epilepsia?

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por descargas elétricas anormais e excessivas, bem como movimentos involuntários no corpo. Assim, durante algum tempo, o cérebro recebe descargas, impulsos ou sinais elétricos incorretos, interrompendo temporariamente sua função habitual e produzindo manifestações involuntárias em aspectos como: controle muscular, sensibilidade ou na consciência.

Segundo CID 10 G40.0, ela é uma doença neurológica, com um conjunto de vários sinais e sintomas, indicando um agrupamento de células cerebrais para se comportarem de maneira hiperexcitável.

Existem dois tipos de epilepsia: a parcial e a total. Na primeira, essa emissão incorreta fica limitada apenas a uma parte do cérebro, enquanto na segunda, ela impacta todo ele.

Quando uma pessoa tem epilepsia ela apresenta algumas crises variadas diretamente ligadas à extensão das descargas elétricas, por isso, os sintomas podem variar bastante de acordo com o grau da descarga.

Epilepsia: diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da epilepsia é feito por meio de exames de imagens, que conseguem fornecer detalhes do cérebro, como a ressonância magnética. Assim, além dos sintomas relatados pela pessoa ou família, é possível ter um panorama do distúrbio.

O tratamento para esse distúrbio é feito por meio de medicamentos que irão evitar essas descargas elétricas no cérebro. Hoje temos, pelo menos, 25% de pacientes com epilepsia no Brasil, que necessitam de medicamentos de uso contínuo para controlar crises mais severas.

Além disso, já existem centros de tratamento cirúrgico aprovados pelo Ministério da Saúde para possíveis intervenções cirúrgicas para o distúrbio. No entanto, essa prática ainda não vem sendo realizada.

Diferenças entre epilepsia e convulsão

Muitas vezes, quando falamos em epilepsia, as pessoas associam automaticamente a convulsões. Mas é importante entendermos que elas não são a mesma coisa. A convulsão é apenas um tipo, geralmente mais intenso, de ataque epilético.

Durante ela a pessoa tem um episódio de contração muscular excessivo, geralmente em um lado do corpo, interrompendo suas funções motoras e até mesmo consciência momentaneamente. Mas, nem toda convulsão é uma crise epiléptica!

Quando falamos de crise epiléptica estamos falando da existência de um abalo motor, ou seja, alterações no nível de consciência mental e corporal. No entanto, existem algumas crises mais leves, caracterizadas por breves desligamentos, contrações restritas de grupos musculares e formigamentos.

Por isso, toda convulsão é uma crise epiléptica, mas existem outras formas de crises epilépticas que não são convulsões, um exemplo é a crise de ausência, uma perda súbita de consciência, onde a pessoa pode ficar parada ou apresentar alguns movimentos repetitivos por minutos, ou segundos.

Epilepsia no TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.

Desde os primeiros relatos de Kanner em 1943, já se notava uma ligação intrigante entre o transtorno do espectro autista (TEA) e a epilepsia. Cerca de 30% das crianças com autismo experimentam crises epilépticas ou mudanças no eletroencefalograma, sem uma causa específica identificada.

No entanto, ainda não está claro se as crises são a causa ou apenas coexistem com o autismo. Existem diversas razões para o autismo e a epilepsia ocorrerem simultaneamente.

Algumas crianças herdam ambas as condições, enquanto outras desenvolvem transtorno epiléptico como resultado de condições cerebrais, como a rubéola congênita ou a síndrome do X-Frágil.

A epilepsia pode começar antes do desenvolvimento da linguagem ou causar regressão linguística, como observado na Síndrome de Landau Kleffner.

Algumas pesquisas genéticas feitas pela Epilepsy Foundation indicam que, tanto a epilepsia, quanto o autismo, envolvem uma sincronia atípica de sistemas cerebrais ligados às sinapses — conexões entre os neurônios.

É importante entender também que, tanto a convulsão é considerada uma comorbidade do autismo, quanto o autismo pode ser uma comorbidade presente em pessoas com crises convulsivas.

Além disso, a visão científica atual é que existem mecanismos neurológicos compartilhados que contribuem tanto para o TEA quanto para a epilepsia.

Entre possíveis fatores de risco para o transtorno epiléptico no TEA é possível citar atraso no desenvolvimento cognitivo, comprometimento motor e também a idade que as convulsões começaram.

Alguns genes que podem estar por trás desse fenômeno foram descobertos, mas um fator importante é o estresse materno. A Editora de Ciências, Dra. Sloka Iyengar, tem um estudo sobre o estresse materno e sua conexão com TEA e epilepsia.

Mitos e verdades sobre epilepsia e autismo

Quando se trata de epilepsia e autismo, é comum encontrar uma série de mitos que circulam, muitas vezes contribuindo para a desinformação e fake news sobre eles.

Desvendar os mitos em torno da relação entre epilepsia e autismo é essencial para promover a compreensão e o apoio adequado.

Cada pessoa é única, e uma abordagem personalizada considerando as complexidades dessas pessoas e condições é fundamental.

Ao desmistificar esses tópicos, podemos criar ambientes mais inclusivos e acolhedores para aqueles que vivenciam essa complexa interseção entre epilepsia e autismo.

Epilepsia e autismo estão sempre ligados

Mito. Embora seja verdade que exista uma relação significativa de pessoas com autismo também desenvolvem a condição, não significa que todos os autistas terão epilepsia e vice-versa. Ambas podem coexistir, mas nem sempre estão interligadas.

Epilepsia causa autismo (ou vice-versa)

Mito. A relação entre transtornos epilépticos e autismo é complexa e ainda precisa de muito estudo. Por isso, não é correto (e nem verdadeiro) afirmar que uma causa diretamente a outra. O entendimento científico atual sugere que existem mecanismos neurológicos compartilhados que podem contribuir para ambas as condições.

Epilepsia e autismo estão relacionados apenas ao cérebro

Mito. Embora ambas tenham impacto significativo no cérebro, elas podem ter relação com outros aspectos corporais e pessoais. Desafios sociais, emocionais e comportamentais podem surgir, demandando uma abordagem ampla e individualizada, além de cuidado e compreensão de acordo com a necessidade de suporte e apoio.

Pessoas com epilepsia e Autismo não podem ter vidas produtivas

Mito. Com as intervenções e suporte adequado, além de medicamentos quando necessário e indicado por profissionais médicos, pessoas com epilepsia e autismo levam vidas plenas e produtivas. Educação inclusiva, apoio emocional e oportunidades adaptadas podem permitir que essas pessoas alcancem seu pleno potencial, se desenvolvendo constantemente.

Conclusão

A compreensão da relação entre epilepsia e transtorno do espectro autista é essencial para oferecer o melhor suporte às crianças e suas famílias.

A pesquisa contínua e a colaboração entre profissionais de saúde são cruciais para desenvolver estratégias de intervenção eficazes e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

O que os estudos ainda não sabem é quais são os sinais que sugerem que crises epilépticas recorrentes ou atividade elétrica anormal estão por trás de alterações cognitivas, comportamentais ou de linguagem. E também, quais os mecanismos comuns que unem epilepsia e autismo.

Dessa forma, é necessário que novas pesquisas explorem essa relação complexa entre autismo e epilepsia, como forma de oferecer suporte mais eficaz a crianças que enfrentam ambas as condições.

Ao buscar informações e apoio, pais, familiares e profissionais podem desempenhar um papel fundamental na promoção do bem-estar de crianças que vivenciam essa complexa interação entre condições neurológicas.

Lembre-se sempre de consultar profissionais de saúde qualificados para obter orientação específica sobre o diagnóstico e tratamento de epilepsia e TEA.

A jornada pode ser desafiadora, mas com conhecimento e apoio adequados, é possível oferecer um ambiente positivo e inclusivo para aqueles que enfrentam essas condições.

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