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Crianças em projeto de autismo na escola.

Autismo na escola: como identificar os primeiros sinais e promover inclusão escolar

Esse conteúdo passou por revisão clínica de Alice Tufolo, Psicóloga e Conselheira clínica da Genial Care | CRP 06124238


 

A escola é, muitas vezes, o primeiro lugar onde sinais de autismo se manifestam de forma visível. É no dia a dia da sala de aula, entre interações, recreios e atividades em grupo, que educadores percebem comportamentos que fogem do esperado para a faixa etária.

Quando pensamos em autismo na escola, é importante lembrarmos que muitos alunos com TEA podem enfrentar desafios significativos na sala de aula, como comunicação e interação social.

Ao perceber os primeiros sinais de autismo, professores e educadores precisam passar essas informações do que foi observado por eles para os pais e assim, as informações da criança chegarem outros ambientes. Além disso, a escola deve oferecer um espaço de inclusão escolar, com apoio pedagógico, adaptações e recursos que garantam um ambiente de aprendizagem acolhedor.

Conversamos com Willmann Costa, educador Socioemocional e parte do time da Estante Mágica sobre como o ambiente escolar tem um papel fundamental na identificação precoce do Transtorno do Espectro Autista e na construção de uma educação verdadeiramente inclusiva. Leia para aprender!

Primeiros sinais do autismo na escola

crianças na escola sentadas na mesa pintando com professora

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda como as pessoas veem e interagem com o mundo. Sendo um espectro, pode se manifestar de formas diferentes, mas sempre acarreta dificuldades de interação social, comunicação e apresenta comportamentos repetitivos e restritos.

Quando falamos de autismo na escola, alguns sinais costumam se destacar e chamar atenção dos profissionais de educação.

Dificuldade de interação com colegas, pouca participação em atividades em grupo, uso restrito da linguagem, comportamento repetitivo, hiper ou hipo sensibilidade aos estímulos como sons e cheiros ou dificuldade em manter contato visual são alguns dos indícios observados em sala de aula.

Entre os primeiros sinais mais observáveis na rotina escolar estão:

  • Crianças que preferem brincar sozinhas
  • Dificuldade em participar de brincadeiras simbólicas ou em grupo
  • Reações intensas a sons altos (como o sinal do recreio)
  • Falta de resposta quando chamadas pelo nome
  • Rigidez para mudanças de rotina ou atividades não planejadas

Esses comportamentos não representam um diagnóstico por si só, mas são sinais de alerta importantes, principalmente quando ocorrem persistentemente.

“Os educadores têm demonstrado uma maior percepção dos primeiros sinais do autismo nos últimos tempos. Observo um aumento significativo na conscientização sobre esse tema”, afirma Willmann Costa, especialista em educação socioemocional e gerente de Educação da Estante Mágica. “Mas ainda há muito a ser feito. Muitos professores se sentem inseguros para falar sobre comportamentos atípicos.”

A boa notícia é que essa percepção pode ser desenvolvida. Quando a escola se envolve com formações, cria espaços de escuta e trabalha a inteligência socioemocional, ela amplia sua capacidade de acolher e incluir.

Quais são as dificuldades do autista na escola?

As dificuldades mais comuns enfrentadas por crianças autistas no contexto escolar envolvem a adaptação à rotina, a interação social e o processamento sensorial.

Mudanças de ambiente, barulhos intensos, tarefas com instruções pouco claras ou a dinâmica de grupos grandes podem gerar estresse e confusão.

Outro ponto sensível é a comunicação. Crianças com TEA podem apresentar dificuldades na linguagem verbal ou expressiva, e por isso é importante que a equipe escolar esteja atenta a sinais como:

  • Não responder ao ser chamada
  • Dificuldade em pedir ajuda
  • Pouca iniciativa para brincar com outras crianças
  • Comportamentos repetitivos ou incomuns para a faixa etária
  • Sensibilidade a ruídos, luzes ou texturas

Professores atentos, com escuta ativa e emocionalmente preparados, tendem a perceber esses comportamentos mais cedo — o que favorece encaminhamentos e apoios oportunos.

“A inteligência socioemocional é fundamental para que os educadores consigam acolher melhor as crianças que apresentam sinais de TEA, mesmo sem um diagnóstico formal”, explica Will. “Ao desenvolverem empatia, os educadores se tornam mais atentos às dificuldades e respondem de forma mais sensível e adequada.”

Qual é o papel da escola no autismo?

professora com aluno em sala de aula

O papel da escola vai muito além de observar. Cabe ao ambiente escolar construir um espaço seguro, com estratégias pedagógicas adaptadas e uma cultura de escuta ativa e empatia.

Entre as boas práticas para promover uma educação inclusiva, estão:

  • Respeitar o tempo e o ritmo de cada criança
  • Adaptar atividades conforme as necessidades individuais
  • Promover atividades de desenvolvimento socioemocional
  • Criar espaços de escuta com a família
  • Estabelecer uma rede de apoio com terapeutas e especialistas

Além disso, o apoio entre colegas de turma e a valorização das diferenças são elementos essenciais de uma escola verdadeiramente inclusiva. Projetos que envolvem empatia, contação de histórias e protagonismo da criança podem ser grandes aliados.

“Fala-se muito de suportes para a criança se adaptar ao grupo, mas também faz parte da inclusão o grupo ser conscientizado e contribuir para a adaptação da criança autista nesse ambiente tão rico e de tantos desafios ao mesmo tempo. Se a criança apresenta uma sensibilidade auditiva, será importante que possa usar um abafador em alguns momentos, mas também que em outros o grupo fale mais baixo, por exemplo”. Afirma Alice Tufolo, conselheira clínica da Genial Care.

O que é inteligência socioemocional nas escolas?

A Inteligência socioemocional é a capacidade de reconhecer, compreender, lidar e expressar emoções — tanto as suas quanto as dos outros — de forma equilibrada e construtiva.

A inteligência socioemocional é fundamental para os educadores conseguirem acolher melhor as crianças que apresentam sinais de Transtorno do Espectro Autista, mesmo sem um diagnóstico formal.

Will cita um exemplo: “Quando um educador observa uma criança com comportamento diferente — como isolamento no recreio ou dificuldade de interação — a inteligência socioemocional permite que ele não somente perceba o comportamento, mas também saiba como se aproximar, acolher e buscar apoio, sem julgamento”.

Isso ocorre porque, ao desenvolverem a empatia, os educadores se tornam mais capazes de entender as emoções e perspectivas das crianças. Assim, eles conseguem perceber as dificuldades que as crianças enfrentam e respondem de forma mais sensível e adequada.

“Essa habilidade se faz necessária, pois mesmo com ela desenvolvida, dificilmente uma pessoa neurotípica conseguirá se colocar completamente na pele de uma pessoa autista. Podemos imaginar os impactos no dia a dia de ter um corpo que sente e pensa diferente, mas saber exatamente como é, é impossível”. Comenta Alice Tufolo, conselheira clínica.

Primeiramente, é essencial que os profissionais de educação busquem um entendimento aprofundado sobre os transtornos do neurodesenvolvimento.

“Conhecer as características desses transtornos permite que os educadores tenham uma visão mais clara sobre o comportamento das crianças, reconhecendo que cada uma é única e pode apresentar diferentes necessidades e formas de aprendizado. Essa compreensão ajuda a criar estratégias pedagógicas mais eficazes e torna os desafios mais gerenciáveis”, comenta Will.

Qual o papel dos professores na inclusão escolar?

Quando falamos em inclusão escolar de crianças autistas, o papel dos professores é fundamental. Profissionais da educação devem estar preparados para lidar com a diversidade na sala de aula, buscando compreender as características e desafios específicos que cada criança autista pode apresentar.

Além disso, é importante que os professores tenham acesso a capacitações e formação continuada, a fim de aprimorar suas habilidades e conhecimentos nessa área.

  • Adaptação do currículo da criança — Os objetivos de ensino da criança devem ser adaptados para ela e assim ser ensinado para ela o que está pronta
  • Adaptação do ambiente educacional — É necessário criar um ambiente acolhedor e inclusivo, com recursos e materiais adequados, que estimulem o aprendizado e o desenvolvimento dessas crianças.
  • Organização da sala de aula — Planejada para proporcionar um espaço seguro e tranquilo, evitando estímulos excessivos que sobrecarreguem os alunos autistas.
  • Estratégias pedagógicas diferenciadas — Uso de recursos visuais, como imagens e cartazes, pode auxiliar na compreensão e comunicação dos alunos autistas.
  • Comunicação clara e objetiva — Desempenha um papel fundamental, tanto na interação entre professor e aluno quanto na interação entre os próprios alunos.
  • Promover a integração social — Atividades em grupo, jogos cooperativos e projetos que incentivem a colaboração podem ajudar a desenvolver habilidades sociais e promover a inclusão escolar de maneira positiva. É importante criar um ambiente de respeito e empatia, estimulando a compreensão e a aceitação das diferenças.

A inclusão escolar é um processo contínuo, que requer dedicação, sensibilidade e comprometimento por parte dos educadores e da sociedade como um todo.

O que diz a lei sobre autismo na escola?

A legislação brasileira garante o direito à educação inclusiva para todas as crianças com deficiência, incluindo o autismo.

A Lei Brasileira de Inclusão (Lei n.º 13.146/2015) e a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (>Lei n.º 12.764/2012) garantem que estudantes com TEA tenham acesso ao ensino regular, com suporte adequado e adaptações necessárias.

Essas leis também asseguram a presença de profissionais de apoio, como mediadores ou acompanhantes especializados, e o direito à permanência e ao desenvolvimento no ambiente escolar.

Diagnóstico precoce e parceria com a família quando o assunto é autismo na escola

“É muitas vezes no ambiente escolar que algumas características do autismo ficam mais evidentes e a escola tem a oportunidade de trazer esses sinais para os familiares. A forma como é levada para os pais sobre essas características deve ser cuidadosa e empática” Afirma Alice Tufolo, conselheira clínica na Genial Care. “Criar esse espaço de escuta, sem julgamento, é essencial” afirma Willmann

A escola precisa assumir um papel ativo nesse diálogo, buscando construir pontes com base no respeito mútuo, e não apenas repassar informações. Um bom caminho pode ser trazer a família para conversas regulares, compartilhando percepções e convidando para refletir sobre estratégias conjuntas.

Quando escola e família se unem, é possível construir uma rede de apoio real, que favorece o desenvolvimento da criança e promove uma trajetória escolar mais leve e potente.

O papel dos pais na inclusão escolar

O envolvimento dos pais desempenha um papel crucial no processo de inclusão escolar de crianças autistas.

Os pais são os principais conhecedores das necessidades, preferências e peculiaridades de seus filhos, e sua participação ativa é fundamental para garantir que essas necessidades sejam atendidas adequadamente.

Ao compartilhar informações relevantes com a equipe escolar, os pais podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias personalizadas que ajudem seus filhos a se desenvolver no ambiente escolar e, como consequência, socialmente.

Além de fornecer informações valiosas, os pais podem atuar como defensores de seus filhos, garantindo que seus direitos sejam respeitados e que eles tenham acesso a oportunidades educacionais justas.

Participar de reuniões escolares, dialogar com os professores e compartilhar suas expectativas são algumas formas de os pais colaborarem ativamente na construção de um ambiente inclusivo.

Os pais também podem oferecer suporte contínuo em casa, estabelecendo rotinas consistentes, incentivando o desenvolvimento de habilidades sociais e oferecendo recursos adicionais para o aprendizado.

Ao trabalhar em parceria com a escola, o núcleo familiar pode criar um ambiente de apoio total para seus filhos, promovendo uma transição suave entre a escola e a casa.

O envolvimento dos pais não somente fortalece o desenvolvimento escolar e social de seus filhos, mas também ajuda a construir uma parceria saudável e colaborativa entre a escola, a família e a comunidade.

Como criar um espaço de sensibilização e conscientização de TEA nas escolas?

A sensibilização e conscientização desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão de crianças autistas na escola. É essencial que toda a comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, alunos e pais, esteja ciente das características do autismo e das necessidades específicas das crianças autistas.

A conscientização sobre o autismo ajuda a combater estereótipos, preconceitos e discriminação, criando um ambiente mais acolhedor e respeitoso.

Promover a sensibilização sobre o autismo significa fornecer informações claras e precisas sobre as características do transtorno, suas variações e as diferentes formas como ele pode se manifestar em crianças autistas.

Isso inclui:

  • Compartilhar conhecimentos sobre as dificuldades de comunicação e interação social;
  • Comportamentos rígidos e repetitivos;
  • Enfatizar as habilidades, talentos e pontos fortes singulares de cada pessoa.

A conscientização vai além da simples compreensão sobre o TEA. Envolve criar uma cultura inclusiva que valoriza e celebra a diversidade. Ao educar os alunos sobre o autismo desde cedo, é possível cultivar o respeito às diferenças e desenvolver a empatia entre os colegas de classe.

Isso pode ser feito por meio de atividades educativas, como palestras, workshops ou projetos que envolvam a exploração e o compartilhamento de experiências relacionadas ao autismo.

A inclusão escolar também envolve o estabelecimento de políticas e práticas inclusivas na escola. Isso inclui a implementação de estratégias pedagógicas adaptadas, o fornecimento de recursos adequados, o treinamento de professores e funcionários, bem como a criação de um ambiente físico e emocionalmente seguro para todas as crianças.

Ao adotar uma abordagem inclusiva, a escola envia uma mensagem clara de que todas as crianças são valorizadas e têm o direito de receber uma educação de qualidade.

Por fim, é importante destacar que a sensibilização e conscientização não devem ser um evento isolado, mas sim um processo contínuo. Através de uma colaboração constante entre a escola, os pais e a comunidade, é possível promover uma cultura de inclusão que beneficie não somente as crianças autistas, mas todas as crianças.

Conclusão

Em resumo, a inclusão escolar de pessoas autistas requer sensibilização e conscientização por parte da comunidade escolar.

Ao promover o entendimento das características do autismo e das necessidades específicas dessas crianças, podemos construir um ambiente educacional mais inclusivo.

Ao criar um ambiente onde as diferenças são valorizadas e aceitas, estamos construindo uma sociedade mais inclusiva e equitativa, onde todas as crianças têm a oportunidade de florescer e alcançar seu pleno potencial.

O envolvimento dos pais também é fundamental nesse processo, fornecendo suporte e atuando como defensores de seus filhos. A sensibilização e conscientização ajudam a combater estereótipos, promovem a empatia e criam uma cultura de respeito à diversidade.

Com uma abordagem inclusiva e o comprometimento contínuo de todos os envolvidos, podemos proporcionar uma educação de qualidade e igualdade de oportunidades para todas as crianças, independentemente de suas diferenças.

Para ler mais sobre autismo e educação, acesse o botão abaixo:

Educação Especial: como escolher a melhor escola?

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6 respostas para “Autismo na escola: como identificar os primeiros sinais e promover inclusão escolar”

  1. maravilhoso fico grata por ter lido seu artigo estou lendo vários artigos para ter uma ideia como fazer o meu obrigada

    • Olá, Edi. Como vai? Esperamos que muito bem.

      Agradecemos pelo comentário. Fique a vontade para ler nossos conteúdos. Estamos aqui para ajudar cada vez mais pessoas na compreensão do espectro autista.

      Abraço.

  2. Muito obrigada pela atenção, meu nome é Isabel Sita, sou professora voluntária de alunos com NEE. E estou a trabalhar com alunos autista. Gostaria de saber mas sobre as formas de atendimento e como lidar com eles.

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