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As aatividades da vida diária (AVD) são as tarefas rotineiras que as pessoas se envolvem, e são essenciais na vida e nos torna seres ocupacionais. Elas estão diretamente ligadas ao desenvolvimento e bem-estar de todas as pessoas, independente de serem neuroatípicas ou não.
Quando falamos em autismo, as habilidades básicas aprendidas desde a primeira infância são o que, mais tarde, vão ajudar pessoas no espectro a terem mais autonomia e independência.
Isso porque, as AVDs assumem um papel relevante na vida de qualquer indivíduo, ainda mais na de pessoas com TEA, já que podem estar ligadas ou representar desafios e barreiras específicas de aprendizagem, o que significam novas oportunidades para desenvolvimento e independência.
Neste artigo, exploraremos o que são as atividades de vida diária, como elas impactam pessoas com autismo e apresentaremos estratégias que podem ajudar no desenvolvimento dessas habilidades. Acompanhe para aprender.
O que são atividades da vida diária (AVDs)?
Ou seja, as atividades de vida diária (AVDs) referem-se a todas as atividades do dia a dia que uma pessoa realiza, seja sozinho, em grupo ou com a família.
São essas atividades que dão sentido à rotina e à vida das pessoas, sendo um aspecto importante para a manutenção e promoção da saúde, (Sorcinelli, 2022).
Alguns exemplos bem comuns de AVDs que aprendemos na infância são:
- Se alimentar;
- Tomar banho;
- Escovar os dentes;
- Trocar de roupa;
- Entre outras.
No entanto, à medida que crescemos, continuamos a aprender outras habilidades básicas que vão nos ajudar a conquistar autonomia e independência. Sendo assim, outras atividades que estão relacionadas às AVDs são:
- Administrar o próprio dinheiro e finanças: seja entender como o dinheiro funciona e saber gerenciá-lo para pagar contas, é preciso aprender a usar uma conta bancária, cartões de crédito e ter um planejamento financeiro. Todas essas habilidades vão ajudar na conquista da independência financeira, que é um dos pontos mais importantes para viver só ou sem a presença do núcleo familiar;
- Saúde e segurança: parte das habilidades básicas é saber cuidar da própria saúde e segurança. Aqui estão incluídas tarefas que vão desde manter os exames médicos em dia até saber em quem confiar, os riscos que corre com estranhos e se comunicar para pedir ajuda caso seja preciso;
- Estudo e carreira: também são atividades importantes na vida de todos nós, e também de quem está no espectro. Por isso, estudar e encontrar um espaço no mercado de trabalho também são fundamentais. Lembrando que esse direito é garantido por lei para pessoas autistas;
- Habilidades sociais: desenvolver as habilidades sociais também é essencial para pessoas autistas. Uma vez que esse quadro pode ser comprometido em razão do TEA, é preciso fazer um treino de habilidades sociais;
- Atividades de lazer: todos temos hobbies e atividades que trazem diversão e ajudam no nosso bem-estar. Encorajar desde cedo essas atividades no tempo livre da criança também é importante;
- Organização: aprender a administrar melhor o tempo tanto nas atividades pessoais quanto profissionais e ter um planejamento ou cronograma.
As classificações das atividades da vida diária
Quando falamos das atividades da vida diária, precisamos entender que elas são divididas em duas categorias principais: Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD).
Elas são as principais ocupações presentes em todos os ciclos de vida e são inerentes ao ser humano. Essas atividades oferecem a oportunidade de independência funcional, participação social e minimizam as limitações nas ocupações.
A seguir, vamos definir e descrever melhor cada uma delas:
1. Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs)
As ABVDs são atividades relacionadas ao cuidado do indivíduo com o próprio corpo e fundamentais para viver no mundo social, permitindo a sobrevivência básica e o bem-estar.
Entre as atividades que podemos considerar como básicas de vida diária estão:
- Higiene pessoal e autocuidado: cuidar dos cabelos, unhas, escovar os dentes, banho;
- Alimentação: levar o talher à boca durante a refeição, ingerir e servir líquidos, montar o próprio prato ou sanduíche;
- Vestuário: colocar e tirar roupa, sapatos;
- Controle de esfíncteres: capacidade de contrair e relaxar os músculos esfincterianos, esvaziar toda a bexiga;
- Mobilidade funcional: mudar de posição na cadeira, na cama, circular por espaços com deambulação funcional;
- Cuidado com equipamentos pessoais: utilizar e limpar óculos, lentes de contato;
- Dormir e descansar;
- Uso do vaso sanitário: limpar, manejar roupas.
Essa categoria se relaciona diretamente com a base da pirâmide de Maslow, que falamos no nosso conteúdo sobre o impacto das necessidades fisiológicas no desenvolvimento de crianças com TEA.
2. Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)
Já as AIVDs são orientadas para a interação com o ambiente e frequentemente mais complexas, já que podem ser opcionais e delegadas a outros. Podemos entender as habilidades necessárias para viver em comunidade.
Podemos incluir aqui atividades como:
- Cuidados com animais de estimação;
- Mobilidade na comunidade;
- Gerenciamento financeiro;
- Cuidado e manutenção da saúde;
- Estabelecimento e gerenciamento do lar;
- Preparo da refeição e limpeza;
- Procedimentos de segurança e emergência;
- Realizar compras.
Na prática clínica, conseguimos ver que as habilidades desenvolvidas nas atividades de vida diária (AVDs) servem de base para as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs), contribuindo para a estruturação e considerando o ambiente e as oportunidades oferecidas as pessoas.
Assim, a vida cotidiana de qualquer pessoa é composta por muitas AVDs e AIVDs que são adquiridas e se fazem necessárias nos mais diversos ambientes e contextos, como casa, escola, trabalho e lazer.
Por que pessoas com autismo precisam aprender atividades da vida diária?
Aprender atividades da vida diária é essencial para todas as pessoas. Quando falamos de pessoas com TEA, as AVDs podem estar diretamente relacionadas a desafios significativos como dificuldades na comunicação, interação social e até comportamentos repetitivos.
Além disso, também podem ter dificuldades na coordenação motora e atrasos no desenvolvimento. Tudo isso contribui para que o aprendizado das AVDs seja ainda mais difícil.
Por isso, treinar essas habilidades básicas é essencial desde o momento do diagnóstico. Entender como esse processo de aprendizagem vai funcionar é tarefa da equipe responsável por acompanhar a criança.
Para isso, é preciso avaliar a criança e entender quais habilidades já foram desenvolvidas e quais ainda precisam ser aprendidas por ela, sempre levando esse repertório em consideração para traçar um plano de intervenção.
Quanto mais incentivamos e ensinamentos essas atividades da vida diária, maior serão as oportunidades de aprendizagem na rotina da criança, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades de forma autônoma e independente.
Benefícios das AVDs para pessoas com TEA
Além de promover e proporcionar independência, o ensino das atividades da vida diária para pessoas no espectro também ajuda a melhorar a autoestima, autoconfiança e a sensação de autoeficácia.
Além disso, esse domínio também ajuda a garantir maior inclusão social e participação ativa na comunidade e sociedade. Isso não só melhora sua qualidade de vida, mas também facilita a interação com outras pessoas, promovendo a socialização e a construção de relacionamentos. Assim, a habilidade de realizar AVDs é fundamental não apenas para o bem-estar físico, mas também para o desenvolvimento emocional e social de pessoas com TEA.
A prática regular das AVDs pode melhorar a coordenação motora e a capacidade de resolução de problemas, aspectos frequentemente desafiadores para pessoas com autismo.
As AVDs aumentam a capacidade de uma criança viver de forma independente, diminuindo a necessidade de apoio individual à medida que se desenvolve.
Além disso, quando a criança consegue desempenhar suas atividades de vida diária, temos a redução da sobrecarga do cuidador, o que dá suporte para que a dinâmica familiar promova bem-estar e qualidade de vida.
Outro benefício significativo é a redução do estresse e da ansiedade, uma vez que uma rotina estruturada e previsível, baseada em habilidades de AVD, pode proporcionar um ambiente mais seguro e compreensível para a pessoa.
Conclusão
Compreender e promover o desenvolvimento de Atividades da Vida Diária (AVD) é fundamental para melhorar a independência e qualidade de vida de indivíduos com autismo.
Investir no desenvolvimento de AVDs não só promove a independência, mas também fortalece a autoestima e a inclusão social de pessoas com autismo, contribuindo para uma vida mais plena e significativa.
Utilizando estratégias baseadas em evidências, como a Análise do Comportamento Aplicada, suportes visuais e intervenções precoces, é possível ajudar essas pessoas a alcançar um maior nível de autonomia.
É exatamente sobre isso que vamos falar em nosso próximo texto. Então continue lendo para aprender como a terapia ABA e a Terapia Ocupacional podem ajudar no aprendizado de atividades da vida diária: