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Mãe mostrando afeto por filho em programa que fala sobre autismo em adultos. Ela o abraça colocando o rosto em seu ombro direito.

Autismo em adultos: quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico em autistas adultos?

O autismo é frequentemente diagnosticado na infância, e por isso, se fala tanto em intervenção precoce no TEA. Mas o diagnóstico de autismo em adultos é uma realidade para muitas pessoas que estão no espectro e não sabiam.

Mesmo sendo tardio, esse processo de descoberta em autistas adultos é fundamental para o desenvolvimento da independência e principalmente para o autoconhecimento, já que a pessoa passa a ter um entendimento maior sobre suas características e singularidade.

Comumente, o autismo em adultos é descoberto em pessoas com menor necessidade de apoio e suporte, o que é conhecido como autismo leve ou nível 1. É bem comum que autistas adultos, antes do diagnóstico, sejam conhecidos como pessoas tímidas ou com dificuldades de socialização.

Isso ocorre, em parte, devido às diferenças e falta de representatividade sobre o espectro autista ao longo dos anos, bem como às adaptações que autistas desenvolvem ao longo da vida.

Conhecer os sintomas e o processo de diagnóstico é fundamental tanto para os próprios adultos em busca de respostas, quanto para familiares e profissionais de saúde. Neste texto, você vai entender tudo sobre autismo em adultos, acompanhe!

O que é autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.

Pessoas que estão no espectro autista têm diferentes formas de vivenciar o mundo ao seu redor. No entanto, é importante lembrar que existem critérios definidos para o diagnóstico de autismo, e que para uma pessoa estar no espectro, ela precisa, necessariamente, apresentar algum deles:

  • Dificuldades na comunicação e interação social;
  • Comportamentos repetitivos;
  • Alterações sensoriais.

Como o autismo é um espectro, é preciso que a pessoa apresente, em diferentes intensidades, algum desses critérios de uma forma que existam prejuízos significativos nas atividades diárias.

Assim, cada pessoa é única e apresentará diferentes “intensidades” ou “variações” desses comportamentos, fazendo com que ela apresenta maior ou menor dificuldade na realização de determinadas tarefas.

Por isso, quando falamos em autismo em adultos, é comum que uma característica que a pessoa achou fazer parte da personalidade dela, como gosto restrito para determinado alimento, por exemplo, seja algo presente nos critérios de diagnóstico dela.

Quais são os sinais de autismo em adultos?

Os sintomas do autismo em adultos podem se manifestar de forma diferente em comparação com crianças, e geralmente se apresentam em níveis de necessidade e suporte variados.

Como falamos, geralmente adultos diagnosticados tardiamente, possuem laudo de autismo nível 1 de suporte. Assim, eles podem precisar de menos ajuda para realizar as ações da rotina.

Não existe uma regra quando falamos de sinais de autismo em adultos, porém, alguns dos mais comuns incluem:

  • Dificuldade em interações sociais: adultos autistas podem sentir dificuldades na interpretação de expressões verbais, linguagem corporal e subentendidos. Costumam ser literários na interpretação de mensagens e podem se sentir desconfortáveis nas interações sociais.
  • Comportamentos repetitivos: podem exibir padrões de comportamento repetitivos, como rotinas fixas, resistência a mudanças e interesses intensos em detalhes específicos.
  • Sensibilidade sensorial: muitos autistas têm hipersensibilidade (ou hipossensibilidade) a estímulos sensoriais, como luz, sons, texturas e cheiros.
  • Dificuldades de comunicação: embora muitos adultos autistas falam normalmente, eles podem ter dificuldade em manter uma conversa fluida, fazer contato visual ou entender nuances sociais.
  • Foco intenso em interesses específicos: adultos autistas frequentemente desenvolvem interesses profundos e conhecimentos especializados sobre determinados temas, mesmo se dedicando por longos períodos de tempo a esses interesses.

Por ser algo comumente mascarado ou “escondido” na vida de adultos autistas, é muito importante que a gente amplie os espaços de representatividade sobre TEA. Isso ajuda com que pessoas se sintam representadas e possam entender melhor suas características, até buscar ajuda especializada para um possível diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico de autismo em adultos?

O diagnóstico de autismo em adultos é realizado por profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras, e envolve uma avaliação clínica detalhada. Esse processo geralmente inclui:

  • Entrevistas clínicas: para entender a história de vida, comportamento e traços da pessoa.
  • Escalas de avaliação: questionários como o Quociente do Espectro do Autismo (AQ) e o Cronograma de Observação Diagnóstica do Autismo em Adultos (ADOS-2) são ferramentas comumente usadas.
  • Histórico familiar e comportamental: relacionamentos de familiares e amigos próximos podem oferecer uma visão importante dos comportamentos desde a infância.
  • Para confirmar a suspeita é preciso que exista uma avaliação neuropsicológica da pessoa: esse processo irá mensurar e descrever o perfil de desempenho cognitivo, sendo possível avaliar suspeitas de alterações cognitivas que podem ser decorrentes de desordens neurológicas e outros transtornos, como o autismo.

Nós já temos um conteúdo aqui no blog que fala em detalhes sobre o processo de diagnóstico tardio em adultos, vale muito a pena ler!

Para autistas adultos os obstáculos começam desde o momento do diagnóstico, já que grande parte dos profissionais encontra dificuldade em diagnosticar corretamente tanto o TEA, quanto comorbidades psiquiátricas em adultos já diagnosticados como autistas.

O atraso no diagnóstico impede o acesso a intervenções que podem beneficiar a pessoa autista, além de deixá-la ainda mais exposta a problemas na saúde mental.

Especialmente autistas com necessidade de pouco apoio encontram obstáculos para receber o diagnóstico adequado. Isso ocorre devido a pouca informação e grande estigma em torno do autismo, mesmo na comunidade clínica.

Um exemplo disso são profissionais que acreditam que porque a pessoa trabalha, tem filhos ou é casada, não pode ser diagnosticada como autista, revelando assim uma falha na formação de profissionais de saúde mental para lidar com essa população.

Existe teste de autismo em adultos?

É importante lembrar que o autismo não é uma doença, e sim um transtorno, por isso não existe um exame físico ou teste que irá “detectar o TEA” em alguma pessoa. Todo o processo é feito com exames e testes clínicos, para entender melhor o histórico e comportamentos.

Mas, existem alguns testes que podem ajudar a entender melhor a suspeita de autismo em adultos.Isso não significa que esses testes sejam diagnósticos fechados, tá bom!

Alguns dos testes mais usados por adultos autistas para ajudar no processo de diagnóstico de TEA são:

  • Teste QA: teste de Quociente do Espectro Autista (Teste de AQ), é um instrumento amplamente reconhecido para avaliar traços associados ao espectro do autismo em adultos. Também é conhecido como ‘teste do autismo leve’ ou teste da síndrome de Asperger. Esse teste consiste em um questionário com cerca de 50 perguntas.
  • Escala RAADS-R: a Escala de Diagnóstico de Autismo Asperger de Ritvo-Revisada (RAADS-R) é uma ferramenta utilizada para auxiliar no diagnóstico de transtornos do espectro autista em adultos, criada para avaliar a presença e a intensidade dos sintomas associados ao autismo.
  • Aspie Quiz: o Aspie Quiz (versão 5) é um questionário auto aplicável para medir traços autísticos em adultos, a partir de 16 anos, com QI maior que 80. São 119 questões e um tempo de duração de 20 minutos.
  • CAT-Q: o CAT-Q (The Camouflaging Autistic Traits Questionnaire ou O Questionário de Camuflagem de Traços Autísticos em português) é uma ferramenta de autoavaliação que mede comportamentos de camuflagem social em adultos. Pode ser usado para identificar pessoas autistas que não atendem aos critérios diagnósticos atuais devido à sua capacidade de disfarçar seus traços autísticos. São 25 questões em torno de 10 minutos.

Lembre-se: os testes de autismo são úteis para identificar traços associados ao espectro do autismo, mas nenhum deles pode fornecer um diagnóstico preciso por si só. Eles oferecem uma avaliação inicial e podem ser um ponto de partida para buscar avaliação profissional.

Quais são as intervenções para autismo em adultos?

As intervenções com mais evidências científicas para TEA são as baseadas na análise do comportamento aplicada (ABA).

Porém, o que a comunidade científica tem demonstrado em estudos recentes é que os tratamentos para condições de saúde mental focados nessa população são escassos e os profissionais pouco treinados.

Sendo assim, além das intervenções para as dificuldades decorrentes do autismo, pessoas autistas também precisam de serviços capazes de cuidar de suas demandas em saúde mental.

Vamos nos aprofundar a seguir no que um estudo na Alemanha demonstrou ser um cenário comum para autistas adultos que procuram ajuda para lidar com transtornos psiquiátricos.

Falta de conhecimento profissional na atuação com autistas adultos é algo que ainda existe

Profissionais não treinados e tratamentos não adaptados para a realidade do TEA, são alguns dos fatores que fazem com que adultos no espectro não encontrem atendimento especializado para questões de saúde mental. É inclusive essa realidade que faz com que as taxas de suícidio dessa população sejam muito altas.

O estudo publicado em 2021 intitulado “A blind spot in mental healthcare? Psychotherapists lack education and expertise for support of adults on the autism spectrum” (Um ponto cego em saúde mental? Falta de conhecimento e expertise para psicoterapeutas darem suporte a adultos no espectro do autismo), apresenta alguns dados sobre como psicoterapeutas descrevem seu conhecimento sobre TEA e sua abertura em atender essa população.

Essa pesquisa foi realizada na Alemanha com 498 psicólogos clínicos. Eles responderam perguntas sobre as seguintes áreas:

  • Sua experiência em diagnosticar alguns transtornos psiquiátricos e o TEA.
  • Seu conhecimento sobre o autismo.
  • O quanto se sentiam dispostos a atender a população autista adulta em seus consultórios.

Os resultados mostraram que a maior parte dos psicólogos:

  • Tinham experiência com diagnósticos psiquiátricos diversos, porém pouca ao diagnosticar TDAH e TEA.
  • Acreditavam em mitos ou tinham pouco conhecimento sobre autismo.
  • Não se sentiam capazes tecnicamente de atender a população autista.
  • Estavam dispostos a atender adultos autistas se recebessem treinamento específico.

Esses resultados apontam para um cenário na saúde mental de falta de treinamentos voltados ao suporte psicológico de autistas adultos. O que segundo outro estudo é a maior barreira de acesso a serviços de saúde mental de acordo com indivíduos com TEA.

Além disso, a falta de experiência e conhecimento de psicólogos sobre autismo revela um cenário preocupante, já que esses profissionais têm papel importante no acesso ao diagnóstico de autismo de adultos.

Conclusão

Entender o autismo em adultos é essencial para fornecer suporte adequado e promover um ambiente mais inclusivo para pessoas no espectro.

O diagnóstico pode ser um alívio para muitos adultos que, por anos, lutaram para entender suas dificuldades.

Com maior conscientização e suporte, é possível melhorar a qualidade de vida e promover o desenvolvimento pessoal e profissional de adultos autistas.

Um caminho válido para alterarmos esse cenário é incorporar a educação sobre TEA no currículo dos treinamentos básicos para psicoterapeutas. Além disso, também é necessário acesso à educação continuada de terapeutas, para que esse buraco na formação dos psicólogos atuantes seja diminuído.

Em nosso blog temos um conteúdo sobre saúde mental e autismo, que pode ajudar a entender o que estamos deixando de lado e quais são possíveis caminhos para sanar essas dores. Que tal ler agora mesmo e continuar aprendendo?

Saúde mental e autismo

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